|
|
|
Como lidar com as cartas |
|
O preparo do baralho. Ritos e linhas de trabalho. Proteções. |
|
Constantino K. Riemma |
|
|
|
Esgotamento e Limpeza energética
Patricia Vieira - 30/8/2010: "Fiz o curso de tarot e tenho praticado bastante, já há algum tempo, com amigos e parentes a arte de interpretar as lâminas, que é uma das minhas maiores paixões. Gostaria de saber dicas sobre limpeza energética e proteção, antes e depois das leituras, visto que após atendimento do consulente, tenho me sentido bastante esgotada. Ontem mesmo atendi uma pessoa e fiquei carregadíssima."
Ficar carregado com as tensões do consulente não é problema exclusivo dos tarólogos. Médicos, psicólogos e terapeutas estão sujeitos ao mesmo risco: serem afetados ou contaminados pelas cargas psíquicas e tensões emocionais daqueles que vêm em busca de ajuda para os seus problemas.
Um primeiro ponto a ser estudado diz respeito a nós próprios. Qual é a nossa atitude? Muito envolvida e misturada ao cliente? Preocupação excessiva em agradar, acertar e resolver as dificuldades alheias? Ser tomado pelo empolgamento, falar mais do que o necessário e esvaziar as energias?
Esse primeiro questionamento deve ser trabalhado por nós mesmos e, num certo sentido, não depende de outros para ser conduzido do melhor modo. Os psicólogos são treinados para manter uma justa isenção, sem se identificarem com as perturbações alheias. Os médicos igualmente são preparados para uma conduta estritamente profissional nos contatos e alguns deles, como vemos na prática, chegam ao extremo de nem tocarem nos clientes, restringindo-se aos exames clínicos! É claro que não precisamos exagerar, mas podemos conhecer bem melhor nossos pontos fracos.
[Ilustração copiada em www.letterkenny.olx.ie/psychic-medium] Para lidar com a questão do esgotamento psíquico não existe uma receita única, pois depende muito do temperamento e do perfil energético do profissional, de sua maior ou menor permeabilidade psíquica, corporal ou mental.
Pessoalmente, já experimentei muitos recursos de proteção, especialmente nos primeiros anos. Enrolar o ventre com um pano dourado (no estilo de artes marciais orientais), copos d'água e cristais por perto da mesa, orações e assim por diante. Mas o que constituiu uma ajuda forte e eficaz foi trabalhar minha disposição: buscar equanimidade, ficar atento para não ser carregado por ondas de empolgação ou de obrigação de resolver os problemas dos outros, lembrando que somos apenas interlocutores, auxiliares no processo de tomada de consciência e no estudo de alternativas. É um equívoco tomar-se por um mágico ou sumo sacerdote que irá resolver todas as questões.
Com o tempo, aprenderemos a distinguir com clareza as situações que nos roubam energia, bem como o perfil das pessoas que nos consomem. Talvez não esteja ela no rol de nossos consulentes ideais. Talvez o nosso talento tenha uma clientela mais específica que podemos aprender a reconhecer e a selecionar. Por exemplo, no meu caso, não atendo pessoas que querem apenas previsões de futuro sem, no entanto, se interessarem pelo que devem fazer, elas próprias, para corrigirem seus rumos de vida. Se o que elas querem é diferente do que posso oferecer, isso gera uma tensão que não é fácil de administrar. Prefiro, em casos assim, indicar outros profissionais que poderão atender o que a pessoa deseja. É por isso vejo como um belo subsídio a organização do Guia de Tarólogos do site Clube do Tarô, apesar de todo trabalho que dá!!!
