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Il Matto - O Louco |
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O Louco faz sua primeira aparição no baralho Visconti Sforza de 1454, com sua estrutura de 14 Trunfos. Na ilustração abaixo vemos seu rosto. Aparentemente, ele ainda é jovem. Tem cabelos louros encaracolados e uma pequena barba, descuidados. Leva no cabelo sete penas, para expressar como sua mente é leve. Ele está olhando para alguma coisa, mas parece não entender o que vê; parece ao mesmo tempo espantado e divertido. |
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Nos Sermones de Ludo Cum Aliis, o sermão de um monge franciscano (ou dominicano) anônimo, datado de fins do século 15, a carta é chamada "El Matto", que se traduz como “O Louco”. Aqui o chamamos de "Il Matto", seu nome italiano de fato. Nos Sermões a carta é mencionada em último lugar, fora da Estrutura de Trunfos, e o texto diz que se se quisesse atribuir número a essa carta, o número deveria ser zero ou nada. No Tarô de Marselha a carta é chamada "Le Fou" (Jean Noblet), "Le Fol" (baralhos TdM Tipo I) ou "Le Mat" (baralhos TdM Tipo II), sendo que todos os nomes se traduzem como “O Louco”. Às vezes a carta também é chamada “O Bobo da Corte”. Vamos começar com algumas imagens de O Louco do Século 15. |
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Da esquerda para a direita temos o Louco dos baralhos Visconti Sforza (+ 1454), Carlos VI (+ 1465) e Este (+ 1473). O primeiro deles foi encomendado pela corte Sforza de Milão; os outros dois foram provavelmente encomendados, ambos, pela corte Este de Ferrara. No baralho Visconti Sforza ele está descalço e não usa calças, mas apenas uma espécie de cueca. É claramente um homem pobre; seu casaco é velho e gasto. Ele tem na mão direita um bastão grande, que está apoiado no ombro. |
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O Louco nos dois baralhos Este é mostrado como um bufão. Ele também está descalço, tem uma pequena cueca e usa o gorro de um bobo da corte com duas orelhas de burro e um guizo na ponta do gorro. Aparentemente, nessas duas cartas o Louco está numa feira de vila, representando portanto o Louco do vilarejo. Em ambas as cartas as crianças o fazem de bobo, mas isso não parece incomodá-lo. Na carta mais à direita as crianças estão puxando sua cueca para baixo, e na outra carta estão lhe atirando pedras. Nada pode incomodar o Louco, que tem a cabeça em outro mundo. Os dois Loucos estão alegres, ignorando o que lhes vai em torno. |
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Em todas as três cartas, o Louco é um alienado mental. Ele vai para onde quer, sem seguir uma direção específica. Anda de vilarejo em vilarejo para encontrar alimento, ou pega o que a natureza lhe oferece. Não tem regras a obedecer e nem mesmo conhece essa palavra. |
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Da esquerda para a direita, temos aqui o Misero da estampa Mantegna de 1465, o Mato do baralho Sola Busca de 1493 e o Fool da folha de Budapeste impressa por volta de 1500. O Misero representa a extrema pobreza. Veja o cachorrinho latindo para afugentá-lo, como encontraremos nos baralhos do Tarô de Marselha. O Mato é um músico itinerante que toca uma gaita de fole. Naquela época, em obras de arte, o Louco era muitas vezes representado com um instrumento musical. |
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Na folha de Budapeste, o Louco é representado como um vagabundo errante. Ele segura um galho com folhas e tem alguns guizos presos às suas roupas. Nos anos em que a praga estava devastando a Europa, pessoas doentes muitas vezes tinham guizos costurados às roupas para alertar as pessoas para que mantivessem as crianças dentro de casa. Os doentes mentais levavam o mesmo sinal de alerta. |
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A loucura não é um assunto muito comentado. Ela era frequentemente associada a deformações físicas, doenças, nudez, pobreza e música. O Louco, como tema em si, é representado muitas vezes como um Bobo da Corte, o oposto da estupidez. Eis abaixo alguns exemplos de Loucos que não pertencem ao Tarô. |
