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The Walking Dead e o Tarot: |
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Uma Rainha de Copas no Mundo de Espadas |
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"Tudo o que sou pela manhã é um homem procurando por sua
mulher e filho. Qualquer um que ficar no meu caminho, vai se ferrar.” |
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Walking Dead é uma série de televisão pós-apocalíptica norte americana,
desenvolvida por Frank Darabont baseada na série de quadrinhos de
mesmo
nome
por Robert Kirkman, Tony Moore e Charlie Adlard. |
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Exibida no Brasil pelo Canal Fox e Rede Bandeirantes.
As imagens do texto vieram de http://www.thewalkingdead.com.br e do
Tarô Rider-Waite |
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Um lugar frio. Onde a ausência de vida, tornou a terra árida, e a tensão se manifesta através de nuvens densas: como enxergar o Sol através delas? E, como, sequer pensar no dia que veremos o Sol novamente, se nem sabemos se estaremos vivos ao final deste dia? |
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Para entender o conceito do naipe de espadas, basta refletir à respeito de uma pergunta bem simples: em que situação você se visualizaria empunhando uma espada? Com certeza não seria num encontro amoroso, ou numa reunião de amigos, para a academia ou faculdade. Se você deu aquele sorrisinho de canto de boca e pensou: "ah, não sei não, Harah, eu bem que ando precisando sim levar uma espada pra tal lugar, porque tá punk!”. Hum... se você pensou isso, então é porque na verdade você não está vendo o ambiente, mas sim a "vibe" que aquela determinada situação te provoca, é muito comum que tenhamos nossas "guerras" e sintamos sob nossos pés um território minado, nos escondamos em trincheiras, tenhamos nossa vida ameaçada por alguém que salta das sombras e nos faz sentir o paradoxo dos paradoxos na própria pele: como algo forjado no fogo pode se tornar uma lâmina tão gelada? |
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Espadas: ataque e defesa. Mas sempre representa uma guerra maior, uma adversidade que para ser superada necessita que nos armemos. Cada um tem sua própria batalha e suas próprias armas. E claro que a seu ver, a sua batalha é a maior de todas. É tudo muito pessoal, o que é adversidade para mim, para você pode ser assimilado como encorajamento, o que me exaure, te fortalece e vice versa. |
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Entretanto, existem situações que são reconhecidas por seu poder avassalador, as temidas batalhas que ninguém gostaria de passar: “não desejo pro meu pior inimigo". E no tarot, que é todo calcado em arquétipos, as imagens usadas para ilustrar o naipe de espadas são simbolismos: são os grandes mitos, os personagens que todo mundo tem alguma referência, e vivências arquetípicas que falam de transformações que vem através da dor. |
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Essas mesmas vivências /referências /mitos estão presentes na arte de uma forma geral: você escuta uma canção, que conta a tua história; um filme que retrata algo que você viveu; lê um livro que te coloca em contato com memórias; aprecia um quadro e na imagem, de alguma forma se identifica. Ou seja: a nossa forma "contemporânea" de viver o mito, é através da arte. |
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E nesse ponto, The Walking Dead tem se mostrado pra mim uma verdadeira inspiração. A primeira (de muitas) analogias que me ocorrem é sobre o naipe de espadas, afinal para enfrentar o apocalipse zumbi, há de se armar. Mas, quem assiste, sabe: os zumbis são apenas pano de fundo, para uma trama maior, onde os personagens são riquíssimos e os conflitos deles também. |
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Aí que quero chegar: ninguém faz uma guerra sozinho. Uma guerra visa defender ou conquistar um reino e esse reino é composto por pessoas: a corte, os súditos. E é dessa forma também no tarot, cada naipe tem seu rei, sua rainha, seu cavaleiro e pajem. |
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Então, numa relação com os personagens de The Walking Dead, quem seria quem? Vamos lá: |
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Rei de Espadas - Rick Grimes |
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O que significa ser o Rei?
O Rei é quem detém o poder total e absoluto. Não se elege um rei, o rei assim nasce, a realeza vem de berço. O caráter nobre, a liderança, o senso de direcionamento e estratégia, o senso de justiça, a diplomacia e a paciência, são dons natos em Rick Grimes.
