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2022: ou vai ou racha... |
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Difícil pensar em 2022. Desde março de 2020 o mundo mudou tanto e tão radicalmente que houve momentos em que me perguntei se e como instrumentos como o tarô conseguiriam abranger um mundo tão estranho. Concluí que sim, posto ser algo atemporal. Se isso tinha sentido em 1500 - e o mundo também, de lá para cá, mudou radicalmente, e mais de uma vez - por que ele não se adaptaria novamente? |
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Somos orgânicos, mudamos, e o tarô muda conosco. |
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Isto posto, tento, há algum tempo, refletir, tarologicamente, sobre que orientações e alertas o tarô pode nos dar para lidar com o novo ano que vem chegando. Ao som de Debussy e Satie, que uso sempre que a cobra fuma (fica a dica...rs), tento amenizar o que sinto sobre isso, enquanto escrevo. |
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In www.duofox.com.br/8-motivos-para-assistir-o-iluminado-de-stanley-kubrick/shinning |
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O ano de 2022, dentro da minha ótica, calca-se em dois arcanos: O Julgamento, que é nosso pano de fundo desde 2000 e que vem chamando cada um de nós a ser o que veio ser, e O Louco, na sua face 22, a ferramenta do próximo ano para lidar com essa convocação. O Louco ocupa as duas pontas dos Arcanos Maiores, o Zero e o 22. O meu problema é que um Louco Zero me é extremamente simpático, com sua irreverência, seu descompromisso, seu espírito de contracultura, sua avidez pelo inusitado, sua sede de experimentação. Já um Louco face 22, para mim, é puro caos, ausência total de direção e de razão, completa desconexão de si e do outro, terra sem lei, aceitação da loucura como normalidade e, pior, o corte do que um dia se chamou joie de vivre e que é um dos sentimentos mais esplêndidos do estar encarnado. Meu 22 carrega em si a dissolução final, o caos absoluto e que, sim, possibilitam o broto de um novo começo. Mas pese a esse dado alentador (do novo começo) há que, antes, atravessar dito caos. |
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Como acredito que a forma de minimizar efeitos desafiadores dos arcanos consiste em espontaneamente ir ao encontro deles, minha (louca) sugestão é que em 2022 façamos coisas "loucas", dentro do que o mundo ainda pandêmico vier a permitir. Sempre sugiro algo assim, mas aqui serei mais radical: encontre seu lado doidão. Seja invisível ao vórtex nocivo sendo mais louco que a loucura geral. Encaixe na vida algo lelé, maluco mesmo. Faça algo que nunca fez por caretice, por pruridos morais, por covardia ou medo. Vá pular de paraquedas, tirar brevê, mergulhar com tubarões, fazer um safári fotográfico na África, estudar chinês na China, pintar as paredes de pink. Mude de cidade, de profissão, de estilo, pinte o cabelo de verde, pule a cerca, aprenda algo inútil e pirado apenas porque te interessa. Aramaico? Flauta de Pan? Fetiches sexuais que acalenta secretamente? Fugir com o circo? Mandar seu pai/mãe pastarem? Parar de fingir que ama? Permitir-se amar? Vender tudo e ir viver numa ilha? |
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In www.cntraveler.com/galleries/2015-05-21/the-best-places-to-go-diving-with-sharks-south-africa-australia-mexico |
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Loucura deliberada tem que ser uma ideia pessoal, ache a sua. Lute para manter a sanidade através da contraposição de uma pseudo-insanidade controlável. Experimente o que sempre deixou pra depois, porque não há mais "o depois". O depois terá chegado. E continue diligentemente a cevar os laços de afeto com o seu pequeno entorno, porque amor fraterno genuíno é a única âncora que nada, nem mesmo a demência de uma era, consegue destruir. Se seu coração estiver no lugar certo, os psicopatas (pessoas, ideias e conceitos) terão mais dificuldade de te atingir. E, se os deuses me derem a bênção de estar totalmente equivocada, no mínimo você terá vivido experiências que abrirão sua cabeça, terá histórias para contar e memórias para te divertir. Fundamental: terá entendido, finalmente, que você não fez todo o complexo processo de encarnação para ser um bunda-mole certinho que paga contas e diz sim-sinhô. |
