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Decifrando o Tabuleiro |
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Esta é uma história de 22 Casas e 3 Veras, embora tenha aprendido o método com um Henrique – Henrique Mattoso – meu primeiro professor de Tarot. Era para ser um jogo como qualquer outro. Todas as aulas terminavam com um novo método e a sua prática. Mas quando conheci o Tabuleiro, caiu a ficha do “é esse!”.
Henrique, tradicionalmente, dava consultas usando a Árvore da Vida, se não me engano, e muitos amigos até hoje investem na Mandala Astrológica. Talvez o espírito aquariano de fazer diferente tenha se manifestado, embora ache que, num primeiro momento, o fato de fazer uso de todos os Arcanos Maiores tenha me seduzido – iria aprender e agregar os Menores ao jogo tempos depois.
A prática do Tabuleiro com amigos e eventuais clientes trouxe novas possibilidades. O Tabuleiro armado é garantia de algumas horas de consulta discutindo os vários aspectos de um tema, diferentes temas e ainda responder perguntas fora do contexto inicial do jogo. O começo pode ser ponto a ponto, mas com o tempo aprende-se a navegar pelas cartas, contando uma história ao percorrer seqüências verticais, horizontais ou diagonais. |
Depois de alguns anos com Henrique, fui estudar com Vera Martins. O objetivo era aprender Maiores e Menores com outra pessoa (ter um outro ponto-de-vista), mas descobri que ela também dava um curso só para ensinar o Tabuleiro. O livro Espelho Meu, escrito por ela (Editora Madras), explora bem o tema. Com Vera Martins aprendi a adotar outras referências na interpretação das cartas. A carta à esquerda do Eremita mostra o que ele está iluminando e as cartas que cercam o Enamorado oferecem insights sobre as escolhas que ele tem diante de si – só para citar dois exemplos. Com base no Tarot de Marseille, os elementos simbólicos ajudam no desdobramento de cada interpretação envolvendo as cartas vizinhas.
Muitos e muitos anos depois, conheci Vera Tanka. Em uma consulta com ela, fui apresentado ao Labirinto, que descobri ser o Tabuleiro jogado |
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O que o Eremita vê e o que a Morte corta. |
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Tarô de Marselha-Camoin |
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de outra forma. De acordo com o momento (não há regra para isso), tenho o hábito de abrir o jogo de forma sequencial (Casas 0, 1, 2, 3,... , 21) ou abrir a Casa do Louco, no alto do Tabuleiro, e a Casa da carta que aparece ali depois para criar uma história (ex: se a Temperança sai na 0, abro a Casa 14 em seguida e a Casa da carta que aparece ali logo depois, continuando assim até que se feche o ciclo).
Quando um ciclo fecha, escolho outra Casa para abrir e sigo adiante até que todo Tabuleiro seja lido. Tanka usava o Labirinto focado em uma pergunta e parava no fechamento do ciclo. Se o Louco saísse na Casa 0, não tinha jogo, por exemplo. Muitas Casas abertas indicavam um caminho maior a percorrer para a solução do problema e cada carta contava as etapas pela qual o consulente deveria passar até “sair do labirinto”. Não lembro se ela inventou este método ou se aprendeu com alguém.
Algo parecido em descobri com uma terceira Vera, a Tigme. Ela dá o nome de Pirâmide Tarológica ao jogo. A consulta é um mapa que ela faz sobre a vida do consulente para os próximos meses. Pelo que sei, muitos a consultam próximos de seus aniversários procurando um aconselhamento para o ano. Tanto para a Tanka como para a Tigme, as Casas não têm significado. Vera Tigme considera as cartas reveladas “pelo caminho do Labirinto” como fatores conscientes. Depois vira as demais cartas considerando-as fatores inconscientes que precisam ser trabalhados.
Estou trazendo estas informações para exemplificar que há diferentes formas de se trabalhar com esta disposição das cartas. Abaixo relaciono de forma sucinta as atribuições de cada Casa.
Quando uma carta sai na sua própria Casa (ex: Justiça na Casa 8), seu peso é maior, pois a energia está atuando no seu próprio domínio. Quando duas cartas trocam de lugar (ex: Pendurado na Casa 4, com o Imperador na Casa 12), considero a nomenclatura astrológica de “mútua recepção”, ou seja, elas atuam tanto onde estão como em suas próprias Casas, como se estivessem emprestando seus atributos uma para a outra. |
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A montagem do Tabuleiro |
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O propósito das minhas leituras é sempre perceber a energia do momento. Não é um exercício de futurologia. O Tabuleiro mapeia as forças e fraquezas do consulente por ocasião da consulta e as possíveis conseqüências disso. Uma nova percepção de si mesmo potencializa as oportunidades e ajuda a minimizar ou reverter as oposições. |
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As 22 posições ou casas que armam o Tabuleiro completo com os Arcanos Maiores |
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Ilustrações do Alchemical Tarot de Robert Place |
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São estas, de forma sucinta, as atribuições de cada casa que compõe o Tabuleiro:
Casa 0 – Louco: O que traz o consulente ao jogo. O que é mais importante ser tratado ou a raiz de todas as demais questões – o que pode não ser necessariamente o que ele tinha em mente quando veio.