Sua forma de agir e conduzir as situações mais adversas foi pouco a pouco fazendo com que as outras pessoas se deixassem direcionar por ele. E para ele, aquilo era natural, não teria feito diferente, pois estava fazendo o que sabia fazer. |
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O Rei de Espadas e Rick Grimes |
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Se você olhar e comparar as duas figuras, vai notar como são impressionantes as semelhanças: o Rick assim como o Rei de Espadas, tem sim uma espécie de "coroa”, que claro é o chapéu de xerife, mas que atribui a ele um status diferenciado, diz ao que veio. Os dois seguram armas e não as escondem, embora não as aponte para ninguém. Apesar do Rei de Espadas estar sentado, dá a impressão de vigilância total, como se ele estivesse pronto para a qualquer momento levantar, caso fosse preciso e assim como Rick, ir pessoalmente tratar de alguma luta. Embora o Rick esteja em movimento, e o rosto dele mostre uma expressão forte, essa expressão não é de desespero, perceba como ele está absolutamente autocentrado. |
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E essa é a característica que realmente faz um Rei de Espadas: ele não se abala, ou pelo menos não demonstra isso, mesmo porque o "se abalar" seria uma resposta emocional, e esse rei não é emoção, ele é razão. Mais que a razão: ele é a inteligência no seu grau mais elevado e a habilidade de desenvolver essa inteligência a fim de superar todos e quaisquer obstáculos. |
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Um Rei de Espadas negocia. E negocia pacientemente. Como Rick, que conseguiu através de sua nobre inteligência, diversas façanhas: conseguiu manter a "amizade” com Shane; conseguiu convencer o dono da fazenda a não expulsá-los; mesmo sendo praticamente responsável do que aconteceu com Merle, isso não maculou a amizade com Daryl e a lealdade que este lhe devotava; no laboratório do CDC, foi para ele que o cientista contou o grande segredo... Ou seja, um rei à que todos de uma maneira ou de outra, acabam se reportando e respeitando, e mesmo quando as coisas não saem tão bem, como no caso do desaparecimento da pequena Sophia, ao final, todos entendem: que ele fez o que deveria ter feito e ninguém faria melhor.
Entretanto, ser um Rei de Espadas, é ser o rei de um território devastado para defender o "seu povo" e "sua terra", na maioria das vezes, não são "armas brancas" as usadas. |
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Rick em muitas, muitas vezes tomou atitudes que só se faziam politicamente corretas perante a necessidade de sobreviver, mas que no "mundo real" seriam vistas como malandragem, desonestidade, orgulho, ambição, traição, e na maioria das vezes, sequer se expunha para fazer isso: manipulava o tempo todo. |
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"Isso não é mais uma democracia", diz Rick. |
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Como um verdadeiro Rei, Rick dava ordens explícitas e implícitas e, dessa forma, orquestrava magistralmente cada instrumento em forma de pessoa ali. É isso o que um Rei faz: ele treina e condiciona os exércitos e as estratégias. Só vai pro campo de batalha quando realmente é inevitável e, aí, ele não foge não. |
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Mas por outro lado, o quanto ele pode colocar os soldados para fazer o trabalho difícil, ele coloca.
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E foi o que ele fez com Shane. Curiosamente, depois da morte de Shane, quando eles fogem da fazenda, e que há um desacordo entre as pessoas, ele diz que para ficar ali, tem que ser do jeito dele, que quem não se adaptar ou concordar deve ir embora. |
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Só que se você analisar bem, nunca foi uma democracia. Havia um reinado e ele no topo. Após a saga desde que acorda sozinho no hospital, até chegar a Atalanta, reencontrar a esposa e filho que mais tarde veria entre a vida e a morte, descobrir a infidelidade, se ver "obrigado” a matar o amigo, e tudo isso entre um e outro ataque zumbi. Fez tudo isso com a elegante inteligência real. |
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Tantas lutas, que a espada foi deformando, literalmente: a essa altura, o Rick já não usa mais o chapéu. Um rei, sem coroa. É no momento em que sai de sua habitual serenidade, que adota outra uma postura colérica abre mão de sua realeza. Cai o Rei de Espadas. |
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Cavaleiro de Espadas - Shane Walsh |
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A imagem que me vêm à mente, quando penso nesse termo "cavaleiro de espadas”, é aquele clichê que tantas vezes se repetem nos filmes épicos. Surgem de repente, as patas do cavalo trotando insanamente sob um chão coberto de sangue e levantando uma nuvem de poeira. Vai simplesmente desferindo golpes por onde passa, sem pensar, apenas ataca, desferindo sua espada, exposto para também ser golpeado. É a sua vida: matar ou morrer. |
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Uma cena de luta de cavaleiros num filme épico |
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Um cavaleiro é alguém que vem de uma linhagem nobre. Mas não é um herdeiro real, embora possa de alguma forma ser aparentado mesmo que de longe. Teve um berço suficientemente próspero para ser educado, refinado, e treinado para tal lida, tanto no treinamento militar como no lapidar religioso; o que fazia dele um homem confiável e precioso ao rei.