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Você veio viver, aprender, experimentar o júbilo da matéria, interagir bem, auxiliar, amar, transar, usar os sentidos. Você veio, dentre outras razões, para que os deuses, através de você, o divino projetado, experimentem o que não podem e para, com isso, encantá-los com sua cintilação. |
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In https://bacc.cc/four-ways-to-make-god-happy |
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Em 2022, caminhamos – ou terminaremos de caminhar - para um mundo onde a ausência de rosto é ok, o mal-estar que isso provoca é ok, drogas compulsórias ainda não seguras são ok, seus efeitos adversos graves são ok, as doenças mentais em índices absurdos são ok, as repressões policiais absurdamente brutais por qualquer discordância são ok, a patrulha do vizinho sobre sua vida é ok, a perda das liberdades civis é ok, sofismas são ok, ter que escolher líderes incompetentes porque não há outros é ok, acreditar em qualquer estupidez é ok, odiar a individualidade é ok, a vulgaridade é ok, a dissolução da privacidade é ok e o ego inflado é ok. O insano terminará de virar o novo normal. |
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Vem aí a imposição da entidade chamada "Coletivo", um slogan bonito, mas que, se usurpa o trono em vez de dividi-lo, implica no aniquilamento do indivíduo, o que é sinônimo de... loucura. "Coletivo acima de tudo" é uma falácia e é a ascensão maquiavélica de um novo deus, gélido e implacável, com sua padronização obrigatória do pensar, a psicopatia (e, para alguns, a esquizofrenia) que disso decorre e uma sociedade que resultará definitivamente da cruza literal entre "Admirável Mundo Novo" de Huxley e "1984" de Orwell. Sim, sei que me repito, venho alertando há duas décadas sobre isso, mas eu não sou ninguém e meu dizer perde-se na incredulidade de quem ouve, o que é compreensível. A coisa toda é como um enigma: algo que a maioria só decifrará quando for tarde demais. |
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...LEG... |
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In : https://www.kobo.com/br/pt/ebook/AhIbw1TJuje1l6QPMtht5A e
https://www.magazineluiza.com.br/brave-new-world-aldous-huxley-large-print-edition-ishi-press/p/jbg33dc6f8/li/otli/ |
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Porém, contudo, todavia... Minha natureza é (tem sido, ao menos) otimista e crente; sempre – sempre! – encontro uma porta, uma janela, ou dou um jeito de abrir um buraco no muro. Desejo com todo meu coração que eu esteja estupendamente errada (e há grandes chances disso, evidente) nas intuições que tive e nos sentimentos que por vezes me tomaram nestes últimos 3 meses, que é quando começo a refletir sobre o ano seguinte. O ser humano é imprevisível e grande parte da humanidade é naturalmente boa, então algo pode acontecer e modificar ou melhorar esse curso que intuo. |
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Portanto, se penso em como objetivar o que penso sobre esse tema e em como entregar alguma esperança, passo a régua e digo: reaprenda a ter autonomia de pensamento e pare de usar as redes como seu guru; seja conscientemente mais louco que os loucos já possuídos; blinde seu coração, mantendo o fluxo de amor fraterno a qualquer preço. Só isso já basta para que atravessemos as convulsões com muito mais facilidade. |
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Fé, força e foco, porque 2023 se adianta, já tem aparecido nas minhas reflexões e – amém! – por hora pinta muito melhor! |
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Ivana Mihanovich
é taróloga, tarô-terapeuta, escritora, publicitária,
autodidata em
Psicanálise e
Psicologia Analítica, com capacitação em Neuropsicologia.
Site: http://www.ivanamihanovich.com/
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Blog: http://tarotluminar.blogspot.com/p/consultas-contato-aqui.html
Livros: https://agbook.com.br/book/BACK_TO_BASICS e TAROT_LUMINAR
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô : Autores |
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Edição: CKR - dezembro/2021 |
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