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18 de dezembro de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


O Chicote
Valete de Paus no Petit Lenormand ou Baralho Cigano
Beth Castro
 
Um chicote é uma corda entrançada ou tira de couro, terminada em ponta e presa a um cabo para fustigar animais (cavalos) e também seres humanos em certos países como forma de castigo pela violação de certas normas instituídas, adultério, consumo de bebidas alcoólicas como é o caso de alguns países islâmicos (Irã, Arábia Saudita e outros). O Chicote é também usado para flagelação.
O Chicote, instrumento e arma
O chicote
www.westernwhips.com
 
O estalido produzido por uma chicotada é tido como resultado do rompimento da barreira do som.
O chicote também pode ser utilizado como instrumento de defesa pessoal, sendo que esta função já era realizada há pelo menos dois mil anos atrás, pela guarda real do Tibete (onde os guardiões utilizavam uma lança e um chicote). Hoje em dia, empregam-se algumas técnicas de uso para estalar o chicote, com precisão de local e força, fazendo uso do mesmo, tanto para atingir partes do corpo do oponente, como para mantê-lo afastado.
O chicote também é utilizado por pessoas que manteem relações sexuais de natureza sado-masoquista,  pois  dá  a  sensação  de  dominação
sobre o parceiro. Contudo o chicote é um instrumento perigoso, podendo o seu uso incorreto conduzir a sérias lesões. O chicote é muito doloroso e pode causar feridas abertas e profundas, das quais podem resultar cicatrizes vitalícias.
Existem diversos tipos de chicotes, sendo os mais comuns o chicote de tiras e o chicote de tira única.
O chicote de tiras tem geralmente 9 tiras, não sendo tão perigoso nem causador de danos tão graves quanto o chicote de tira única. Este último é perigosíssimo e de difícil manejo.
Chicote com várisa tiras
Chicote com várias tiras
www.pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Fomfr_whip.jpg
Há dúvidas sobre as origens do termo, vindo, provavelmente, do francês arcaico cicot ("resto de um tronco ou de um galho cortado ou arrancado", tendo passado ao sentido de "ponta de corda de um navio"). Posteriormente, em documentos do século XVIII, ainda na língua francesa, é registrada a palavra chicotte ("trança de cabelo"). Em português, apresentou as seguintes evoluções ortográficas: chicótechecote e, finalmente, chicote.
Em náutica chama-se chicote à extremidade de um cabo que foi trabalhado de tal forma que se não desfaça facilmente com a utilização.
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre
Chicote para castigar escravos e para flagelação
Os castigos eram considerados um espetáculo e eram feitos publicamente.
O sistema escravocrata constituiu-o um dos mais bárbaros objetos de castigo, dentre eles o açoite - chicote feito de cinco tiras de couro retorcido com nós; era utilizado para punir pequenas faltas ou acelerar o ritmo de trabalho dos escravos.
Na Antiguidade, Idade Média e até finais do século XIX, ele era usado como punição em quase todo o mundo de escravos, de não cumpridores da lei, etc. Ainda é utilizado, como citei no início, em alguns países islâmicos para os que não cumprem alguns princípios da sharia, o código de leis islâmicas,  presente no Alcorão: consumo de bebidas alcoólicas, relações extraconjugais, etc.
 
O açoite ou azorrague
Um açoite ou azorrague
São Francisco no
ato penitencial de autoflagelação
Imagem da carta 11 do "Mystical Lenormand",
baralho criado por Regula Elizabeth Fiechter
e Urban Trosch.   AGM Müller 2006.
  Carta 11 do "Mystical Lenormand" - autoflgaelação de São Francisco  
O termo "flagelação" aplica-se também aos religiosos que incutem a si mesmos sofrimentos e chagas, de modo a imitar a paixão de Cristo. Também os xiitas usam a flagelação como mortificação.
A autoflagelação me fez lembrar de imediato o filme Código Da Vinci onde Silas, personagem interpretado por Paul Bettany, pagava e se redimia de seus pecados e culpas através do sofrimento auto-imposto. A carta do deck do Mystical Lenormand retrata bem em imagem o que assistimos no filme: www.youtube.com/watch?v=qcFOc0yNScM
No filme Django Livre, de 2012, faroeste de Quentin Tarantino, com Leonardo DiCaprio, existem cenas de castigo de escravos e de vingança em que a arma é o chicote.
Cena do filme Djano Livre
Cena do filme "Django Livre"
Algumas passagens desse filme inspirado na história norte-americana encontram-se na web:
Uma escrava é chicoteada: www.youtube.com/watch?v=Bnse2u-fEqQ
Flagelação de Cristo, pintura de Guercino (1644)
 
