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Nos limites da sanidade e da loucura |
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A personalidade borderline ou limítrofe em uma abordagem taromântico-terapêutica |
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Ricardo Pereira |
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Há poucas décadas, um "novo" tipo de paciente vem chamando a atenção da área de saúde, por ser cada vez mais comum em hospitais, clínicas focadas no tratamento de dependentes químicos e consultórios psicoterapêuticos. Caracteristicamente, este tipo de paciente não apresenta, aos olhos de psiquiatras e psicólogos, os fatores intrínsecos aos neuróticos, psicóticos ou psicopatas, embora do ponto de vista comportamental viessem a evidenciar distúrbios pertinentes a uma ou mais dessas estruturas, ou alternassem uma ou outra. O indivíduo portador dessa patologia é investigado cientificamente à luz de diversas àreas do conhecimento, sendo submetido a muitos tipos de terapêuticas. É exatamente sobre algumas dessas variáveis, as quais foram analisadas a partir de uma abordagem taromântico-terapêutica, que se busca um adentramento em um estudo de caso sobre um indivíduo portador do transtorno de personalidade borderline, límitrofe ou fronteiriço.
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A Classificação Internacional de Doenças - CID, da Organização Mundial da Saúde - OMS, em seu 10º volume, determina que o Transtorno de Personalidade Borderline - TPB; ou Transtorno de Personalidade Limítrofe - TPL; deve ser inserido na categoria de "transtorno de personalidade emocionalmente instável", cujo código "F603" contempla dois subtipos: o tipo impulsivo (F60.30) e o tipo borderline (F60.31). (ICD-10/WHO, 2010).
Segundo o ICD-1-/WHO (2010) o Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável, caracteriza-se por uma tendência expressiva de o indivíduo agir impulsivamente, sem considerar as consequências de seus atos, destacando-se durante o distúrbio uma acentuada instabilidade afetiva.
Conforme Ballone (2005):
"Nessas pessoas a capacidade de planejar pode ser mínima e os acessos de raiva intensa podem, com freqüência, levar à explosões comportamentais e de violência. Essas explosões costumam ser facilmente precipitadas, principalmente quando esses atos impulsivos são criticados ou impedidos por outros."
Como a OMS difere os conceitos de tipo impulsivo e de tipo borderline, para clarear o entendimento do leitor, faz-se mister a explanação sintética do que é cada tipo.
O tipo impusivo é instável emocionalmente, carecendo de controle de impulsos. Na prática, observa-se nesse tipo, acessos de violência ou comportamento ameaçador, particularmente em resposta às críticas alheias.
O tipo borderline apresenta um gravíssimo transtorno de personalidade, cujas características básicas e principais são: 1) desregulação emocional, irritam-se e tornam-se agressivos com extrema facilidade; 2) raciocínio extremista ou é “8 ou 80”, não existindo o meio termo; 3) relações caóticas com consequentes cisões ou rupturas devido ao seus temperamento e comportamento autoritários e briguentos; 4) impulsividade auto-destrutiva; 5) manipulação afetiva; 6) conduta suicida ao se sentir frustrado em seus objetivos; 7) esforços excessivos para evitar o abandono; 8) sentimentos crônicos de vazio, tédio e raiva; 9) possuem frequentemente idéias paranóides, delirantes e dificuldade de confiar nas pessoas; e 10) perturbações e incertezas sobre metas de vida, a auto-imagem, e preferências interiores, incluindo, aqui, a sexualidade.
Borderliners caminham numa linha tênue entre a sanidade e a loucura. Típicos pensamentos borderline são mais ou menos assim: "Eu tenho que ser amada por todas as pessoas importantes na minha vida e o tempo todo, senão eu sou desprezivel"; "Algumas pessoas são ótimas e tudo sobre elas é perfeito"; outras pessoas são inteiramente péssimas e devem ser severamente censuradas e punidas por isso." (WIKIPÉDIA, 2010).
