Em meados deste ano, já estava claro que o governo grego não conseguiria honrar sua dívida pública e, também, que o governo alemão praticava malabarismo dizendo que o euro era essencial, mas nada de eurobônus, intervenção maciça do BCE e nem dinheiro para o Fundo de Estabilidade. Diante disto, o mercado financeiro começou a testar a eurozona pedindo juros maiores para refinanciar Espanha e Itália, pouco depois a França e por fim o próprio governo alemão que não conseguiu vender integralmente uma rodada rotineira e pequena de títulos. A pergunta que se segue naturalmente é: o que pretende o governo alemão? Se isto for uma rota para uma eurozona restrita ao Norte, não é uma ideia brilhante, pois não consigo imaginar um governo que, tendo recriado sua moeda, honre suas dívidas em euro. A própria Alemanha sofreria um baque tremendo.
As avarias na democracia europeia são nítidas, Grécia e Itália são geridas por tecnocratas que foram diretores do banco Goldman Sachs, bem como o atual presidente do BCE (Mario Draghi). Na Grécia o número de suicídios e bebês nos orfanatos cresceu, o desemprego na Espanha vai aumentar, há retiradas substanciais nos bancos, muita gente emigrando, xenofobia em alta e outras misérias. Greves e protestos nas ruas são esperados, a polícia foi reforçada por todo o continente e não será surpresa se o Exército aparecer para manter a ordem. O Estado de bem-estar precisava mesmo de uma reforma, independente da crise, pois a distribuição demográfica atual desequilibrou o orçamento dos países. No entanto, a reforma não pode ser feita com os planos de ajustes em curso, e demitir funcionários públicos em plena estagnação econômica também não é uma ideia luminosa. A UE corre perigo de uma unificação por cima e será dirigida por gente não eleita.
Mapa astrológico do Euro Frankfurt am Main - Alemanha, 1º de janeiro de1999 - à zero hora
Do ponto de vista astrológico a situação é muita tensa e aflita. O mapa da criação do euro (1/1/1999, 0 h, Frankfurt) mostra um ascendente em 3 de Libra, Sol em 10 de Capricórnio e Vênus a 25 do mesmo signo em quadratura com Marte e Saturno, todas estas configurações sob pressão total. Já no mapa da criação da União (7/2/1992, 17h27, Maastricht) Saturno em trânsito aflige Marte natal, regente do setor 4, os fundamentos. E o mapa da fundação da moderna República Federal Alemã (23/5/1949, 4h45, Berlin) mostra um Ascendente a 10 de Capricórnio, Plutão vem aí. É um sufoco completo e não há saída fácil, pois se o BCE começar a comprar os títulos soberanos a UE só ganhará algum tempo para resolver seus problemas de fundo que são enormes. A insistência em ajustes draconianos levará à recessão e ao calote nas dívidas soberanas, com riscos de ruptura do euro e da própria União Europeia, um retrocesso colossal.
EUA, Israel, China e Irã também estarão em destaque, pois os mapas astrológicos exibem planetas importantes nos primeiros decanatos dos signos cardinais.
EUA – Como era esperado, a comissão do Congresso encarregada do plano de equilíbrio do Orçamento, não chegou a uma conclusão. Cortes automáticos no Pentágono e em assistência social estão previstos para 2013. Há eleição presidencial no ano que vem e até agora os candidatos republicanos exibem despreparo e truculência incríveis, se continuar assim Obama pode ser reeleito. O governo americano pressiona diariamente os europeus para dar fim a esta crise que já atingiu um fundo de investimento ianque, pressiona o governo israelense para não fazer mais besteira; o governo chinês com reforço de sua presença militar no Pacífico e o paquistanês com desastradas incursões aéreas. A economia continua com os preços dos imóveis em queda livre, desemprego alto e poucas perspectivas de retomada. Urano pressionará Vênus e Júpiter da carta natal.
ISRAEL – Com Saturno transitando o ascendente em Libra e Urano afligindo Vênus natal em Câncer, o governo se vê às voltas com manifestações populares e deixa vazar intenção de atacar o Irã (durante a oposição Marte e Netuno recente). Há sinais desconfortáveis na vizinhança vindos de Síria e Egito. A cada dia que passa o governo israelense se afasta mais ainda da possibilidade de paz: negociações transparentes e cooperação econômica com os vizinhos árabes.
CHINA – Com o Sol natal a 7 de Libra, a China estará sob pressão total de Urano e Plutão, enquanto escolhem os novos líderes do Estado e PCC. A estagnação da UE, maior parceira comercial, já bateu na economia chinesa, às voltas com greves, falências, inadimplências. A pressão popular vai subir e se refletir na cúpula do governo. Além de soja, os chineses passaram a importar milho e suas fontes de petróleo estão envolvidas em situações delicadas. O governo chinês observa com inquietação o cerco militar que se arma contra ele e as ameaças ao Irã, um aliado importante.