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Todos esseos exemplos são do século 14, exceto o segundo, que é de um jogo de cartas alemão, de 1455, chamado Ambras Hofamterspiel. Esse jogo tem quatro naipes, cada um representando um país (França, Alemanha, Boêmia e Hungria), e cada naipe é dividido em 12 níveis da sociedade, desde o Louco até o Rei. Os dez primeiros níveis são numerados; a Rainha e o Rei não têm número. A primeira figura faz parte de um afresco que Giotto di Bondone fez em 1306 na capela Scrovegni situada em Pádua, uma cidade próxima a Veneza, na Itália. Nesse afresco, a loucura é o oposto da Prudência. Os outros dois loucos datam de meados do século 14 e provêm de um dos Países Baixos de língua holandesa (Holanda ou Bélgica). O primeiro deles não é realmente um Louco, mas um típico Bobo da Corte. |
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Que características podemos observar? O Louco de Giotto é muito semelhante ao Louco do baralho Visconti Sforza: tem penas no cabelo (aqui também são visíveis sete penas), está descalço, tem roupas gastas e um grande bastão na mão direita. O segundo e quarto Loucos também estão descalços, usam um gorro de louco com orelhas de burro e guizos, e estão tocando um instrumento. O último Louco está tão mal vestido como os dos baralhos Este. Na parte de baixo do corpo, ele usa algo que parece uma fralda. Já o bobo da corte tem traje muito mais sofisticado: nos pés leva sapatos elaborados e veste uma roupa muito bonita. Seu gorro de louco tem a cabeça de um pássaro, assim como seu bastão. Esse tipo de bastão com uma cabeça de louco no topo tornou-se um atributo típico de bobos da corte. |
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Esses são apenas alguns exemplos aleatórios. Muitos outros poderiam ser mostrados; a maior parte deles tirados de manuscritos medievais ilustrados. Alguns Loucos estão totalmente nus e usam apenas um gorro (ou nem mesmo isso), e com frequência levam um bastão. Veja, abaixo, um exemplo deles. O mesmo tipo de Louco pode ser encontrado em decks de Tarô posteriores. Nos baralhos modernos o Louco pode ser qualquer coisa, desde que expresse um comportamento tolo (ou pura inocência). |
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Continuemos com o Louco em cartas de Tarô dos séculos 16 e 17. Temos pouquíssimas cartas de tarô datadas do século 16, e nenhum Louco para mostrar. No século 17, entretanto, foram criados mais baralhos na Itália e na França, que resistiram por mais tempo. Comecemos mostrando algumas cartas de Tarôs franceses do século 17. Todas as três foram impressas em Paris e estão conservadas lá, na Biblioteca Nacional da França. |
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As três cartas são bem semelhantes no que se refere ao papel e às cores das tintas; pode bem ser que tenham sido impressas na mesma gráfica. Até mesmo o desenho no verso das cartas é idêntico. Da esquerda para a direita temos o Tarô de Paris, anônimo, criado em algum momento da primeira metade do século 17. A seguir, o Louco de Jaques Vievil, impresso por volta de 1650; e, por fim, o Tarô de Jean Noblet, o mais antigo tarô “de Marselha” conhecido, criado por volta de 1659. Esse Louco é espelhado em relação aos dois mais antigos, para enfatizar que não estamos olhando para uma imagem, mas que a carta está espelhando nossa Alma. Por essa razão o Louco de Noblet está andando para a direita, enquanto os outros dois andam para a esquerda. |
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Os três Loucos são muito semelhantes: todos têm gorros de louco, um bastão de louco como o que os bobos da corte têm, e guizos presos à roupa. Todos os Loucos têm barba. Na primeira e na Terceira cartas aparece o nome da carta. A segunda e a terceira cartas têm muito em comum: como na carta de Mantegna, há um animal saltando em direção ao louco, como se o estivesse perseguindo; ele leva dois bastões, sendo que seus pertences estão numa trouxa presa a um desses bastões, apoiado no ombro. Nenhum dos Loucos segue por uma estrada traçada. |