Deve-se ressaltar: o máximo que aquele homem poderia almejar (e já era muito) era o posto de cavaleiro do rei. |
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O Cavaleiro de Espadas e Shane |
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Assim como o Shane que nasceu num ambiente comum ao Rick, tanto que são amigos desde o colégio e cursaram a mesma faculdade. Já adultos compartilham da mesma profissão, embora Rick já seja graduado um sub-xerife, enquanto Shane é apenas um policial: da mesma forma que o cavaleiro Shane vive à sombra do Rei, esperando os seus comandos e a eles tendo que obedecer. |
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Imagine que esse Rei morreu. Qual seria a esperada atitude de um cavaleiro que jurou lealdade vitalícia ao rei (leia-se reino)? Sim, o papel do verdadeiro cavaleiro aí, é de proteger todo o legado que seu senhor havia deixado. E foi isso que Shane fez. Colocou Lori e Carl, na garupa de seu cavalo e saiu em disparada para buscar um local seguro. Afinal, o pequeno Carl para ele, simbolizava a continuidade de seu rei. |
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Entretanto, naquele mundo caótico todas as leis anteriores pareciam ser inviáveis. Fez mais sentido à Shane se apossar do trono. Se permitir desfrutar de uma herança que somente ele poderia cuidar. A lealdade vem como disfarce para usurpar: ele age como um cavaleiro medieval que adentra um povoado e dali extrai o que pode para levar consigo.
Essa é a tônica do Cavaleiro de Espada: ele saqueia, toma para si, arrebata sem dar explicações, sem fazer promessas, sem se doar: ele toma. Não é do tipo que aguarda o momento certo, o clima ou a aprovação. Ele faz acontecer. Matar ou morrer. |
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Para entender essa natureza de cavaleiro, devemos nos apegar ao sentido literal dessa palavra: cavaleiro, o homem que monta a cavalo, que cavalga ou sabe cavalgar. Veja, para uma pessoa ter a desenvoltura de se locomover a cavalo, em primeiro lugar deve ter a sintonia, a natureza uníssona com o animal: o animal é a extensão do corpo e da energia daquele que o comanda E o cavalo em questão, não é um animal de desfile ou passeio. É um animal talhado pra guerra. Isso mostra a natureza absolutamente selvagem, arrebatadoramente feroz de Shane. |
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E é o que demonstra que realmente ele amava o amigo e era leal, pois alguém tão insubordinado e imprevisível, só viveria à sombra de alguém que amasse e admirasse muito. E admirava tanto que tomou a vida dele para si, primeiro para proteger, mas depois sua natureza de macho alfa o fez realmente se deliciar com o que possuía. Daí o conflito com a volta do amigo. Mas Shane não se tornou um Rei. Ele era apenas um cavaleiro de espadas que ocupava temporariamente o trono. Tanto, que ele era sempre assim, como na imagem: exaltado, agressivo, arma em punho, apontando para quem entrasse na frente |
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Dale: Eu sei bem o tipo de homem que você é... |
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Shane: Acha que eu atiraria no Rick?... Ele é meu melhor amigo, é o parceiro que eu amo, amo que se fosse meu irmão. Tá dizendo que eu sou esse tipo de homem? |
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Dale: Isso mesmo. |
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Shane: Então é melhor você pensar melhor sobre isso. Se acha que eu sou o tipo que aponta uma arma pro melhor amigo. O que acha que eu faria se um cara de quem eu nem gosto começasse a me acusar desse tipo de coisa, oque que você acha, hein? |
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Dale encosta o cano da espingarda praticamente no coração de Shane. E mesmo assim, Shane é quem ganha esse duelo, pois, não é só de espadas que esse cavaleiro se arma, não! As palavras são o seu instrumento mais letal, que usa com maestria e arrebata o adversário com suas verdades cortantes e dolorosas que atravessam egos, esperanças e aparências. |
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"Já chega, de arriscar nossas vidas por uma garota que já era. Já chega, de viver perto de um celeiro cheio de coisas que tão tentando matar a gente. Rick, não é mais como era antes. Agora se vocês querem viver, se querem sobreviver, tem que lutar. É por isso e eu estou falando de lutar aqui, agora, entenderam?" Era isso o que todos queriam dizer. Mas quem disse? Shane, que como um bom Cavaleiro de Espadas, simplesmente estourou a porta do celeiro e fez o que tinha de ser feito. |
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Pajem de Espadas - Carl Grimes |
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Se no Rei temos os atributos do elemento ar em seu nível mais elevado e personificado na maturidade – inteligência, autoridade e nobreza incontestável – no Pajem temos esses mesmos atributos em estágio inicial, numa espécie de infância. |
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O Pajem de Espadas e Carl Grimes |
