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Eremita e peregrino |
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O Eremita, peregrinação e turismo
Um texto de Rupert Sheldrake
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O texto de Rupert Sheldrake, que apresentamos abaixo, tem algo a ver com o Eremita, o arcano que nos convida às grandes viagens... ao interior de nós mesmos!
É instigante pensar que quando sentimos desejo de viajar, costuma haver, por trás, uma necessidade de contato com dimensões mais profundas de nosso próprio ser: viajar pode ser para dentro de si mesmo. |
Existem, de fato, muitos modos de viajar. Um deles é o movido pelo desejo de renovar impressões, buscar novos horizontes. É o motivo que muitas vezes se encontra nos passeios de turismo. Podemos ainda nos meter em viagem como mais uma de nossas fugas, como mera distração, subtraindo-nos às nossas questões ou, também, em casos especiais, para ir em direção a elas.
O Eremita fala de longas viagens – ele mesmo vem de uma dimensão distante: da esfera de Saturno, o Senhor do Tempo. Nas analogias astrológicas ele nos remete ao limite do sistema solar. Além dele é o imperscrutável em nós mesmos – os planetas transpessoais. O Eremita, nesse sentido amplo, nos convida para grandes ou longas viagens! Mas um detalhe é notável: nenhum tarô que eu tenha visto o representa de carro, ou de avião... Ele está sempre a pé, com cajado e lanterna à mão! Se fecho os olhos o vejo mesmo descalço, em sua viagem a pé! Pede despojamento. |
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O monte Fuji e o percurso a ser vencido |
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Ele viaja, assim, à moda dos peregrinos, à procura do sagrado, dentro e fora de si mesmo. Sugere, talvez, que “se queres conhecer-te procura no mundo, se queres conhecer o mundo, procura em ti mesmo”, parafraseando Rudolf Steiner. |
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Peregrinação de um mestre hesicasta |
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[http://rmitte.free.fr/leloup/] |
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Não terá sido esse o impulso que nos trouxe – provavelmente de esferas muito distantes – para esta jornada aqui na terra? Pois o Eremita é, também, o mestre interior, o impulso que nos ensina, no silêncio e na solidão, através das experiências de vida – jogadas no trato com o outro e com o mundo.
É gostoso imaginar a vida assim: como uma viagem plena de aventuras, às lonjuras de nós mesmos...
Que todos os anos possam ser de grandes navegações interiores. Que sejam repletos de oportunidades para as nossas descobertas e autodescobertas.
É muito bom, igualmente, viajar pelo texto de Sheldrake, que estabelece uma clara distinção entre o turismo e a peregrinação.
Boa viagem. |
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Do Turismo à Peregrinação |
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Rupert Sheldrake
O Renascimento da Natureza;
O Reflorescimento da Ciência e de Deus.
Ed. Cultrix |
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Em todo o mundo, admite-se que certos lugares sejam sagrados. Esses lugares são venerados devido ao que neles aconteceu no passado. São lugares onde ocorreram experiências ou revelações sagradas. O que aconteceu no passado pode, em algum sentido, tornar-se mais uma vez presente nesses lugares, e, desse modo, eles podem atuar como portas de entrada para domínios de experiência que transcendem as limitações ordinárias do tempo e do espaço. Os lugares sagrados são, em geral, separados do mundo profano que os cerca por meio de uma fronteira. |
Ao atravessar esta fronteira, as pessoas podem compartilhar a energia do lugar e manter uma comunicação com sua sacralidade; podem participar do processo pelo qual ele foi consagrado.
Embora o espírito dos locais escapem à análise, nos termos da ciência mecanicista, sua importância é reconhecida de modo implícito pelos turistas em suas visitas a lugares que ficaram famosos em virtude de suas qualidades particulares e de suas histórias.
O turismo assemelha-se a uma forma secularizada ou inconsciente de peregrinação. De fato, muitas das atrações turísticas foram lugares de peregrinação no passado, e algumas ainda são. Porém, enquanto os peregrinos visitam um lugar sagrado como um ato de devoção religiosa, os turistas o visitam como mero expectadores mais ou menos envolvidos. |
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O peregrino chega ao mausoleu de Al Akbar |
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[www.ekbir.org ] |
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Os peregrinos participam das qualidades sagradas do lugar e dos hábitos religiosos nele praticados; os turistas não.Os peregrinos somam sua energia à do lugar sagrado; os turistas a subtraem. Os peregrinos visitam esses lugares com uma disposição de mente que se mantém aberta ao poder ou ao espírito particular desses locais. |
Creio que muitas coisas boas surgiriam de uma mudança de atitude por meio da qual os turistas se tornassem peregrinos novamente. Em nossa vida pessoal e coletiva, a transformação do turismo em peregrinação tem um importante papel a desempenhar na ressacralização da terra. |
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