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As três cartas francesas parecem muito semelhantes, tendo cada uma um Louco errante. Existem diferenças de detalhes (veja as nádegas e genitais nus do Louco de Noblet), mas são apenas variações artísticas do mesmo tema. Nesse mesmo período, havia na Itália muito mais variação nos baralhos de tarô, como se pode ver abaixo. Os Loucos parecem bem diferentes. Aqui de novo mostro três exemplos impressos em uma mesma cidade – a de Bolonha, onde a produção de tarôs era muito ativa. Vemos, abaixo, três exemplos típicos de Loucos desenhados em Bolonha no século 17. A idade das cartas é comparável à das três cartas francesas. |
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A carta da esquerda é de um Tarocchino di Bologna do início do século 17, que se acha hoje na Biblioteca Nacional da França. As outras duas cartas estão conservadas no Museu Britânico. A segunda carta é de um baralho Minchiate produzido no século 17 em Bolonha, e a última é de um baralho Tarocchino criado entre 1660 e 1665 por Giuseppe Mitelli, por encomenda da rica família bolonhesa Bentivoglio. |
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O Louco do Tarocchino é de concepção semelhante à do Louco do Ambras Hofamterspiel, e o Louco do Minchiate parece ser inspirado nas cartas Este. O Louco desenhado por Giuseppe Mitelli é uma produção artística original, que não se baseia em cartas existentes. Vemos um Louco que dança e tem um pé descalço e um ombro nu. Tem na mão um bastão em cuja ponta há um dispositivo que gira com o vento. |
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O século 18 se caracteriza pela estabilização nos diferentes modelos existentes. O Tarô estava então se expandindo por toda a Europa, e a maior parte dos baralhos se baseavam nos baralhos existentes (especialmente o Tarô de Marselha), como veremos nos exemplos a seguir de Loucos do século 18. |
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A primeira carta é o Louco de um baralho Minchiate produzido em 1712 em Florença. A particularidade desse baralho é que as imagens são impressas em seda. Repare no objeto que o garoto atrás do Louco está segurando: é idêntico ao retratado no Tarocchino de Mitelli. Esse deck está conservado na Biblioteca Nacional da França. A segunda carta foi feita por Francesco Berti em Bolonha, no final do século 17. Trata-se de um baralho claramente inspirado pelo Tarô de Marselha tipo I; embora produzido na Itália, conserva os nomes em francês. O mesmo se dava com as cartas produzidas em regiões de língua alemã: elas também inicialmente conservavam os nomes franceses. A terceira carta é o Louco de um baralho feito em algum momento do século 18 por Jean Gisaine, em Bruxelas. Tem o estilo típico dos taros belgas, inspirado pelo baralho de Jaques Vievil do século 16. Os baralhos de Francesco Berti e Jean Gisaine estão conservados no Museu Britânico. |
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Em 1781 aparece o oitavo volume de "Le Monde Primitif" (O Mundo Primitivo), um trabalho enciclopédico escrito pelo cientista francês Court de Gebelin. Nesse volume ele trata das cartas do Tarô e as identifica como sendo um antigo Livro egípcio. O Tarô e sua suposta origem egípcia se tornaram então temas muito difundidos entre ocultistas franceses, especialmente por Jean-Baptiste Alliette. Dois anos mais tarde, em 1783, ele publicou sob o pseudônimo Etteilla [seu nome Alliette ao contrário] um livro intitulado "Manière de se récréer avec le jeu de cartes nommées Tarots" (Maneira de se distrair com o jogo de cartas chamadas Tarôs); o livro foi seguido, em 1793, por sua versão do Tarô. Eis aqui uma cópia fiel do Louco desse baralho de Etteila, que leva o número 78. |
