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Mudanças e adaptações |
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Por Flávio
Alberoni |
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Nota do Editor. Para compreender o princípio dos pares de arcanos que o Autor menciona nos textos a seguir, consulte Oswald Wirth: Indícios Reveladores |
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Não sei onde li que passamos por muitas mudanças na vida, mas essa afirmação é falsa. São apenas adaptações de nosso modo de vida. Mudança mesmo não ocorre. Há um processo de escolha e de adaptação a essas novas escolhas. Mas a grandeza somada é a mesma que a da situação anterior ao processo.
O que se espera da natureza humana é um processo de transformação, não uma simples mudança – isso na falta de um outro vocábulo. E também se houver coragem. Pois somos comumente covardes para enfrentar a mudança transformativa que a vida nos exige, pois nos unimos demais, somos sócios demasiados da realidade que está a nossa volta. |
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Dois Arcanos em particular (do meu ponto de vista) regem o processo de transformação e são justamente os que – em muitas tradições – não têm nome ou número: O Arcano 13 ("Sem nome" ou "Morte") e o Arcano o 0 ou 22 (O Louco). O primeiro ataca o que D. Juan nos diz ser o nosso inventário, destruindo-o, e desta maneira provocando uma separação imediata entre nós e o ambiente.
Perdemos, por uma ação direta, nosso contacto com o mundo pois os nossos apegos vão para o beleléu. |
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O mesmo vale para o Arcano 22, mas neste caso não há um esforço imediato para se conseguir o resultado do Arcano 13. A pessoa age de uma certa maneira, na linha do menor esforço, e como resultado de uma experiência já adquirida.
Gosto do Arcano 22 pelo seu caráter não obsessivo, que o leva a recorrer à sua bagagem (a sacola às costas) apenas quando necessário. |
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Já o arcano 13 se desfez de tudo. Não há retorno. E sua associação com as ligações cármicas é profunda. Mas, não se pode esquecer que as atitudes do 13 são limitadas pelo senso de oportunidade (relação com o Arcano 10, A Roda da Fortuna), caso contrário suas ações caem no vazio.
As somas algébricas (1 + 3 = 4 e 2 + 2 = 4) de ambos os Arcanos invadem a seara do Arcano 4, o Imperador, e com isso destroem facilmente (facilmente?) nossas rotinas. |
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Uma dose, pode-se dizer, exagerada, de coragem é exigida para enfrentar até a si mesmo em todo o processo.
Lembrei-me agora. Estas reflexões surgiram após a leitura de um capítulo do Osho, Psicologia do Esotérico. Se você se interessar, eu procuro por ele. |
jan.07 |
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A sombra e o caminho de superação |
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Por Flávio
Alberoni |
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"Acho super-legal o Alberoni utilizar o Tarot e visualizações para dar "toques” nas pessoas. Ajuda o consulente "ver" o que está no seu espírito e no coração encoberto pelo véu da personalidade.
As imagens do Tarot e os símbolos parecem funcionar como "distração” para o Ego que, focado no apelo das imagens, baixa as guardas e permite que a "pessoa” consiga enxergar com clareza o que o véu (o medo, a auto-estima, o orgulho) impedia.
Ao tomar consciência, a pessoa "se liberta” de suas limitações ou amarras; consegue vislumbrar saídas.
Se vai segui-las ou não... Ah, isso já faz parte de outra etapa do processo, não é?
Como no Sítio do Pica-Pau Amarelo: “Isso é uma outra história que fica para uma outra vez”.
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Comentário recebido pelo Clube do Tarô
sobre os trabalhos de Flávio Alberoni.
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Uma senhora me procura através de outra pessoa. (Eu não a conheço). Sente-se frustrada em seu trabalho, mas com condições (a seu ver) de ocupar cargos de maior responsabilidade. Não conseguiu, porém, no decorrer da vida que a indicassem para cargos assim. Via de regra recebe postos subalternos. |
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Quero mencionar primeiro o símbolo que consegui visualizar: uma mulher meio triste e um tanto frustrada, com a coluna declinada como se estivesse contemplativa, frente a um caminho estreito e meio fechado por arbustos. Não quer ir por ele, mas não há outro visível. Visível, pois só verá o outro (ou os outros) após enfrentar esse primeiro e trilhá-lo. Quando o faz - e este é o nosso exercício para ela - verá outros caminhos e o Sol vai brilhar, pois onde se encontra está escuro. |
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Se não busca
com ousadia tudo se fecha
e os caminhos se tornam obscuros
e as margens das trilhas confundem-se com a paisagem.
