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Tarot of the New Vision:
Uma nova perspectiva do Tarot Rider Waite |
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Este tarô, concebido por Pietro Alligo e projetado pelos irmãos Raul e Gianluca Cestaro, foi publicado pela editora Lo Scarabeo em 2003 – quase cem anos após o lançamento do tarô criado por Arthur Edward Waite, o qual serve de base para uma releitura bastante original, tanto dos arcanos maiores, quanto dos arcanos menores. |
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Como toda releitura, o Tarot of the New Vision traz contribuições novas para a interpretação das cartas, mas também diversos questionamentos. A proposta de Pietro Alligo de mostrar o que há nos bastidores e/ou na plateia das “cenas” concebidas por Waite, embora muito interessante, pode causar estranheza e ser encarada quase como uma heresia pelos tarólogos mais conservadores. |
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Neste primeiro texto não entraremos no mérito dessa questão que, por si só, daria outra resenha sobre esse instigante deck de tarot. Nossa intenção aqui é apenas fazer uma avaliação inicial de suas cartas sob o ponto de vista de uma profissional que trabalha com o Rider Waite desde 1997, embora tenha se iniciado no ano de 91 com o Tarô Crowley. |
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O Mago no New Vision Tarot |
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Antes de analisar as alterações apresentadas pelo Tarot of the New Vision, vale a pena ressaltar a irreverência de seu criador, especialmente na carta do Mago, que foi, como não poderia deixar de ser, o iniciador dessa resenha. |
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Encontrei este Mago, acidentalmente, quando estava navegando pelos sites e blogs de tarô; achei-o extremamente divertido e bem caracterizado, embora num primeiro momento tivesse me questionado até que ponto a utilização de um tarô, cujo mago fosse abertamente apresentado como um trapaceiro, seria adequado para uso no dia a dia profissional (ainda mais sabendo que muitas vezes, especialmente na primeira consulta, alguns clientes costumam “testar” a capacidade intuitiva, ou, melhor dizendo, de “adivinhação”, do tarólogo). |
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Lembrando a descrição do Mago por Edith Waite no livro O Tarô Universal de Waite, Ed. ISIS, pág 48, temos: |
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“(...) o Mago é o conduto de um poder superior que domina todo o mundo material. Dado que o único que podemos ver no mundo físico é o conduto, às vezes os atos que realiza o Mago nos parecem mágicos. O nome do Mago pode parecer estranho para alguém que tem o poder real, já que a palavra “mago” evoca a imagem de um ilusionista, cujo único poder é a habilidade manual e a desorientação. Não obstante, em muitos aspectos o Mago é também similar ao |
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ilusionista. Ele está seguro da sua destreza e de sua habilidade para produzir os efeitos que deseja. Seu poder real vem das forças externas a ele e ele não tem poder sem estas fontes, pois depende de quem está “atrás do cenário”, de modo igual ao ilusionista. Não obstante, tanto o mago como o Mago são da mesma forma importantes para seus poderes, como seus poderes são para eles. Sem um conduto, o poder em si mesmo é inútil”. |
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Vejamos agora, lado a lado, os Magos do Rider Waite e do Tarot of the New Vision, de forma a facilitar a análise comparativa dos mesmos. |
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O Mago no original Rider-Waite e no New Vision |
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A versão da carta concebida por Pietro Alligo mostra um Mago diante de uma plateia de camponeses e, por trás dele, um macaquinho de circo puxando a sua capa, o que torna a carta cômica e passa uma ideia de engodo. Pressupõe-se, com base na carta original de Waite, que para a plateia ele seja percebido como um homem confiante, hábil e de conhecimento. No entanto, o cenário, quando visto por trás dele, revela que essa primeira impressão não é totalmente verdadeira, já que os elementos circenses indicam que ele não pode ser levado tão a sério e que, embora ele continue sendo O Mago, não se deve esquecer que ele é Hermes, com todas as suas conotações mitológicas de trapaças, enganos e ludibriações. Não se deve esquecer também que ele possui o dom palavra, articulando-as bem e torcendo os fatos, a ponto de tornar as mentiras tão reais quanto possíveis verdades. |
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Outro aspecto que chama a atenção na versão do Tarot of the New Vision é o fato de que a mesa do referido Mago não contém os quatro tradicionais instrumentos utilizados nos rituais mágicos e que correspondem aos quatro naipes do tarô (bastão/espiritualidade, espada/pensamento, taça/emoção e moedas/concretização). Apenas dois deles estão sobre sua mesa (taça e moeda), enquanto os dois outros (bastão e espada) encontram-se no chão, escondidos e fora da visão da “plateia”, o que nos dá a impressão de que O Mago não deseja que a mesma tenha uma ideia completa dos seus dons e poder de realização, e que só irá lançar mão desses poderosos instrumentos em situações emergenciais. |
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Outros exemplos para exame futuro: A Alta Sacerdotisa, O Carro, O Pendurado e o Sol |
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Quando comecei a escrever esta resenha planejei dar uma visão geral comparativa dos arcanos maiores do Tarot of the New Vision vis-à-vis o Tarot Rider Waite. Ledo engano. O Mago ou “o mago” me seduziu com seus truques e me estendeu o tapete vermelho, para que só ele, e mais ninguém, ficasse em evidência. Rendi-me às suas peripécias/encantos e deixo para breve as análises dos demais arcanos maiores e menores desse tarô – alguns interessantíssimos e bastante inovadores. |
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Contato com a autora:
Vera Miranda, taróloga e astróloga, atende em
Salvador,
Bahia, desde 1995: veravilanova@gmail.com
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores |
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Edição: ckr – julho.13
Revisão: Ivana Mihanovich |
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