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10 mitos em torno do Tarô |
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Decidi escrever esse artigo devido à grande quantidade de emails solicitando-me esclarecimentos sobre determinados pontos na prática (ou estudo) do tarô, já que muitos estudantes não encontram literatura e/ou conteúdos específicos na rede que possam orientá-los. Das questões mais freqüentes, escolhi dez que considerei mais importantes, e procurei “jogar uma luz” sobre os assuntos de forma objetiva. Espero que esse texto possa romper alguns velhos paradigmas que, insistentemente, permanecem no imaginário da prática taromântica. |
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1 – O tarô está fechado e não será possível efetuar a leitura |
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O tarô não é como um computador que, quando trava, abre uma tela com o dizer: “seu sistema realizou uma operação ilegal e será fechado”. Não existem “jogos fechados”, somente “tarólogos fechados ao jogo”. Se o praticante convenciona, por exemplo, que o aparecimento do arcano “O Mago” embaixo do maço de cartas após embaralhamento significa que “a abertura do jogo não será possível”, do ponto de vista da leitura isso nada |
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A Cartomante (La tireuse de cartes) |
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Pintura de Jean Frédéric Bazille (1841-1870) |
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influenciará. Os arcanos na mesa podem ser lidos a qualquer momento, mas mitos como esse refletem dificuldades que, na verdade, são impostas pelos próprios tarólogos. |
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2 – Ler o tarô é dom divino, portanto, é obrigação do tarólogo fazer caridade. |
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Tal mito tornou-se um problema de cunho religioso. No Brasil, devido ao sincretismo que vivemos ao fundir conceitos, idéias e valores de ordem espiritual, passou-se a acreditar que o tarólogo está afiliado a alguma prática, normalmente espírita. Mas, é fundamental separar os credos da atividade taromântica propriamente dita, pois o tarô não depende da fé do indivíduo para dar o seu recado. Deste modo, com a concepção de que o tarólogo recebeu um dom de Deus para exercer a prática, ficou estigmatizado que, algo recebido “de graça”, deve ser oferecido caridosamente. A confusão que há nesse meio, justificado na maioria das vezes pela desinformação, impôs ao tarólogo a obrigação de oferecer gratuitamente seus serviços. Não critico quem o faça, porém, é fundamental separar uma condição de outra: o tarólogo é um profissional que estuda, investe e tem gastos como qualquer outro, e deve ser reconhecido como tal. Além disso, a caridade pode ser praticada de outras formas, sem a necessidade de colocar o tarô (e outros oráculos) como intermediários. |
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3 – O tarô, em si, é composto apenas pelos 22 Arcanos Maiores. |
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Esse mito foi propagado por Papus no século XIX ao separar os Arcanos Maiores dos Arcanos Menores, criando a concepção de que o primeiro grupo é o verdadeiro tarô e o segundo grupo, uma ramificação da “cartomancia vulgar”. Esse preconceito fora propagado de tal forma, que restringia-se o uso dos Maiores aos homens e os Menores (e outros baralhos de naipes) às “mulheres e afeminados”. Hoje, muitos se desculpam ao afirmar que basta o uso dos Maiores numa leitura, distanciando-se de qualquer chance de estudo dos Menores. Por um lado, entendo como preguiça (por acharem que é difícil seu aprendizado); por outro, falta de conhecimento do conjunto simbólico do tarô em si (que são os 78 Arcanos). Acredito que é possível trabalhar apenas com os Maiores (assim como os Menores), não questiono quem o faz (trabalhei durante 8 anos somente com os Maiores); porém, o tarô é um baralho de 78 Arcanos e deveríamos explorar todo seu potencial simbólico a partir das múltiplas combinações entre Maiores e Menores. |
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4 – Somente é possível utilizar o baralho depois de consagrá-lo. |
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Mito oriundo do ocultismo. Mais uma vez, entra o credo no lugar da razão. De nada adianta consagrar baralhos se o praticante não tem conhecimento e nem preparo para uma leitura. Alguns acreditam que consagração é uma espécie de iniciação mística, com propósito de conferir tanto “poderes como proteção” ao baralho e a quem o utiliza. Mas, ao longo desses anos venho observando na prática que a qualidade da leitura e bem estar do tarólogo não depende de qualquer tipo de consagração. Lembremos que o tarô jamais “falará por si mesmo” e de nada adianta parafernalhas esotéricas (incensos, velas, taças com água, etc.) para assegurar uma boa leitura se o tarólogo não estiver amadurecido para desenvolver um bom trabalho. |
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A Cartomante (The Fortune Teller) |
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Ilustração obtida na Internet de autor desconhecido. |
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5 – O tarólogo é tão somente um médium a receber instruções espirituais. |
