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ARCANOS MENORES - Os quatro naipes |
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Os quatro temperamentos |
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Rudolf Lanz,
in A Pedagogia Waldorf. |
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Embora
cada ser humano leve o marco indelével
do seu Eu, existem tipos humanos baseados
na constelação dos seus
componentes, e que não devem
ser confundidos com as raças
nem com os tipos humanos postos em evidência
por Jung, Kretschmer e outros. Trata-se
dos quatro “temperamentos”.
Quando notamos
num indivíduo a predominância
de um “temperamento”, a
causa mais íntima é, via
de regra, uma falta de harmonização
entre as duas correntes que compõem
sua personalidade total, isto é,
a reencarnação e a hereditariedade.
Convém
deixar bem claro que é raro encontrar
um indivíduo que represente um
determinado temperamento de forma pura.
Em geral,
coexistem nas pessoas traços de dois ou mais temperamentos. |
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Quatro elementos |
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Na
caracterização a seguir, procuramos
descrever os tipos mais ou menos “puros”.
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SANGÜÍNEO [elemento
AR, naipe de ESPADAS] |
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Ar |
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A criança sangüínea
pode também ser chamada de “aérea”.
Seu corpo leve e ágil parece
viver acima do chão. Nunca pára
durante muito tempo, seus movimentos
consistem em pulos; quando cai, não
chora senão durante alguns segundos
para logo voltar à alegria, que
é seu estado predominante. Assim
como não põe os pés
firmemente sobre o chão, tampouco
se fixa a uma ocupação.
Da mesma forma, não se prende
durante muito tempo a uma tarefa. |
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É geralmente
inteligente, mas carece de perseverança
e de concentração. Não
gosta de comida pesada, e tem uma predileção
por alimentos azedos e picantes Adormece facilmente
e acorda rapidamente. De modo geral, sentimos
nela um predomínio do elemento aéreo,
isto é, dos processos da respiração
e circulação. Em casos extremos,
seu caráter tem uma tendência
doentia para a superficialidade e para interesses
fúteis. Não é pela força
que o adulto consegue dominar esse temperamento.
Ele tentará prender o interesse da
criança sangüínea a uma
ocupação ou a uma pessoa através
de uma inclinação afetiva. Se
ela for tomada de um verdadeiro amor, fixar-se-á
mais demoradamente no objeto de sua afeição.
Convém lembrar que a infância
em geral tem algo sangüíneo em
comparação com as outras idades.
É uma característica da criança
não ligar-se com extrema seriedade
àquilo que a circunda. A alegria e
uma inconstância graciosa – lembrando
um pequeno passarinho – são qualidades
que, mantidas dentro de certos limites, sempre
nos sensibilizam, provindas de qualquer criança. |
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MELANCÓLICO [elemento
TERRA, naipe de OUROS] |
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O temperamento
melancólico é, em todos
os sentidos, oposto ao sanguíneo.
Em vez da leveza e da alegria, temos
o peso e a tristeza. A criança
melancólica foge ao contato com
o mundo ambiente. Ela cria dentro de
si um mundo imaginário em que
gosta de se isolar, embora esteja, no
fundo, ávida e afeição
e de compreensão. Seu próprio
corpo parece ser um fardo. |
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Seus
movimentos são lentos e desajeitados,
contrastando com a agilidade da criança
sangüínea. Por isso, a criança
melancólica não é, em
geral, facilmente aceita pelos colegas; isso
reforça sua tendência à
solidão e ao ensimesmamento. Não
tendo contatos fáceis com o mundo real,
ela cria dentro de si um mundo imaginário
onde lhe cabe o lugar de honra e de destaque
que não consegue ocupar na vida: a
criança se transforma em herói,
em princesa, em autor de infinitas proezas.
O ensimesmamento conduz a um egocentrismo
exagerado. Como o corpo não é
dominado pela criança, ele se transforma
em algo pesado e hostil. A criança
melancólica tem uma tendência
para doenças, qualquer dor ou mal-estar
a arrasa, e ela se compraz, de certa forma,
no papel de um pequeno mártir. Sua
sensibilidade, tanto física como psíquica,
é extrema.
O melancólico come pouco e sofre, muitas
vezes, de problemas de digestão. Em
compensação, gosta de doces
e de balas. Sua vontade é fraca, ele
leva muito tempo para acordar, e adormece
com dificuldade. Em geral, a criança
melancólica tem horror ao frio, aos
exercícios físicos, aos jogos
violentos.
A amargura diante da vida reflete-se na denominação
deste temperamento: melancolia significa a
presença de “bílis preta”.
A melancolia só pode ser superada por
muito calor: seja pelo afeto e compreensão
que vem de fora, seja por um calor da alma
que nasce quando a criança tem a sua
atenção desviada para outras
pessoas que sofrem ainda mais do que ela própria.
Daí o seu pendor para contos tristes
e sentimentais. Em vez de exercícios
esportivos violentos, convêm fazê-la
participar de movimentos rítmicos e
musicais; sua arte preferida, aliás,
é a música.
Enquanto o temperamento sangüíneo
está relacionado com o elemento “ar”,
o melancólico tem grande afinidade
com o peso da matéria sólida,
isto é, com o elemento “terra”. |
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COLÉRICO [elemento
FOGO, naipe de PAUS] |
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Fogo |
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Não
é difícil nos convencermos
da ligação entre o temperamento
colérico e o “fogo”.
