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A Tiragem das Realidades |
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"Errar é humano, persistir no erro é burrice". Será? Será apenas isso? Será que constante erro nos resultados garante obrigatória ciência e aprendizado sobre as causas de algo não ter saído como planejado? |
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A criação desse método se deu a partir de 3 constatações: primeira, a persistência em um erro (que pode ser o caso do consulente ou não). Segunda, a necessidade de um aprendizado transformador, que me ajudasse a sair daquela realidade que há tempos já havia sido vista como distorcida. Terceira, o desejo de confirmar se o que me aguarda, após esse aprendizado, é uma realidade da qual eu sinto falta. Poder ver em frente ao espelho um eu não como já estou, mas o que me falta, completando um precioso balanço que precisa ser feito. |
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Esse texto não visa qualquer estruturação excessiva ou sem sentido sobre essa leitura, nele apenas compartilho as características com as quais esse método foi desenvolvido, testado e observado. |
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Casos e Utilidades |
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Eu recomendo essa tiragem principalmente em casos do consulente se encontrar preso a uma determinada situação e para a qual testa soluções, mas sempre esbarra no mesmo erro; casos onde a história se repete, sendo nítida a necessidade de aprender alguma coisa. Muitas vezes não é a pessoa que não consegue fazer uma pergunta de modo objetivo, mas algumas situações, para obtenção de uma resposta construtiva, acabam não abrindo possibilidade de se adaptar a uma pergunta clara, fora o fato de nem sempre ser sim ou não, de ainda não se ter evolução suficiente de "passado, presente e futuro" ou a complexidade para uma cruz celta. Para as situações que demandam, mais do que qualquer coisa, a compreensão de um caso próprio, esse método pode ser um ótimo caminho, assim como foi em todas as vezes testadas por mim. |
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Casas e Significados |
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As 3 constatações se converteram em 3 cartas: |
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1) Realidade vivida atualmente, com seu ponto imperfeito em destaque, que explica a causa do que se vivencia. Uma realidade que você sabe não poder ser a normal, pois mesmo que não se consiga ver saída, a repetição dos mesmos erros mostra sua falha. Essa carta vai apresentar a "falha", sem ser necessariamente negativa em essência (falo isso mais abaixo). Ela também apresentará um lado da carta muito óbvio e visível e outro mais oculto (a ilusão d’A Lua, ainda que evidente, não deve ocultar a parte de determinação em segundo grau, ainda que com foco errado, mostrada nessa carta). |
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2) Lição, o que deve ser aprendido para que se consiga sair dessa realidade em desequilíbrio, ou seja, um portal em forma de aprendizado transformador. Essa carta tem uma profunda relação com a primeira, pois pode tanto complementa-la (e assim, indicar o excesso ou a escassez de determinadas atitudes), bem como indicar sentidos divergentes, dando então a perceber o que deve ser aperfeiçoado e começado a praticar. Levamos em conta os significados de cada carta e a situação geral. |
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3) A realidade tal como ela é, a partir da visão do ponto crítico da primeira carta e da lição. Realidade ainda distante, mas possível (e necessária) de alcançar, seguindo os caminhos mostrados na carta anterior. Não é o futuro, é uma realidade que a pessoa já está perdendo por conta dos tropeços, mas que voltará a se encontrar com ela assim que os erros forem trabalhados. |
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Três cartas para a tiragem das Realidades |
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Ilustração do Autor |
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Sou bastante ligado ao simbólico, valorizo significados adicionais ao modo que as cartas são dispostas. Nenhum significado é mais importante que outro, nenhuma carta está acima de outra, todas se encontram no mesmo processo. E embora estejamos sempre em aperfeiçoamento, não se descarta ou se faz menos do passado. Nenhum ponto deve estar mais próximo ou mais distante da informação transformadora. É um hábito pessoal meu, mas posiciono as cartas assim. O espaço entre as 3 cartas são iguais e não há diferenças de níveis entre elas. |