Ballone (2005) enfatiza sobre os borderliners:
"São indivíduos sujeitos a acessos de ira e verdadeiros ataques de fúria ou de mau gênio, em completa inadequação ao estímulo desencadeante. Essas crises de fúria e agressividade acontecem de forma inesperada, intempestivamente e, habitualmente, tem por alvo pessoas do convívio mais íntimo, como os pais, irmãos, familiares, amigos, namoradas, cônjuges etc. Embora o Borderline mantenha condutas até bastante adequadas em grande número de situações, ele tropeça escandalosamente em certas situações triviais e simples. O limiar de tolerância às frustrações é extremamente susceptível nessas pessoas. [...] O Borderline também está sujeito a exuberantes manifestações de instabilidade afetiva, oscilando bruscamente entre emoções como o amor e ódio, entre a indiferença ou apatia e o entusiasmo exagerado, alegria efusiva e tristeza profunda. Sofrem de baixa autoestima. A vida conjugal com essas pessoas pode ser muito problemática, pois, ao mesmo tempo em que se apegam ao outro e se confessam dependentes e carentes desse outro, de repente, são capazes de maltratá-lo cruelmente. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline se esforçam freneticamente para evitarem um abandono, seja um abandono real ou imaginado. A perspectiva da separação, perda ou rejeição podem ocasionar profundas alterações na auto-imagem, afeto, cognição e no comportamento. O Borderline vive exigindo apoio, afeto e amor continuadamente. Sem isso, aflora o temor à solidão ou a incapacidade de ficar só, em presença de si mesmo. [...] A inconstância do Borderline se observa também em relação ao juízo que tem de si mesmo e de sua vida. Ele pode ter súbitas mudanças de opiniões e planos acerca de sua carreira, sua identidade sexual, seus valores e mesmo sobre os tipos de amigo ideal. O Transtorno Borderline da Personalidade é considerado um transtorno fronteiriço ou limítrofe entre uma modalidade não-normal da personalidade relacionar-se com o mundo e um estado que pode ser considerado francamente patológico. Assim sendo, cada caso de paciente dito borderline deve ser considerado à parte. O paciente borderline pode ser objeto de apreciação jurídica e legal quando a gravidade de seu transtorno de personalidade é importante o suficiente para produzir um sério transtorno psíquico de insanidade e incapacidade de auto-determinar-se. [...] O Transtorno da Personalidade Borderline é diagnosticado predominantemente em mulheres, as quais compões cerca de 75% dos casos."
Vale salientar, que não diferentemente daqueles que sofrem de transtornos de personalidade, borderliners jamais admitem que são acometidos por uma patologia. Nem acreditam que determinadas condutas e comportamentos seus são evidentemente problemáticos.
Geralmente, culpam as pessoas como causadoras das discórdias em que se veem envolvidos(as) e de outras atitudes típicas de fronteiriços, utilizando-se na maioria das vezes de argumentos inadimíssiveis ou descontextualizados, fora da realidade.
Pensam e defendem que "são normais", insistindo em afirmar que são mal compreendidas e que as pessoas é que são exageradas em relação a eles.
Borderliners podem fazer uso de algum tipo de lazer de forma excessiva e patológica, por exemplo, da televisão, do computador, da Internet, das comunidades do Orkut etc.
Aliás, pode-se perceber que em determinadas comunidades orkutianas de Tarô há certa incidência de pessoas do sexo feminino caracteristicamente borderliners, pois são essas mulheres extremamentes agressivas, briguentas quando contrariadas ou preteridas, sofrendo por conta de uma insaciável necessidade de atenção, a qual, na maioria das vezes, não é conseguida, o que as faz se utilizarem de estratagemas como a confecção de fakes de si próprias, com os quais mantêm uma disparatada relação de intimidade, no sentido de suprirem as suas carências de companhia e de apoio as suas sandices.
As causas efetivas do transtorno de personalidade borderline (daqui pra frente usarei a sigla TPB para me referir a este distúrbio), variam de pesquisador a pesquisador. Boa parte dos estudos indica fatores consequentes de relações interpessoais como precursores do distúrbio borderline, tais como traumas de infância, especialmente separação dos pais, perda precoce do pai ou da mãe por falecimento ou, em alguns casos, abuso sexual infantil, mas, isso não é a regra. Outros estudos podem enfatizar uma predisposição genética, além de disfunções no metabolismo cerebral.
O TPB, segundo Siever (2007[?]) possui bases biológicas em uma redução no sistema serotoninérgico que desencadeam sintomas de impulsividade e de instabilidade afetiva. Este pesquisador destaca que, embora o TBP não seja hereditário, apresenta uma maior ocorrência desse tipo de sintoma nos familiares dos portadores dessa patologia psiquiátrica. Enfatiza, ainda, esse pesquisador que esse transtorno também está associado a fatores ambientais importantes, dentre eles o abuso ou a negligência durante a infância.
O TPB vem sendo objeto de estudo importante, nos últimos anos, por médicos psiquiátras, psicológos, sociológos etc. Nesses estudos, vê-se que existe uma divisão entre o tratamento psicoanalítico, comportamental e o psicofarmacológico, enquanto saídas efetivas e eficazes de resposta dos pacientes com TPB, já que esse transtorno não tem cura, mas sim controle de sintomas.