Casa 1 – Mago: Projetos e iniciativas. As oportunidades que surgem diante de nós e a disposição com a qual nos aproveitamos dela.
Casa 2 – Papisa: O que domina a nossa atenção. Geralmente indica a natureza daquilo que tira o nosso equilíbrio interno, uma preocupação.
Casa 3 – Imperatriz: A percepção da realidade ao redor. Criatividade e agilidade mental. Questões que devem ser encaradas de frente. Representa também a própria consulente em um jogo para mulher ou, em um jogo para homem, a pessoa com quem o consulente se relaciona.
Casa 4 – Imperador: Vida material: trabalho, recursos, estabilidade e segurança. Capacidade de realização, de trazer para o concreto o que paira no mundo das idéias. Representa também o próprio consulente em um jogo para homem ou, em um jogo para mulher, a pessoa com quem a consulente se relaciona.
Casa 5 – Papa: O religare, a espiritualidade. A vida espiritual do consulente ou o que seus mentores lhe oferecem como conselho neste momento.
Casa 6 – Enamorado: A atitude adequada para tomar decisões importantes. A nossa capacidade de fazer escolhas diante das circunstâncias.
Casa 7 – Carro: O que está no caminho. Para onde ou de que forma estamos guiando nosso carro. Para que tipo de situação nossas ações estão nos levando.
Casa 8 – Justiça: O que precisa ser colocado em ordem. A nossa capacidade de dar o peso certo para cada coisa. Diferenciação e discernimento. Em questões que envolvem legalidade, como a Justiça está atuando no caso.
Casa 9 – Eremita: O consulente em sua essência; a sua verdadeira natureza – soma de suas experiências e expectativas.
Casa 10 – Roda da Fortuna: Casa do futuro imediato. O que a vida está trazendo para o consulente como oportunidade ou desafio. Os acontecimentos que se precipitam em sua vida para trazer um novo aprendizado. A qualidade do giro desta roda.
Casa 11 – A Força: Vitalidade. Base. Qual a atitude do consulente com relação a tudo o que acontece ao seu redor. Sua resistência e resiliência. Quando a carta desta Casa indica alguma deficiência ou fragilidade, todo o jogo está de alguma forma comprometido.
Casa 12 – Pendurado: Questões pendentes e sobre as quais devemos abrir mão do controle – é aceitar o ritmo da natureza e fluir com ele ao invés de tentar impor o seu. Assuntos que merecem introspecção (“quem sou eu – ou o que tenho feito da minha vida – para estar nesta situação?”).
Casa 13 – Morte: O que necessita ser cortado ou transformado. Aquilo que não pode seguir adiante, podendo identificar fatos ou comportamentos.
Casa 14 – Temperança: O que se acerta com o tempo (ou no tempo certo) não porque está parado, mas porque está amadurecendo aos poucos. Questões que necessitam de moderação. Casa importante nas questões que falam de saúde, representando o caminho da cura.
Casa 15 – Diabo: O que nos tira do sério, provoca ansiedade. Apegos e idolatrias. O que nos escraviza, cerceando o livre-arbítrio.
Casa 16 – Torre: O que está ruindo e é bom que desmorone de vez. Hábitos e/ou situações que não se sustentam mais.
Casa 17 – Estrela: Casa do futuro distante. Em que podemos apostar as nossas fichas. A leveza que devemos procurar em nossa alma. A qualidade de comunicação com as esferas sutis.
Casa 18 – Lua: Com o que o consulente está se iludindo. Tristezas, sonhos e decepções. Aquilo que drena a nossa energia.
Casa 19 – Sol: As relações humanas, no geral, ou uma relação afetiva, em especial. A capacidade de perceber as coisas com clareza, de ser generoso sem escolher quem ajuda. A transparência e a alegria de viver. Filhos.
Casa 20 – Julgamento: O chamado, no sentido espiritual, ou um convite/convocação nas questões de ordem prática. O despertar de uma nova consciência como percepção ampliada de tudo o que está acontecendo e como as peças se encaixam. Família.
Casa 21 – Mundo: O que se pode contar como certo. A resposta ou conclusão provável para a questão levantada na Casa 0. Aquilo que coloca o consulente em evidência. |
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janeiro.09 |
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