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23 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


I. O Mágico ou O Mago
O Arcano da Mística, da Concentração, do Impulso Criador
 
Compilação de
Constantino K. Riemma
 
O Mágico no Tarô de Marselha-Camoin
O Prestidigitador (Mágico)
Tarô de Marselha (1750) Restaurado por
Camoin-Jodorowsky
 
O título francês desta carta, Le Bateleur, pode ser traduzido também como Prestidigitador, Malabarista, Pelotiqueiro, Bufão, Acrobata ou Cômico. O termo Prestidigitador talvez fosse o mais adequado ao simbolismo dinâmico do personagem, mas é comum que seu nome seja traduzido do inglês Magician, Mágico ou Mago.
Um prestidigitador, de pé, frente à mesa onde coloca os seus instrumentos, segura uma esfera ou um disco amarelo entre o polegar e o indicador da mão direita, enquanto com a mão esquerda aponta obliquamente para o chão uma vareta curta.
O personagem é representado de frente, com o rosto voltado para a esquerda. (Nas referências aos protagonistas de cada carta, será considerada sempre a esquerda e a direita do leitor). Usa um chapéu cuja forma lembra o símbolo algébrico de infinito ( O símbolo do infinito. ) e seus cabelos, em cachos louros, escapam desse curioso chapéu. Veste uma túnica multicolorida, presa por um cinto amarelo.
Sobre a mesa, da qual se veem apenas três pernas, há diversos objetos: copos, pequenos discos amontoados, dados, uma bolsa e uma faca com a lâmina descoberta ao lado de sua bainha.
O prestidigitador está só, no meio de uma campina árida com três tufos de  erva;  no  horizonte,  entre as pernas da figura, uma árvore se desenha contra o céu incolor.
Significados simbólicos
Arcano da relação entre o esforço pessoal e a realidade espiritual. Domínio, poder, autorrealização, capacidade, impulso criador, atenção, concentração sem esforço, espontaneidade.
O ser, o espírito, o homem ou Deus; o espírito que se pode compreender; a unidade geradora dos números, a substância primordial. Ponto de partida. Causa primeira. Influência mercuriana.
Interpretações usuais na cartomancia
Destreza, habilidade, finura, diplomacia, eloquência, capacidade para convencer, espírito alerta, inteligência rápida, homem inquieto nas suas atividades e negócios.
Mental: Facilidade para combinar as coisas, apropriação inteligente dos elementos e dos temas que se apresentam ao espírito.
Emocional: Psicologia materialista; tende para a busca das sensações, do vigor, da qualidade criativa. Generosidade unida à cortesia. Fecundidade em todos os sentidos.
Físico: Muita vitalidade e poder sobre as enfermidades de ordem mental ou nervosa, neuroses e obsessões. Indica uma tendência favorável para questões de saúde, mas não assegura a cura. Para conhecer o diagnóstico é necessário considerar outras cartas.
 
O Mágico
Tarocchi Visconti-Sforza. Original de 1450.
Desafios e sombra: Charlatão persuasivo, sugestivo, ilusionista, intrigante, politiqueiro, impostor, mentiroso, explorador de inocentes. Agitação vã, ausência de escrúpulos. Discussões, brigas que podem se tornar violentas, dado o vigor do personagem. Mau uso do poder, orientação defeituosa na ação, operações inoportunas. Tendência à dispersão nas ações, falta de unidade nos processos e atividades. Dúvida. Indecisão. Incerteza frente aos acontecimentos.
História e iconografia
Desde a Idade Média são bem conhecidos esses personagens que ganhavam a vida com suas habilidades.  Seu ofício combinava frequentemente a apresentação de danças e a prática de charlatanismo – muitos deles passavam o tempo a vagabundear pelas feiras.
 
 
O Prestidigitador de Bosch
"L’Escamoteur", O Ilusionista – Pintura de Jerome Bosch (1453-1516)
 
 
Não há muitas marcas literárias de sua passagem pela cultura europeia, mas, em compensação, foi um personagem de prestígio nas artes gráficas desde os primeiros tempos. As gravações medievais costumam mostrá-lo no desempenho de suas mágicas frente a um grupo de espectadores absortos.
O Tarô suprime as testemunhas e acrescenta detalhes originais (a mesa de três pernas, a posição das pernas e dos braços do protagonista, entre outros), mas o seu parentesco com os registros sobre as feiras é evidente.
O Mago ou Mágico no Tarô de Oswald Wirth
Tarô de Oswald Wirth
 
