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A Presença do Sagrado |
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Sagas, leis antigas e crônicas medievais evidenciam a existência de uma intensa vivência religiosa entre os povos germânicos. Adorar os deuses era um dever sagrado e não o fazer era considerado um crime, pois religião, família, comunidade e sociedade estavam intimamente conectadas. A crença em poderes sobrenaturais, ligada à noção que os deuses instituíram a ordem social, fazia com que as leis e os costumes do povo fossem estabelecidos pela religião. |
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A aprendizagem do sagrado tinha relação com o mito no que diz respeito aos deuses, seus feitos, suas paixões e ódios, seus erros e acertos. Isto se reflete no culto, que é uma autêntica ligação do crente com as divindades. |
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A crença nesta força mágica que o homem pode sentir faz com que ele tente dominá-la e torná-la útil, a fim de alcançar seus objetivos. Os guerreiros em uma batalha estavam sempre muito excitados, como que em êxtase, pois eles acreditavam que morrer em combate os transportaria até a morada dos deuses. |
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Wotan e Yggdrasil |
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Desenho de James Carl McKnight |
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O sentido da vida para os povos germânicos se baseia em uma entrega total nas mãos do Destino, que lhes dará o fim apropriado. No entanto recorriam aos oráculos, através das runas e interpretações de sonhos para saber o que os deuses lhes tinham reservado. |
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A religião naquela época era intrinsecamente ligada à Natureza, sendo que havia altares nos bosques e montanhas sagradas, além de locais especíicos para fazer sacrifícios. Por outro lado, o Homem deveria ter consciência de seu lugar nesta Roda Cósmica. |
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As runas tinham um significado mágico e eram instrumentos da arte divinatória e curativa destes povos. O sacerdote, ao lançar as runas, necessitava ter uma unidade perfeita com a Natureza e o Cosmos a fim de produzir um fluxo de energia mágica e espiritual que iria despertar os símbolos arquetípicos presentes no inconsciente coletivo e propiciariam a cura ou a solução dos problemas. |
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Para atingir este estágio eram necessários anos de estudo e pratica, seguidos de uma iniciação xamânica. Só depois disto o sacerdote se tornava um veículo adequado e eficiente das forças superiores colocado a serviço de sua comunidade.
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Existem registros sobre os antigos rituais dos povos germânicos que incluíam o culto dos mortos, purificações de templos e casas, culto às fontes de água doce, encantamentos e amuletos utilizados para diversos fins, conexão das mulheres com a Lua e danças ao redor de mastros e fogueiras. |
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A divindade primeva a ser reverenciada era a Mãe Terra, que tornava os campos férteis, estimulava a criação de animais, instigava o crescimento das crianças e recebia os mortos de volta em seu ventre. |
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No âmbito da comunidade, o guerreiro fazia um juramento de fidelidade ao seu chefe e ao clã. Caso este juramento fosse desrespeitado, sua honra estaria irremediavelmente manchada. |
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O guerreiro deveria praticar as nove Nobres Virtudes, que são: a Coragem para fazer algo difícil ou perigoso; a Sinceridade, ou ser honesto consigo mesmo; a Honra, um grande senso de conduta ética; a Fidelidade, ou lealdade a um grupo e a uma causa; a Disciplina, ou autocontrole para realizar uma ação; a Hospitalidade, para receber os visitantes com boa vontade; a Autossuficiência, por não depender de ninguém; a Diligência, para ser persistente em seus esforços até conseguir os resultados e a Perseverança, por nunca desistir apesar dos obstáculos. |
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Quando estava desocupado, o guerreiro entregava-se aos prazeres da comida e da bebida, sendo que a embriaguez era sinônima de jovialidade e bem-estar e o ato de beber junto com outros guerreiros significava uma partilha ritual de poder. |
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Desta forma conseguimos traçar um panorama do guerreiro germânico: um homem profundamente ligado aos deuses, comprometido com a comunidade, obediente a seu chefe, sem medo da morte e extremamente vibrante, seja na batalha ou nas confraternizações. |
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Excerto (págs. 19-20) do livro
O Anel do Nibelungo – o conflito entre o Amor e o Poder
de Douglas Marnei |
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