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Carl Grimes tem sete anos. Espiritualmente, esse é o momento em que o Ser deixa de vibrar na aura materna e inicia uma simbiose com a energia do pai. Na mitologia é um tema recorrente o herói em busca do pai por conta de algum afastamento traumático que ocorre e que só acentua a ligação, fazendo girar a vida desse mito em torno da imagem que assimilou, caminhando para um reencontro, e às vezes isso significa um lapidar das (in) qualidades herdadas, para se tornar a personificação do Pai - Ídolo. |
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Carl acredita ter perdido o pai. Aproxima-se cada vez mais de Shane e embora se sinta feliz ao descobrir que o pai verdadeiro está ali à sua frente, isso não o desvincula do elo que criou com Shane. A influência desse convívio é tão forte que em alguns momentos, outros personagens o chamam de "Shaninho" pelas costas. |
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Uma criança, nessa fase idolatra as figuras masculinas que ama e quer ser igual, literalmente "grudando” nelas. Porém, uma coisa é um menino de sete anos observar o pai consertando uma torneira ou passando um dia com ele no escritório. Outra é acompanhar lutas sangrentas contra zumbis.
E lá ia Carl se embrenhar na mata sozinho, espiar o que havia no celeiro da fazenda, insistir em acompanhar os adultos nas caçadas, pedindo à Shane que o ensinasse a atirar e isso em meio a surtos de malcriação. |
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Ao pajem, é atribuída a função de "pajear": escovar o cavalo, cuidar das armas, providenciar o que lhe fosse pedido, levar um recado. As atribuições típicas que damos às crianças. Entretanto, na cabeça de uma criança, isso lhe confere certa aura de poder e responsabilidade, e natural que sua mente seja estimulada, sua curiosidade latente desperte ainda mais. Não raro, todo esse processo é manifestado com um ar de arrogância, falta de limites e desobediência. |
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Isso se acentua quando temos potencializada a atividade mental, o raciocino aguçado que se desenvolve somado ao incomparável vigor e energia características da primeira infância. |
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Carl é um Pajem de Espadas, mas isso é pertinente à fase que ele vive, é o que se pode esperar de uma criança mesmo. Entretanto, aquele não é um mundo para crianças, não mais. |
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E a lição que fica, é: em naipe de Espadas, junto com A Torre e A Morte. Um Pajem de Espadas não sobrevive, ou sai do jogo, ou se transforma. É essa transformação que vemos em Carl. O menino de muitas palavras, birras e manhas, que tem o olhar distraído e divaga desprotegido a descobrir o mundo se torna em essência um homem calado, nos quais os olhos manifestam a dor que não é, nem nunca será superada. |
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Rainha de Copas - Lori Grimes |
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E, em meio a tanta aridez encontramos um manancial de água. Lori Grimes não é uma Rainha de Espadas, não pertence ao mesmo naipe do marido. Ela é uma Rainha de Copas. |
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A Rainha de Copas e Lori Grimes |
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A comparação entre o Arcano ilustrado e a foto de divulgação fala por si mesma através da gritante semelhança: ambas estão posicionadas para o lado esquerdo e tem o ar contemplativo, "para dentro" quase que "ensimesmadas". Da mesma forma que a Rainha de Copas parece velar a ânfora, a Lori vela uma aliança: dois símbolos fortíssimos de amor e espiritualidade. |
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Uma lição básica de sobrevivência em caso de se perder num território desconhecido é procurar pela água. Qualquer sinal de água, mesmo que seja o murmurar de um rio ao longe, é sinal de vida: o homem constrói o mundo ao redor das águas, seguir a margem de um rio, tende levar a um local seguro. É isso que Lori representa: o lar, o amor, a família, a mãe. Proteção, segurança, estabilidade. |
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Para dois homens absolutamente sedentos, Lori vinha como uma fonte de renovação. Mas é justamente o atributo que fascina e seduz que acabou conduzindo um triângulo amoroso de desfecho a lá Três de Espadas. |
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A carta Três de Espadas e os personagens Shane, Rick e Lori |
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Lori é Rainha de Copas, Rainha da Água, e a água não tem formato definido. Tal qual a Rainha de Copas da ilustração, formata suas águas as colocando em uma ânfora, a Lori se torna uma enchente transbordando quando acredita que o marido está morto: ela já não tem mais quem lhe abrigava e lhe dava forma. |
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E é nesse momento que Shane a arrebata para si e ela, se permite porque é de sua natureza.