E a vingança contra opressão vem pelo mesmo chicote:
www.youtube.com/watch?v=McKg-kwt0VA
Flagelação de Cristo
A flagelação de Jesus, também conhecido como Cristo na coluna, é um episódio da Paixão de Cristo que aparece com bastante frequência na arte cristã, em ciclos da Paixão ou como um grande tema nos ciclos da Vida de Cristo. Essa passagem dolorosa é descrita pelos quatro evangelistas. [Cf. Wikipedia]
Conta-se que os soldados romanos despojaram Jesus de suas vestes, amarraram-no a uma coluna e começaram a açoitá-lo com seus chicotes  compostos de duas ou três correias,  tendo às suas extremidades ossos de carneiro ou bolas de metal aos pares.
A pintura ao lado, de 1644, foi executada pelo artista italiano Giovanni Francesco Barbieri, mais conhecido como Guercino. É um exemplo entre inúmeras outras obras de arte que retratam as crueldades sofridas por Jesus sob a autoridade romana de Poncios Pilatos.
No cinema moderno existem filmes com cenas realistas da flagelação a que Jesus foi submetido. Um exemplo pode ser visto no filme disponível na Internet:
www.youtube.com/watch?v=Pw6URgu0FEE
Chicote no circo, nos quadrinhos e nas artes
Quando criança meus pais costumavam levar a mim e aos meus irmãos ao circo. Era um bom programa de distração e ficávamos muito empolgados principalmente quando chegava o momento de assistirmos a entrada do domador e o leão. Ali,o domador (e seu chicote que batia no chão repercutindo um som que jamais esquecerei) usava de toda sua coragem para enfrentar uma fera que era submetida àquele chicote porque o leão sabia que se fizesse algo diferente do que foi treinado seria punido e seria doloroso apanhar com aquele instrumento.
Jim das Selvas com o chicote
Jim das Selvas também recorre ao chicote
Econtramos hoje, em reportagens pela internet, inúmeros casos onde o Leão reverteu o caso e não quis se submeter, tirando a vida do seu próprio domador. E o que aprendemos é que pode ser fatal o mau uso do poder.
Também existem os chicotes amigos e celebrados, como acontecia com Beto Carrero e seus personagens ligados à musica rural brasileira:
– um anúncio que termina com som de chicote: www.youtube.com/watch?v=9YwCwWA-SYY
– uma homenagem póstuma a Beto Carrero: www.youtube.com/watch?v=ya3-AFraj1w
 
O leão e o domador
Roseana Murray
Ao estalar do chicote,
o leão dá um pinote,
se encolhe no picadeiro
Mas não é medo o que sente,
nem é susto:
é saudade, é tristeza...
Seu coração ficou perdido 
para sempre na floresta.
O domador se orgulha,
estala a língua, o chicote,
se sente assim como se fosse
um rei todo poderoso.
Mas o que o leão não adivinha
é que o leão de verdade
está longe, adormecido:
no palco, quem caminha
é a sombra do leão.
 
 
Poema publicado originalmente em:
www.bagatelasdehelentry.blogspot.com.br
 
Castigar ativa a região cerebral do prazer
Sempre quando vemos uma cena onde o mocinho vence o bandido logo ativamos uma zona cerebral que nos dá satisfação. Esboçamos um leve sorriso no rosto, segundo Brian Knutson, psicólogo da Universidade de Stanford na Califórnia (EUA). É dele o primeiro estudo sobre o castigo com mapeamento cerebral e que mostra que há um auxílio emocional para garantir a satisfação.
A vingança é um ato irracional que, segundo os cientistas, traz um equilíbrio, já que o ganho para quem o faz é a sensação de satisfação, chegando à conclusão de que há uma região no cérebro que fica excitada e traz conforto e satisfação quando punimos ou vemos a punição de alguém por ter feito algo ilícito ou fora dos padrões normais de conduta.
Fonte: Laura Nelson - Folha de São Paulo
www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u12336.shtml
Ainda falando sobre o castigo e o prazer, o chicote é o símbolo da subordinação e da dominação daqueles que usam da prática sadomasoquista e, segundo a terapeuta e especialista Raquel Penteado, a pessoa que gosta de ser humilhada quer se livrar de alguma culpa e essa submissão está relacionada a isso. Já o sádico projeta a própria culpa no outro para puni-lo e sente prazer com o sofrimento do outro.
Rute e Branca de Neve
Versões modernas do Valete de Paus e da Branca de Neve com chicote
A frase "I used to be Snow White but I drifted" é atribuida a atriz americana Mae West (1892-1980)
e pode ser traduzida por "Eu costumava ser a Branca de Neve, mas acabei desistindo".
No amor, esta carta, para mim, revela o lado sexy, atrativo e sedutor da pessoa. Fala da atividade sexual, a paixão do desejo e, com ela, poderemos verificar também se o consulente tem desvios de comportamento sexual, traumas ou se o sexo tem maior ou menor importância no relacionamento.

Quando escolhi a carta O Chicote veio logo à minha mente a lembrança dos filmes de infância em que um personagem usava como ninguém o seu Chicote: nada menos que o Zorro.  Don Diego de La Vega utilizava seu chicote e sua espada para defender o seu povo. Neste caso, o chicote está a serviço da justiça e da punição dos culpados.

