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Marte em Libra: os guerreiros na diplomacia |
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Rui Sá Silva Barros |
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Em julho e agosto, parece que a espera vai terminar. Além de ativar a quadratura Plutão/Urano, o planeta vermelho cruzará a casa 7 (alianças e guerras) do Irã, o Sol, Mercúrio e Netuno da casa 8 (balança de pagamentos e forças armadas) da China, o Saturno natal do mapa americano, representante do governo (MC) e quadratura aos planetas em Câncer; fará quadratura ao stellium em Capricórnio da União Europeia, e finalmente cruzará, em companhia de Saturno, o Ascendente do mapa de Israel. É muito pano para manga.
Um ataque ao Irã repercutirá imediatamente no Iraque e Síria, além dos países do Golfo, envolvendo a China e Rússia, ainda que na ONU. A Espanha pode pedir resgate diante da escalada de juros para rolar a dívida e tumultuar ainda mais o mercado financeiro mundial. E o governo americano pode se ver envolvido tanto pelo Oriente Médio quanto pelo tumulto financeiro na Europa, além disto, Júpiter em Gêmeos cruzando Urano natal não prenuncia nada pacífico.
A estreia de Netuno em Peixes não foi nada auspiciosa. No Vaticano, o Papa idoso e abatido está cercado por uma burocracia de cardeais que aposta qual será sua sobrevida, arruína o Banco e divulga cartas pessoais. Obama escolhe alguns terroristas que serão varridos da face da Terra por drones (aviões não tripulados), o que resulta na morte de civis que estão presentes, quanta coragem! Frau Merkel leva os europeus do sul ao desespero, suicídio, recessão, formação de partidos racistas e dorme tranquilamente com a consciência em paz, a culpa toda é de gastadores irresponsáveis. Rajoy apresentou o pedido de resgate como uma vitória, enquanto os chineses se apressam em construir sua própria estação espacial, ao invés de limpar o ar irrespirável de suas cidades. Os militares egípcios dissolvem o Parlamento recém-eleito para garantir privilégios. Os que socorreram bancos com trilhões dizem não dispor de 30 bilhões para um Fundo ambiental. Cinismo e meliância são atributos de Mercúrio, mas nesta escala e amplitude são notoriamente netunianos, enquanto o uso do poder impiedosamente deve-se à quadratura Urano/Plutão, agora exata.
Saturno direto se despede de Libra e deixa um rastro melancólico de acordos internacionais inconclusos, os recentes G-20 e Rio+20 sendo os últimos exemplos. Estive no Rio participando de um seminário multidisciplinar no âmbito da Conferência. A cidade lotada, o tráfego intenso e ansiedade no ar pelo futuro do evento. Ao preparar o material para apresentação observei uma curiosa correlação nas configurações abaixo:
O ano de 1966 foi particularmente turbulento com a revolução cultural na China, distúrbios raciais nos EUA, escalada na guerra do Vietnã e grande difusão da contracultura pop. Desde o inicio da década apareciam os primeiros livros e artigos preocupados com o meio ambiente e os rumos da industrialização: radioatividade, pesticidas e poluição industrial. Desgraçadamente esta também foi a época em que as grandes indústrias embarcaram firmemente na obsolência programada, produção de artefatos descartáveis que acresceu a pressão sobre os recursos naturais, sem a supressão desta tendência o movimento ambientalista não irá a lugar nenhum. O tema propagou-se pela cultura pop e levou ao relatório do Clube de Roma, em 1971 e à primeira conferência da ONU em Estocolmo, no ano seguinte. A partir daí a consciência ambiental cresceu, fundando várias ONGs e partidos verdes, o que desembocou na Eco-92 que estabeleceu metas. Mas sob o impacto da crise econômica os governos abandonaram as preocupações e a disponibilidade de dinheiro para o desenvolvimento sustentável.
Nos dois casos há um grande trígono em signos de água, o que significa várias coisas, entre as quais destaco: não é razoável esperar pelos governos; as pessoas, entidades e empresas terão que iniciar o trabalho. A época dos argumentos já passou, eles estão bem estabelecidos e difundidos, é hora de passar à ação e para isto sensibilizar as pessoas com apelo à solidariedade. A água deve ser prioridade: limpeza de mares, rios e lagos, conter desperdícios e racionalizar o uso, melhorar a captação das chuvas e os aparelhos de dessalinização, assistir aos desabrigados de secas e enchentes. Usar preferencialmente os jovens desempregados em todos os projetos de sustentabilidade. Alguns prefeitos de grandes cidades decidiram pôr as mãos à obra sem esperar pelos governos federais, fazer o que for possível já.
