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O Diabo: Paixão, Amor |
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Denise Fernandes Marsiglia |
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Gosto de quando aparece a carta do Diabo num jogo: traz o significado de paixão, também atribuído ao diabo. O arcano quinze traz o nome de Paixão no Tarô Egípcio. Aí por amor ao símbolo e à complexidade me meto numa situação difícil. Inúmeras vezes recebo as perguntas: Qual a diferença entre paixão e amor? Como a gente faz para transformar paixão em amor? Percebem como é difícil ser uma cartomante ou taróloga? Ser cartomante ou taróloga é muito difícil, por isso é interessante. |
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O Diabo no Tarot Egícpio Kier |
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Tem horas que repito as mesmas frases, mas o efeito sobre a pessoa nunca é o mesmo, as perguntas diferentes, os exemplos diversos. Muitas vezes uso exemplos meus para não falar da vida dos outros. Inúmeras vezes escuto as pessoas sobre seus sentimentos de paixão, amor. |
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Quase sempre digo: o amor liberta, a paixão prende. Não devia falar essa simples frase se quisesse sossego. Muitas vezes ela revolta os apaixonados que estão presos ou querem prender. Não, não se quer a paz e o respeito da libertação. Melhor aprisionar e são tantas formas de algemas; a sociedade de consumo ajuda a criar prisões e, talvez, ajuda também a gostar dessas prisões, ter prazer com elas. Não é à toa que o Diabo, arcano 15, é também acomodação, acomodação na dificuldade. |
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A paixão pode virar amor, se você optar por amor e não pela paixão. Nesse caso, a opção é essencial. O Diabo não vem na sua vida para te salvar, mas para que você se salve dele, salvando a si mesmo e ao amor. A paixão vira amor quando desiste de ser paixão e se torna devoção, amor na sua forma mais simples. É quando o apaixonado percebe que pode dar mais amor e mais de si do que está dando, quando surge dentro dele a sombra nova do amor. |
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Tanto o amor como a paixão são quentes. O amor aquece, a paixão nos faz arder. A paixão e o amor nos cegam, mas o amor nos cega pela luz, a paixão pelas trevas. |
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Quando a paixão acaba, dá um alívio. Mesmo que a gente esteja sofrendo, se sente mais leve sem a paixão, mais livre, com mais esperança, vendo novos horizontes. Depois que passa, é difícil entender como se ficou apaixonado. |
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Segundo Igor Caruso, no livro A separação dos amantes: "Uma relação amorosa subitamente interrompida cria uma situação catastrófica para a economia instintiva." Quando o amor acaba, a gente tem a sensação de perder o chão debaixo dos seus pés. Você sente tanta dor que parece que vai morrer, mas você não morre, porque morrer não tem a ver com perder o amor, perder o amor é bem pior que morrer. |
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A paixão quando nasce traz um monte de desejos novos e preocupações. O amor quando nasce nos traz tudo. O amor é a luz que cega o Diabo e nos ilumina. Todo jogo de tarô que tem o Diabo traz essa possibilidade de vitória sobre o nefasto, problemático. O Diabo questiona nossa existência, entende como nos debatemos diante do amor ou dos nossos simples desejos. O Diabo sabe que estamos muito mais atrasados nas lições do amor do que demonstramos. O Diabo nos vigia tanto quanto nosso anjo da guarda e sem amor, só paixão, ri de quando diante do espelho finalmente revelamos nossos sentimentos sem sentirmos a menor piedade de nós mesmos. O Diabo se esconde até irritar os apaixonados, torturá-los com pensamentos terríveis. E depois quando os amantes se encontram, o Diabo murmura que esse encontro não dura. Os amantes escutam e se agitam. |
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O Diabo não entende o amor, não o alcança, a paixão não tem paciência e o amor tem toda a paciência do mundo. A paixão é aquele retrato em branco e preto que o Tom Jobim canta. O amor está em tantas músicas, mesmo doendo, incomodando, o amor inspira. |
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Depois que morre para a pessoa, o amor vira uma ferida enorme, que parece quase engolir a pessoa, mas depois se transforma numa marca, uma sombra a mais que a pessoa carrega, uma força a mais. |
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O Diabo e suas amarras |
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www.elric2012.deviantart.com/art/The-Devil-Card |
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Tem horas que me dá dó do Diabo, vivendo assim, nessa penúria de amor. Mas a dó dele passa logo, tenho mais é dó de mim. Depois de falar e falar, cansar de tanto falar, mais uma apaixonada me pergunta: Você pode dar detalhes das diferenças entre amor e paixão? Digo a ela que para isso eu precisaria lhe contar a história da minha vida e ela continua me olhando, esperando. Aí eu conto alguma coisa que vivi e digo que é só um exemplo e que chega. O diabo foge das minhas lembranças muito sutis. Ela diz que não tem certeza de ter entendido qual a diferença exata entre amor e paixão, e que corre o risco de errar assim. Digo que também corro o risco de errar, nesse caminho a gente precisa seguir mesmo é o coração. Ela me pergunta “Como assim?” Eu digo assim mesmo, seguindo o coração. Os olhos dela se enchem de água. Ela diz que parece entender. E eu explico que eu entendo, não entendendo. Meus olhos também se enchem de água. |
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