[Pintura: Spiritual Cleansing de Nicole Helbig em www.fineartamerica.com] Muitos recorrem também às práticas religiosas. Nesse caso, gosto sempre de lembrar que o melhor caminho é o da religião que o tarólogo segue. A simples repetição de ritos retirados do contexto de outras religiões pode tomar um caráter artificial e pouco eficaz. Se você for cristã, recorra às orações e ritos cristãos. Se você segue os cultos afros, siga a orientação dos seus instrutores. Se você for espírita, é natural que entenderá mais claramente o que os médiuns mais experientes indicarão para a sua proteção. Evidentemente não estamos colocando divisões estanques, já que no contexto da vida social e cultural brasileira vivemos uma rica interconexão entre as várias linhas espirituais. O nosso cuidado deve ser com a naturalidade das práticas, pois o artificial é pouco eficaz.
Banhos? E por que não?! Mas se você não tem ervas ou outros ingredientes particulares, se não vive próxima de uma cachoeira, seja prática: entre no chuveiro e tome um bom banho, como você faz no seu dia-a-dia. Por mais simples que aparente ser, todo gesto intencional para descarregar as tensões psíquicas podem tem bom efeito: tomar uma xícara de chá, acender uma vela e pedir ajuda de Nossa Senhora, dar uma volta pelo jardim, mexer na terra!
No fundo, a maior proteção virá do nosso amadurecimento. Podemos prestar mais atenção à nossa atitude e aos pontos fracos pelos quais nos deixamos levar e nos desgastar. Avaliar melhor certos sentimentos que nos obrigam a atender qualquer um, indiscriminadamente. Ficar mais atento, durante as informações prévias, ao que as pessoas desejam e, se for o caso, indicar outros profissionais que poderiam atender melhor às expectativas.
O tema está em aberto! As experiências particulares de cada um serão muito bem-vindas.
Patricia Vieira - 3/09/2010: Achei muito interessante o ponto de vista da Bete Torii sobre a questão [topico.asp?topico=4&pagina=2&var=1#ComentariosLista]. Realmente, pessoas insistentes nos deixam tensas e cansadas e nessa hora, ser franca é a melhor saída. Seu relato de experiência foi enriquecedor. Mas, quando coloquei a questão, me referi mais ao fato de que há pessoas que, simplesmente carregam uma carga psíquica muito pesada, negativa, e às vezes nem sabem disso. E o que acontece comigo é que no final da consulta o consulente sai muito bem e eu fico simplesmente sem forças. Então, gostaria de saber como lidar com isso.
Para lidar com isso, temos dois pólos: a outra pessoa e nós mesmos. Com relação à outra pessoa, se formos apenas tarólogos só poderemos recomendar algum especialista para cuidar da situação e corrigir suas descompensações energéticas ou psíquicas. Por exemplo, se fosse aqui por perto de onde moro, indicaria o Grupo Socorrista Maria de Magdala (kardecista) ou o Templo Guaracy (umbanda) ou o Padre Mário, exorcista da Igreja de São Gonçalo da Praça João Mendes. Do mesmo modo, se o assunto for de patologia clínica, vou recomendar consulta a psiquiatras.
Com relação a nós próprios, é evidente que podemos recorrer aos mesmos locais de ajuda religiosa. Mas, como mencionei antes, se alguma coisa está me fazendo mal o melhor caminho é evitar o contágio. Por exemplo, se fosse médico e me desgastasse o contato com portadores de moléstias infecto-contagiosas, deveria me afastar desses pacientes e prestar serviço em outras áreas. Aliás, conheço médicos que não toleram conversar com doentes e, por isso, se especializaram em anestesia! É muito saudável respeitar as próprias afinidades.
Estudar e praticar o tarô não nos dá onisciência. Humildade e reconhecimento dos nossos limites ajudam muito a compreender o que, de fato, está ao nosso alcance e não representará danos, sejam eles psíquicos ou astrais. Não sou obrigado a atender a quem me faz mal.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Energização do Baralho
Pergunta de Maria Raquel – RJ (17/2/2009): “Gostaria de saber como faço para energizar um tarô novo que eu acabei de comprar”.