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Os três Loucos a seguir são do século 19. Nessa época as pessoas perderam o interesse pelo jogo Minchiate. O baralho Tarocchino continuou a existir, mas, tal como no baralho moderno, suas cartas tinham cabeça dupla. A França tinha adaptado seus símbolos dos naipes para o Tarô, e substituído as tradicionais imagens dos trunfos por animais, incialmente, e depois por imagens da vida diária. Esse tipo de Tarô ainda é muito difundido na França. Os únicos tarôs tradicionais que continuaram a ser usados foram o Tarô de Marselha e seus derivados. Seguem abaixo três exemplos, todos inspirados no Tarô de Marselha. |
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Da esquerda para a direita vemos primeiro o Louco do Tarô Vergnanot, criado mais ou menos em 1830 em Turim; depois o Tarô Soprafino, criado por Carlo Dellarocco e publicado mais ou menos em 1810 por Gumppenberg em Milão; e finalmente o Tarô Wirth, criado em 1889 pelo ocultista suíço Oswald Wirth. Este foi o primeiro de uma longa série de baralhos ocultistas e divinatórios publicados a partir do fim do século 19. Vergnano criou mais ou menos na mesma época dois baralhos diferentes, um com nomes franceses e outro com nomes italianos. Gumppenberg, que era uma das maiores casas impressoras de Milão, publicou o Tarô de Dellarocco usando as mais novas técnicas de impressão; assim, temos imagens bem detalhadas nas cartas. |
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Como se pode ver, embora existam diferenças significativas nos detalhes, o Louco de todas as três cartas é basicamente um típico Louco do Tarô de Marselha: um andarilho vagando pelo mundo sem destino e sem planos. Animais domésticos continuam a expulsá-lo de nossa civilização; ele ainda não é bem vindo entre outras pessoas. Ele é um Louco, um estranho, as pessoas o temem. Notem que no Tarô Vergnano o animal foi substituído por uma borboleta e uma flor vermelha. A borboleta não está espantando o Louco; ao contrário, ele a segue em seu trajeto aparentemente aleatório de flor em flor. |
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Com o movimento ocultista francês, um grande terremoto consegue sacudir o mundo do Tarô, que mudaria profundamente e nunca mais seria o mesmo. A organização ocultista inglesa Golden Dawn (Aurora Dourada) adotou o Tarô e o popularizou no mundo anglo-saxônico. Um dos três membros fundadores da Golden Dawn, Samuel Liddell MacGregor Mathers, passou a ter uma enorme influência no simbolismo e na interpretação do Tarô. Ele descreve O Louco deste modo: |
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"Um homem com um gorro de louco, vestido como um bobo da corte, com uma trouxa presa a um bastão sobre o ombro. À sua frente está a borboleta do prazer o atraindo (enquanto, em alguns baralhos, um tigre, e em outros um cachorro, o ataca por detrás). A carta significa Loucura, Expiação." |
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Mathers teve grande influência sobre Arthur Edward Waite, mais conhecido como A.E. Waite, que entrou na Ordem da Golden Dawn em 1896, sete anos depois de sua criação. Junto com Pamela Colman Smith, ele criou o baralho Rider-Waite-Smith. E, com o baralho RWS, publicado em 1909, entramos no século 20. |
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As primeiras três cartas do século 20, que mostro acima, são todas relacionadas à Golden Dawn. A primeira é o Louco do baralho Rider-Waite-Smith. A seguir, o Louco do Tarô de Thot, criado entre 1938 e 1943 por Frieda Harris sob orientação de Aleister Crowley, um ocultista também membro da Golden Dawn. Esse baralho foi publicado pela primeira vez em 1969, muito depois da morte de Crowley. O terceiro baralho é o Tarô Golden Dawn, publicado em 1977 e criado por Robert Wang sob orientação do Dr. Israel Regardie. Esse baralho se baseia em outro, nunca publicado, feito pelo membro fundador da Golden Dawn S.L. MacGregor-Mathers. Isreal Regardie era um ocultista e membro da Stella Matutina, uma organização que sucedeu a Ordem Hermética da Aurora Dourada. Regardie tinha ficado com a maior parte dos documentos da Ordem. Em seu livro "The Complete Golden Dawn System of Magic" Regardie faz a seguinte descrição de O Louco: |
