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| O Natal e o Papai Noel |
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| Aos cinco anos de idade eu me debruçava no muro de minha casa e, conseguia ver ao longe, a estação de trem. Na época do Natal eu ficava lá esperando Papai Noel, como toda criança, imaginando o que ele me traria de presente. Eu não acreditava em renas voadoras e sabia que ele viria de trem, como todo mundo. |
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| Eu queria uma boneca. |
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| São Nicolau ou "Santa Claus" |
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| Cartão alemão, circa 1900 |
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| Minha mãe chegou num daqueles trens e disse que Papai Noel havia deixado com ela o meu presente, para que me entregasse. |
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| Ah! Que alegria |
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| Corri para abri-lo e notei que era uma boneca muito comprida e magricela e, após me desvencilhar dos papéis, percebi que Papai Noel havia se enganado. |
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| Não era uma boneca. Era um guarda-chuva cor-de-rosa.
Porque houvera me dado um guarda-chuva? Pensei. |
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| Acho que não consegui ocultar de minha mãe a minha decepção, então, ela me disse que a máquina de fazer bonecas havia quebrado e Papai Noel resolveu me mandar um guarda-chuva. |
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| Me conformei rapidamente com a situação e transformei o presente numa cabaninha, onde passava horas a ”brincar de casinha”. |
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| Pensava em Papai Noel, às vezes, embaixo do meu lindo guarda-chuva e, imaginava que até o próximo Natal ele já teria consertado sua máquina de bonecas. Mas é bom não arriscar, pensei, desta vez vou pedir uma bicicleta! |
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| Gritava bem alto, achando que ele me ouviria lá do Pólo Norte (e eu não fazia a menor idéia do que era Pólo Norte): – Papai Noel, eu quero uma bicicleta no Natal, viu? |
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| E, chegou o outro Natal. Fomos à casa de uma tia e quando vi a enorme árvore, cheia de presentes ao seu redor, meu pequeno coração acelerou ao ver a bicicleta! Não contive a minha alegria; desta vez não haveria engano! |
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| Começaram, então, a distribuir os presentes e, logo, me chamaram e me entregaram uma boneca muito feia e, pensei: Papai Noel deve estar tendo problemas com sua máquina de bonecas ainda! |
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| Foi quando chamaram meu primo e entregaram-lhe o que eu julgava ser para mim. |
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| Não me contive. De um dolorido nó na garganta a um choro convulsivo bastou somente uns segundos. Nesse dia, descobri que Papai Noel não existia. Minha tia chamou-me a um canto e contou-me toda a verdade! Contou-me também que, Natal era a comemoração do aniversário do menino Jesus. Eu já tinha escutado muita coisa a respeito de Jesus, nas missas de domingo e nas orações de minha avó |
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Passei muitos dias um pouco triste, tentando gostar daquela boneca e esquecer a bicicleta.
Fiquei muito brava por ter acreditado naquela mentira.
Jamais me esqueci dessa estória.
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| Pelos anos que se seguiram, até hoje, tive natais alegres, solitários, como todo mundo!
Porém, nunca deixei de perceber a energia que paira no ar nessa época.
Não debruço mais no muro esperando o trem, mas penso muito no aniversariante,
Jesus! |
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| Então, de coração, espero que todos vocês, a quem envio essa simples mensagem, tenham um Natal cheio de paz, alegria, amor e saúde! |
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dezembro.10 |
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| Notas do Constantino |
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| Gostei do depoimento simples e direto que a Cinthia divulgou em sua lista de contatos. Perguntei a ela a qual arcano poderia associar esse depoimento. Ela respondeu: "Reli meu próprio texto e a carta que me veio à cabeça, foi a Morte. Carta feia para um texto tão bonito (desculpe a pretensão), mas a Morte tem o sentido de rompimento com o velho e renascimento para o novo.
Acho até que seria uma bela forma de explicar esse Arcano tão temido!" |
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O Papai Noel moderno (séc. 21, à esq.), uma versão de São Nicolau
(sec. 20, ao centro)
e o Eremita no Tarô de Marselha (séc. 18, à direita) |
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| Mas esse texto, igualmente, me faz total sentido como exemplo do caminho que podemos percorrer a partir das imaginações e fantasias do Mágico até alcançar o saber amadurecido do Eremita. Mais ainda, compare as ilustrações que coloquei logo acima: parece que a figura do Papai Noel moderno, de criação norte-americana, pode ser vista como mera adaptação carnavalesca ou caricata do nosso velho Ermitão. |
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| Nenhuma dessas correlações entre o relato e os arcanos do tarô esgota o rol de alternativas possíveis. Se você tiver alguma outra idéia dê um alô ao editor:
contato-ct@clubedotaro.com.br |
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| Comentários do Emanuel |
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Indico duas cartas de tarôs diferentes: O Mago do Tarô dos Santos, do Robert M. Place, representado por São Nicolau; mas para a história como um todo, a Torre é o arcano. |
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Da esquerda para a direita: São Nicolau (Tarô dos Santos),
A Torre (Old English Tarot),
A Estrela (Hezicos Tarot) e o Seis de Copas (Tarô Mitológico) |
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| Não se trata de uma iniciação, como indicaria a Morte; é o rompimento com velhos paradigmas que se mostravam caducos e obsoletos. Livre como a jovem do Arcano XVII – a Estrela – lá vai a autora com seu guarda-chuva e sua feia boneca, sem ilusões. |
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Por esse aspecto, relaciona-se também com o seis de Copas do Tarô Mitológico.
Grande abraço!!! www.conversascartomanticas.blogspot.com |
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dezembro.10 |
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