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23 de novembro de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


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Baralhos modernos: os autênticos e os subjetivos
Constantino K. Riemma
 

Os ensinamentos esotéricos, que nos vêm de mestres do passado, são quase sempre difíceis de serem compreendidos a fundo e requerem muito estudo e dedicação. E tal dificuldade vale igualmente para o Tarô. Quais são os antigos desenhos que melhor representam as idéias fundamentais? Qual é o verdadeiro significado de cada carta?

Estudiosos modernos dão suas interpretações, nem sempre coerentes entre si, pois seguem diferentes teorias e pontos de vista. Aumentam, assim, o desafio do iniciante para descobrir as fontes autênticas. Para complicar mais ainda o panorama, há milhares de reinvenções artísticas e subjetivas que, apesar de muitas delas serem bem bonitas, deformam a simbologia original e afastam o iniciante da fonte.

 

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Baralhos astrológicos


Nancy - 7/5/2011 17:56:33
“Gostaria de saber se ainda existe o Baralho Astrológico, que contem a simbologia completa da astrologia, signos, aspectos, planetas.”

Nas últimas décadas apareceram alguns baralhos com esse nome. A rigor, porém, não existe um tarô astrológico, mas apenas baralhos que ilustram suas cartas com símbolos astrológicos. Muitas variações já foram impressas e se você quiser saber quais estão à venda faça uma busca no Google com “baralho astrológico” ou, melhor ainda, “astrology deck”.

Caso  não encontre o que deseja, minha sugestão é que você mesma monte o seu baralho. É muito simples utilizar um baralho comum e nele escrever os nomes ou desenhar os símbolos dos signos, planetas e casas (34 cartas). Quem dispõe das noções básicas de astrologia poderá montar jogadas que reproduzem um mapa astral. Confesso, no entanto, que pessoalmente dou mais crédito a um verdadeiro mapa astrológico, calculado a partir do local, data e horário de nascimento de uma pessoa ou, no caso da astrologia horária, dos dados do momento em que algum fato ocorreu.

Já o estudo das possíveis relações entre os arcanos do tarô e os símbolos astrológicos segue outra direção. Exige pesquisa e apresenta belos desafios. Veja na seção “SIMBOLOGIA / Astrologia” – www.clubedotaro.com.br/site/r63_0_astrologia.asp – links para três textos (um de Bete Torii e dois meus) que tocam esse tema e discutem alguns cuidados e alternativas de abordagem.

Existem, por certo, outros pontos de vista entre os amigos do Clube do Tarô, que serão muito bem-vindos.

[O original da imagem acima encontra-se em 
www.squidoo.com/best-7-tarot-card-spreads]


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O Tarô Dourado de Botticelli


Claudia B Burgarelli - 22/01/2010 14:02:53
Olá, eu ganhei meu primeiro tarô, O Tarô da Deusa Triplice - Nova Era, muito simples, sem arcanos. Foi por meio do Clube do Tarô que conheci outros. Minha mestre utiliza o Mitológico, e eu esperava um do mesmo tipo ou o Waite...
Mas na livraria aqui em Blumenau eu encontrei o Taro Dourado de Botticelli, muito bonito, mas com um livro muito simples, poucas palavras para o significado.... então eu pesquiso aqui no site.
O que você me diz, é um bom tarô? Posso confiar, mesmo não sendo um tradicional?

Cláudia, como coloquei acima, na Introdução, a questão não é fácil de responder. E isso fica bem exemplificado no caso do "Tarô Dourado de Botticelli", que aliás foi montado por Atanas Atanassov, um artista plástico de já restaurou tarôs clássicos, como o Visconti Sforza, e elaborou varias versões de cartas. Neste caso, ele copiou e adaptou imagens do famoso artista italiano conhecido por Sandro Botticelli (1445-1510) que seguramente não criou suas imagens pensando no tarô.

A preocupação de um artista plástico como Atanassov, certamente, é o de recriar belos baralhos para colocar a venda. Não se trata, como podemos avaliar pelo que aparece na Internet, de um mestre nos símbolos tradicionais. E isso fica confirmado pelo conteúdo esquemático do manual. Em casos assim, torna-se bem difícil conciliar rigor simbólico e estética. Compare os exemplos de O Mágico:


           Tarô Visconti Sforza (1450), Tarô de Marselha (1760) e Tarô de Botticelli-Atanassov (2007)

Nas cartas acima fica bem claro como os diferentes desenhos evocam sentidos e significados contrastantes. No tarô Visconti Sforza e no de Marselha (1760) observamos um personagem informal, um "mágico" em apresentação lúdica, despretensiosa; ele já treinou o suficiente para praticar com naturalidade. Já a figura de Botticelli, escolhida por Atanassov, sugere sofisticação, manuais de estudo, ciência formal; é um pesquisador. São dois planos distintos, que falam de talentos e aplicações bem diferentes entre si. 