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Compreensão para uma leitura limpa |
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Talvez a maior constância que essa tiragem apresenta para a sua validação é que, se a carta que sair na primeira casa for uma carta positiva (usualmente falando), o problema nunca será indicado como vindo do seu excesso, mas sempre como a ausência do que a carta traz de construtivo. Fora isso, relações de positividade e negatividade sobre as cartas pouco ajudarão nessa tiragem: o que conta, mais que qualquer coisa, é o envolvimento com a situação. Talvez com exceção da última casa, elas mais direcionam a leitura do que enfatizam o lado bom ou ruim da carta. Essa relação de positividade e negatividade das cartas não ajuda essa tiragem. Mas ela não depende de intensa abertura do consulente. Nada impede dos significados serem repassados, que farão especial sentido para quem vive determinado obstáculo. |
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Um exemplo do que estou dizendo, usando significados rasos, leva em conta a primeira casa apenas:
A Imperatriz é tida tradicionalmente como uma carta muito positiva e ela pode, sim, manter essa positividade ao ser tirada como lição. Quando sucedida pelo Hierofante, por exemplo, indica uma necessidade de se colocar em evidência, de ter pensamentos mais voltados para si e não para situações muitas vezes alheias, que só causam desgaste mental para si mesmo. |
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Porém, essa mesma Imperatriz, nessa mesma casa de conselho, sendo antecedida de pelo Carro, por exemplo, pode aconselhar em forma de crítica, indicando o mau momento para ideias hedonistas e a incapacidade de governar os rumos do caminho questionado no jogo com o tipo de pensamento tido atualmente, indicando uma necessidade de reciclagem de ideias. |
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Entendido? A positividade ou a negatividade da carta acaba não servindo como orientação e sim seus próprios significados junto a casa e as cartas que a sucedem. |
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Até mesmo a carta da Morte, que sempre puxa uma faceta positiva para o lado da nossa necessária interferência para transformações, pode não aconselhar nada em um caso em que a pessoa sofre por justamente não conseguir se compadecer com o sofrimento alheio, o que já pode ter culminado na perda de amizades. Caindo na terceira casa, essa carta pouco vai poder falar sobre uma ótica positiva e sem dor, a pessoa já pratica essa ótica, mas deve servir de um convite à reflexão mais profunda dessa realidade, tornando essa carta um convite para um pensamento mais reflexivo e fraternal sobre o tempo dos outros, da importância sobre algo que eu carrego no peito, mas você talvez não, etc. |
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Levar as perdas como uma simples consequência na vida das pessoas, isoladamente, tampouco a aproxima da compreensão da vida. No fim, acaba sendo uma carta positiva de um modo ou de outro, pois elucida o futuro pós-lição, mas a leitura não é sempre feita de uma maneira óbvia. Os riscos de fazer constatações redundantes ao privilegiar uma leitura moldada são existentes SIM e podem jogar a pessoa de volta nos seus mesmos problemas. |
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Cartas invertidas ou não: um possível norte |
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Muitas pessoas, incluindo eu, não levam mais em conta interpretações diferentes para cartas que saem na posição correta ou invertida. Muito do peso da carta e do significado da casa já indicam como se deve interpreta-la. |
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Uma coisa, porém, foi percebida repetidas vezes e que poderia ajudar a ter um pouco mais de segurança sobre a interpretação: todas as vezes que a cartas vieram com significados imperfeitos, de falta ou exceção, caíram invertidas. |
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Aqui dou exemplos de possíveis interpretações, usando O Carro e A Imperatriz. Note que como dito, a carta O Carro na primeira casa nunca indicará excesso de ímpeto, mas lentidão, estagnação, falta de iniciativa. A necessidade de planejamento antes de ações rebuscadas será sempre mais facilmente indicada por uma carta relacionada às ideias e aos pensamentos, não através de uma carta como essa. |
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A Imperatriz e o Carro |
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Cartas do Tarô Visconti-Sforza (1451) |
