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A necessidade de se humanizar
para se tornar um bom tarólogo |
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Débora do Amaral Teixeira |
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Iniciei meu caminho com o tarô quando ainda era estudante de Engenharia Florestal, em meados da década de 90 do século passado. De lá para cá foram várias idas e vindas, onde volta e meia me deparava sentindo uma atração inexplicável por esse baralho imagético. O que começou como uma brincadeira, uma curiosidade, foi se transformando em uma necessidade no meu caminho pessoal de crescimento. Em 2014, por fim, não tive como escapar mais e resolvi me dedicar de verdade ao tarô. Foram anos de estudos, cursos, leituras, trocas com tarólogos experientes e meu encontro com Nei Naiff. Só me senti pronta para começar a atender no final de 2017 e, de lá para cá, aprendo cada dia mais com o tarô. |
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Continuo estudando e já entendi que vou ser uma eterna estudante, mas o que mais aprendi, e o que foi mais difícil nesse caminho, foi buscar tornar-me um ser humano melhor. É isso mesmo, estou me humanizando graças ao tarô. Entenda-se humanizar aqui no sentido de tornar-se mais compassivo, ser capaz de compartilhar do sofrimento alheio. Quando escolhemos esse caminho, precisamos nos perguntar se realmente estamos dispostos a nos dedicarmos a ajudar outras pessoas, se realmente somos capazes dessa entrega. |
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Interação humana com luz e calor; escuta atenta e acolhedora |
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Cartas XIX. O Sol e II. A Papisa no Tarô de Marselha restaurado por Kris Hadar |
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As pessoas geralmente nos procuram em momentos de grande fragilidade e necessitam serem acolhidas. Entender essa escolha como de grande responsabilidade, é fundamental para se tornar um bom tarólogo. Não é fácil lidar com os mais diversos problemas humanos, dores de almas e de amores, menos ainda com as expectativas, que muitos depositam em nós, de que somos capazes de resolvermos os seus problemas. |
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Há alguns anos, me encantei com as falas de dois médicos maravilhosos: Dr. Décio Iandoli Jr. e Dra. Lídia Maria Gonçalves. Desde então tenho levado essa ideia da humanização da medicina para meus alunos, na universidade onde leciono. Inspirada por eles, comecei a pensar como se daria essa humanização no nosso desenvolvimento como tarólogos. Nesses anos de atendimento já passei por algumas situações bem delicadas e listei alguns dos principais desafios que devemos estar dispostos a enfrentarmos quando decidimos trabalhar com o tarô: |
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Desafio 1: Prepare-se de verdade, tenha uma boa base teórica, estude, seja curioso, questione. Não ache que irá se tornar um tarólogo da noite para o dia. É preciso dedicação e tempo. Convide a Sacerdotisa e o Eremita para lhe ajudarem nesse processo. |
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Desafio 2: Entenda o outro como um ser singular, único como você. Não se sinta superior por estar diante de alguém em um momento mais fragilizado, trabalhe a humildade. |
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Desafio 3: Seja capaz de escutar com afeto e empatia. Nós não somos adivinhos, pelo menos a maioria de nós não tem nenhum tipo de vidência, somos intérpretes de imagens e precisamos entender melhor o contexto para que essas imagens façam mais sentido e se tornem mais claras. Escute o seu consulente, sem julgamentos ou cobranças, muitas vezes ele só precisa falar para ter mais clareza da situação. Aqui é preciso ter paciência, ter equilíbrio para dosar escuta e fala. Tenha cuidado com a forma como coloca as coisas, tenha empatia com a dor do outro. Convide o Eremita e a Temperança para lhe auxiliar. |
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Desafio 4: Ajude o seu consulente a compreender que a vida é dele e cabe a ele se responsabilizar por ela. Ele precisar buscar sua autonomia e não se sentir dependente de você ou do tarô. O tarô é um excelente conselheiro, mas só o consulente tem o poder de fazer suas escolhas e agir. Apresente a ele o Mago, a Imperatriz, o Imperador, os Enamorados, a Justiça, o Carro e a Morte. |
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Desafio 5: Não discuta com as cartas e nem tente achar uma razão dentro da sua lógica para as respostas. A consulta não é sobre você, é sobre o outro, e ele não veio saber a sua opinião e sim o que o tarô tem a lhe apresentar. Não é sobre você, é sobre o tarô, ele sim é o conselheiro, nós somos uma ponte para que esse conselho chegue até o consulente. |
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Desafio 6: Esteja comprometido a se doar de verdade em cada consulta, a dar o melhor de si e estar totalmente dedicado a esse momento, não crie distrações. |
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Desafio 7: Por pior que esteja a situação, nunca deixe seu cliente ir embora sem vislumbrar uma possibilidade de saída. Lembre-se da Estrela, do Julgamento, do Mundo, do Sol. É preciso ser claro e direto, mas sem perder a doçura jamais. |
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Desafio 8: Entenda que não somos infalíveis, aprenda com seus erros e não se cobre perfeição, isso é só uma armadilha do ego. Anote seus jogos, descubra o que aconteceu e isso será um excelente material de aprendizado. Também não se ache um ser superior com seus acertos. |
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Desafio 9: Nunca pare de estudar, recicle, aperfeiçoe-se, leia, não só sobre o tarô, mas sobre tudo que possa dar suporte ao seu próprio desenvolvimento. |
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Desafio 10: Aja com ética e respeito a você e ao outro; Desafio final: Confie, sua intuição será uma excelente aliada. Se chegou até aqui já está colocando em prática qualidades humanas essenciais e não se esqueça do que nos disse Jung: "conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana". |
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Débora do Amaral Teixeira
Doutora em Fitopatologia, Professora universitária
e taróloga em Belo Horizonte, MG.
Faz atendimentos e cursos de tarô presenciais e on line.
debamaralteixeira@gmail.com
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores |
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