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Época de libertação:
a queda da Torre
e o encontro com o Tarô |
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“For too long now, there were secrets in my mind
For too long now, there were things I should've said
In the darkness, I was stumbling for the door
To find a reason, to find the time, the place, the hour”
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(Tears of the dragon, Bruce Dickinson) |
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“Derruba a fortaleza de teu Eu Individual de modo que
tua Verdade possa brotar livre das ruínas”. |
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(The Book of Thoth, p. 266, Aleister Crowley). |
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Minha relação com o Tarô e tudo o que envolve o estudo das cartas é muito recente. A forma como essas coisas chegaram até mim foi de uma forma um tanto inusitada, pouco conhecida pela maioria das pessoas, mas que me fez vencer alguns medos e obstáculos: o Heavy Metal colocou o Tarô em minha vida. |
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Minha infância e adolescência sempre foram marcadas pelo Catolicismo e por crenças e medos muitas vezes infundados de coisas que eu não conhecia ou não me deixavam conhecer. |
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Algumas dessas coisas eram os símbolos e assuntos relacionados ao Esoterismo. O medo de sermos “atingidos” por eles eram tão grandes, que não podíamos olhar para eles, falar com quem os praticasse ou simplesmente fosse simpatizante como hoje me coloco. |
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Temores e preconceitos continuam às voltas com as tiragens das cartas |
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In www.tarot.metroblog.com |
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Hoje em dia, por mais que digam o contrário, o preconceito e a segregação em relação a esses assuntos infelizmente operam cada vez mais fortes. Não é ser pessimista, mas mesmo que de uma forma velada, algumas pessoas passarão a nos tratar de forma “diferente” se tornar-se público o fato estudarmos e falarmos sobre tais assuntos. |
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Lembro-me claramente de que na antiga TV Bandeirantes sempre passava nos comerciais propagandas de tarô, runas, búzios, astrologia, quiromancia, e toda vez que apareciam esses tipos de comerciais, eu rapidamente mudava de canal, como se o simples fato de não ver as imagens, elas deixassem de existir e não me “atingissem”. Os anos passaram. Não pensei mais nisso. |
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Mas qual a relação do Heavy Metal com o Tarô? Como o segundo chegou até mim? Quais as principais características daquele gênero musical? |
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De forma resumida, o Heavy Metal é caracterizado por um som mais “pesado” e os letristas desse gênero exploram temas como guerras mundiais, religião, morte, sexo, mitologia, história antiga, fantasia, melancolia e sombras, misticismo, poesia, obras de ficção, crítica sociopolítica. Além desses, outros temas também são muito explorados como Alquimia, Esoterismo, Magia, Ocultismo, Sociedades Secretas e… Tarô!! |
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Por causa dessa temática, meu “encontro” inusitado com as cartas foi por meio do arcano A Torre! The Tower é o título homônimo da música de Bruce Dickinson, que trata de um casal que se consulta com uma cartomante para saber se ficarão juntos ou não (casamento alquímico). Querer entender a narrativa da letra me fez procurar mais sobre os demais temas abordados nessa interessante narrativa: Alquimia e Astrologia. |
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A Torre do Thoth Tarot, Bruce Dickinson e a capa do livro de Aleister Crowley |
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Bruce Dickinson em visita ao Museu da TAM, São Carlos – SP (28/03/2011)
in http://www.ironmaiden666.com.br/2011/03/bruce-dickinson-visita-o-museu-tam.html |
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Além dessa, existem outras letras de temática similar: The Magician (título homônimo do arcano maior O Mago: oposição da Nova Era com a “Velha Era”), Darkside of Aquarius (a ideia de igualdade e prenunciadas pela Nova Era – a Era de Aquarius –, daria lugar à guerra, à destruição, à intolerância religiosa, entre outras), Man of Sorrows (trata da infância de Crolwey e suas profecias), Navigate The Seas of The Sun (título homônimo do arcano maior O Sol: libertação por meio da consciência e da inteligência daquilo que nos aprisiona e restringe), A Tyranny of Souls (uma descrição do Novo Æon, como observado na carta do Tarô O Aeon, que nos tarôs tradicionais recebe o título O Julgamento; a tirania humana apesar da vinda do Pentecostes). |