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Mediunidade significa mediação. Todos possuímos, em maior ou menor escala, um grau de mediunidade. Porém, quando se toca no assunto, nos reportarmos normalmente às incorporações espirituais. O tarólogo, em primeiro lugar, deve ser um conhecedor da linguagem simbólica e imagética dos arcanos. Qualquer coisa que se afira espiritualmente à prática é oriunda da natureza parapsíquica do praticante. Se o referido é clarividente, clariaudiente, telecinético, médium de incorporação (e outros), isso nada tem a ver com a prática taromântica em si. Quero dizer com isso, que independe da mediunidade do tarólogo a sua competência como praticante. Há tarólogos excelentes que apenas se valem de seu conhecimento simbólico para realizar leituras; há também aqueles que, através da incorporação, realizam excepcionais análises. |
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6 – Não podemos tocar no baralho de outra pessoa devido às energias. |
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Se adotarmos tal premissa, qualquer coisa que os outros tocarem não convém colocarmos as mãos. O grande problema é a mistificação em torno das cartas, como se elas estivessem na condição de talismãs. A impregnação energética não se detém ao papel do baralho, acontece, muitas vezes, no simples contato com a outra pessoa. Se você está receptivo e aberto às influências do outro, impossível não se contaminar. Cabe ao tarólogo assegurar suas defesas espirituais e energéticas e isso mais depende do tipo de prática espiritual do profissional do que a atividade taromântica em si. Tocar ou não tocar no baralho de outra pessoa pouco ou nenhuma diferença faz, pois as energias não se prendem exclusivamente ao objeto em uso. |
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7 - É proibido fazer leituras em datas santas ou domingos. |
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Isso está mais de acordo com o credo do praticante do que o trabalho em si. Pode-se ler o tarô em qualquer dia, hora, ambiente: basta que o praticante e o consulente se sintam à |
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Lendo as cartas |
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Pintura de Aleksei G. Venetsianov(1780-1847) |
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vontade para desenvolver a consulta. As condições locais mais influenciam do que datas propriamente ditas, pois é aconselhável que o ambiente seja tranquilo e que a disposição (física, mental, emocional, psicológica, espiritual) do tarólogo esteja equilibrada o suficiente para garantir uma orientação adequada ao consulente. |
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8 – Não é possível realizar atendimentos à distância. |
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Um mito derrubado na última década. O raciocínio é muito simples: se conseguimos falar de pessoas que nem estão presentes durante a consulta, o que impede de orientar o consulente à distância? Será que é a presença física que assegura a consistência e credibilidade do trabalho? Não sou a favor de tiragens eletrônicas, pois essas não permitem o desenvolvimento da interpretação; já a leitura feita por telefone, email e/ou qualquer programa eletrônico via internet (Skype, MSN, Google Talk, Yahoo, etc.) que proporcione interatividade entre o tarólogo e o consulente, que permita uma boa comunicação (e orientação) entre ambos, não há nenhum tipo de problema. |
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9 – O tarô nunca erra, quem erra é somente o tarólogo. |
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Talvez seja o mito mais controverso. A pergunta que devemos fazer é: será que o tarô é infalível como instrumento simbólico? Partindo-se da premissa que os símbolos nada representam se nós, seres humanos, não dermos “voz” a eles; isso impõe o erro a quem sempre interpreta, pois o oráculo, em si, não tem autonomia sem um intérprete. Alguns acham que o tarô tem “vida própria” e se pronunciará por si mesmo. Só que os símbolos são estruturas geradas por nós, humanos, e não podem se manifestar (expressar) se não estiverem inseridos num contexto. Talvez aí esteja o maior equívoco: acreditar que o tarô “se comunica”, independente de um intérprete. Creio que seja uma “via de mão dupla”: os arcanos e seus símbolos dirão aquilo que está a alcance do intérprete; se o tarólogo não estiver preparado, o tarô pouco ou nada dirá sobre a situação. Já o contrário, o tarô dirá tudo que for preciso, pois o tarólogo é conhecedor dos conteúdos simbólicos. Creio que o tarô erra sempre que o tarólogo erra. |
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10 – Mulheres grávidas não devem consultar o tarô. |
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A gravidez torna a mulher mais sensível e suscetível emocional e psiquicamente. Talvez esse mito exista porque no período de gestação muitas mães ficam mais impressionáveis e influenciáveis psicologicamente. Se o tarólogo for sensível o suficiente para não preocupar ou angustiar a gestante, creio não ser um problema realizar o atendimento. Cada pessoa é uma pessoa e também não é possível generalizar, afirmando que todas as mães ficam mais vulneráveis emocionalmente durante a gestação; mas, o cuidado que devemos ter ao realizar um atendimento para uma grávida deve ser maior. Todas as emoções que a mãe sentir serão transmitidas à criança, portanto, delicadeza e tato são imprescindíveis. O mesmo vale para consulentes doentes, em fase de separação, recém saídos de seus empregos, que tenham sofrido alguma perda significativa, enfim, o tarólogo deve apoiar e ajudar o consulente fragilizado de forma que o trabalho traga bem estar e não preocupações desnecessárias. |
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junho.10 |
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