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O Referencial de Nascimento |
Autoconhecimento e desenvolvimento pessoal |
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O Referencial de Nascimento é um método de autoconhecimento e de desenvolvimento pessoal tendo como suporte o Tarô de Marselha. Este método foi criado por Georges Colleuil, nos anos oitenta do Século XX. Ele faz uma abordagem filosófica, terapêutica e humanista do Tarô. Desenvolve uma pesquisa original sobre o conteúdo simbólico do Tarô de Marselha, tentando desfazer o preconceito que o Tarô prediz o futuro. Para ele, “o Tarô não serve para ler o futuro, mas para construí-lo”. Seguindo este pensamento, ele diz que trabalhar |
com o Tarô em um processo de autotransformação, terapia, desenvolvimento pessoal, nos permite entrar em contato com o centro invisível que se confunde com o mais profundo de nosso ser, o mais autêntico, o mais criativo. Seguindo esta idéia, o Referencial de Nascimento parte de uma Tarologia humanista, viva, em vez de Taromancia passiva.
O Referencial de Nascimento, como o nome indica, é uma representação das qualidades pessoais às quais é sempre possível se referir. É um instrumento de autoconhecimento e conhecimento dos outros, um meio dinâmico de evolução e de desenvolvimento pessoal, um método “de aprendizagem do ser”. Graças à decodificação rigorosa das lâminas que o compõem, ele vai permitir o retorno sobre si mesmo, a coerência consigo mesmo e, então, a autonomia que, por sua vez, favorece uma melhor harmonização no relacionamento com o outro.
O Referencial de Nascimento propõe uma reinterpretação dos Arcanos sob uma perspectiva humanista, evolutiva e terapêutica, que permite atualizar seus símbolos na experiência individual. Poderíamos dizer, pois, que o Tarô é uma linguagem universal que se individualiza no Referencial de Nascimento. |
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Capa do Livro Guia Prático do Referencial de Nascimento
de Georges Colleuil |
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Um Referencial não é uma radiografia da personalidade, mas um espelho simbólico de uma estrutura interior. Trabalhar com um Referencial de Nascimento ajuda, pois, a se estruturar, sob a condição de poder se reconhecer nas experiências de vida que nos refletem as imagens simbólicas do antigo Tarô de Marselha. O Referencial de Nascimento nos apresenta uma adição de cartas que nos são confiadas no momento do nosso nascimento. Ele nos convida não só a uma observação desligada e distanciada de si-mesmo para melhor discernirmos um estado de conflito suscetível de gerar sofrimentos, mas, sobretudo, para identificar recursos, reservas energéticas estocadas e utilizáveis em prol de nossa transformação interior. |
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Os cálculos |
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O Referencial de Nascimento se apresenta sob uma forma de cruz composta de treze Arcanos maiores e de um Arcano menor, cada um contendo uma proposição de desenvolvimento pessoal. Esta maneira de organizar as cartas no espaço constitui a gramática sintática; a leitura do tema é a retórica; e a arte de formular as proposições constitui a dialética. O Referencial de Nascimento é, pois, uma estrutura gramatical cuja leitura e comentário devem nos ajudar a nos tornar mais presentes, ou seja, mais conscientes. Num Referencial de Nascimento, somos quase sempre levados a verificar a adequação ou não adequação entre o que propõe um dado Arcano de um ponto de vista absoluto (uma simbologia comumente aceita) e a vivência deste Arcano da nossa experiência pessoal. Por exemplo, o Eremita, um buscador incansável, aquele que encontra a luz e a sabedoria no interior de si mesmo, ou uma predisposição para a solidão; a Força, integração harmoniosa das forças vitais, centragem e autonomia. Perguntar-se-ia a um consulente que tenha estes dois Arcanos no seu Referencial “onde ele se encontra nesta questão?” Partindo da sua vivência, ele vai se conectar com a simbologia do Arcano... Se não há uma adequação, o Referencial pode oferecer caminhos para uma adequação através de vários tipos de terapia. |
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As lâminas são dispostas em quatro eixos que formam uma cruz de Santo André. O eixo vertical é denominado de a escada de Jacó; o eixo horizontal, a cintura ou o horizonte; a diagonal que desce da esquerda do observador, a Banda; a outra diagonal, a Barra; o espaço situado acima do horizonte, o hemisfério norte; o espaço situado abaixo, o hemisfério sul. Esta cruz gira da direita para esquerda e determina os 12 espaços chamados Casas e mais um espaço: o coração do brasão ou Casa 13, como no desenho ao lado.