E o BRASIL deve fazer seus deveres sem esperar pelos outros, pois quem arcará com os custos dos desmates no cerrado e na floresta somos nós e nossos descendentes. Enquanto isso o governo continua obcecado com os índices de crescimento. Ainda não se deu conta de que os mecanismos disparados em 2009 funcionaram, desta vez não vão funcionar tanto. Amir Khair é um economista de respeito e especialista em finanças públicas, recentemente publicou artigo argumentando que o investimento (público e privado) bateu num teto, por hora inamovível; e que no caso o melhor é estimular o consumo para não deixar a peteca cair. O investimento público poderia ser maior se o BNDES e os fundos de pensão das estatais assim decidissem e o consumo está mesmo limitado: o salário médio nacional anda por volta de $1.700 reais, mas quando colocamos os dados em extratos percebemos que mais de 60 % dos trabalhadores recebem menos que isso e não devem se endividar mais. Isto pode ser trabalhado com escolaridade e remanejamento tributário (imposto de renda e impostos indiretos) que pesam tremendamente para quem ganha pouco. O governo de um partido popular não tomou coragem ainda de mexer nesta aberração que é a nossa tributação regressiva, quem ganha menos paga mais. É que esta tributação é o alimento principal para políticos e burocracia.
A queda das taxas de juros, o câmbio a 2 reais por dólar, o aumento na oferta de crédito e o alongamento do perfil da dívida pública são boas notícias e darão bons frutos lá adiante. O cenário internacional que tornou confortável nosso balanço de pagamentos já não existe e provavelmente por algum tempo ainda. Não há problema em passar alguns anos com crescimento baixo se este tempo for aproveitado para fazer as reformas necessárias, mas não é o que acontece no momento. A vagarosa economia e os cortes de impostos já pressionam o Orçamento comprometendo os investimentos públicos, e cenário externo aperta o Balanço de Pagamentos, problema crônico desde a independência.
Um País que tem Aquário no Ascendente e a casa 11 importante [conf. mapa em "Industrialização no Brasil": http://www.clubedotaro.com.br/site/forum/topico.asp?topico=106] deveria ter uma sociedade civil robusta, mas o que vemos é o contrário: o movimento sindical vive de impostos e as ONGs de doações estatais, muitas empresas dependem totalmente do governo (licitações, legislação e BNDES). Júpiter em Gêmeos, cruzando a conjunção Lua/Júpiter, favorece iniciativas populares e pressiona o governo, e ele que se cuide, pois toda vez que Saturno cruza o MC do mapa do País é crise instalada – em 1837 caiu Feijó e começou a Sabinada na Bahia; em 1867 o Duque de Caxias assumiu a direção das tropas no Paraguai e provocou a queda do gabinete no ano seguinte; em 1896 começaram as hostilidades em Canudos; em 1926 formou-se o Partido Democrata em SP, prenunciando o fim da República Velha; em 1955 JK foi eleito e o exército precisou intervir para lhe dar posse; em 1984 o movimento das Direta-Já fracassa, Tancredo é eleito pelo Congresso e falece antes da posse, para grande frustração popular. A próxima é 2014. O grande filósofo Noel Rosa definiu o País: A minha terra dá banana e aipim/ meu trabalho é achar quem descasque por mim/ vivo triste mesmo assim. (O orvalho vem caindo, 1934, quando Netuno transitava o Sol da carta natal).
NOSSOS VIZINHOS ESTÃO EM POLVOROSA – no Paraguai as tensões rurais desembocaram em conflito armado e a Câmara, controlada pelo partido Colorado, resolveu abrir um processo de impeachment contra Lugo, foi fulminante: em dois dias ele foi destituído. Depois de décadas de ditaduras militares e coloradas, que patrocinaram a maior plataforma de contrabando, tráfico de drogas e uma ‘invasão’ de agricultores brasileiros, os paraguaios elegeram um presidente que prometeu reforma agrária.
