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Animais nos horóscopos e no Tarô - do simbólico ao holocausto |
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Alguém buscou animal de Poder no horóscopo chinês e asteca, encontrou o Coelho, que há muito tempo deixou de vivenciar naturezas da sua essência. Hoje, engaiolados e com pouco tempo de vida, coelhos são “produzidos” para a extração de pele e pesquisa. Nem o orixá Ibeji consegue protegê-los do holocausto que abrange quase a totalidade dos bichos. Atributos simbólicos do Tigre também foram enfraquecidos para ser considerado animal de Proteção. Ele está sendo protegido da extinção, em zoológicos. |
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A natureza e os hábitats foram alterados. Cruzamento de raças e aprimoramento genético modificam bichos originais e referenciados nas artes ocultas. Com isso, tradicionais animais místicos do horóscopo parecem migrar para o mítico, o fabuloso, o lendário. A mesma observação vale para os baralhos de tarô. |
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Esculura “Vache Fondante”, em Budapeste, Hungria. |
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Inspirado em um jogo criado no Brasil, há 125 anos, o tarólogo Jorge Purgly, lançou o Tarô do Jogo do Bicho para “atrair sorte no amor e no trabalho, através da interpretação dos sonhos pelo jogo do bicho no tarot.” Se o consulente sonhou com a realidade comercial da vaca e do porco, poderá investir nesse mercado e se dar bem. Dados do IBGE informam que o Brasil abateu 29,67 milhões de cabeças de bovinos em 2016. O abate de porcos aumentou em relação a 2015. Mas é preciso fechar bem os olhos para não ter pesadelo diante do holocausto vivido pelos animais da indústria da carne, para o amor proposto pelo jogo não ficar no campo da compaixão. |
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A ilustradora Lisa Hunt se inspirou na mitologia de vários povos para criar o Animals Divine Tarot. Divino mesmo é o mercado de animais, que engloba função espiritual, projeção de arquétipos, aparato psicológico na dominação e convivência. Nem por isso, bichos deixam de servir como carne, produtos utilitários, matéria-prima, pesquisa industrial e acadêmica, entretenimento, publicidade. Notícias (como este artigo), livros e ocultismo também são mercadológicos. |
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Estão em crescimento os diversos ramos animais e as artes místicas. O mercado pet levou cães e gatos à visibilidade popular. Também fortaleceu o antropocentrismo e as especialidades entre bichos. Afinal, os reinados animais mudam de acordo com necessidades e vontades (solares), que imperam sobre a Imaginação (lunar). |
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Esboço de cartas do Tarô do Jogo do Bicho e reproduções do Animals Divine Tarot |
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A imaginação defende que o misticismo oferece, atualmente, o Poder e a Proteção de animais destruídos. E questiona se horóscopos e tarôs podem amenizar, de alguma forma, a atual violência institucionalizada com bichos. A Vontade dos homens já tem respostas prontas. Mesmo se houvesse essa intenção, nem todos os consulentes defenderiam a abolição animal, nem o bem-estar das espécies. A história ainda registra que forças dominantes já impediram a atuação transformadora dos místicos. Bruxas e sacos de gatos jogados na fogueira, mas renasceram como o pelicano (fênix) do tarô alquímico. No entanto, continuam tirando o próprio sangue para alimentar os filhos das suas imaginações, ou ideais coletivos. |
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60 animais universalizados |
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Horóscopos e tarôs de diferentes épocas e regiões apresentam conteúdos universalizados. Existem várias universalidades no mundo. O ponto em comum são os mesmos animais citados até seis vezes. Confira. |
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Horóscopo chinês. Lunar, matriarcal e oriental, oferece opções para animais de uma mesma família. Rato ou Camundongo, Boi ou Búfalo; Tigre; Coelho; Dragão; Cobra ou Serpente; Cavalo; Cabra, Bode ou Carneiro; Galo ou Galinha; Macaco; Cão; Porco ou Javali. A cada 60 anos, Cavalo de Fogo. |