As lâminas que ocupam estas casas formam juntas os aspectos (espelho, nó, dialética...) |
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Casa 1: A Personalidade |
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Esta Casa diz respeito, sobretudo, às manifestações de extravasão do indivíduo: sua personalidade, seu modo de comunicação com os outros, com seu ambiente, assim como a maneira |
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pela qual ele é percebido pelo mundo exterior.
Cálculo: corresponde ao dia do nascimento.
a. Se a data de nascimento cai entre os dias 1° e o 22° do mês, encontra-se imediatamente o Arcano maior correspondente.
Exemplo:
para um nascimento no dia 18 novembro o
Arcano correspondente será o 18, ou seja, a Lua. Já para um nascimento no dia 22 de maio, o Arcano correspondente será o Louco.
(Trata-se aqui de uma convenção, pois o Louco não possui o valor 22, porém é o vigésimo segundo Arcano maior).
b. Para as pessoas nascidas entre 23 e 31, adicionam-se os valores que compõem este número (redução teosófica ) e substitui-se o resultado obtido pelo Arcano correspondente.
Exemplos:
23 = 2+3 = 5 = O Papa;
29 = 2+9 = 11 = A Força |
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Casa 2: A Busca |
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Eis a Casa do Ideal. A lâmina que ocupa esta Casa ilustra a nossa busca absoluta, a busca daquilo que nos falta, nossa busca interior. Esta Casa é, pois, a Casa da interiorização, assim como a Casa 1 era a da exteriorização. |
Cálculo: a Casa 2 corresponde ao mês de nascimento.
Ela está situada, claro, entre I e XII, ou seja, ente o Mago e o Pendurado. Aqui, conserva-se a tradição numerológica, a do calendário gregoriano: a I corresponde janeiro; a II, fevereiro, etc. |
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Casa 3: O Pensamento. Sede dos desejos e medos |
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Aqui, encontramo-nos no domínio de verbo Pensar. É a Casa das limitações. A Casa 3 evoca as preocupações constantes do pensamento, as agitações do mental, a sombra que o intelecto lança sobre a consciência e o ser: as exigências da análise e da dualidade. A carta que aí se encontra indica sob qual ângulo nós percebemos a realidade. |
Cálculo: A Casa 3 corresponde ao ano do nascimento.É pela redução teosófica que obtemos o valor da carta.
Exemplos:
1960 = 1 + 9 + 6 + 0 = 16 = A Torre; 2000 = 2 + 0 + 0 + 0 = 2 = A Papisa |
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Casa 4: A Ação. Sede da missão existencial |
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A Casa 4 é a Casa do verbo Fazer. O Arcano que se encontra nesta posição dá indicações sobre a escolha que a vida, nossa existência nos propõem. Ele nos sugere orientações, mesmo compromissos nas áreas as mais concretas. Ela indica também nossas possibilidades de realização pessoal. |
Cálculo: a Casa 4 é o resultado da adição do ano, do mês e do dia
Por exemplo, uma pessoa nascida no dia 27 de outubro de 1945:
1° número: 27 = 2+7=9 = O Eremita
2° número: outubro = 10 = A Roda da Fortuna
3° número: 1945 = 1 + 9 + 4 + 5 = 19 = O Sol
4° número: 1945 + 10 + 9 = 1964 = 1 + 9 + 6 + 4 = 20 = O Julgamento
Atenção: A redução só é feita no final da operação. Não há redução intermediária. |
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Casa 5: A Passagem Obrigatória |
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A Casa 5 revela aquilo com que estamos sempre confrontados durante nossa existência, aquilo que deve ser resolvido. É a passagem obrigatória para que o tema funcione e para que a Casa 4 se encarne em todas as suas potencialidades. |
Cálculo: A Casa 5 é o resultado da adição dos quatro Arcanos precedentes.
Atenção: Não se adiciona o dia, o mês, o ano e Casa 4, adicionam-se apenas as quatro lâminas.
Retomando o exemplo dado:
Casa 1: 9
Casa 2: 10
Casa 3: 19
Casa 4: 20
Casa 5: 9 + 10 + 19 + 20 = 58 = 5 + 8 = 13
A Casa 5 é a quintessência dos quatro primeiros Arcanos. Denomina-se carta de síntese ou passagem obrigatória. |
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Casas 6 e 7 |
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As Casas 6 e 7 são estudadas juntas. Elas constituem um casal de opostos.
Toda exploração profunda dos Arcanos da Casa 6 e, sobretudo, da Casa 7 nos permite compreender melhor os significados dos combates que travamos. |
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Casa 6: Os Recursos |
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A Casa 6 ou dos recursos é a das qualidades inatas,dos dons, dos recursos, de tudo aquilo que podemos realizar sem nem mesmo estarmos sempre conscientes. |
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Cálculo da casa 6:
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A adição da Casa 1 e Casa 2.