Pode-se acrescentar que, no mundo islâmico, o Prestidigitador foi também um personagem de vasta popularidade.
Num sentido mais geral, o Prestidigitador pode ser considerado símbolo da atividade originária e do poder criador existente no homem. Como ponto de partida do Tarô, é também o primeiro passo iniciático, a vontade básica no caminho para a sabedoria, a matéria primordial dos alquimistas, o barro paradisíaco do qual será obtido o Adão Kadmon.
“Se o mundo visível não passa de ilusão – pergunta-se Oswald Wirth – o seu criador não será o ilusionista por excelência?”
Neste plano, o Prestidigitador identifica-se com a materialidade do ser criado, até que o demiurgo e a criatura tornam-se o mesmo: certamente há aqui um sentido psicológico, para o qual a identidade é produto da experiência pessoal (o homem é o resultado das suas próprias ações). Desta maneira, pode-se interpretar a supressão da quarta perna da mesa como representativa do ternário humano no mundo (espírito-psique-corpo).
Uma das especulações em torno do personagem do Arcano I pode ser estabelecida a partir da sua atividade intensa, de seu dinamismo sem repouso (produto de seu caráter de intermediário entre o sensível e o virtual), atributo que o relaciona de modo estreito ao simbolismo de Mercúrio.
Nesse sentido, a vareta que traz na mão esquerda seria a evocação do caduceu, assim como seu estranho chapéu corresponde quase exatamente ao capacete alado da divindade. Seu nome grego significaria “intérprete, mediador”, o que confirmaria essa hipótese.
Muito já se estudou sobre o papel fundamental desempenhado por Hermes Trimegisto na história do ocultismo; os alquimistas desenvolveram boa parte de suas sutis investigações em torno do simbolismo de Mercúrio; não é absurdo, portanto, supor que o Tarô tenha sido colocado sob sua invocação.
O arcano do Mago é também relacionado ao Aleph – Aleph, a primeira letra do alfabeto hebraico. –, primeira letra do alfabeto hebraico, e pode ser associado à ideia de princípio e também ao primeiro som articulável ( a ) que, segundo a tradição “expressa a força, a causa, a atividade, o poder” e seria o paradigma do homem em sua relação com as demais criaturas.
 
Hermes ou Mercúrio
Hermes (Mercúrio)
  Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar. Rio, Ed. Labor, 1977.
  Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô. São Paulo, Ed. Paulinas
  O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha.São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
  Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
 
Contato:
Constantino K. Riemma - ckr@clubedotaro.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Outros estudos sobre O Mago
  O Mago. Texto de Valentin Tomberg no livro Meditações sobre os 22 arcanos maiores do Tarô. Um inigualável estudo em profundidade simbólica : O Mago e seu hermetismo  
  O Mago no Rider-Waite Tarot. Leonardo Niederauer faz uma introdução aos significados do arcano I : Simbololismo e iconografia  
  Quando o Mago encontra o Dez de Paus. Sara Bonfim indica correlações símbólicas entre o arcano maior nº 1 e a décima carta numerada do naipe de paus : Os desafios do excesso de vontade  
  O Mago e sua arte de convencer. Simone Gomes Omega apresenta o arcano do mago em suas múltiplas relações simbólicas : O arcano, os elementos, Crowley e o Heavy Metal  
  O Mago e seu mapa astrológico. Artigo de Titi Vidal na série de estudos sobre as relações simbólicas entre as cartas do tarô e os signos astrológicos : O Mago  
  Papai Noel, o Mágico endiabrado. Abelard Gregorian faz correlações da figura natalina com três arcanos maiores: O Mago, o Eremita e o Diabo  
  O Iniciado (ou O Recipiendário). Texto de Eliphas Levi em seu Dogma e Ritual da Alta Magia. Cap. I do 1º volume, em que trata da Unidade do dogma, da Disciplina e das qualidades exigidas do Adepto: A ciência que nos vem dos Magos  
  Abrindo o jogo do Mago: criação e refinamento. Cristina Guedes relata sua visão e experiências com o arcano que dá início à caminhada: Combinações das gavetas do inconsciente  
  O Mago - O Aprendiz. Helena Gerenstadt apresenta sentidos e aplicações do simbolismo da carta ao plano mental, emocional e físico: Meditação e prática com o Mago  
  De Mago e Louco todo mundo tem um pouco...Texto em que João Cláudio Fontes, estabelece relações entre as duas cartas e suas correspondências com outras fontes simbólicas, entre elas a Árvore da Vida da Cabala: Arcanos I e 0
 
  O mês do Mago. Significados que Valéria Fernandes destaca quando o Arcano I é selecionado para orientar um mês de vida: Talentos e aptidões
 
  Os Arcanos Maiores na Tradição Cigana. Transcrição do curso que Sarani Barrios ministrou no segundo semestre de 2008, em que revela a singular integração dos arcanos maiores aos diferentes ciclos de vida e às particularidades de cada idade: Os Arcanos Maiores
 
  Curso de Tarô com Betoh Simonsen. Texto integral do livro que Betô preparou para a apresentação do jogo completo das cartas: O Louco  
O Mago: Crônicas & Artes
  Crianças. Crônica de Denise Fernandes Marsiglia envolvendo: O Mago, a Papisa, a Força e o Louco.  
  Na seção de Artes e Poemas encontram-se versos inspirados no arcano : Poemas sobre o Mago  
Atualizado: março.20
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