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Detalhes a esse respeito podem ser lidos no meu artigo Heavy Metal: A Ponte entre Crowley e o mundo da Música, também publicado aqui no Clube do Tarô. |
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Então, para que eu pudesse entender melhor os temas abordados nas letras de Dickinson e de outras bandas do gênero, o primeiro livro que li foi O livro de Thoth: um curto ensaio sobre o tarô dos egípcios, de Aleister Crowley (uma tradução que encontrei em PDF). No começo foi não foi fácil, mas eu fui em frente, seguindo minha intuição ao escolher sites e textos relacionados ao estudo do Tarô. |
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Então, baixei vários livros sobre esses assuntos em PDF, consultei sites e tirei dúvidas com quem entende. Inclusive Constantino K. Riemma aqui do Clube do Tarô me explicou muitas coisas sobre O Mago, o tarô com um todo e uma infinidade de assuntos para eu pudesse entender melhor as letras escritas por Dickinson. Mandei e-mail para várias pessoas e felizmente todas elas prontamente me responderam. |
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Finalmente, organizei meus estudos em um caderno: Tarô, Alquimia, Ocultismo, Thelema, Nova Era/Era de Aquarius, Numerologia. Ufa, quanta coisa! Mesmo não me tornando especialista em nada e apenas estudando um pouco de cada coisa, fiquei satisfeita com minhas descobertas, e posso dizer seguramente que o Tarô abriu meu campo de visão, minha sensibilidade e reforçou meu apreço por Artes Plásticas e Simbologia. |
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Lembro-me de que quando terminei a leitura do Thoth, quando “descobri” o que de fato é o Tarô, disse em voz alta: “Mas é ‘só isso’? Onde está o mal de que todos falam?” Isso tudo me deixou muito contente, aliviada e aos poucos fui percebendo que as coisas do passado haviam ficado lá mesmo: no passado. |
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Diferentes versões da carta A Torre. |
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Ilustração do acervo da Autora. |
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Também guardei com cuidado um texto de Ana Marques, Torre - Rupturas e Libertações: As várias torres em que podemos viver, que li aqui no Clube. Li e reli seu texto porque, de uma forma ou de outra, me vi naquelas linhas. |
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Depois me disseram que comecei pela parte mais “difícil”, isto é, pelo tarô de Aleister Crowley, amado por uns e odiado por outros, já que seus arcanos diferem muito dos tarôs clássicos, como por exemplo, do de Marselha. Também disseram que a partir daí, ficaria mais fácil estudar os demais, exatamente por esse motivo: ter começado por um tarô tão complexo como o de Crowley-Harris. Realmente, no início, senti muitas dificuldades para “ler” as imagens e acabei comprando um Crowley Thoth Tarot Deck para que eu pudesse de fato pegar, olhar de perto as cartas e seus numerosos detalhes. |
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Conhecer os demais baralhos foi um “pulo”. E além do Thoth, meus baralhos preferidos são de Oswald Wirth, Shadowscapes, Art Noveau, Golden, e um em forma de livro com os trabalhos de William Blake! |
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Não me arrependo, até porque a partir daí pude conhecer e entender melhor Aleister Crowley, apesar de saber que a maioria das pessoas não gosta nem dele como pessoa nem de seus trabalhos. Confesso que Crowley foi – e ainda é – polêmico, difícil de compreender, um verdadeiro arcano. A cada dia que passa, tenho mais curiosidade de “conhecer” Crowley e sua obra, que muitos apreciando ou não, criticando ou elogiando, deixou sua marca na história, tanto da Magia como do Esoterismo. E Crowley, ao seu modo, estando certo ou errado, foi corajoso, desafiando sua época, superando preconceitos, mesmo que de forma muitas vezes equivocada. Por isso tento entendê-lo dentro daquele contexto em que ele viveu: conservador e puritano. |
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Finalmente, tenho tentado superar os meus próprios medos e preconceitos – claro que não da forma como Crowley fez e agiu – quando não posso eliminar os das outras pessoas. |
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E para terminar, deixo aqui o vídeo da música de Bruce Dickinson para melhor ilustrar o texto, Tears of the Dragon, que simboliza a “queda” da minha torre: |
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