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21 de dezembro de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


Arcanos maiores: ESTUDOS DE CONJUNTO
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A questão da seqüência dos Arcanos
Por
Flávio Alberoni
    
    Já li muito explicações sobre o tarô, em seus Arcanos maiores, procurando dar uma seqüência didática de suas expressões, seguindo uma lógica seqüencial de 1 a 22. Tenho muita dificuldade de engolir este tipo de explicação. Para mim isso é apenas uma acomodação mental um tanto emocional de algo que existe num plano diferente do nosso, para torná-lo claro à nossa metodologia, a nossos hábitos mentais.
    Encontro duas maneiras básicas de se estudar os Arcanos. A primeira considerando-os como forças com características próprias que assumem em si um determinado tipo de energia e a expressa de alguma forma. A outra maneira são como personalidades. Também se confundem as duas maneiras de interpretar. De qualquer modo um determinado arcano que possui uma energia marcadamente Rajas e induzindo um propósito definido em sua rede de atuação, como o Arcano 7, não pode ter a sua personalidade eleita sem marcadamente uma influência dos arcanos adjacentes e mesmo os opostos. Uma seqüência narrativa portanto torna-se limitada. Um Arcano 7 não incorpora energia para chegar ao 8, pois esta última energia já existe nele em termos de personalidade, assim como muito do 1 (iniciativa), do 4 (coordenação), do 16 (aceitação do movimento) e mesmo do 15 (apego à meta), só para citar exemplos, pois senão simplesmente não conseguiria coexistir como 7. Vale dizer que os Arcanos tem sentido apenas se considerados em grupo. Por outro lado se considerarmos apenas a força, em termos abstratos, ela coexiste por si mesmo, sem uma relação direta com outro arcano.
    A exceção é o 22. Pela sua relação direta com o supraconsciente e despojado de tudo por excelência (a trouxa do louco), ele capacita a todos os outros um movimento direto de crescimento. Isso tanto no nível da personalidade, como no nível da força elemental em si.
    De qualquer modo, considerando os dois aspectos eles criam um terceiro: onde existe uma entidade que se invocada adequadamente induz à pessoa interessada um estado de ser. É o terceiro aspecto, essencial para se usar o tarô não meramente como um livro para se ler algo, mas como instrumento de trabalho para induzir um estado de ser em vários aspectos.
    Como é o caso da cura. Pode-se estimular um processo cicatricial pós-cirúrgico se evocarmos adequadamente o arcano 18, por exemplo.
 
O Louco (22 ou 0)
 
    E no mesmo arcano, uma personalidade desintegrada que exige uma disciplina adequada, provinda de uma capacidade maior de concretizar os seus sonhos. Para se conseguir isto temos que parar de simplesmente buscarmos leituras do tarô. Temos que buscar sentir sua essência, independentemente de suas relações... que dão substância em si para explicações, mas essas mesmas explicações toldam o resultado final, pois são dirigidas e colimadas pelos nossos hábitos (recordar que o Arcano 22, por seu despojamento clássico é que dá a tônica interpretativa). Se busco explicar uma pessoa, nunca a perceberei totalmente como um Arcano 2 permitiria. Ficaria apenas no 3 e perco a relação íntima com esta pessoa, pois estou perdido em minhas acomodações sobre ela. Isso vale para qualquer ramo de conhecimento. Um trígono Saturno/ Júpiter induz uma determinada energia, se o astrólogo consegue incorporar esta energia da maneira adequada, consegue senti-la realmente, ela pode ser invocada numa real necessidade, para um determinado evento necessário a um nativo pesquisado. A responsabilidade aumenta muito. Mas, acredita-se que para se chegar a este tipo de assunção de energia, vários valores internos foram suficientemente evoluídos. Acredita-se, apenas se acredita. A magia negra é um passo apenas, no limiar.
    Por outro lado a relação entre os arcanos não obedece necessariamente uma relação cartesiana. É uma falácia achar que o Arcano 1 nos leva ao 2, este recolhe energia para chegar ao 3 e assim por diante até o 22. É muito mais crível uma seqüência ternária, onde o 1, busca energia do 22, para conseguir chegar ao 2 e este do 21, para chegar ao 3, etc. Numa seqüência ditada por uma personalidade dita ocultista. Ou o 22, busca no 1 ajuda para chegar ao 21 e este ao 2, para chegar ao 20... numa seqüência ditada por uma personalidade notadamente mística.
    Eu diria que a seqüência corrente, 1, 2, 3, etc. é simplesmente impossível que ocorra, no sentido de evolução humana. As relações ternárias referidas (e apenas uma delas, pois as relações quaternárias citadas por Wirth são fundamentais), são importantes demais. Ouso dizer que a relação binária de Wirth (1 oposto a 22; 2 ao 21 etc.), só ocorre em ambiente assistido por um Mestre real. As ternárias ocorrem com o homem comum. E as cartesianas no nível iniciático, por sofridas demais. E isso pode ser explicado também através dos Arcanos.
 
Notas do Editor:
 
 
As relações binárias, ternárias e quaternárias apresentadas por Oswald Wirth, que o Autor menciona, poderão ser conhecidas em: Indícios Reveladores.
 
 
Flávio Alberoni, é um dos tarólogos que aplica as correlações dos pares dos arcanos, tal como proposto por Wirth. Veja exemplos de suas interpretações: Leituras
 

Contato com o autor
Flávio Alberoni
- alberoni@uol.com.br
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