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As Figuras da Corte no naipe de Copas |
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O presente texto resultou da apresentação feita por Ana Correa na
Jornada com os Arcanos Menores, realizada no segundo semestre de 2010.
O trabalho de transcrição e de redação ficou a cargo de Ivana Mihanovich. |
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Comecei meu caminho com as cartas através do baralho comum, aos 14 anos e por brincadeira. Através da prática, fui acertando previsões e, ao mesmo tempo, percebendo a dificuldade de estabelecer o tempo (presente, passado e futuro), pela oscilação da energia que vibra ainda um pouco para a frente, um pouco para trás, tornando delicada essa questão. Também percebi a importância de refinar a própria ótica para acessar a sutileza e não apenas a sombra ou o mais pesado de uma leitura. Em função disso busquei alcançar mais e mais concentração através da meditação, embora na época eu sequer soubesse que o que eu fazia tinha esse nome. |
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Cavaleiro: a figura ausente
no baralho comum |
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Cavaleiro de Ouros
de Salvador Dali |
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De qualquer maneira, passou a ser fundamental, para mim, essa concentração antes de uma leitura, afinal, vamos falar de sorte e azar, das possibilidades do bem e do mal no planeta, de coisas importantes, enfim. E acredito que concentração é estar mais presente, mais conectado ao momento e, também, ao outro que compartilha conosco aquele momento. Para mim, o Mago, a magia, é a capacidade de concentrar a maior quantidade de energia no meu ser e determinar isso em direção ao objetivo. |
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Por usar o baralho comum, desconhecia a existência do cavaleiro e na verdade o Valete não me parecia muito poderoso. Na verdade, ele sugeria-me mais a representação de um ser com desejos de vir a ser mais poderoso, mas ainda sem as ferramentas para isso; alguém ainda na condição de serviçal ou de aprendiz. Vendo-o como um ser dependente, comecei a buscar as cartas que poderiam potencializá-lo mais e percebi a importância da presença do Ás e do sete de Ouros. Ao lado dessas cartas (que considero mensageiras de que tudo se resolverá, independente dos conflitos que possam estar representados por Espadas, por exemplo), o Valete ganhava algum peso. Quando ganhei um tarô, fiquei encantada, inclusive por descobrir a presença do Cavaleiro. Esse, ao contrário do Valete do baralho comum, podia ir mais longe, tinha independência, poder próprio e ferramentas para abrir portais, abrir caminhos. |
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Em contato com os arcanos do tarô, aos poucos fui criando um sistema pessoal, onde designei uma palavra-chave para cada Arcano Maior e, na leitura dos menores, uso a mesma, mas acrescida do significado do naipe. |
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O naipe de Espadas é em geral visto como um signo de sombra, de problemas, de dor, mas por isso mesmo eu o considero um conhecimento essencial para entender e lidar com a decadência do mundo, como o vemos hoje. E, por exemplo, se para mim Espadas - além de dificuldades e conflito, como costuma ser visto - é a necessidade de lutar contra a mentalidade (elemento ar) vigente ou presente na situação, um dois de Espadas será lutar contra a mentalidade do conhecimento, pois "conhecimento" é minha palavra-chave do dois. Seguindo a mesma linha, um dois de Copas será o conhecimento de duas pessoas, um conhecimento que pode vir a desenvolver-se amorosamente (elemento água). |
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Os quatro naipes no tarô de Salvador Dali: os ases de Paus, Ouros, Espadas e Copas |
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O naipe de Paus, elemento fogo, para mim é "trabalhoso", é transformar algo através da ação do trabalho, é uma iluminação no sentido kármico, é transformar e expressar os próprios dons e implica em estar concentrado, bem consciente e conectado ao momento, para não ser consumido pelo próprio fogo. |
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O naipe de Ouros, elemento terra, envolve tudo que refere-se ao corpo físico, incluído o próprio corpo (uma doença em Espadas é mental; já em Ouros é física, concreta). Dessa forma, o trabalho eu vejo em Paus, mas o mercado de trabalho eu vejo em Ouros, pois muitas vezes precisa-se muito mais do entendimento do próprio mercado de trabalho para, sentão, gerar estabilidade e criar uma estrutura material firme. |
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O naipe de Copas, nosso objeto de estudo aqui, envolve o sentimento, a emoção, mas além disso a expressão "abrir-se em Copas" significa que a pessoa se rende, se entrega às condições que são maiores e mais sutis do que ela. Simbolicamente refere-se ao que vem de cima e a pessoa recebe aqui embaixo. É preencher-se da inspiração que vem de cima e então transbordar essa riqueza emocional e espiritual. Porém, é fundamental trazer isso para a condição planetária da Terra: a condição física. Caso contrário, como acontece numa leitura onde só vemos Copas, é indicação de estar sem pé no chão ou totalmente iludido. Signo da receptividade, Copas implica em confiança, em confiar que essa energia te alimenta e circula em você (aliás, livre arbítrio, para mim, é unicamente escolher se vou ser amorosa ou odiosa, porque a única certeza é escolher qual dessas vibrações prefiro acessar dentro de mim). |
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As figuras da Corte no tarô de Salvador Dali: Valete, Cavaleiro, Rainha e Rei |
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Nas figuras de Copas, vejo o Valete ou Pajem como representação do início, do aprendizado, da necessidade de um grande esfôrço para se chegar a algum lugar. No caso de representar uma pessoa, é alguém sem suporte próprio, dependente, alguém que precisa de ajuda, pratica e emocionalmente. Às vezes, inclusive, vejo dependência de drogas quando há um Valete, dependendo de como está o seu entorno (se há muitas caratas de Espadas, por exemplo). Em Copas, o Valete pode significar tanto amor quanto ódio, dependerá de como está situado na leitura. |
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Já o Cavaleiro de Copas, vejo-o como uma alegria num jogo, pois os Cavaleiros ainda não tem sobre si o peso do encargo que um Rei terá. Um Cavaleiro de Copas é jovial, é livre para ir e vir, abre portais, tem autonomia para negociar e para sentir e sem ter o peso "do estado" nas costas, como o Rei. |
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A Dama de Copas é a "Rainha das Emoções", é uma rainha absolutamente inconsequente. No plano da historia, da lenda pessoal, dos conflitos, ela é completamente irresponsável e precipitada. Subiu o sangue, ferveu a água, ela vai, sem medir consequências. Mas tem um poder muito grande na própria força por não ter maldade na intenção ou quando se precipita; é uma rainha que aposta no próprio coração e, em geral, no final tudo dá certo para ela. |
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Finalmente, o Rei de Copas, é um rei meio complicado, afinal rei é uma figura de comando, de autoridade, de penetração nas camadas. Porém, um Rei de Copas é um rei centrado em água, como se tivesse o trono boiando na água, então, que rei é esse? É o que chamamos de "um doce de pessoa", mas é meio medroso, meio imaturo, precisa de treino para equilibrar-se, senão fica sonhando, tudo transborda e sai do eixo (ele é, aliás, muito generoso com o que não tem). Embora, por outro lado, seja uma personalidade capaz de nos motivar, de nos fazer enxergar nosso próprio valor e de aumentar nossa autoestima, o Rei de Copas, mais adiante, não tem estrutura para manter a situação e, em geral, também não consegue estabelecer-se com firmeza. |
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julho.12 |
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