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O Carro + A Imperatriz = Rumos desgovernados partidos de um pensamento que privilegia a própria pessoa. Ausência de ações mais abrangentes que incluam outras coisas que não dizem respeito a si próprio. Aqui, o próprio significado da imperatriz pode ser algo negativo, mesmo quando tirada para dar conselho. Ou seja, não é porque a carta é tida como positiva, que ela vai indicar o que falta na leitura mais óbvia. |
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O Carro + A Imperatriz (Invertida) = A cegueira ao não se colocar como parte de um processo, onde você e seus ideais são também importantes. Aqui, a necessidade da pessoa ver seu valor e como figura que interfere em sua própria situação é destacada pela carta. |
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O Carro (Invertida) + A Imperatriz = Aqui, a necessidade de um posicionamento voltado um pouco mais para si mesmo é presente, mas não como se espera ou como se precisa para a resolução do problema. |
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O Carro (Invertida) + A Imperatriz (Invertida) = Parada total ou ausência de ímpeto oriundo de falta de valorização própria. |
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Porém... |
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Tudo vai do entendimento e da conexão com a situação. Tudo, como nos exemplos acima, pode ser posto em cheque mediante o entendimento da situação. Na primeira combinação, nada impediria a interpretação como "rumos desgovernados que poderiam ser postos em ordem e em velocidade certos seguindo uma valorização pessoal", por exemplo. No terceiro caso, "as atitudes hedonistas e deslocadas para si próprio serem a causa da inércia". Esses dois significados são avessos aos apresentados no exemplo, mas perfeitamente possíveis com as mesmas cartas. Assim como o Carro parado não vai precisar ser sempre uma coisa negativa, mesmo que seja a carta inicial, relacionada ao desejo de mudança daquela situação. Pode já expressar muito da vontade de sair do lugar, de seguir em frente e com força, falando de ansiedade ou ímpeto mesmo, mas ainda sem o movimento presente. |
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O que vai definir, mais uma vez, é a compreensão. Não há regra. A inversão das cartas em todos os momentos devidos foi algo notado, mas não ultrapassa a importância da conexão com o consulente. De modo surpreendente, os únicos casos em que as cartas não deram abertura para uma interpretação influenciada pela posição como saíram ocorreram apenas nos testes em que os arcanos menores foram colocados como leitura complementar, em uma linha similar a da escola européia. Todas as vezes que os arcanos menores foram usados, a interpretação moldada pela posição como saem as cartas não pôde ser levada em conta. Ao notar essa divergência, as cartas foram todas postas na posição direta para a continuidade dos estudos sobre a permissão desse jogo para a inclusão dos arcanos menores. |
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Abertura pelo método europeu |
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A maioria das experiências feitas com o método europeu (adição dos arcanos menores como leitura complementar ao arcano maior) não apresentou qualquer alteração dos resultados. Pelo contrário, a leitura realmente ficou muito mais enriquecida e válida. Curiosa e surpreendentemente, nesses casos em que os arcanos menores foram inseridos como complementos, tanto a adição dessas cartas quanto às próprias situações que originaram as leituras não exigiram que o lado como a carta (direta ou invertida) fosse levado em conta. Por isso, mesmo não alterando nada se os arcanos menores vão ser postos todos de uma vez ou seguindo cada carta que o acompanhará, eu recomendo que a decisão de incluir ou não os arcanos menores fique clara desde o começo. O complemento da carta oferece maior garantia a significados que, em todas as experiências foram muito claros, não sendo necessária a interpretação do lado. A confirmação eventualmente dada pelo lado (direta ou invertida) da carta é satisfatoriamente substituída pelo arcano menor, que não deixa dúvidas. |
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Por fim, embora seja uma tiragem com 3 cartas básicas, simples à primeira vista e dando margem à possível ideia de adaptação do conhecido "passado, presente e futuro", ela renderá êxito par um consulente transparente e disposto a se abrir contigo sobre um momento. Se usada para os casos onde essa tiragem caiba – em muitos ela será talvez a mais apropriada tiragem – poderá ser uma excelente nova ferramenta. |
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Desejo boas experiências a todos. |
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