Atenção: Não se trata de adicionar o dia e o mês de nascimento, mas de somar os valores numéricos das cartas obtidas na Casa 1 e na Casa 2.
Tomando nosso exemplo:
A data 27/10/1945.
Casa 1 = 2+7 = 9 = O Eremita
Casa 2 = 10 = A Roda da Fortuna
Fórmula:
{Casa 6 = Casa 1 + Casa 2}
Casa 6: Casa 1 + Casa 2 = 9 (O Eremita) + 10 (Roda da Fortuna) = 19 (O Sol)
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Casa 7: Os Desafios |
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A Casa 7 ou Casa dos desafios contém a lâmina que simboliza nossas faltas, nossas carências fundamentais, nossos bloqueios energéticos, nossas dificuldades psicológicas, os obstáculos a transpor... |
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Cálculo: já que a Casa 7, dos desafios simbólicos, representa uma falta, uma carência, a operação consistirá numa subtração.
Subtrai-se o valor da Casa 2 pelo valor da Casa 3 (ou o inverso, segundo o valor da grandeza). Diz-se que esta subtração se faz em valor absoluto.
A mesma observação que a precedente se impõe ao cálculo da Casa 7.
{Casa 7 = Casa 2 - Casa 3} ou
{Casa 7 = Casa 3 - Casa 2}
Continuando com nosso exemplo:
Casa 2: 10 = A Roda da Fortuna
Casa 3: 1945 = 1+9+4+5 = 19 (O Sol)
Casa 7: Casa 2 - Casa 3 = 10 – 19 (ou 19 - 10) = 9 (O Eremita)
Se o resultado da subtração da Casa 2 pela Casa 3 é zero, a lâmina do Tarô utilizada para significar o desafio da Casa 7 será o Louco. |
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Casa 8: Transformação: O Meteoro |
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O Arcano presente na Casa 8 indica as enérgias disponíveis durante um ano para ajudar na realização de seu Referencial. Não se trata de um destino, no sentido de previsão de acontecimento, porém de uma proposição precisa, um convite para trabalhar sobre um tema dado durante um período específico.
A Casa 8 muda entre outubro e dezembro e dá a coloração (o toque) do ano que segue.
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Cálculo: começa-se por definir o valor daquilo que se chama o Ano Universal. Trata-se do número obtido depois da redução do ano para o qual se quer conhecer a Casa 8.
Exemplo:
2009 = 2 + 0 + 0 + 9 = 11
A redução se faz na base de 9, contrariamente aos outros cálculos do Referencial onde se utiliza a base 22. Porém, se o resultado da redução é 11 ou 22, não se procede a uma nova redução, conserva-se este número, chamado na nemerologia clássica: Número Mestre.
Acrescenta-se ao valor do Ano Universal o valor da Casa 6 do indivíduo.
Casa 8 = Casa 6 + Ano Universal
Tomando nosso exemplo:
Casa 6: 19 ( O Sol)
Ano Universal: 2010 = 2 + 0 + 1 + 0 = 3
Casa 8: 19 (Casa 6) + 3 Ano Universal) = 22
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Casa 9: Si mesmo (o Eu), Êxito |
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A Casa 9 é a Casa de Si mesmo (do Eu – Eu Sou). O Arcano que ela contém representa a parte mais essencial do indivíduo, aquela parte que só se exprime raramente, seja nos sonhos ou nas suas cirações inconscientes. Este Arcano vibrará no seu mais alto nível naqueles que conseguiram realizar seu destino,sua missão, conscientemente.
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Cálculo: obtém-se a Casa 9, adicionando a Casa 6 (recursos) com a Casa 7 (desafios). A Casa 9 só se exprime quando há uma supremacia da Casa 6 sobre a Casa 7, ou seja, o indivíduo faz triunfar seus recursos sobre seus desafios.
Retomando nosso exemplo:
Casa 6: 19 (O Sol)
Casa 7: 9 (O Eremita)
Casa 9: 19 + 9 = 28 = 10 (A Roda da Fortuna)
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Casa 10: Fracassos e Experiências |
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Esta é uma das Casas da sombra.
O Arcano que ela contém fornece indicações sobre os domínios nos quais o indivíduo conhece habitualmente o fracasso (O Imperador, fracasso na matéria, A Lua, no emocional, A Imperatriz, na expressão, O Pendurado, na confiaça...). Mas esta noção de fracasso não deve ser abordada como fatalismo, mas sim como uma experiência ainda não realizada.