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Sem pássaros e peixes, foi adaptado por alguns países. Na Tailândia, mesmo com características bem distintas, o Gato substitui o Coelho. A Vaca ocupa o lugar de Boi; o Pequeno Dragão no lugar da Serpente. No Japão, foram supridas as opções e permaneceram o Boi, o Carneiro e Javali. A Pantera substituiu o Tigre chinês na Mongólia. Na Pérsia, Crocodilo no lugar do Dragão. |
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Horóscopo Asteca. Solar e lunar, divide-se em 20 signos representados por vegetais, símbolos sagrados e 10 animais: Crocodilo, Lagarto, Serpente, Veado, Coelho, Cão, Macaco, Jaguar, Águia e Abutre. |
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Horóscopo Xamânico. Criado por indígenas norte-americanos, cada signo corresponde a um tipo de vento (postura interna do Ser) e uma direção (meta espiritual). É complementado por 12 animais: Ganso, Lontra, Lobo, Falcão, Castor, Cervo, Pica-pau, Salmão, Urso pardo, Corvo, Serpente, Coruja. |
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Escultura de cobra, com materiais descartáveis, de Natsumi Tomita. |
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Tarô alquímico: Coelho, Salamandra ou Lagarto, Sapos, Rãs, Peixes, Lobo, Leão, Pelicano, Águia, Cobra, Baleia e outros. |
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Baralho cigano – Cobra, Pássaros, Raposa, Urso, Cegonha, Cão, Rato, Peixes. |
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Horóscopo Indígena Brasileiro, HBI. Os lendários Saci (Curumim), Serpente Deusa Negra (Boiúna), Sereia, Fada e Dragão dividem espaço com o Veado, Macaco, Boto ou Peixe, Cobra (Boitatá), Papagaio (urutau), Passarinho, Cegonha (Guanambi). |
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Animais de Orixá. Na cultura Yorubá, cada Orixá protege um ou mais animais, em diversos mitos e rituais. O Papagaio é protegido de Oxossi; Passarinhos – Logun Edé; Galo – Ossaim; Cobra – Oxumarê; Cavalo – Omolu; Coruja – Nanã; Peixes – Iemanjá; Galinha – Oxum; Búfalo – Yansã; Leão – Xangô; Águia – Euá; Galinha d´angola branca – Obá; Coelho – Ibeji; Pombo – Oxaguia; Elefante – Oxalufan. |
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Tarô do Jogo do Bicho. Com finalidade essencialmente comercial, o jogo foi criado pelo Barão Drummond (João Batista Vianna de Drummond) para manter o zoológico do Rio de Janeiro, a partir de 1892. Avestruz, Águia, Burro, Borboleta, Cachorro, Cabra, Carneiro, Camelo, Cobra, Coelho, Cavalo, Elefante, Galo, Gato, Jacaré, Leão, Macaco, Porco, Pavão, Peru, Touro, Tigre, Urso, Veado, Vaca. |
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No Zodíaco tem Carneiro (Áries), Touro, Caranguejo (Câncer), Leão, Escorpião, o mítico centauro de Sagitário, Cabra / Bode (Capricórnio) e Peixes. No baralho de Rider Waite, um Lagarto está na carta do Rei de Paus. No tarô dos Sete Mistérios, o Leão aparece na carta 21, Prudência. A Cobra se encontra no Tarô Etheila. Duas serpentes duelam no 8 de Copas do tarô da Espiral Mágica. |
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No Tarô de Marselha, dois cães (ou um cão e lobo) e um escorpião se destacam na carta da Lua. |
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Há outros animais nas artes místicas. Esta amostra com 60 bichos (fêmea e macho), relaciona os mais divulgados: |
- 6 vezes: Cobra. Se somada com a Serpente, 4, resulta em 16% do total.
- 5 vezes: Cão.
- 4 vezes: Águia, Cabra, Carneiro, Coelho, Leão, Peixe(s), Serpente, Veado.
- 3 vezes: Bode, Cegonha, Escorpião, Galinha (incluindo d´angola), Lagarto, Pássaro(s) / Passarinho, Touro, Urso.
- Duas vezes: Boi, Búfalo, Caranguejo, Cavalo, Coruja, Crocodilo, Galo, Gato, Javali, Lobo, Macaco, Papagaio, Porco, Rato, Tigre, Touro, Vaca.
- Uma vez: Abutre, Avestruz, Baleia, Borboleta, Burro, Camelo, Camundongo, Castor, Cervo, Corvo, Elefante, Falcão, Ganso, Jaguar, Lontra, Pantera, Pelicano, Peru, Pica-pau, Pombo, Raposa, Rãs, Salmão, Sapos.
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