Raquel, o seu desejo de dar boas vibrações às cartas revela uma atitude de respeito. No entanto, concordo com o Giancarlo, que "tudo isso é pessoal e o tarô independe de regras "fabricadas", oriundas do credo de cada um". Portanto, seja espontânea em seus bons sentimentos ao lidar com as cartas, pois isso é mais importante que as formalidades exteriores. No site Clube do Tarô, existem dois comentários específicos sobre o assunto que te interessa: 1) Ao apresentar as técnicas de tiragens, logo no segundo item - "A atitude básica", registro meu ponto de vista sobre a preparação das cartas: /site/p51_2_tecnicas.asp 2) No alto da mesma página que indiquei acima, existe um link para um texto do Giancarlo, "Dicas fundamentais": /site/p51_2giancarlo.asp. Especialmente nos itens 6 e 12 o autor dá sua opinião sobre o preparo do Tarot. Já com relação a algum procedimento religioso ou ritual, o caminho é procurar alguém qualificado para isso. Perguntaria, portanto, qual é a sua religião? Se você for católica, veja se encontra algum padre que abençoe as cartas, pois, no fundo, as cartas estão na mesma linha dos santinhos católicos. Peça a benção para fazer um bom uso das cartas. Se nenhum padre de sua paróquia se dispor a dar essa benção, você tem o recurso de levar seu baralho a uma igreja e pedir ao santo de sua devoção que ele lhe inspire a fazer um uso correto das cartas. Se você for protestante ou evangélica, imagino que será mais difícil encontrar um pastor que abençoes suas cartas. Reze, então, às forças do Mais Alto para orientarem sua utilização das cartas. Se você for espírita, busque ajuda do seu médium-orientador. Se você for seguidora de algum rito afro, seguramente encontrará dentro de sua linha alguém mais velho para ajudar a preparação nos moldes que forem espontâneos para ele e para você.
[A carta acima, 14. A Temperança, é do The Witches Tarot]
|
|
10/08/2009 19:00:16
|
Simone - 26/03/2010 17:19:36
Constantino, muito obrigada pelo retorno, e seguirei sua sugestao. abracos.
|
Flávio Siqueira - 26/04/2010 17:56:40
Olá Constantino. Queria que você esclarecesse um a questão que tem estado em minha cabeça há algumas semanas. Como lidar com o tarô e com algumas ideias cristãs? Por exemplo, há diversas passagens bíblicas(deuteronômio, levítico) que condenam a prática adivinhatória e tal e coisa. Acho que você já ouvi muito acerca disso. Bom, creio que seja importante saber como lidar com tal questão, pois sou muito criticado por minha família acerca disso.
Obrigado.
|
Constantino K. Riemma - 03/05/2010 23:27:41
Flávio, montei um novo tópico do fórum para abrir a discussão que você coloca. Convido você e os demais visitantes a participarem de "Adivinhação é pecado?" em "De tudo um pouco".
|
Miroca - 15/07/2010 10:59:00
Caro Constantino, gostaria de uma orientacao, uma luz. Estou num momento de encruzilhada e ao consultar o taro o diabo chegou como carta conclusiva. Aliado a ele estava o pajem de paus, confiante. Utilizei a tiragem do mago. Podes, por favor, me ajudar com a interpretacao deste arquetipo? Muitissimo obrigada.
|
Constantino K. Riemma - 15/07/2010 14:22:40
Miroca, desculpe-me a brevidade. No momento, porém, só posso dizer para você espiar os textos sobre o arcano XV, que são vários e interessantes. Pelo Menu, o caminho é "ARCANOS MAIORES / As 22 cartas -> O Diabo". Ou cole o seguinte endereço: http://www.clubedotaro.com.br/site/m32_15_diabo.asp Boa sorte
|
Patricia - 02/09/2010 08:37:37
Uau! Arrasou na explicação, é isso mesmo, vou passar adiante. Valeu!