Mapa da República do Paraguai - Assunção, 15/05/1811, calculado para 0h
Na América Latina isto quase sempre acaba em morte. Em 2008, Netuno transitava o Ascendente da carta natal do país, Saturno e Urano opunham no céu ativando a quadratura natal Saturno/Plutão, resumo da tensão entre os poderes executivos e legislativos. Lugo governou com o Congresso em oposição e com uma base política desorganizada, só não caiu antes porque o governo brasileiro deu apoio. Depois de um arranque econômico robusto, baseado em exportações de soja, a coisa começou a ratear no ano passado e neste. Recentemente descobriram jazidas de minérios raros (lítio, titânio e outros) o que deve estar provocando grandes lutas de bastidores para os direitos de exploração. Um confronto violento, com 15 mortes, foi a gota d’água, 1% dos proprietários detém ¾ das terras. O povo guarani está simbolizado na Lua em Aquário na casa 12, da prisão, confinamentos e sofrimento crônico. Júpiter, que rege a casa 11, em Gêmeos, fez oposição a Marte natal, regente do MC (executivo), além de uma quadratura de Netuno, às vezes a astrologia funciona literalmente. O povo paraguaio já deu mostras de valor quando atacado por argentinos, brasileiros e uruguaios com apoio inglês (1865/70) e, outra vez, na luta pela posse do Chaco (pecuária) reclamada pela Bolívia (1932/5). Precisa dar conta agora de uma elite corrupta a não mais poder, a venda de terras públicas durante as ditaduras foi um grande escândalo! Em pauta, a eleição em 2013, o principal candidato colorado é investigado por narcotráfico, os paraguaios estão perto da perfeição.
A BOLÍVIA não vai muito melhor, com seu governo se engalfinhando com a base aliada por conta de construções e questões ambientais, e o mesmo ocorre no PERU. A ARGENTINA se vê às voltas com fuga de dólares, queda nas exportações e ameaças de greves, barragens nas estradas e panelaços. Marte em Libra fustiga o Sol, Mercúrio e Vênus natais em Câncer. Esta sincronicidade está relacionada à economia (exportadora de matérias-primas) e frágeis instituições políticas. A desorganização do Unasul também não ajuda em nada, aqui o Brasil pode efetivamente colaborar na emancipação real da América do Sul, enquanto não ocorrer uma industrialização inteligente a independência será uma utopia.
O REINO DA QUANTIDADE – Esta feliz expressão de René Guénon sintetiza nossos problemas, a começar pela descartabilidade que supõe recursos naturais infinitos. A consequência é que os políticos devem mentir sobre o essencial, os intelectuais que ousam denunciar são silenciados na mídia, os valores são invertidos. E a descartabilidade dos manufaturados provoca efeitos sociais e afetivos vastos, nenhuma novidade nisso, a filósofa Hanna Arendt já observara o fenômeno no nascedouro. É com horror que as pessoas veem a proliferação do trabalho descartável e dos afetos transitórios, tudo que é sólido desmancha no ar. Só não observam que uma vez presente na base da vida econômica, o mecanismo funcionará e produzirá efeitos. Os que se debatem com as patologias modernas não se dão conta de que o cerne do atual modelo econômico é a mercantilização de todos os aspectos da vida. A propaganda que diz que algumas coisas o dinheiro não pode comprar, é puro humor negro. Além de comprar o amor, o sorriso e a flor, o dinheiro hoje compra órgãos humanos e filhos, trechos de cromossomos e o futuro. Depois do que, todos se apavoram com as consequências exibidas em noticiários. Este conjunto de fenômenos mostra que a atual civilização desliza para o precipício.
Para aplacar a ansiedade criaram a psicologia evolucionista, ela proclama que a avidez, a ganância, a brutalidade, o cálculo de interesses, o egoísmo e outros impulsos destrutivos são a natureza humana, já estavam presentes no homem paleolítico, que eles analisaram com uma máquina do tempo. E isso é apresentado como ciência! Um livro recente tenta provar que o ser humano tornou-se mais pacífico com o passar do tempo, é mesmo não é? Por que então inventaram o revólver no século XIX e uma porção de gente porta uma arma atualmente? E assim a realidade é suprimida das análises. E os mesmos que propõem uma natureza humana fixa, em outro momento, dizem que estamos evoluindo, não é o auge da coerência? E viver na mentira sempre acaba mal, pois a realidade só pode ser suprimida na imaginação.
Angelus Silesius (gravura acima) viveu no início desta loucura toda, no século XVII. Formou-se em filosofia e medicina, mas renunciou a tudo para viver uma vida retirada, como monge, e nos legou um testemunho de suas aventuras espirituais, O peregrino querubínico, de onde tirei estes versos:
O que foi dito de Deus ainda não me basta: a sobredeidade é minha vida e luz. Homem, se não sabes pedir a graça a Deus com palavras fica mudo diante Dele: serás ouvido da mesma forma. Quando me perco em Deus chego de novo lá onde antes de mim eu era desde a eternidade.
Isso não desmancha no ar e é a nossa grande esperança!