Existem pesquisas em TBP avançando no sentido biológico, onde são observadas determinadas alterações neuro-anatômicas e distúrbios químicos relacionados ao transtorno, mas, nem por isso o TBP deixa de ser uma patologia com causas e tratamento hoje já bem definidos, mas, que continua requerendo, em demasia, mais investimentos em estudos e pesquisas.
O CASO ANALISADO
Sinteticamente, essa abordagem teórica anterior compõe algumas das bases do TPB, as quais tive que me familiarizar no sentido de escrever este artigo e entender um pouco da dinâmica desse assunto, pois tive que atender, por meio da modalidade de leitura do Tarô denominada de "taromancia terapêutica", uma cliente que convive diariamente com uma irmã diagnosticada como portadora de TPB.
Essa minha consulente relatou-me que a sua irmã está hoje com 30 anos e que desde os 11 anos passou a demonstrar problemas de ordem comportamental, sendo descoberto depois em sua ida ao psiquiatra, após sua primeira tentativa de suicídio, que se tratava de mais um caso de Transtorno de Personalidade Borderline - TPB. Ela será chamada, aqui, de Sarah Giacomes.
Sarah Giacomes, 30 anos, ingressou, no dia 15 de setembro de 2009, em um hospital após uma grave tentativa de suicídio. Deprimida e se sentido desesperadamente só, aproveitou um raro momento em que não tinha ninguém casa e preparou um coquetel de inseticida agropecuário, a base de organofosforados, misturado com uísque, bebeu-o e foi encontrada desfalecida na cama de casal de seu pai e de sua madrasta, por seu próprio pai, que logo tratou de levá-la, à época, ao hospital geral da cidade, pela sexta vez, após ela tentar suicidar-se.
Sarah Giacomes teve uma infância problemática. Com 6 anos de idade, sua mãe faleceu em um acidente de carro e com pouco mais de 5 anos do falecimento de sua progenitora, quando tinha apenas 11 anos, foi abusada sexualmente, estuprada pelo próprio tio, irmão de seu pai, tentando o suicídio logo em seguida, cortando os pulsos com uma faca peixeira, culminando em sua hospitalização.
Era uma criança dócil, estudiosa. Fora, até os 10 anos de idade, uma aluna aplicada no colégio, com notas escolares medianas, até que o seu temperamento, que até então fora alegre e extrovertido, após o abuso que sofrera, passou por uma transformação drástica, típica, para os leigos em TPB, da idade. Antes tivesse sido, coisa que não coadunou com a realidade, pois Sarah tornou-se uma mocinha temperamental, desobediente, extremamente exigente, ácida, amarga e rebelde, oscilando entre uma euforia contagiante, às explosões de ira sem medidas, para os choros sofridos, repentinos e depressão.
Quando completou 15 anos, passou a frequentar boates e bares da cidade, levando uma vida desregrada e promíscua, fazendo sexo, às vezes, com mais de um rapaz ao mesmo tempo, chegando a tornar-se, até, em meio as orgias que participou, adepta do uso de drogas, em especial do crack e da maconha.
Aos 16 anos conheceu um rapaz e fugiu com ele, retornando para casa uma semana depois, abandonada pelo namorado e grávida, abortando espontaneamente, uma menina, após 6 meses de gravidez.
Nesse interim, abandonou os estudos durante uns dois anos, retornando posteriormente e conseguindo concluir o ensino médio com 20 anos.
Aos 21 anos passou, não se sabe com que sorte, em um concurso público e começou a trabalhar, ganhando até um bom salário.
Aos 22 conheceu um rapaz no trabalho, começou com ele a namorar e com menos de uma semana de namoro levou, dele, uns tapas, devido as suas atitudes insensatas, explosivas, carentes, insatisfeitas, insuportavelmente "doidivanas". Com o tempo, eles casaram e o casamento durou 7 anos. Ano passado, separaram-se e ele já está vivendo com outra, coisa que ela não aceita e que, por isso, tentou mais uma vez o suicídio.
A consulente me afirmou que os relacionamentos de Sarah Giacomes, com os homens, têm sido, até hoje, tempestuosos, repletos de paixão e discussões violentas e por isso sofrera a sua segunda hospitalização em hospital psiquiátrico após a sua segunda tentativa de suicídio, aos 17 anos, quando buscou se enforcar na casa de praia da família, após ter sido contrariada pelo namorado, coisa que ela não admitiu, causando uma extrema confusão, ao ponto de jogar uma faca de mesa no rosto dele durante um jantar com os seus pais.
Quando teve alta dessa segunda hospitalização, Sarah Giacomes, foi encaminhada a um terapeuta para sessões de psicoterapia, três vezes por semana, exigindo que só submeteria a uma terapia se fosse com um homem, pois detestava conviver com mulheres, as quais, na mente dela, "lhes são inferiores, a escória do mundo, não merecendo a sua atenção ou consideração".