A criança colérica é
em geral pequena e atlética.
Seus membros são curtos, a nuca
forte e grossa, de modo que todo o corpo
contém algo da força concentrada
e retida de um touro. Mas esse período
de concentração não
dura muito. À primeira ocasião,
o colérico "estoura"
numa atitude de violência descontrolada
fora de proporção com
a causa do incidente. |
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Uma vez terminado
o acesso de raiva, o colérico será
o primeiro a lamentar seu comportamento, e
tomará as melhores resoluções
– até a próxima vez.
É nesses intervalos
que o colérico é acessível;
tentar retê-lo ou argumentar com ele
durante a explosão é inútil
e serve apenas para torná-lo ainda
mais furioso. Mas, nos intervalos "normais",
ele sofre da sua falta de autocontrole. Em
geral, seu temperamento tem também
muitos aspectos positivos: é uma criança
responsável, perseverante, corajosa
e aplicada. Nem sempre aprende com facilidade,
mas sua energia é dirigida tanto a
ela própria quanto ao mundo exterior.
Todo o seu ser é dominado pela vontade,
e ela joga toda a sua personalidade para realizá-la.
O colérico é o líder
nato; seus conceitos de moralidade são
simples e, às vezes simplistas: o mal
tem de ser contido com toda a energia.
O tratamento do temperamento
colérico requer muita paciência
e compreensão. Reagir com violência
apenas faz a situação piorar.
A melhor maneira de canalizar o excesso de
forças represadas consiste em impedir
o represamento: exigir da criança colérica
grandes esforços físicos, até
o limite da sua capacidade. Convém
até colocá-la em situações
em que suas forças são insuficientes
para levar a cabo uma tarefa, nesse caso,
ela será tomada de um sentimento benfazejo
de vergonha, ao constatar que não é
o “tal”, vencedor de todos os
obstáculos.
Como o colérico
faz questão de ignorar qualquer acesso
de sentimentalidade, outra abordagem deste
temperamento difícil e complexo consiste
em desenvolver nele sentimentos de carinho
e amor. Se o colérico encontra ideais
e objetos elevados para sua veneração,
seu autocontrole será mais fácil.
Nunca se deve tratar coléricos com
ironia ou críticas mesquinhas, pois
atrás das aparências duras e
violentas, em geral se esconde uma alma delicada
e sedenta de carinho. |
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FLEUMÁTICO [elemento
ÁGUA, naipe de COPAS] |
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Na criança
fleumática observamos uma nítida
preponderância dos processos “viscerais”,
isto é, do elemento “água”.
O corpo gorducho, a sonolência
quase crônica, a falta de interesse
para com o que acontece ao seu redor,
indicam que o fleumático está
absorvido por seus processos metabólicos.
Vive num sonho constante, do qual detesta
ser tirado. Sua fantasia é medíocre,
mas, em compensação, ele
é muito ordeiro e perseverante.
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Aliás, seria
errado considerar no temperamento fleumático
apenas os lados negativos. A constância
dos sentimentos conduz a uma bondade em relação
aos colegas, e a uma fidelidade fora do comum.
Atrás da impassividade da sua expressão
esconde-se muitas vezes uma inteligência
prática considerável, e a lentidão
em captar impressões e conhecimentos
novos é compensada pela perseverança,
pela calma e pelo espírito metódico.
O fleumático também é
um introvertido; mas ele não sofre
disto, como o faz o melancólico; ele
aprecia não ser incomodado. Grande
parte da sua atenção se concentra
na comida e na alimentação –
primeira fase dos processos metabólicos
que predominam seu temperamento. Nas atividades
artísticas, aparece freqüentemente
um senso estético bem desenvolvido;
contudo, a força do fleumático
estará menos na inspiração
genial do que na execução esmerada
e na regularidade de exercícios.
O tratamento do fleumático consiste
principalmente em despertar-lhe a consciência
e a atenção. Como tem tendência
para dormir muito, devem-se reduzir as horas
de sono. Em vez de sopas, pudins e doces que
ele adora, convém aumentar o consumo
de frutas, saladas e alimentos bem salgados.
De modo geral, é preciso lutar contra
a gordura e exigir movimentos físicos. |
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Em geral, o professor
terá em sua classe um equilíbrio
entre os quatro temperamentos. Sua arte consistirá
em atingi-los todos de maneira igual. Se ele
se dirige de preferência aos alunos
de um determinado temperamento, os outros
vão criar-lhe problemas sérios.
Donde a necessidade de atuar sobre todos.
Esta capacidade deve ser desenvolvida, pois
o professor terá, graças à
sua própria índole, uma instintiva
propensão para um ou outro temperamento.
Um dos meios recomendados por Rudolf Steiner
consiste em agrupar os alunos na sala de aula
conforme os temperamentos, sentando-os juntos.
Desse modo os sangüíneos, por
exemplo, ficariam mais calmos, cansando-se
mutuamente com sua turbulência; e os
fleumáticos, exasperados pela indolência
dos seus respectivos vizinhos, ficariam mais
"nervosos" dentro das suas possibilidades.
De qualquer forma, o conhecimento dos vários
temperamentos ajuda o professor a compreender
os alunos e seu comportamento. |
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