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  | Veredas do Tarô |  
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  | Parte III: arcanos de 15 a 21 |  
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    | O caminho d'O Diabo, arcano XV |  
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    | http://www.omegashop.ca/2009/page/45 |  
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    | Aqui, a orientação é dada pelos desenhos sinuosos que o  vento faz na areia, ou seja: é o caminho traçado pela natureza e, portanto,  pelo que consideramos que abrange o misterioso. |  
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    | Um homem tranquilamente contempla o sol do deserto e o  movimento de suas roupas parece fundir-se ao ondular da areia. Podemos deduzir  que este lhe é um mundo familiar, conhecido. Não é um turista, nem estrangeiro,  embora ele seja exatamente isso, ao nosso olhar ocidental. Assim, a questão da  relativização transparece. De qualquer maneira, sua figura firme e impecável  revela alguém com acesso ao conhecimento, tanto trivial, quanto espiritual;  alguém que conhece seu poder pessoal. |  
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    | Embora tranquilo em seu momento meditativo, os apelos da  cidade, à esquerda, parecem chamá-lo suave, mas constantemente, e até mesmo as  ondas na areia insidiosamente parecem apontar para lá (ou será exatamente o  contrário?...). Como tentações, as palmeiras oferecem refúgio e frescor, algo  tanto mais atraente pelo que a realidade do herói, sentado lá fora, não tem, e  o interior do oásis atrai com possibilidades infinitas. Naturalmente, algumas  serão ilusórias, outras passageiras e uma ou outra efetivamente relevantes. A  ponderação dos preços a pagar parece impor-se e a astúcia do herói será  decisiva nas suas escolhas. Desenvolver essa astúcia, na verdade, implicará no  aumento de sua capacidade de autodefesa. |  
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    | O Diabo aparece como um enigmático guia terreno, pois ao  mesmo tempo em que nos aponta inúmeras hipóteses, intensifica o mundo das  sensações corpóreas, justamente por isso ampliando intensamente a conexão com o  momento presente, como poucos caminhos nos levam a fazer tão palpavelmente.  Aprender a discernir a validade de cada passo, dentre os que ele apresenta, é  aprender a trafegar entre matéria, mente e espírito, aplicando nosso poder  pessoal, mas sem perder o foco. |  
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    | O caminho d'A Torre, arcano XVI |  
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    | http://myamazonman.blogspot.com.br/2008/08/around-labuan-part-1.html |  
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    | A Torre é conhecida como um inesperado abalo ou choque  profundo que destrói as estruturas conhecidas. Porém, para que isso ocorra,  antes foi necessário que o herói a construísse. Afinal, toda subida tem em si a  potencialidade da queda, algo sobre o que raramente ponderamos antes de correr  em direção "aos céus". |  
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    | Para mim ela não prenuncia exclusivamente um choque, mas  aparece para alertar que, se insistirmos em permanecer surdos, o abalo será  inexorável, posto ser essencial ao despertar. De qualquer forma, é uma etapa  difícil, pois é muito complicado despertar para a realidade, se justamente dela  nos afastamos deliberadamente, ainda que nem sempre conscientemente. |  
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    | O que logo chama a atenção na imagem é que tudo foi  laboriosamente construído: pedra a pedra, a vereda que leva à Torre foi sendo  assentada; tijolo a tijolo, cada parede subiu, como se quisesse dominar o  infinito ou alcançar o lugar de Deus. E, lá em cima, uma guarita ou sala de  onde deveria ser possível manter algum contato com o mundo aqui fora. No  entanto, não há janelas. Quem aí se fecha fica desconectado da realidade. Um  isolamento originado por essa ausência de interação e de dinâmica  automaticamente condena o herói a devorar-se para sobreviver e, portanto,  fatalmente acelera ou aciona o germe de seu próprio fim. |  
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    | Essa torre fala de eventuais alicerces que assentamos ao  longo da vida, que passamos a considerar como verdade cabal e ao qual nos  apegamos sem deixar margem à possibilidade de trocá-lo por algo mais adequado a  um momento diverso. |  
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    | Autonomia, certeza dos próprios princípios e mesmo  iluminação, são conquistas e descobertas pessoais. Quando insistimos em que  isso deve ser a única verdade, o conhecimento torna-se apenas tirania,  prepotência e, na verdade, loucura. E é isso o que assenta e aciona a explosão da Torre, que, derrubando-nos, traz nosso  olhar de volta ao chão, ao concreto, à realidade. |  
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    | O caminho d'A Estrela, arcano XVII |  
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    | http://freelanceclub.info/category/mellow-yellow-monday |  
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    | O trem passa , enquanto a mulher espera o que a levará ao  seu destino. Ao invés de aguardar ansiosamente ou angustiar-se por esse não ser  "o seu", ela, tranquila, lê; ocupa-se com algo de seu interesse,  enquanto espera. A linha amarela é um alerta: enquanto o trem não estiver  parado, mantenha distância. |  