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"Esta carta, tal como geralmente apresentada, mostra um homem em roupa de arlequim caminhando sem atentar para o cachorro que rasga sua roupa e ameaça atacá-lo. Nisso se vê apenas o aspecto inferior da carta, sem qualquer menção à Divina Loucura de que fala São Paulo. Mas no baralho da Ordem se faz um esforço para revelar o significado mais profundo. Um menino nu está de pé sob uma roseira que tem rosas amarelas – a dourada Rosa da Alegria, bem como Rosa do Silêncio. Enquanto tenta alcançar as Rosas, ele segura pela coleira um lobo cinzento – a sabedoria mundana freada pela perfeita inocência. As cores são amarelo claro, azul claro, amarelo esverdeado – que sugerem o alvorecer de um dia de primavera." |
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Muitos baralhos de tarô modernos são inspirados no baralho RWS (Rider-Waite-Smith). Como exemplos, mostramos acima o Druid Craft Tarot, criado em 2004 por Will Worthington orientado por Philip Carr-Gomm, Líder da Order of Bards, Ovates and Druids (Ordem dos Trovadores, Adivinhos e Druidas). Clones do baralho RWS são feitos a respeito de qualquer tema que se possa imaginar; aqui é o druidismo. A segunda carta é o Louco do Le Tarot de la Rea, uma interpretação moderna do Tarô de Marselha, publicado em 1982 por Alain Bocher. O terceiro exemplo é o Louco do Tarô Alquímico. Esse baralho, criado por Robert M Place, foi publicado pela primeira vez em 1995. A carta mostrada aqui é da quarta edição do baralho, publicada 20 anos mais tarde. Esse tarô não é um clone de qualquer baralho existente, mas uma criação original baseada na tradição alquímica. |
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Esses três baralhos ainda são bastante clássicos, mas como você pode ver nos próximos três exemplos, muitos baralhos modernos estão se distanciando mais e mais do imaginário tradicional. |
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A primeira carta é o Louco do Tarô do Caos, desenhado em torno de 2001 por John Berger. Com esse baralho estamos muito longe do imaginário tradicional. Com um pouco de imaginação ousada, podemos imaginar aqui um Louco que dança. A segunda carta é do Tarô Deviant Moon que Patrick Valenza criou quando ainda era uma criança. Ele recriou o baralho em 2004. As imagens são vagamente baseadas nas do baralho RWS, mas com uma atmosfera lunar muito surrealista. A última carta é o Louco do Tarô Steampunk criado por Rüdiger Seibert e não publicado. |
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Embora existam muitas diferenças nos detalhes, O Louco não mudou tanto com o passar do tempo. Ele pode ser um andarilho, um Louco dançante, um músico, um lunático, um mendigo, ou tudo isso ao mesmo tempo. Muitas vezes ele usa as roupas ou adereços de um Bobo da Corte, mas sempre permanece sendo um Louco. Assim sendo, ele representa inocência, credulidade e ingenuidade na sua mais pura forma. Em quase todas as cartas ele é retratado como uma pessoa que anda por um mundo estranho e hostil. Às vezes está sozinho, outras vezes com crianças ou um animal; ele simplesmente os ignora. |
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O Louco não reconhece autoridade e não tem qualquer plano. Muitas vezes ele ignora ou nem mesmo está consciente do ambiente em torno. Ele vai para onde a vida o leva. E esse é o poder do Louco: ele aceita tudo e está feliz com a vida que está vivendo. Como ele faz o que quer, sem pensar no que o cerca, o Louco se colocou fora da sociedade. Por essa razão, não tem número. Algumas vezes leva o número 0, às vezes 22, às vezes 78, mas de fato isso não é correto. O Louco não tem lugar fixo e não deve ser nenhum número. |
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