Uma Rainha de Copas não consegue ficar sozinha, ela precisa ter essa direção, precisa ter essa "formatação", mesmo que sua relação seja a nível platônico. |
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Ela se relaciona antes consigo e com o próprio amor, ela mergulha literalmente e ao mergulhar, perde o contato com a terra, com o real; os valores se tornam relativos e justificáveis diante de um azul que distorce a visão: no mundo dos sentimentos "pode tudo", vale tudo! Tanto iniciar um romance com o melhor amigo do esposo recém-falecido. Ah, mas o marido não morreu? Então dá continuidade ao casamento como se nada tivesse ocorrido.Uma Rainha de Espadas não agiria assim. Nem a de Paus ou a de Ouros. |
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Esse contexto dúbio é próprio das águas e todos sabem que as mesmas águas que são vitais podem se mostrar extremamente traiçoeiras.
Se o Rei tem o comando total, a Rainha está ao seu lado, e é o sutil "poder detrás do trono". E é essa influência que vemos no momento em que ela decide resolver o triângulo amoroso, insuflando Rick a dar cabo do Shane. |
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Mais uma vez, coloco: não é traição. A Lori não age assim motivada por inteligência, ambição ou senso de moral. Ela age assim por sentimentos e visando preservar sua estrutura familiar.
A essência de Rainha de Copas nela é tão latente que isso se manifesta na maneira dela conduzir seu dia a dia em meio a um apocalipse zumbi: Lori continua com os mesmos hábitos de uma dona de casa, cuidando do marido e filho, tentando reproduzir no acampamento a sua rotina anterior. |
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Enquanto as outras rezam, aprendem a pegar em armas, ou se ocupam conscientemente a fim de colaborar ou se ocupar, lá está Lori, como quem dá ordens pra empregada, enquanto aconselha, bate papo com as amigas, busca o filho na escola e espera o marido voltar do trabalho. |
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Um psicólogo poderia chamar de negação, e podemos atribuir esse comportamento ao seu apego ao seu mundo "aquático".Água é vida, nós viemos da água tanto biblicamente falando, como na teoria evolucionista, quanto no nosso nascimento quando emergimos do líquido amniótico. Por esse motivo, que uma Rainha de Copas é essencialmente ligada também à maternidade. Na série Lori engravida e opta por gerar essa vida, mesmo sem saber ao que e como daria à luz. |
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Seu destino, ou melhor, a direção que ela dava à própria vida estava muito clara.
E ela saberia disso, se tivesse, por um momento, olhado para fora e para frente. |
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Momentos finais de Lori |
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Naquele momento de trevas não foi permitido a ela, simplesmente dar à luz. Ela teve o ventre dilacerado pela afiada lâmina de uma faca (sempre espadas!) e a filha arrancada de dentro de si, restando apenas agonizar e se esvair em sangue. |
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Sangue. Lágrimas. Água. Vida. Amor. |
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Suas últimas palavras foram de amor aos filhos. Seu último desejo era que a família ainda se mantivesse, mesmo sem ela. |
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"Carl, se parecer errado, não faça!" |
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Foi um de seus últimos conselhos ao filho. |
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A pergunta que fica é: ela falava de si mesma, num sentido de quem nos instantes finais avalia a própria vida sob um prisma de arrependimento; ou realmente ela acreditava que tudo o que fizera, parecia o certo? |
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Certo ou errado não importa.
Rei, Pajem, Cavaleiro. Todos compartilhavam um único anseio: voltar para a casa. Seguiram à margem das águas insinuadas por Lori, sem se darem conta de que ela precisava ser conduzida para terra firme antes que se afogasse de tanto amor. |
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março.13 |
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