Se o faz sem discernimento,
sua corrida será contra uma parede,
embora o caminho límpido
esteja a sua frente e a leve bem além
de si mesma. |
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Se sua ação é correta,
apenas espere. O tempo
como entendemos não é somente nosso
e tem o seu ritmo próprio na vida.
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De acordo com os arcanos 8, 13 e 3, trata-se de uma mulher madura, de bom senso e atitude firme perante a vida (8). Passa por um momento difícil (13), no qual o resgate cármico é evidente. Sofre uma série de - a seu ver - humilhações (3), pois acha (e acha certo) que merece mais do que ao cargo que ocupa. Sumamente inteligente (3), pesquisadora (3), analítica (3) e frustrada quanto às suas metas (3 invertido). Não consegue esconder essa decepção (13), pois sua mente é boa e tem uma tendência contestatória inata, seja pela expressão ou pelo comportamento (13). |
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A soma dos números dos dois primeiros arcanos retirados (8 + 13 = 21. O Mundo) indica uma pessoa impaciente, esfuziante, simpática e que busca sempre um lado sintético das coisas apesar da mente analítica (13 e 3). A soma dos dois arcanos finais (13 + 3 = 16. A Torre), revela que há uma certa impaciência e pouca aceitação de seu próprio destino.
Sua sombra é obtida pela adição de 21 + 16 = 37 -> 3 + 7 = 10. A Roda da Fortuna. Esse resultado fortalece a impaciência e não a aceitação.
O ritmo a se impor é o 16, arcano da cura (= 10 + 6). O que vale dizer: aceitação de si e do que lhe acontece.
Nada para fazer de imediato. É uma pessoa bastante afetiva e conflituosa por excelência (6), que dissipa sua energia com conflitos e processos indecisos, o que lhe diminuem a energia e torna o seu poder pessoal enfraquecido. É ambiciosa (13 e 10), contestadora (13, 16) e esconde muito o que tem dentro de si. Busca demonstrar uma afetividade, uma simplicidade, uma meiguice que não possui de fato. Isso não a diminui, mas são suas armas para enfrentar... a vida.
Um alternativa para ela é buscar ajuda de si mesma e até dos pretensos adversários. Nada vai conseguir sozinha e isso é uma prova para a sua auto-imagem orgulhosa e senhora de si. Um de seus grandes problemas é não ter um foco definido, uma meta (3 invertida) e, com isso, não consegue alimentar sua essência com algo direto, pragmático e sem conflitos: a natureza do 6 o impede. De imediato: esquecer suas metas (suas ambições), fazer o melhor possível do momento presente para que, quando ultrapassado o caminho aparentemente inóspito, ela consiga ver os outros.
Em verdade, ela tem de merecer ver os outros. |
Conclusão: uma pessoa com muitos dons, mas que precisa de um grupo espiritual para drenar a energia exagerada que recolhe de sua personalidade e afeta o seu comportamento e suas metas. Sem um grupo - ou sem um exercício direto de meditação - vai ser difícil. Note que o arcano 2 (A Papisa) não aparece, pois ela nem pensa de fato, com firmeza, na ajudas possíveis. O seu mestre é bastante severo (é uma mestra) e vai fazê-la andar bem devagar. Que ela se prepare a cada passo.
Ajuda direta: homeopatia. Outra ajuda: arte marcial. Não Yoga, arte marcial. Algo que lhe dê concentração mental, propósito, e ao mesmo tempo veicule o excesso de energia para fora a fim de não bagunçar dentro de si. |
dez.06 |
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17. A Estrela: esperança
e fé |
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Por Flávio
Alberoni |
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O arcano 17.
A Estrela é basicamente aliado à esperança
e à fé. Sempre relacionei esta sensação
à uma mudança de patamar. Se você tem um conflito,
representado pelo arcano 6. O Enamorado,
após resolvê-lo você muda de patamar. |
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Lembre-se de que o 17 é oposto
ao 6, quando as cartas são vistas na disposição
circular.
O conhecimento adquirido incorpora certeza
sobre o assunto e isso reflete na fé. Porém, dadas
as características do arcano há um aporte também
de esperança, onde alguém, ou algo, pode acontecer
para melhorar ainda mais o objeto em estudo ou as suas aspirações.
