Interpretação
O oráculo nos põe diante da questão da disciplina, com suas normas e regulamentações, que limitam as ações dos homens. Num nível ainda mais alto, nos coloca frente às leis do universo que estabelecem limites ao movimento dos próprios astros. É em razão dos limites da natureza que temos as estações do ano e o ciclo do dia e da noite, indispensáveis à manutenção da vida.
Na vida diária, a economia nos períodos de abundância garante o sustento nos períodos de carência; ser comedido evita humilhações e sofrimentos.
O excesso de limitações, porém, pode se tornar prejudicial, sufocando a criatividade e comprometendo o fluir equilibrado da vida. A severidade excessiva aniquila a alegria e o ânimo de solidariedade.
“Se o homem quiser impor limites muito severos à sua própria natureza, ela sofrerá. Se quiser ir muito longe nas limitações impostas aos outros, eles se rebelarão. É por isso que são necessários limites à própria limitação”. (Wilhelm)
Conselho
O homem nobre elabora seu sistema de números e medidas, para examinar e discutir a virtude e a conduta corretas.
Interpretação
O estabelecimento de limites faz com que a vida adquira um novo significado. Fixar com clareza esses limites constitui a coluna vertebral da moralidade. As possibilidades ilimitadas não ajudam os homens, que ficam sujeitos a se dissolverem na indeterminação. Um homem está maduro e firme quando define seus próprios limites e determina de modo espontâneo suas obrigações.
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Linhas móveis
Linha móvel (nove) na primeira posição significa:
Não ir além da porta e do pátio não implica em culpa.
Muitas vezes um homem gostaria de realizar algo, porém se vê diante de limitações intransponíveis. É necessário, então, que ele saiba discernir em que ponto deve parar. Se ele compreende isso claramente e respeita os limites que lhe foram impostos, poderá reunir a energia necessária para agir com firmeza, quando chegar o momento adequado. Durante a preparação de coisas importantes, a discrição é indispensável.
Confúcio comentando essa linha disse: “Quando surge a desordem, as palavras são o primeiro degrau. Se o príncipe não é discreto, ele perde seu vassalo. Se o vassalo não é discreto, ele perde sua vida. Se aquilo que está ainda germinando não for tratado com discrição, seu desenvolvimento será prejudicado. Por isso o homem superior é cuidadoso ao manter silêncio e não vai além do que deve”.
Linha móvel (seis) na terceira posição significa:
Aquele que não conhece limitação alguma
terá motivo para se lamentar.
Nenhuma culpa.
Se um homem pensa apenas em prazeres e divertimentos, perde facilmente o sentido dos limites necessários. Entregando-se à dissipação ele terá que sofrer as conseqüências quando, então, lamentará seu infortúnio. Mas ele não deve procurar culpar os outros. Só quando um homem reconhece que é responsável por seus próprios erros é que se torna capaz de aprender com essas experiências dolorosas a evitar novas faltas. |