Zorro e os Caçadores da Arca Perdida
Zorro e Indiana Jones, homens de chicote
Para os jovens fica mais próxima a imagem de Indiana Jones e seu chicote, interpretado por Harrison Ford no filme Os Caçadores da Arca Perdida.
A carta O Chicote no Petit Lenormand ou Baralho Cigano
A carta O Chicote tem o número 11 e em alguns decks aparece como Valete de Paus. Esse valete pode ser visto como um jovem imaturo, brigão, irritante, rebelde, cheio de ambição e vaidade. Sua coragem o faz brigar pelo comando e domínio mostrando que está determinado a conseguir o que quer, custe o que custar. Trata-se de uma carta é neutra, que pode ter seu aspecto positivo ou negativo conforme as cartas que saem ao seu lado.
O Chicote é o instrumento da punição, do uso da força e do poder pessoal em detrimento de outra pessoa, com submissão e humilhação. Mostra quem é que manda e quem domina.
Três versões da carta 11 do Petit Lenormand
Três versões da carta 11 do Petit Lenormand, conhecido no Brasil como Baralho Cigano
Aspectos quando perto de cartas negativas: conflitos, disputas familiares, opressão, raiva, rivalidades, agressão, arrogância, prepotência, contrariedades, brigas, confrontos, uso da força física, uso de palavras fortes e ofensoras, torturas mentais, embate de forças para ferir, sofrimentos, impulsividade, precipitação, manipulação, ambição, uma punição por culpa, autoflagelação, perda da razão, desequilíbrio, desordem mental, forçar a barra, desentendimentos e vaidade. Quando a carta do chicote sai devemos analisar em que posição está, pois ela nos mostra o que acontecerá se o consulente reagir de forma impensada ou se sofrerá com a impulsividade de alguém.
Aspectos quando perto de cartas positivas: uso da disciplina que trará bons resultados, proteção e cautela, comportamentos com padrões de total domínio mental, saber agir de maneira firme e com propósito positivo, o uso da palavra favorecendo a situação, transformação, equilíbrio e ordem, sensatez, controle dos impulsos, ter energia para e motivação para impor as ideias com coerência e bem comum, garra, pessoa que batalha por aquilo que quer superar. Significa também não se deixar ficar submisso à vontade alheia, quando esta lhe for prejudicar, se mostrar respeitoso e também ser respeitado pela posição que ocupa.
O Chicote e a magia
Quando alguém faz pergunta sobre magia ou quer saber se alguém fez algo contrariando as leis do universo, esta carta nos dá uma resposta positiva se vier juntamente com a carta A Lua, a de número 32, pois como O Chicote nos fala justamente da manipulação, podemos concluir pela manipulação e desarmonia energética contrariando o destino; a pessoa quer forçar alguém a se submeter a um castigo devido a sua ira e sem pensar nas consequências.  
Versão russa da carta 11 do Petit Lenormand
Versão russa do Chicote
© Breath of The Night Russian Oracle by Berenika
 
A magia pode ser determinada também pela força dos nossos pensamentos, pois estes podem nos trazer o bem como também o mal. Não há necessidade de que alguém tenha nos feito algo, pois somos frutos daquilo que pensamos. Devemos, no entanto, controlar nossa mente e nossos pensamentos para que eles nos conduzam da melhor forma possível, para obtermos melhores resultados naquilo que queremos conquistar.
De acordo com a taróloga Odete Lopes, esta carta é considerada como uma carta dupla: a carta que estiver em contato com a Vassoura indica o que devemos afastar, limpar e purificar na nossa vida; já a carta que estiver em contato com o Chicote é o devemos impor, reclamar, protestar, lutar para obter os nossos direitos.
No plano espiritual esta carta pode mostrar paz interior, carma, nos falar de um mentor e de um benfeitor espiritual disposto a espantar energias intrusas que por ventura possam estar querendo atuar na vida do consulente.
Perfil: Quando alguém pergunta como é fulano e sai a carta do Chicote podemos ver que se trata de uma pessoa dominadora, persistente, que defende seus próprios interesses e que por isso pode passar por cima dos interesses alheios, que corre atrás dos seus sonhos.
Trata-se de uma pessoa dedicada, esforçada, que se expressa bem através da palavra, empenhada em conseguir seus objetivos. Ambiciosa, tem o controle da situação, é obstinada e usa seu poder pessoal, sua força e esforço físico ou verbal para impor ou intimidar alguém. Possuidora de uma força mental poderosa, é forte espiritualmente e intuitiva.
Conselho: Não use da força e pondere as palavras, pois existe um ditado que diz “A língua é o chicote do corpo”. Tenha cuidado e jeito para contornar as situações, tenha calma, tranquilidade, paciência; trabalhe o pensamento positivo, tenha jogo de cintura, saiba negociar, seja flexível, não use da manipulação. Use a inteligência e disciplina para a busca de bons acordos e obterá assim melhores resultados.
Nota:
Este texto foi primeiramente publicado por Emanuel J. Santos
em seu www.conversascartomanticas.blogspot.com
Contato com a autora:
Beth Castro é terapeuta floral, Reikiana II e taróloga 
Atende em Belo Horizonte - www.bhtaro.blogspot.com
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Edição: CKR – 12/03/2014
Revisão: Ivana Mihanovich
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