Além do conhecimento. Além do que a mente recebeu
e limitou. |
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Veio-me um insight, num dia desses, que
me satisfez muito: fazemos parte de um organismo vivo. Somos uma célula,
ou um órgão, como queiram, desse organismo. E recebemos
a energia que promana deste organismo. Isso é fé. |
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A esperança é que de
algum modo – por comunicação direta (21.
O Mundo), pelo auxílio de alguém
(4. O Imperador),
pelas circunstâncias do destino (10.
Roda da Fortuna) – este organismo nos
dê, de alguma maneira, mais energia. A suficiente para
conseguirmos o que desejamos de imediato.
Quando tal comunicação
é feita, tomamos consciência de nós mesmos
(11. A Força)
e sabemos o que podemos (18. Lua)
realmente reivindicar de melhor. |
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E o "motor" que nos leva a caminhar
é o desprendimento (8. A Justiça). |
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A relação do arcano
17 com o 8 (1 + 7 = 8) e deste com o oposto, ou seja, o arcano
15. O Diabo e
deste, por sua vez, (1 + 5 = 6) com o 6.
O Enamorado (como já vimos, oposto ao
17) é estreita e fundamental.
A fé do arcano 12.
O Pendurado, é diferente ou, pelo menos,
a maneira de encarar a fé é diferente. Consiste
numa ação inspirada pela aceitação
total de um altar (Cristo, Buda, sua igreja, seu família)
e pela certeza de que nunca irá lhe faltar.
A ação desintegradora
do 12 exige um altar. Daí
o seu apostolado. Sem este altar teremos o esquizofrênico. |
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Que os psicólogos de plantão
me ajudem, por favor. |
set.06 |
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Arcanos 10 e 13: mudanças |
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Por Flávio
Alberoni |
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Observei que a energia dos arcanos funcionam
não apenas como possibilidades, são ordens mesmo do
Poder que nos dirige. |
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Estava trabalhando sobre o arcano
10. Roda da Fortuna
e o seu oposto, 13. o arcano
sem nome (ou Morte).
O Arcano 10 rege a disposição
intrincada da energia onde há uma abertura ocasional
e repentina para mudança de estado. E as mudanças
– ocorreu-me – as mudanças reais, via
de regra são repentinas, pois quando não
o são, nossa mente cria adaptações
ilusórias (olha a proximidade com o 11.
A Força) que nos fazem pensar que
há mudança e estas em verdade não
ocorrem. Só que, para que a mudança ocorra,
a modificação do ser tem de tornar-se corajosa,
pois deve destruir um esquema elaborado e incorporado
como rotina. Daí o Arcano 13 (oposto
ao 10), forte e exigindo isso. |
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Veja bem. A rotina é um processo
que o Arcano 4. O Imperador
(13 --> 1 + 3 = 4) incorpora bem, para
proteger o Arcano 19. O Sol (19
--> 1 + 9 = 10). Pode-se considerar, que
a lei (4) proteje o verdadeiro e puro cidadão
(19). Só que um 4 exagerado
cria rotinas exageradas que o estrangulam e impedem sua respiração.
A mudança só ocorre
com a ação exterior – 10. Se não,
nada feito. Observe o quadrado 4,
19, 10 e 13. Todos rajas, e todos
dão uma soma de 10 e 4 entre si – 2 a dois. Quando
o 4 é bem dirigido ele proteje e não
impede a liberdade do 19. E quando este surge,
muda o destino (1 + 9 = 10, ou seja, ação do destino). |
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O outro insight que me veio é que
estamos mergulhados em uma fonte de Poder e o que nos afasta
desta fonte é o que D. Juan chama de
tonal. Ele pode muito bem ser representado
pelo arcano 4. O Imperador. Este 4 nos
protege e nos limita ao mesmo tempo desta fonte. E a abertura
tem de ser gradativa, para que o Poder não nos massacre
com a sua luz.
E também deve ser uma abertura bem
programada, pois se ocorre em alguns pontos apenas, é
por lá que essa energia maior entra e quebra toda a harmonia
(ou pseudo harmonia, ou segurança) que o 4.
O Imperador, conseguiu. |
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Nossa função
é não ativar um ponto determinado. É
introduzir elementos para que haja uma limpeza nesse 4,
maturando todo o conjunto para que que quando o 10
apareça na vida do indivíduo a oportunidade
seja reconhecida. E quando reconhecida, aproveitada. Fazer
mais que isso é perigoso e nunca será nossa
função grupal.
Interessante, pois, fugir dos chamados
desenvolvimentos mediúnicos.
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jul.06 |
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