|
Patricia Vieira - 02/09/2010 10:30:54
Constantino, gostei muito da forma como colocou a questão por mim levantada sobre esgotamento e limpeza energética. Realmente, não tinha parado para pensar que posso estar me "abrindo" demais para o consulente, na boa intenção de querer ajudá-lo a, pelo menos, sair da consulta melhor do que quando chegou, apesar de saber que seus problemas e seus caminhos só poderão ser resolvidos e escolhidos pelo consulente. Talvez o que falta é me envolver menos com a situação ali abordada. No mais, acho que um pedido de proteção ao mentor espiritual e um bom banho de arruda devem resolver a questão! Muito obrigada pela atenção, sorte e luz para todos.
|
Bete Torii - 02/09/2010 19:41:01
Constantino, achei simplesmente precioso esse seu texto sobre esgotamento e limpeza energética. Não me é frequente sentir esse tipo de esgotamento, creio que (ao menos em parte) por ter sido bem aconselhada por você no sentido de adotar uma linha de trabalho com a qual eu tivesse afinidade e deixá-la clara para os consulentes. Ou seja, não me obrigar a cumprir as expectativas deles.
Eu sinto sim tensão e cansaço, quando recebo pessoas que insistem, apesar de tudo, em previsões factuais ("Mas não dá pra saber quando que eles vão me chamar?"), ou querem que eu/o tarô responda e decida pela vida delas ("Mas qual dos dois caminhos é o melhor pra mim?"). No entanto, isso tem diminuído; e creio que porque eu fui desenvolvendo a confiança de que estudar os lados das situações e oferecer orientação é abordagem útil, legítima, saudável e propiciadora de crescimento; mais do que fazer adivinhação. Tendo convicção disso, eu adoto e explico (se necessário) essa posição ao consulente, de maneira natural, fazendo com que ele entenda e valorize o atendimento. Essa disposição positiva com certeza diminui as "cargas" que de outro modo ele poderia jogar nas minhas costas.
Um abraço
|
Patricia Vieira - 03/09/2010 17:02:10
Olá Bete Torii. Interessante seu ponto de vista sobre a questão do esgotamento e da limpeza energética. Realmente, pessoas insistentes nos deixam tensas e cansadas e nessa hora, ser franca é a melhor saída. Seu relato de experiência enriqueceu muito meus conhecimentos, muito obrigada. Mas deixo aqui uma colocação para você e os demais amigos do clube: há pessoas que, simplesmente carregam uma carga psíquica muito pesada, negativa, e às vezes nem sabem disso. E eu não sei se isso já aconteceu com você, mas comigo, talvez como Constantino colocou - por falta de experiência e maturidade minhas para executar a leitura sem me envolver com a questão do consulente - eu acabo absorvendo essa carga psíquica, e no final da consulta, o consulente sai muito bem e eu fico simplesmente sem forças. Gostaria de saber como lidar com isso. Queria ouvir sua opinião a respeito, se possível. Grata, abraços.
|
Bete Torii - 03/09/2010 20:31:38
Olá Patrícia, acredito que existem, sim, pessoas com carga psíquica mais "pesada" ou "escura" ou "ávida"; e talvez você, por tipo psicológico (ou astrológico), é mais vulnerável a isso. Quero dizer, você não é culpada por ser inexperiente, simplesmente tem uma vulnerabilidade que exige mais cuidados - que podem ser aprendidos com a experiência. Eu, por outro lado, sou um pouco mais imune não por virtude, mas por tipo. E é uma grande ajuda ter herdado ou aprendido de meu pai um jeito de "olhar" o lado bom, divertido, otimista, claro da vida. Eu acho que você podia se cuidar de dois modos: um é identificar o que/quem te esgota, como o Constantino já disse, e buscar proteções. Outro é tentar lembrar/identificar o que te restitui a energia vital, e investir nisso após consultas esgotantes: é rir? chorar? tomar um banho relaxante? fazer um trabalho braçal? ler um livro absorvente (nem que seja uma Agatha Christie)? caminhar? ouvir música? fazer crochê? Um abraço. (Um abraço é ótima coisa)
|
|
|
|
|
|