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21 de dezembro de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


Arcano 9: O Eremita
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Símbolos cristãos do Eremita
Compilação de Constantino K. Riemma
    
    O Eremita é a figura simbólica daqueles que voltaram as costas para o mundo e adquiriram, no transcurso de seu isolamento ascético, dons particulares que lhes permitiram, através de visões, levar ajuda àqueles que buscam conselhos.
    Esses homens constituem, no sentido rigoroso do termo, os representantes de um certo modo de vida religioso baseado na renúncia, destinado a se aproximar da pura condição de estar “face-a-face com Deus”.
    Essa forma de vida monástica (monge, no latim monachus, vem do grego monakhós, que significa “aquele que vive só, solitário") difundiu-se nos primeiros séculos do cristianismo no Egito, onde os anacoretas, ou seja, “aqueles que se retiram”, habitavam cavernas no deserto. Já na Europa, os eremitas construíam suas próprias cabanas nas florestas.
    É muito comum, nas lendas que cercam os eremitas, menção às forças miraculosas que eles adquiriram com suas preces e seu isolamento do mundo.
    Fora do universo cristão encontram-se, em diferentes religiões, eremitas refugiados nas matas para meditar, sozinhos, longe da agitação do mundo, a fim de alcançar o conhecimento das verdades superiores.
 
São Jerônimo - século 4º
Tela de G. Durer
[www.rationelepolitiek.nl]
    Gautama Buda passou, nessa mesma disposição, uma grande parte de sua existência, separado do resto do mundo a meditar sobre o sofrimento e a se livrar, pouco a pouco, de todas as correntes da ignorância antes de começar a difundir seu saber entre os homens.
    
Santo Antão
 
    Santo Antão, que viveu mais de cem anos (251 a 356), é um dos grandes e lendários eremitas do cristianismo primitivo. Antão é o nome conhecido em português, mas é Saint Antoine Le Grand, em francês; Sant'Antonio Abate ou Sant'Antonio d'Egitto, no italiano.
    É a primeira grande figura dos padres do deserto com existência histórica comprovada. Gerações de artistas retrataram as tentações do Diabo, sofridas pelo eremita. E são as cenas dessa natureza que o consagraram como símbolo.
    
Tentações de Santo Antão
Obra de Matthias Grünewald (1470-1528) realizada entre 1512-16)
[www.anthroposophy.org.nz]
 
    Sua biografia conta que ele se retirou a uma caverna para levar uma existência solitária, devotada à prece e à meditação. O diabo viu nesse modo de vida, agradável a Deus,  um verdadeiro desafio e tentou tirar o santo de seus princípio, primeiro enviando mulheres de extraordinária beleza, depois espíritos malignos. Mas o Tentador não obteve êxito.
    
Encontro de Antão com Paulo, do Egito,
alimentados pelo corvo que lhes traz o pão
Tela de Velazquez (1599-1660)
[www.exittoart.nl]
    
        Quando tinha já 90 anos, Santo Antão partiu para o deserto ao encontro de um eremita de 110 anos, Paulo do Egito, e foi um lobo que lhe mostrou o caminho. Quando Paulo faleceu, o próprio Santo Antão enterrou o bem-aventurado e se tornou, após sua própria morte, a imagem perfeita do homem piedoso que jamais cedeu a qualquer tentação.
    O Dia de Santo Antão é comemorado, pelo calendário religioso, em 17 de janeiro.  
    
O Eremita no Tarô
 
    Quando se conhece toda a força simbólica que acompanhava a figura do eremita no imaginário europeu, torna-se perfeitamente compreensível a razão do despojamento dessa figura em sua representação no Tarô clássico .
    O Enamorado, carta 6 do Tarô, convertido em condutor triunfal do Carro (7), depara-se primeiro com a Justiça (8), que lhe lembra que um equilíbrio rigoroso é a própria lei do mundo e que nada dever ser turvado ou perturbado. Para resolver essa nova ambivalência o personagem escolhe o caminho proposto pelo Eremita (9).
    Esse velho sábio, um tanto curvado, apóia-se num bastão, que simboliza simultaneamente sua longa peregrinação e sua arma contra a injustiça e o erro que encontra.
    À altura do rosto, ele leva uma lanterna que, entre outros significados, representa a luz da sabedoria, que o Eremita cobre com seu manto azul de iniciado. A iluminação deve permanecer interior e é inútil cegar ou ofuscar aquele a quem não se destina.
    A via do sábio é a da prudência e o Eremita, “mestre secreto, trabalha no invisível para condicionar o futuro em gestação”, como diz Oswald Wirth. Desligado do mundo e de suas paixões, ele é o filósofo hermético por excelência.
 
Tarô de Marselha
     A maneira incorreta como o Tarô registra seu nome em francês, “Hermit” ao invés de “Ermit”, sublinha a ligação simbólica com Hermes, senhor todo-poderosos dos puros iniciados.
 
 
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