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O passado como guia do futuro |
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No processo oracular, ao trabalhar com os consulentes, percebo muito a ansiedade de saber acerca do futuro ou melhor entender o presente, mas muitas vezes as pessoas rejeitam qualquer entendimento do passado. Afinal, sendo um oráculo e tendo a capacidade de delinear o tempo por vir, quantas pessoas realmente vão querer se importar com um tempo já inexistente? |
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A grande questão que coloco, contudo, é o fato de que muitas vezes o presente é resultado óbvio do passado e o futuro claramente vai refletir esses dois estados de tempo numa cadeia de consequências. É interessante notar por exemplo que a famosa tiragem da Cruz Celta tem um claro enredamento entre os três tempos que se observa nos pontos 5 (passado) e 6 (futuro): www.clubedotaro.com.br/site/p52_3_elaboradas.asp#celta |
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O passado, se bem analisado, pode trazer uma melhor
compreensão de questões concernentes ao consulente. |
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Na imagem: 5 e 6 de Copas do Tarô Rider-Waite. |
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Se um cliente por exemplo nos aparece com um questionamento relativo a problemas financeiros, não seria lúcido contemplar o que lhe aconteceu anteriormente para entender o atual presente? É muito provável que o passado indicaria excesso de gastos ou algum problema externo que lhe causou as perdas e o levou a presente crise. Da mesma forma essa lógica surgiria em assuntos dos mais diversos campos: talvez a consulente que pergunta sobre o relacionamento só entenderá aonde tudo deu errado se observarmos que ela estava sendo muito autoritária (O Imperador) , outra só compreenderá porque não conseguiu a promoção se perceber que não conseguiu se destacar diante da concorrência (Cinco de Paus). |
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Para exemplificar isso, insiro o estopim de toda a minha reflexão que foi um jogo que decidi montar para mim visando extirpar uma dúvida. Eu embaralhei as 78 cartas juntas e retirei duas cartas. A pergunta era: por que tenho tantas dificuldades na área amorosa? A resposta que me surgiu foi o Ás de Ouros seguido do Eremita. |
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O Eremita andando em direção ao pentáculo. |
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Montagem feita por mim a partir do Tarô de Marselha.
Veja outras montagens em : www.instagram.com/arcanacoeli/?hl=pt |
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Se observarmos a disposição das cartas, a primeira perspectiva interessante que surge é o fato do arcano IX observar o pentáculo, como se andasse vagarosamente em direção a moeda. O nono trunfo é uma figura conhecida pela sua busca pelo conhecimento e sendo alguém idoso carrega já bastante experiências. Também é um arcano conhecido pela solidão, o que faz sentido visto que eu nunca vivenciei um relacionamento amoroso. O Ás de Ouros é a energia pura do naipe, é todo um potencial material por ser elaborado. Mais do que isso, é representada por uma moeda, símbolo de valor. Valor que tanto pode ser monetário quanto moral, ou seja, princípios. |
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O Eremita também é uma carta de princípios e valores principalmente centrados na experiência individual, o processo solitário de criação da sua própria luz (a candeia que carrega em mãos) e diante dessa combinação tive a reflexão que todas as dificuldades que experienciei na área afetiva foram necessários para formulação dos meus valores individuais, meus preceitos e moral. Ao estar só encontrei minha própria visão de mundo. |
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Este processo também me ajudou a elaborar os conhecimentos que me levaram a trabalhar com oráculos e literatura, visto que em meus momentos de maior solitude encontrei alívio nos aprendizados vindos das cartas, dos livros e dos textos que me coloquei a escrever. Ou seja, o Ás de Ouros também alcança aqui sua representação financeira representando que na experiência solitária do Eremita eu consegui encontrar minhas capacidades profissionais, minha potencialidade em termos de trabalho. |
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Em um simples jogo com duas cartas eu consegui toda uma compreensão sobre uma questão do meu passado que até hoje interfere no meu presente e, com isso, entendi melhor minha vida podendo lidar melhor com as angústias relativas a questão. Mais do que olhar o presente e o futuro, o passado pode ter suas benesses no trabalho taromântico. É um passo pra trás, mas dois pra frente. Que possamos olhar pra trás com mais respeito. |
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