IRÃ – Com a Lua e Ascendente no início de Áries, mais turbulência à vista para o governo iraniano que patrocinou recentemente a invasão da embaixada britânica por estudantes, como se seus problemas fossem poucos. As sanções econômicas já atingem até os negócios da Guarda Revolucionária, atual sustentáculo do regime. E as divisões na cúpula do governo continuam. O retorno de manifestações populares é provável.
Podemos acrescentar a INGLATERRA à lista, pois o Sol da carta natal receberá em breve a visita de Netuno. Como era previsto, o plano de ajuste trouxe uma estagnação que pode virar recessão conforme o desenlace da crise do euro. Uma greve geral recente dá o tom para o próximo ano, pois o governo de Cameron apelou para uma receita infalível: mais do mesmo ajuste. A city de Londres é o maior paraíso fiscal do planeta e um risco permanente para a economia mundial. Os mapas astrológicos dos países estão em crônicas passadas, no fórum deste site.
ORIENTE MÉDIO – A primavera árabe continuará com avanços e recuos. Derrubar os ditadores foi relativamente fácil, construir um novo Estado é que são elas. Os egípcios descobriram que continuam sob uma ditadura militar e voltaram a ocupar a Praça Tahir. As eleições para a Constituinte (foto ao lado) começaram e vão até janeiro, os resultados iniciais dão ampla maioria aos partidos islâmicos. Creio que chegarão a um governo civil, mas o Exército deve manter algumas prerro-gativas importantes. O governo Assad, na SÍRIA, está cercado internacionalmente, até mesmo repudiado pela Liga Árabe, mas continua difícil uma transição pacífica; os russos vão obliterar qualquer plano de intervenção interna-cional. No IÊMEN o ditador abdicou, mas de uma forma que desagradou população. Em TRÍPOLI os líbios aproveitam a liberdade conquistada e vendem haxixe nas ruas, a ocidentalização será rápida, e as milícias ainda estão armadas.
BRASIL – A freada do começo do ano foi maior que a desejada pelo governo e desarmou os críticos que anunciavam catástrofes diversas. O saldo da balança comercial, os investimentos diretos e os créditos externos podem minguar em 2012, significa aperto na certa, mas nenhum abalo maior. Aproveitar para baixar a Selic, deixar o câmbio por volta de dois reais, aumentar o investimento público e calibrar o volume de crédito são metas factíveis, mas isto é pouco; o governo continua a empurrar com a barriga gargalos sérios: infraestrutura, burocracia, carga tributária e desindustrialização em alguns setores. E pelo visto nada disto será feito por conta da crise.
A decapitação de ministros deve continuar. Com Júpiter na casa 3 do mapa natal (imprensa) e Saturno na casa 9 (justiça) não haverá folga. Há poucos estados realmente republicanos no mundo e eles estão em crise. Os patrimonialistas, como o brasileiro, continuam em plena criatividade: ONGs são sustentadas por governos e ministérios tornam-se cativos de partidos da base. Nesses estados os recursos públicos pertencem aos ocupantes da hora e daí o trem da alegria na forma de corrupção, nepotismo, prevaricação e outras mazelas bem conhecidas. Isto pode ser limitado com um Estado mais enxuto, sem tantos ministérios e cargos de confiança, mas não desaparecerá enquanto o Brasil não passar por uma revolução francesa. O pior é que isto impede completamente algumas reformas necessárias, a tributária por exemplo. A carga estava em 22% no governo Itamar e chegou a 35% agora. Além do volume, a quantidade de impostos e taxas é exorbitante e a arrecadação é regressiva. Todo mundo concorda que uma reforma profunda é urgente, mas nem o Executivo e muito menos o Congresso vão cortar suas fontes de renda, fundamentais para manter o patrimonialismo rodando. Numa economia altamente oligopolizada como a brasileira, há um atalho para o crescimento do patrimônio familiar: a política. O Brasil ainda não é republicano, mas já tem todas as mazelas do capitalismo financeiro. E ainda assim tem futuro.
O vazamento de petróleo é um aviso das dificuldades técnicas da exploração do pré-sal. Aconteceu com a Chevron agora, amanhã pode ser com a Petrobrás, Total, BP ou qualquer outra. Para variar, tudo anda devagar: os navios, plataformas e equipamentos, a discussão sobre o que fazer com a receita esperada. No fim, tudo se improvisa e anda com enormes ineficiências, outra característica do estado patrimonialista.
