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Encontro com o Vazio. Superação do medo. |
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Pratiquei Tai Chi Chuan durante um tempo razoável. Lembro-me do meu professor, mestre Wong, falando de três de energias (forças): o Ken, que está ligado diretamente à força física no homem; ao Chi (ou Gi), ligado à força vital (que tomo a liberdade de correlacionar ao prana dos hindus e ao ectoplasma dos espíritas); e o Sam, energia espiritual, que podia se manifestar espontaneamente no ser humano em momentos de imensa alegria e exaltação ou de profundo luto que, embora fossem momentos raros, poderia ser também sintonizada através de alguns caminhos. |
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Vazio e paz profunda |
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Imagem em www.yayasanatmanshaktibali.org |
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Quando tinha um pouco mais de 20 anos, e já praticava meditação, fui acordado no meio da noite pela minha mãe dizendo que o meu irmão menor, Duda, havia acabado de falecer. Ao invés de me desesperar, sentei-me por alguns minutos em meditação, sem procurar entender, controlar ou resolver nada, simplesmente me conectando com o sentimento de existência em um sentido mais profundo, e fui inundado de uma profunda paz. Hoje, depois de décadas, consigo perceber que este tipo de meditação, que chamo de observação desapegada, tem muita relação com o Vipassana, uma antiga meditação budista. |
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Na Cabala, existe uma esfera chamada Daath, considerada o teto do inferno e o chão do paraíso. Toda vez que superamos um medo profundo ou uma total sensação de abandono fazemos sua travessia e nos sintonizamos com Sam, a energia espiritual. Está também relacionado ao Bardo, que no budismo tibetano significa o estado intermediário da existência, entre a morte e o renascimento; podemos dizer que o bardo mais evidente é o da morte física, mas temos vários bardos menores. Essa experiência também está simbolizada na Astrologia pelo planeta Plutão e, no Tarot, à carta da Morte. |
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Este assunto tem tudo a ver com o medo que está pelo ar e, além disto, a síndrome do pânico e as depressões profundas envolvendo a muitas pessoas.
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Evidentemente, não precisamos ir atrás dessas experiências, mas é bom saber que em algum momento elas virão atrás de nós... É claro que poderemos rezar, cantar, caminhar, nos alimentar bem e, também, procurarmos ajuda química, psicológica e espiritual. No entanto, poderá chegar um momento em que teremos que cavalgar o dragão por nós mesmos ou ficaremos simplesmente apavorados e desestruturados. Em momentos assim o caminho mais direto será aceitarmos a situação e procurarmos não tecer cenários negativos: simplesmente observarmos. Não temos o controle e esse fato é a essência da experiência. |
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Meu testemunho é que se conseguirmos atravessar momentos como esses poderemos nos conectar com uma energia incrível, que chamo de oceano de luz. Gosto de ter em mente a imagem do centro do furacão, que é silencioso e calmo, enquanto tudo ao seu redor é um caos. E depois de atingirmos este equilíbrio saberemos o melhor a fazer ou não fazer. |
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Em épocas normais, poderemos nos preparar para estes momentos mais intensos enfrentando nossos medos e aceitando nossos desafios, grandes ou pequenos, mas normalmente não é o que fazemos. Ao contrário, procuramos evita-los sempre que possível. O preço disto é que não estamos preparados para as grandes transições, perdendo muita energia psíquica.
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Está cada vez mais conhecido o termo Vuca, que me foi revelado pela primeira vez pela minha irmã Tipi. Significa volatilidade, incerteza, ambiguidade, onde poderemos eventualmente nos entregar ao vazio da transformação, ao que não sabemos, deixando nossas crenças e verdades para trás. É o toque para nos darmos conta de que tudo aquilo que nos trouxe até aqui não nos levará necessariamente adiante. Podemos, no entanto, confiar que será possível encontrar outras habilidades, outras possibilidades, outros campos e outras experiências. |
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Boa travessia a todos. |
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