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Cálculo: a Casa 10 se obtém fazendo uma subtração entre o número da Casa 9 e o valor 22, qualquer que seja a ordem desta subtração:
Exemplo:
10 – 22 = 12; 22 – 10 = 12
Caso particular: se a Casa 9 for igual a 22, admite-se que a Casa 10 é também igual a 22. São, então, os dois aspectos muito contraditório do Louco que estarão em conflito:
Sabedoria / Loucura
Caminhada / Caminhar a esmo
Originalidade / Marginalidade |
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Casas 11 e 12 |
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Estas duas casas também devem ser estudadas juntas, pois contêm os Arcanos memórias do indivíduo. Memórias antigas para a Casa 11, memórias do futuro para a Casa 12 |
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Casa 11: Captador, registrador das memórias do indivíduo |
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A lâmina que ocupa esta casa simboliza as aquisiçoões do indivíduo: qualidades, dons inatos, herança cármica, genética ou genealógica com as quais ele veio ao mundo e sobre as quais ele pode se apoiar para evoluir. Porém, paradoxalmente, elas podem também constituir um freio. |
Cálculo:
adiciona-se as três lâminas do hemisfério Sul, ou seja, as Casas 7, 3 e 10. Estas três casas reúnem as maiores dificuldades do indivíduo, seu desafio, os conteúdos de seu inconsciente e suas experiências de fracasso. Sua síntese na Casa 11 faz desta última a fonte dos conflitos originais do indivíduo.
Tomando nosso exemplo: 27/10/1945
Casa 11 = 9 (Casa 7) + 19 (Casa 3) + 12 (Casa 10) = 40 = 4 |
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Casa 12: Valor pessoal de transmissão |
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O Arcano presente nesta casa representa o ideal, força magnética considerável. Ele dá a energia que permitirá ao sujeito de se projetar para o futuro, é indicativo do destino do sujeito ou, pelo menos, da imagem que ele deixará dele mesmo à posteridade. Ele representa o patrimônio espiritual e os valores que o sujeito transmitirá a seus descendente, chama-se, então, valor pessoal de transmissão. |
Cálculo: obtem-se pela adição dos três Arcanos do hemisfério norte, ou seja, as Casas 6, 2 e 4.
Tomando nosso exemplo: 27/10/1945
Casa 12 = 19 (Casa 6) + 10 (Casa 2) + 20 (Casa 4) = 49 = 13
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Casa 13: A problemática, “O Coração do Brasão” |
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A décima-terceira casa do Referencial, chamada Coração do Brasão, sintetiza o conjunto de um tema. Ele representa o paradoxo fundamental da pessoa, constitui a problemática fundamental do indivíduo, ou seja, a fonte de suas dificuldades, mas também sua capacidade de resolvê-las. Com este Arcano, nós nos encontramos no centro, no coração do problema, nós nos aproximamos da natureza profunda, essencial e paradoxal do indivíduo. |
Cálculo: obtém-se o arcano do Coração do Brasão adicionando as lâminas dos eixos vertical e horizontal:
Eixo horizontal, cintura: { Casa 9 + Casa 2 + Casa 5 + Casa 4 = A}
Eixo vertical, escada de Jacó: { Casa 11 + Casa 3 + Casa 5 + Casa 1 + Casa 12 = B}
Coração = A + B
Tomando nosso exemplo: 27/10/1945
Escada de Jacó: 4 + 19 + 13 + 9 + 13 = 58
Cintura: 10 + 10 + 13 + 20 = 53
Coração: 58 + 53 = 111 = 1 + 1 + 1 = 3. |
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A ilustração ao lado mostra as cartas obtidas no exemplo de uma pessoa nascida no dia 27/10/1945, com os Arcanos correspondentes às treze casas.
Apresenta-se o Referencial de Nascimento ao consulente, dando-lhe espaço e oportunidade para que ele, segundo sua sensibilidade e experiência, entre em contato com a simbologia do Arcano...
O papel do praticante do Referencial de Nascimento é, sobretudo, de escuta sem julgamento, de respeito e de humildade e, com seu conhecimento da simbologia do Tarô e da estrutura do RN, levar o consulente construir uma ponte entre a sua vivência e a simbologia do Tarô para que ela possa compreender seus conflitos e descobrir seus potenciais e o projeto existencial que a vida lhe propõe.
O Referencial de Nascimento, além de ser um suporte no desenvolvimento pessoal, é uma ferramenta num processo terapéutico. O ser encontra o equilibrio e a cura se ele harmoniza os diferentes planos que o constitui. Segundo minha experiência, o Referencial de nascimento é uma grande ferramenta neste processo. |
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Bibliografia |
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Georges Colleuil, Le Référentiel de Naissance – Éd. Arkhana Vox – 2006
» , Tarot l’Enchanteur – Éd. Arkhana Vox – 2005
» , La Fonction Thérapeutique des Symboles – Éd. Arkhana - 2005 |
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novembro.09 |
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