Um outro exemplo, a Estrela, também ajuda a colocar a questão da alteração de sentido:


         Tarô Visconti Sforza (1450), Tarô de Jean Noblet (1650) e Tarô de Botticelli-Atanassov (2007)

Na carta do jogo mais antigo que conhecemos, do Tarot Visconti Sforza, e no Tarô de Jean Noblet, aparece uma única figura feminina numa clara ligação com as estrelas. A obra de Botticelli escolhida por Atanassov, que representa as Graças (Cárites na Mitologia Grega), deusas da dança, está muito afastada do sentido que depreendemos das imagens dos tarôs antigos. Não podemos dizer que uma mulher desnuda, ajoelhada, vertendo dois cântaros, evoquem o mesmo sentido das dançarinas da mitologia grega; e o mesmo vale para a figura solitária com uma das mãos apoiada no plexo solar e, com a outra, a tocar uma estrela.

O fato de Atanassov ter adicionado representações de estrelas na copa das árvores não me parece suficiente para estabelecer um nexo sustentável com os tarôs antigos.

Se quisermos adquirir um baralho pela beleza das imagens, o tarô com as reproduções de Botticelli são de fato muito atraentes e nada nos impede de obtê-lo. Já para compreender a simbologia das cartas mais antigas, evidentemente, o caminho é outro. 

 
04/01/2010 12:06:17

Comentários

Leonardo Vinícius Rei dos Santos - 03/09/2011 16:51:31
Desde pequeno eu gostava de ficar vendo o tarô, aqueles imagens me impressionavam e me impressionam muito até hoje, eu sempre gostei de ler muito sobre essas coisas, e também sobre astrologia, e sobre a religião Wicca, o meu maior sonho é aprender com alguém, ou em alguma escola de confiança sobre tarô, quem sbe faze faculdade de astologia, será que existe? E eu queria também saber mais sobre a religião Wicca, mas é difícil de encontrar alguém de confiança, mas também não é impossível, eu sou de Guarulhos, e gostaria de saber se você conhece alguma escola esotérica em Guarulhos?

Constantino K. Riemma - 04/09/2011 19:40:52
Leonardo, considero muito delicada a sua questão. Ela tem vários ângulos para ser examinada.
Quando se fala em religiões autênticas, temos no Ocidente o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo. Se estivermos nos referindo ao Oriente, podemos citar o Budismo, o Zen, o Budismo tibetano. Se você estiver buscando crescimento espiritual pelo caminho religioso, recomendaria essas religiões que têm um forte e claro lastro tradicional e práticas consistentes.
Para o treinamento e o crescimento interior poderia também indicar outras escolas, sem conotação religiosa, que oferecem ensinamentos consistentes: Yoga, Tai Chi. E ainda professores de artes marciais que trabalham a retidão e presença.
Quanto aos grupos ritualísticos ou de magia operativa, não me identifiquei com os que tive contato e, assim, não tenho recomendações confiáveis a oferecer.
Quanto ao tarô não existem, a rigor, 'escolas' no sentido correto do termo. O que encontramos são tarólogos e cartomantes que oferecem cursos. Nesse sentido, existem muitos profissionais sérios e escrupulosos que transmitem seus conhecimentos. Muitos deles estão citados no Guia de Tarólogos do site 'Clube do Tarô'.
Se você tiver alguma outra questão sobre o tema, volte a deixar seu comentário.

Leonardo Vinícius Rei dos Santos - 13/09/2011 15:13:16
Como eu sei se eu tenho o dom pra ler taro?

Constantino K. Riemma - 15/09/2011 23:16:54
Leonardo,
quando falamos em "dom" devemos considerar muitos aspectos: habilidade, interesse, o modo espontâneo de lidar com o assunto.
Por exemplo, como eu saberia se tenho ou não dom para desenho? Em primeiro lugar devo ter algum interesse pelo assunto. Em segundo lugar, faço minhas experiências de desenhar e vejo o resultado; busco a opinião de pessoas que desenham ou que são apreciadoras de desenhos. Se a minha habilidade e interesse forem fortes suficientes, talvez eu me dedique a estudar, praticar, investir meu tempo nisso.
No caso do tarô, para responder em termos gerais, podemos entender a sua questão do mesmo modo como o exemplo de um dom artístico, de uma atividade artesanal ou de uma profissão qualquer. Pratique e avalie os resultados!

Mariana - 26/10/2011 17:10:07
Realmente, comprei esse tarô pela beleza, mas acaba sendo muito complexo e dispersivo para a interpretação. Obrigada por me fazer perceber que este problema afeta a todos.

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