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O baralho, lá em casa |
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O mero fato de ver uma caixinha ou estojo Copag já me evoca clima de férias ou dias de folga, e traz à memória a mesa grande da casa de Taubaté ou uma mesa qualquer em casa de praia ou beira de piscina; chuva ou noite quieta lá fora... e um grupinho familiar, reunindo pessoas de 8 a 80 anos, jogando e rindo em volta da mesa. |
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Nós, lá em casa, sempre gostamos de jogos em que as pessoas se reúnem, se divertem e usam a cabeça, por isso tivemos vários daqueles de tabuleiro; alguns deles nós temos e jogamos há quase 4 décadas. Mas um baralho é imbatível, porque é algo pequeno e prático, como objeto, e inteiramente mutante e adaptável, como jogo. Podem jogar de 2 a cerca de |
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8 pessoas (mais do que isso fica bagunçado demais), e o jogo pode ser “nível 1”, quando se está querendo entreter e valorizar uma criança, ou nível “recreação básica” – o indefectível buraco, que gregos e troianos conhecem e gostam de jogar – ou algo mais “hard”, para os fortes, como truco, pôquer, esbórnia... Gente, vocês conhecem o jogo esbórnia (também chamado de “porra”, entre os íntimos)? É pura estratégia, e é uma delícia. |
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Eu sou a única da família que se aproximou daquela versão completa do baralho que se chama tarô. E tenho um sobrinho que joga pôquer a dinheiro – o dinheiro é de mentirinha, virtual, mas o jogo é de verdade, jogado com estranhos na internet, com forte motivação para ganhar. Esses são os extremos de comportamento, os “desvios da norma”, na família. Isso porque nós tínhamos duas balizas, não explícitas, mas firmes. De um lado, a duradoura raiva da minha avó contra jogatina |
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– resultado de uma juventude cuidando de uma penca de filhos, com parcos recursos, enquanto o marido gastava tempo e preciosos trocados jogando com amigos, no fim do dia – nos incutiu um grande pejo de jogar a dinheiro. De outro, a total incredulidade do meu pai, um gozador que não acreditava nem em Deus nem no diabo e considerava falta de inteligência qualquer crendice, superstição ou mancia, nos imunizou contra curiosidades nessa seara. |
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Eureka! Agora percebo que é possivelmente por isso que eu não me sinto inclinada, até hoje, a usar os Arcanos Menores em tiragens de tarô. Se já me foi difícil “engolir” que os Arcanos Maiores de fato funcionem como mancia, eles que são um fascinante alfabeto simbólico, imagine usar cartas de brincar para fazer tiragens! Fica incongruente, para mim, quase como se eu pegasse as coloridas letras de plástico de um brinquedo antigo do meu sobrinho para escrever meu currículo, ou algo assim. |
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Vamos jogar um baralhinho? |
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julho.11 |
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