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24/06/2012 19:04:43
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MayaLilâMaya - 02/07/2012 10:43:01
Nirvi-kalpa-Samadhi. O resto é a LILÂ do Absoluto. O Jogo ParaBrahman da manifestação. O passatempo, recreio, diversão, esporte, brincadeira do Absoluto com Ele mesmo, já não é mais tão divertido. Cansei de brincar. Cansei de jogar o jogo do absurdo. Afinal, O NADA é TUDO que existe. O TUDO só cabe dentro do NADA. Você prefere o TUDO ou o NADA ?
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Rui Sá Silva Barros - 02/07/2012 11:43:37
Olá Maya: Então o jogo (lilâ)tornou-se absurdo? Há também Shiva, o aniquilador e patrono dos yogues, mas isto também passará. Tudo e nada são a mesma coisa, doutrina sunnyata. Esta crônica não se afastou muito das anteriores, no entanto provocou uma forte reação, foi a que teve mais comentários e uma nítida irrupção de angústia nos últimos comentários. Tomo isto como um sintoma, a pressão astrológica e cosmológica ascendendo. É nesta hora que a tranquilidade é mais necessária e como já escrevi por diversas vezes, só uma experiência espiritual pode garantir o fato da continuidade da vida, único refúgio para alcançar a serenidade necessária. Algumas pessoas mais sensíveis sentem agudamente os transtornos emocionais no mundo intermediário e podem cair em desespero. É hora de vigiar e orar. Abs, rui
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Tulkuismo Monadico - 02/07/2012 12:40:57
Orar ? Pra quem ? Pra vc mesmo. Já que Tudo é Brahman. Assim como o Nada também é Brahman. Eu sou Brahman. Vc é Brahman. Eu sou "Deus". Vc é "Deus".
Lila — O jogo divino, no qual o mesmo ator "Deus" assume todos os papéis. Todos os Eus, na realidade, sendo Ele mesmo. A atividade criativa do Senhor é um mero passatempo do divino poder (Maya) sem qualquer motivo ou propósito. A criação é feita pelo Senhor, do Senhor e para o Senhor. O Senhor realiza, brinca e se diverte com a Sua própria criação. O Jogo Divino da Criação - criar, destruir e recriar, contínuo processo de transformação, eterna brincadeira divina. A Criação é uma diversão do divino, e que existe pela mera Alegria de si mesmo. A "criação" é: - sem finalidade, mero passatempo, sem qualquer motivo ou propósito.
Deus brincando com Ele mesmo, ou o seu SER-AFIM-IMAGEM-SEMELHANÇA.
Somos apenas a LILÂ , o recreio, o passatempo, a diversão, a brincadeira, o esporte, o playground do Absoluto. É o “Toy-Story” de Brahman. Cômico – Trágico – Ficção – Terror – Suspense – Aventura – Jackass. Uma produção conjunta de "Brahman – Ishvara – Maya – Lilâ”. Roteiro: Brahman. Estrelando: Brahmâ, Vishnú e Shiva. Direção: Dhyan-Chohan. Figurantes: Universo(s). Patrocínio: Papel Higiênico Akasha. Textura sem igual. Etérico de tão suave. Nos melhores cinemas em todo o Kosmos. Coming Soon. Agora em 5D.
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Rui Sá Silva Barros - 02/07/2012 17:04:02
Ops! Grande novidade na praça: nihilismo védico à moda ocidental. Atma não é Brahman e o jogo tem regras sim, basta ler um pouco de cosmologia agora disponível em boas traduções inglesas. Abs. rui
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Dulcio Lenzi - 15/07/2012 21:21:23
A tensão entre os dois titãs Urano e Plutão , mais Marte o planeta da guerra no signo da diplomacia, promete conflitos armados e inesperados entre 15 e 20 de julho.ou so fumaça.
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Rui Sá Silva Barros - 16/07/2012 12:39:48
Olá Dulcio: A violência na Síria escalou e está em novo patamar. Conflitos no mar do Sul chinês, dezenas na África, concentração de navios de guerra americanos no Golfo Pérsico e outros casos. Possibilidade de terremotos e outros desastres naturais. É bastante coisa! Abs, rui
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Ana Maria Teresa Alvim - 25/07/2012 11:06:23
Parabéns pelo artigo, Rui, tá bárbaro,,, senti um pouco de medo, mas, lá no fundo, a gente de uma maneira que não sei explicar quer mesmo que tudo ex/imploda. Beijos.
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Rui Sá Silva Barros - 25/07/2012 18:25:16
Olá querida: O trânsito de Marte está acabando e produziu bastante estrago, mas não chegou a ser uma explosão ou implosão, também não desarmou nada, a escalada deve prosseguir até o final do ano. Beijos e abraços no Edu pelo niver. rui.
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