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Notas sobre IHVH, o Tetragrama |
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Quando expôs o Arcano IV, o Imperador, Mebes evocou o impronunciável nome de Deus e relacionou-o a muitos quaternários: aos naipes, direções cardeais, aos animais da esfinge, e |
aos elementos. Poderia prosseguir. Estas analogias podem ser úteis, mas é preciso verificar a composição do conjunto. O autor sabe que um quaternário formado por 1+3 é diferente de um formado por 2+2. Ora, o tetragrama é formado por três letras (yud, vav e hei) sendo que a última se repete na segunda e na quarta posição.
Isto tem significados que é preciso aclarar, e sem querer desvendar todos, apresentamos aqui um aspecto importante. |
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Pesquisa cabalística |
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Todos os métodos e meditações criados pelos cabalistas judeus foram idealizados para esclarecer e aprofundar os significados dos textos sagrados. Os estudiosos racionais da Torah ficaram intrigados com as duas versões apresentadas no Bereshith (Gênesis) sobre a Criação do Mundo nos dois primeiros capítulos. Concluíram que os textos bíblicos foram elaborados ao longo do tempo e compostos a partir de diferentes fontes: eloísta, javista, sacerdotal, etc. Os cabalistas ofereceram outra versão: os dois primeiros capítulos representam fases de um mesmo processo. No primeiro capítulo é exposta a ação divina no mundo de Beriah (Criação), e aí Deus é apresentado com o nome de Elohim. Trata-se do mundo celestial e o ser humano foi criado hermafrodita, à imagem e semelhança de Deus. No segundo capítulo a ação se desloca para o mundo de Yetzirah (Formação) e Deus é então nomeado como YHVH. A expulsão do Paraíso sinaliza a entrada no mundo de Assiah (Ação), o mundo sensorial onde vivemos e os nomes de Deus proliferam, multiplicam-se enormemente |
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A Árvore da Vida, os quatro Mundos e os nomes de D'us |
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Voltando nossa atenção para o segundo mundo, onde Deus opera como YHVH, verificamos que ele forma Adão do barro (num belo jogo de palavras, Adam e adamah) e lhe insufla o nefesh, o sopro vivente. Entre outras coisas, o nome YHVH simboliza um processo respiratório completo, sendo que para o ser humano o Yud inicial significa a inspiração que é o primeiro passo da entrada do feto em nosso mundo sensorial. Os dois heis do Nome sinalizam as pausas essenciais onde ocorrem as reações bioquímicas vitais da absorção do Oxigênio e da eliminação do dióxido de Carbono. Agora sabemos que para que o processo ocorra é necessária a presença de hemoglobina no sangue, molécula orgânica onde o ferro é essencial. |
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Combinações numerológicas |
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Por uma destas surpreendentes coincidências o Nome YHVH soma 26 (10+5+6+5) o número atômico do ferro! E a soma destes números resulta em 8, o número atômico do Oxigênio. Ressaltamos ainda que a soma dos elementos químicos do dióxido de Carbono resulta em 22! A respiração é vital para a existência dos entes vivos, mas que significado tem para a esfera divina? Talvez seja um imenso esquema rítmico que permeia todo o Universo e até presida a criação e destruição dos mundos. Neste caso os dois heis significariam os tempos da eternidade quando a Deidade está absorta e coisas essenciais ocorrem na escuridão. |
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Os nomes divinos também foram correlacionados com as Sefirots da Árvore da Vida. O Nome YHVH coube a Sefirah Tifereth, que ocupa o centro do diagrama e no corpo humano está relacionado ao coração, órgão que funciona ritmicamente e é responsável pela distribuição do Oxigênio e demais nutrientes pelo corpo. Além disto Tifereth (A Beleza) é mediadora entre Chesed (Misericórdia) e Gevurah (O julgamento severo), isto é, ela é a benevolência inteligente, a potência divina que permite a Redenção.
O mundo de Yetzirah (Formação) é sutil, psíquico, intermediário; é o mundo das combinações, das polaridades, dos desejos e imaginação. É um mundo fascinante e hipnótico, perigoso com suas miragens e imagens invertidas, uma prisão para quem almeja a experiência de Beriah (Criação), o mundo celestial. Nossos centros – emocional e intelectual – são formados com a substância deste mundo intermediário e é por este motivo que as artes mânticas funcionam e ocorrem fenômenos telepáticos: entes e forças estão em conexão, o passado e o futuro potencial estão presentes simultaneamente. |
Nos comentários que elaborou e publicou sobre o Sefer Yetzirah, Arieh Kaplan mostra como os cabalistas judeus usavam as letras do Nome YHVH, combinadas com as vogais e demais letras do alfabeto hebraico, para produzir práticas meditativas potentes. Elas ajudam a atravessar o mundo intermediário com segurança. |
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Neste tempo de turbulências é uma ajuda extraordinária para experimentarmos “A paz que transcende a compreensão”, enquanto o “mundo das dez mil coisas” é sacudido por tormentas. |
Muito mais poderia ser dito sobre o significado do Nome, mas daqui em diante é a experiência de cada um somada à intuição intelectual que deve conduzir a investigação. Que as asas de IHVH nos protejam. |
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Referências |
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“A paz que transcende a compreensão” é uma fórmula que aparece em diversos Upanishads. “O mundo das dez mil coisas” é uma referência taoísta para o nosso mundo sensorial. As “asas de IHVH” aparecem nos Salmos.
Para o leitor interessado na história da mística judaica indicamos os livros de Gershom Scholem, os principais publicados pela Ed. Perpsectiva. O livro de Arieh Kaplan foi traduzido pela Ed. Sefer e apresenta 4 versões do Sefer Yetzirah com ricos comentários |
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fevereiro.09 |
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