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    | O que faz com que ela possa manter-se tranquila parece ser a  certeza de duas coisas: 1 - ele virá; 2 - ela chegará aonde quer ir e no tempo  certo. Para mim, isso é o mesmo que dizer que ela tem fé. No fundo, fé não é  acreditar em algo que outros dizem, especialmente quando eventualmente  contraria nossa própria razão. Fé tampouco é aceitar ideias que vem de  experiências alheias e nem mesmo apenas acreditar, mas, antes, sentir  profundamente alguma certeza particular e manter-se leal a isso. |  
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    | Quando acreditamos dessa maneira, na verdade já estamos  vibrando nessa direção, como se algo em nós percebesse ser capaz de projetar,  no concreto, essa realidade interna. Esperar, tendo essa certeza, é a  verdadeira esperança, como esta carta é conhecida no tarô egípcio. |  
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    | No entanto, como na imagem, precisamos aprender a  compreender o que faz cada momento ou cada evento. O que nos é possível  controlar deve ser feito: sair de casa em tempo hábil, vestir-se adequadamente  ao clima, levar um livro ou revista para alimentar ou distrair a mente, saber  com clareza o lugar ao qual queremos ir. Então, temos apenas que esperar que as  condições, aquelas que não controlamos, sejam convergentes e condizentes com  nosso objetivo, trazendo o trem certo ao nosso propósito, o "nosso"  trem. Mas, justamente, porque sua vinda não depende unicamente da nossa  vontade, é importante compreender que talvez venha cheio demais e isso nos  obrigue a esperar por outro, ou pode ser que se atrase um pouco. Portanto,  temos que considerar a possibilidade de que, uma vez que aconteça aquilo que  desejamos, ainda assim nem sempre será exatamente o que imaginamos. Mas,  seja como for, sob os auspícios da boa estrela, será sempre pertinente ao nosso  caminhar. |  
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    | O caminho d'A Lua, arcano XVIII |  
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    | http://abstract.desktopnexus.com/wallpaper/407081 |  
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    | Assim vejo o caminho d'A Lua: fantástico e, a princípio, um  tanto assustador, tanto pela presença de criaturas e plantas estranhas, quanto  pela dificuldade de enxergar claramente. Ao mesmo tempo, é inegável seu poder  de atração. Podemos ter até mesmo a sensação de que, ao passear por ali,  seremos envolvidos e realçados pela magia contida no misterioso. |  
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    | Este arcano abrange nosso inconsciente que, justamente por  ser, em geral, tão rejeitado, torna-se mais e mais um lugar interno sombrio e  atemorizante. Aí residem nossas fantasias, temores antigos, desejos secretos,  sonhos esquecidos, anseios negligenciados. Caminhar por aqui demanda alguma  coragem, sem dúvida, mas exige, antes, o desejo genuíno de saber quem somos em  níveis mais profundos. Porém, sendo o limiar entre loucura e lucidez algo tão  tênue, há sempre o risco de nos perdermos no aconchego do imaginário e  entendermos a ilusão do mundo mágico como garantia de poder. |  
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    | N'A Lua encontramos o romântico, o lírico e o poético,  cintilações que tornam a vida mais bela. Por isso, se estivermos despreparados,  esse enlevo nos parecerá superior à realidade, quando na verdade apenas a  complementa e não pode, portanto, a ela sobrepor-se. |  
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    | Por tudo isso se diz que esta carta fala de romance,  aventura, perigos, ciúme, inveja ou loucura, poder e desafios. Mas, quando  nesse universo adentramos bem centrados, o aprendizado de enxergar sob essa luz  diferente, bem como as descobertas que isso possibilita, enriquecem imensamente  nosso caminhar diário. |  
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    | O caminho d'O Sol, arcano XVIIII |  
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    | http://catholicworkercommentary.blogspot.com.br/2011/12/light-on-path-reflection-one.html |  
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    | Como um recanto ou jardim circular, este caminho ao mesmo  tempo oferece proteção e espaço para soltar a alegria, brincar ou apenas estar  a salvo das vibrações que vem de fora. |  
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    | Sobre esse macio tapete de grama um casal pode liberar-se ao  amor, um grupo pode divertir-se, uma noiva original pode festejar seu  casamento, uma dupla de bons amigos pode manter-se longe de estilingues rivais,  um profissional pode curtir seu sucesso e prestígio rodeado de seletos amigos  (e sem se preocupar com as invejas e maledicências de seus concorrentes) e um  artista pode encontrar inspiração. Nesse espaço privado, os raios de sol  inundam a clareira e agem como um escudo, aliados às árvores, quase sentinelas  naturais. |  
