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As mudanças: uma reflexão sobre destino e livre arbítrio. |
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Luiz Felipe Camargo Pinheiro, |
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psicólogo de orientação junguiana,
especialista em
psicoterapia junguiana coligadaà trabalho corporal,
tarólogo e professor do simbolismo relacionado ao tarô |
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Começo o seguinte texto contando uma história ao leitor. Acredito que este texto tem sua origem pouco tempo depois da mesa redonda realizada na Livraria Cultura que abordou este assunto. |
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Confesso que apesar de sua origem ser antiga, ele levou um certo tempo para ser elaborado, ainda que o tema estivesse constantemente nas órbitas de minha mente. A idéia ficou guardada em minha cabeça, mas sem tomar forma. |
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Pintura de um autor não identificado |
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Um dia desses, em meio a uma leitura de tarô, surgiu a faísca que talvez faltasse. Percebi que tinha chegado à esperada hora de encarar novamente a questão destino-livre arbítrio. A centelha surgiu num jogo em forma de cruz e com três cartas como resposta, sendo uma a resposta principal e duas respostas auxiliares. No caso, não falarei sobre todas as cartas do jogo, abordarei somente as cartas de resposta, que são as seguintes: |
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Resposta principal – O Hierofante, |
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Respostas auxiliares – A Roda da Fortuna, A Torre. |
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Acredito que seja importante que o leitor saiba que se tratava de um jogo de relacionamento.
Vamos começar a tatear o assunto através de uma das repostas auxiliares. Mais especificamente, a Roda da Fortuna, que sugere que esta pessoa ainda passaria por muitas mudanças e por um período de grandes instabilidades. Percebemos que ela deveria estar preparada para um período de confusão e com dificuldades para recobrar seu centro. Ainda que houvesse períodos melhores, estes não seriam um porto seguro, ou o destino final, pelo menos por enquanto. |
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Agora vamos olhar para a outra resposta auxiliar, no caso A Torre. Este arcano também aponta para uma mudança repentina, brusca e nos faz pensar acerca de possíveis perdas daquilo que a pessoa realmente se importava ou almejava. |
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Ambas as cartas falam sobre mudanças e transformações profundas. Tais mudanças se apresentam de forma inesperada, muitas vezes vem do meio externo e obrigam uma conseqüente mudança interna em nós. Em minha reflexão me pergunto, será que as mudanças sugeridas por estas duas cartas não são semelhantes à idéia de destino? O destino, que muitas vezes nos obriga a mudanças inesperadas e profundas? Não é o destino que muitas vezes nos apresenta dados ou realidades novas e nos deixa sem chão, sem base e nos obriga a encontrar outras formas de viver? |
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Quando nos encontramos nestes momentos, parece que não existe nada a ser feito, tentamos nos proteger e nos segurar nas pequenas coisas que nos restaram (Roda da Fortuna), ou mesmo, por mais que seja uma idéia contrária, devemos simplesmente nos soltar, relaxar e deixar que as próprias mudanças nos conduzam (torre). Para mim, ambas as cartas trazem uma idéia de destino. Um destino que se apresenta com força e pedindo que eu seja capaz de empreender alguma mudança em minha personalidade. |
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Por outro lado o jogo que citei traz a carta do Hierofante como resposta principal. No meu entendimento é uma carta que também fala sobre mudanças. Porém estas mudanças são de uma ordem bem diferente das que foram tratadas até o presente momento. Trata-se de uma carta que sugere uma revisão de valores, onde a pessoa deve se conectar com aquilo que existe de mais numinoso, divino e sagrado dentro dela. É uma carta que nos lembra de uma grande força que todos nós carregamos internamente e que pode nos ajudar a nos transformarmos em uma pessoa melhor, ou pelo menos, mais em contato com o poder divino existente dentro de nós. Ora, se o homem é dotado da capacidade de reconhecer aquilo que é importante e elevado dentro de si mesmo e de alguma forma, é capaz de buscar e cultivar isto gerando mudanças, então podemos entender que somos dotados de livre arbítrio, não é mesmo? |
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A grande sacada deste jogo é a de perceber que as mudanças vão acontecer, quer queira ou não (idéia de destino), mas em meio a todas as mudanças que o jogo apresenta, ele confere a possibilidade de poder se orientar segundo os valores mais elevados e divinos que existem dentro de mim (idéia de livre arbítrio). |
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Em termos desta reflexão sobre destino e livre arbítrio diria que a grande sacada é ser capaz de enxergar os dois de forma que uma idéia não exclua a outra. Ou seja, precisamos entender que as duas forças existem e constantemente estamos em contato com elas. Talvez em alguns momentos sendo mais regidos pelo destino, talvez, em outros momentos, regendo pelo meu livre arbítrio. Mas sempre os dois se relacionam e a vida humana se dá justo no ponto de encontro dessas duas naturezas. |
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junho.11 |
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