Marte retrograda em janeiro e fica direto em abril, numa longa temporada em Virgem, signo dos trabalhadores. Ingressa em Libra em julho e estimula a quadratura Urano/Plutão. Em agosto encontra Saturno e em novembro Plutão. Júpiter atravessa velozmente Touro, em junho ingressa em Gêmeos fazendo uma rápida quadratura a Netuno, mês em que ocorre uma conjunção inferior de Vênus e Sol no mesmo signo. O gigante gasoso retrograda em outubro. Já Saturno passará quase o ano inteiro no último decanato de Libra, retrogradando de fevereiro a junho e ingressando em Escorpião em outubro. Urano avança direto em Áries e faz a primeira quadratura exata a Plutão em junho, pouco depois retrograda. Netuno ingressa definitivamente em Peixes em fevereiro e Plutão segue em Capricórnio, retrógrado entre abril e setembro. Deste breve apanhado vemos que junho e outubro se destacam.
Em resumo, crise aguda em 2012 graças à imprevidência dos dirigentes que, desde 2006 (oposição Saturno/Netuno) empurram o processo para adiante comprando tempo e aplicando receitas desastrosas. Talvez tenhamos que ir ao fundo do poço para reagirmos e organizarmos uma economia mundial mais sensata: sem desperdícios, poluição ambiental, miséria e inanição de parte considerável da humanidade. Os preços dos ativos (ações, metais, cereais e combustíveis) oscilarão bruscamente e desalinhamentos cambiais são possíveis, pois os países tentarão se proteger no caso de um agravamento da crise europeia. Acidentes naturais (terremotos, tsunamis, tornados, secas e enchentes) devem continuar e podem agravar o quadro econômico se atingirem importantes áreas industriais e agrícolas.
SIMPÓSIO – A diretoria do Sinarj (Márcia, Renato, José Maria, Carlos Hollanda, Patrícia e outros) realizou um impecável, grande e belo evento. Muito bem organizado, com uma vasta programação para todos os gostos e necessidades e onde a camaradagem imperou. Os saudosos Valdenir, Sérgio Mortari e Raul devem estar muito satisfeitos. Tive a oportunidade de rever colegas e amigos e conhecer novos. Maurício Bernis, astrólogo empresarial tarimbado, lançou recentemente “O caminho da realização com a agricultura celeste” (Ágora) nas boas casas do ramo. Ciça Bueno, que também é musicista, lançou recentemente o CD “Preciso cantar” encontrável diretamente com a astróloga no seu site. Lydia Vainer esteve em Israel e voltou maravilhada com a perfeição das velhas construções do tempo de Herodes e me contou tudo. Maura Lanari, minha querida amiga, vai se dedicar à horticultura, talvez valha a pena ler “Agricultura Nabatea”, um velho tratado sobre iniciação através da agricultura, ela está pronta para isto. Carlos Hollanda, também historiador, é editor de uma excelente revista digital “História – imagens e narrativas”, a de número 10 traz artigos sobre astrologia e tarô. Fernando Fernandes, editor do site Constelar, achou por bem me entrevistar e pacientemente me ouviu falar citando dados de memória. Tive um semestre sofrido com doenças graves na família, as horas que passei no Rio foram um verdadeiro coquetel de vitaminas. Assim parabenizo e agradeço à brava diretoria, e aproveito para deixar um recado aos colegas cariocas: a diretoria tem pique, mas precisa de ajuda para tocar todos os projetos, mãos à obra.
Netuno ingressa em Peixes e trará à tona todas as mazelas: drogadição, crise ambiental, segurança social, pico do petróleo etc. Mas também deixa no ar impulsos de solidariedade, fraternidade e misericórdia. Eles estão disponíveis, é só questão de aproveitá-los e agir. É uma oportunidade para os buscadores.
É oportuno estudar o livro do profeta Ezequiel, que narra a jornada do desespero do exílio até Jerusalém celestial, condição humana básica e, em meio à crise, uma excelente ajuda espiritual. Além disto, o livro é muito importante por outros motivos: a visão da carruagem celestial deu origem a uma importante corrente esotérica e iniciática judaica, maasé merkabah (a obra da carruagem), que tem uma ampla literatura, o livro de Enoch é dos mais conhecidos. Jesus apresentou-se diversas vezes como “O filho do Homem”, termo que foi usado pela primeira vez e de modo enfático no livro de Ezequiel, a corrente profética que ali se iniciou é uma das fontes do Cristianismo, a outra foi a corrente apocalíptica judaica, o livro de Daniel sintetiza as duas e usa o mesmo título que Jesus empregou.
A todos boas festas e feliz 2012, com paz, saúde e amor.
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