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    | O Sol é sempre bem-vindo, pois seu calor aquece corpo e  espírito e sua luz, ao contrário da lua, amplia a clareza de nossa visão.  Porém, eventualmente essa mesma luz pode ser uma armadilha. Caso o fulgor seja  excessivo, melhor entrar nesse círculo com cuidado, pois muito esplendor pode,  no fundo, impedir-nos de ver realmente. E, evidentemente, a luz do Sol, se  encarada soberbamente de frente, pode levar à cegueira. Se o herói se perder  nas celebrações deste arcano ou se confundir-se nas vagas da arrogância sempre  possível em todo regozijo, aprenderá que quando o brilho do sol não é recebido  adequadamente, o resultado é uma queimadura profunda ou uma sombra mais negra. |  
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    | O caminho d'O Julgamento, arcano XX |  
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    | http://asimons.co.uk/kenya2009/day3.htm |  
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    | Facilmente percebe-se que o fundamental aqui é que o caminho  é o resultado de um mosaico.   Simbolicamente aqui em cima temos sinais de uma realização ou completude  entre matéria e espírito, representada pelas imagens inseridas; lá embaixo  vemos um jardim de ervas (medicinais talvez?). |  
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    | Assim, tanto faz se estamos  descendo ou se acabamos de subir, pois o caminho é agora infinito em si mesmo e  retroalimentador, unindo corpo embaixo e espírito em cima. |  
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    | Como a flor na mão, à esquerda, ou o lótus, à direita, no  caminho d'O Julgamento reflorescemos. |  
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    | Como a libélula ao centro, ele nos traz a  renovação. Neste arcano há um chamado, convocando-nos a recolher e reunir  nossas partes antes perdidas, fragmentadas ou que foram vivenciadas  separadamente. E, como ao finalizar um quebra-cabeças, finalmente podemos  compreender o todo congruente, incluídos nossos atos passados e suas  consequências. Embora já não seja possível modificá-los, podemos ver que eles  fazem parte de nosso desenho final e, na verdade, agora podemos finalmente  compreender que foram eles, na verdade, que nos trouxeram até onde chegamos e  que, para além de qualquer autocrítica, completam o ser integral que hoje  somos. |  
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    | No mundo concreto esse chamado também aparece e é quando  podemos reencontrar pessoas e experiências com as quais temos reais  identificações ou então necessidades mútuas ainda a resolver. |  
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    | O Julgamento, ao mesmo tempo em que nos faz avaliar as  decorrências de nossos atos, também nos diz que é hora de aceitarmos e  acolhermos definitivamente quem realmente somos. |  
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    | O caminho d'O Mundo, arcano XXI |  
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    | www.dreamstime.com/stock-photography-wedding-path-&-archway-image7299412 |  
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    | O que vemos aqui é a vereda de um casamento, com flores  coloridas e um arco enfeitado: a representação de um portal para uma nova vida. |  
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    | É um ambiente que evoca júbilo, celebração, amor,  compartilhamento, alegria, festa, dança. Tudo num  local único, que soma mar, terra, ar e fogo,  simbolizando uma integração perfeita. Por outro lado, querer tudo a um só tempo, sem estar  previamente bem equilibrado, abre a sombra deste arcano: a dispersão. E o mesmo  se aplica às relações de trabalho e de amizade, planos de viagem, desejos de  mudança em geral, objetivos românticos.
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    | Um detalhe importante aparece: os cavalos-marinhos da  entrada são iguais e olham-se como num espelho, dois de cada lado, como a dizer  que os seres que aí se casam, devem, antes, casar-se consigo mesmos, ao invés  de buscar esse êxtase unicamente na realização do complemento com o outro.  Aquele que se une a outro, sem antes estar unido a si mesmo, expõe-se à  dissolução, tanto do outro, como de si mesmo. |  
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    | Para mim, esse equilíbrio essencial implica acima de tudo,  nesse automatrimônio. "Autocasar" significa aceitar um compromisso de  vida consigo mesmo e então celebrá-lo tão profundamente como a eterna  perseguida harmonia entre nós e o outro. Para isto viemos cobrindo todas as  etapas anteriores; para isto fomos vivendo todos os arcanos e seus  ensinamentos. Podemos dizer que, aqui, n'O Mundo, o ser que antes reuniu-se e  reconheceu-se n'O Julgamento, encontra o ambiente perfeito  para festejar esse alinhamento. |  
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    | O Mundo nos diz que é hora de fazermos de nós mesmos nosso  projeto de vida e assumir isso, amando-nos e respeitando-nos, na saúde e na  doença, na alegria e na tristeza, por todos os dias de nossa vida, até que a  morte, da Terra, nos separe. |  
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    | março.13 |  
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    | Contato com a autora:
            Ivana Mihanovich é escritora, taróloga, publicitária. Publicou um livro  
            sobre o tarô 
            e mantem um blog de conteúdo:            www.tarotluminar.blogspot.com.br 
      Outros trabalhos seus no Clube do Tarô : Autores |  
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