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    | A experiência de desenhar o Tarô para Nei Naiff |  
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                | Convidei Thais Linhares para relatar sua experiência de desenhar um tarô para ser publicado, pois em seu site profissional não havia menção a esse trabalho. Ela me encaminhou uma mensagem sobre o processo de ilustração e, de quebra, apontou dificuldades que os artistas gráficos encontram em suas relações com as editoras. |  
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                | Dou muito  valor ao registro do processo criativo que, na maior parte dos casos dos tarôs publicados, não recebe qualquer menção, como se o artista fosse um mero coadjuvante. No presente caso, o depoimento de Thais Linhares ganha destaque pelo modo direto com que  ela recapitula os acontecimentos. Agradeço.   [Constantino] |  |  |  |  
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    | Constantino, antes de tudo um detalhe pitoresco: estava  grávida de meu segundo filho, quando da feitura do tarô para o Nei Naiff. 
      Se não me engano ele nasceu pouco depois da entrega das  artes. |  
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    | Quando a Editora me contactou, foi por conta de meus  trabalhos anteriores na casa, tais como as capas dos livros do Carlos  Castaneda, livros de Yoga e Budismo. O que eles não sabiam é que há vários anos  eu estudava tarô, usando-o inclusive como um recurso para criatividade e auto-conhecimento. |  
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    | Esse estudo começou com o designer Claudio Bernard, na  época meu namorado. 
        Ele tem uma imensa coleção de tarôs – chegou a produzir  algo sobre o tema para uma editora espanhola. Ele leu e se apaixonou pela  obra de Italo 
        Calvino O Castelo dos Destinos Cruzados. Passou-me a  leitura e começamos a experimentar o tarô como recurso em elaboração de  narrativas espontâneas. 
        Por um tempo, me viciei em consultar o tarô antes de  qualquer decisão importante na vida. |  
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                | O Louco, 1. O Mago e 2.  A Sacerdotisa – três cartas do tarô litográfico de Thais Linhares,  
                  parcialmente coloridas com aquarela, e que foram produzidas em
 2000,                   
                  período anterior  
                  ao 
                   convite que recebeu para desenhar o tarô de Nei Naiff.
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    | Realizei algumas experiência também fazendo tarôs pessoais. Um  primeiro inspirado no Tarô Vertigo, do Dave McKean (famoso no mundo todo,  sobretudo pelas capas de Sandman), outro em litografia – bem surtado e  vanguardista, e alguns projetos redirecionando a essência do tarô de outra  forma. |  
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    | Então, muitos anos depois, foi tranquilo absorver toda  a informação que o Nei queria passar. Ele elaborou um curso bem legal,  separando em "caminhos" 
        que seriam representados por uma cor dominante. Havia um  certo limite porém, para representação visual, já que era preciso ter uma  familiaridade bem forte com a base tradicional das cartas. Ainda assim, algo  mais pessoal, tanto meu quanto do Nei, deve ter vasado nas imagens. É quase  inevitável. O Nei é um incansável estudioso de tarô e pude usufruir um  tantico dos seus ensinamentos para meus próprios estudos e criações (em outros  projetos). |  
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    | Quanto à técnica em si, os desenhos foram todos feitos à  mão, escanerizados e coloridos digitalmente. O projeto gráfico foi mais  conduzido pela editora, que pecou, ao meu ver, ao descartar o uso de um cartão  mais resistente (como 
  queríamos) para a embalagem. Tínhamos também pedido o uso  de berço para o deck, o que também foi descartado por motivos de economia.  Mesmo assim, o resultado é bonito, não acham? |  
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                | Um adendo sobre o mercado editorial |  
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                | Thais Linhares    mencionou, ainda, conquistas ao  longo de sua carreira com editoras, em especial com referência à cláusula contratual de cessão total dos direitos autorais sobre a obra. |  
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                | No caso específico do tarô, contou: "Mais tarde fui chamada para redesenhar as cartas em  versão para diferente tipo de impressão. Infelizmente, o valor pago era muito  abaixo do viável para mim [..]. Passaram as imagens para um  outro ilustrador redesenhar [..]. Assim,  as imagens são usadas,  re-editadas, sem que o autor original receba um único centavo por isso. Graças a situações  como esta, é que hoje em dia me recuso a trabalhar com contratos de cessão  integral." |  
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                | "Que bom  que hoje podemos discutir sobre isso e denunciar quando as práticas são  prejudicias como nos contratos leoninos. Quando, anos atrás comecei a reclamar, sabia que poderia acabar  "queimada". Mas não tinha escolha... ou isto, ou teria de abandonar a  carreira de qualquer forma, porque esses contratos inviabilizam nosso trabalho.  Mas para minha surpresa, o que aconteceu foi o oposto!" |  
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                | "Hoje, autores e até editores me procuram para  aconselhamento, sou chamada para dar palestras e apresentações, e fui uma das  convidadas a representar associação (participo da diretoria de duas dentre as três de que  faço parte) no Fórum Nacional do Direito Autoral, mostrando que, afinal de  contas, eu estava afinada com os novos tempos!" |  |  |  |  
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    | setembro.10 |  
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