Ela chegava na clínica, sempre muito ansiosa, algo meio assim que agoniada, amargurada e preenchia a maior parte da terapia reclamando da falta de atenção do pai, da irmã, do namorado dos quais esperava “total e exclusiva atenção”. Ligava para o terapeuta várias vezes ao dia para lhe dizer que por estas pessoas de seu convívio era perseguida e mal compreendida, que eles eram seus inimigos e que por isso não confiava em nenhum deles. Enchia o seu e-mail de mensagens, mais de 20 por dia, criando uma espécie de dependência da atenção do profissional, cujas tentativas de lhe estabelecer limites fizeram efeito algum.
Uma vez, em uma atitude extrema de promiscuidade sexual, levantou a blusa pra que o terapeuta visse os seus seios desnudos, em plena sessão psicoterapêutica, desistindo ele, após este episódio, de dar a continuidade ao seu tratamento.
Há quase um ano que Sarah se encontra de licença médica, não indo trabalhar. Trocava a noite pelo dia, ocupando o seu tempo na Internet, nas comunidades do Orkut. Sempre ia dormir por volta das 4 horas da madrugada, acordado sempre por volta das 14 horas para iniciar essa sua rotina diária.
No trabalho já se indispôs, durante todos esses anos, com quase todos os colegas da instituição devido à posturas ingerentes, descompromissadas e briguentas, tanto que eles preferem que a família a mantenha à distância.
Além disso, ela bebe às escondidas em casa, onde vive em constante depressão, numa vida para lá de tediosa em pleno conflito, com o ex-marido e com os membros de sua família que com ela convivem.
O TRANSTORNO DA PERSONALIDADE BORDERLINE ABORDADO NA TAROMANCIA TERAPÊUTICA
Uma semana após ao acontecido, a irmã mais velha de Sarah procurou-me no sentido de saber, dada a gravidade do ato inconsequente de sua irmã mais nova, se ela se recuperaria após mais essa tentativa de suicídio (já é a sexta), já que ela se encontrava ainda em coma.
Tinha também, a consulente, a necessidade de saber se em menos de 6 (seis) meses ela sairia do coma, prazo esse inferido e estipulado pelos médicos, os quais afirmaram à época que tanto ela poderia sair do coma de repente, assim como poderia sair só depois de mais ou menos esses 6 (seis) meses, coisa que eles não tinham como precisar, por conta da gravidade do problema, pois ela tinha tomado uma dose cavalar, mortal, de veneno.
Assim sendo, caso ela saisse logo do coma, a consulente queria também ter uma idéia de qual poderia ser uma intervenção tarapêutica ideal, que minimizasse efetivamente o seu sofrimento em relação a tal distúrbio de personalidade, já que tudo que vinha sendo tentado, por todos estes anos, vinha surtindo um mínimo efeito, quase não se percebendo a recessão dos sintomas do transtorno de personalidade borderline, o qual acometia a sua irmã mais nova, Sarah Giacomes.
A fim de atender a estas demandas da consulente, utilizei um método de tiragem, criado por mim em 2007, denominado de "Intus Legere".
Esse método de leitura é muito especial, tendo se mostrado uma eficaz ferramenta de trabalho, no âmbito da taromancia terapêutica, por conta da simplicidade de sua finalidade, a qual se constitui basicamente em fazer uma leitura profunda de um dado fenômeno, problema ou contexto, algo bem de acordo com o seu título, pois Intus Legere é um termo latino que significa "ler dentro, ler interiormente ou ler a fundo". A possibilidade de uma leitura profunda de um caso ou contexto qualquer, por meio do uso do Tarô, é o aspecto que se constitui evidentemente no diferencial deste método de tiragem.
Após longa conversa com a consulente, partimos para a sessão de taromancia terapêutica.
Comecei a sessão, explicando-lhe a finalidade e as regras do método Intus Legere e como ela deveria proceder durante todo o meu atendimento, aspectos estes que foram, por ela, efetivamente compreendidos. Utilizei para o atendimento, o Tarô Iniciático da Golden Dawn, de Giordano Berti.
A dinâmica da tiragem será disposta, aqui, tal e qual foi repassada à consulente na época, portanto, serei fiel aos tempos dos verbos utilizados durante a consulta. A tiragem contemplou a seguinte abordagem e resultados:
Na Casa 1, da "causa" do problema, emergiu o arcano maior "O imperador" a enfatizar que o TPB que acomete Sarah Giacomes possui origem familiar, ou seja, que o transtorno fora possivelmente desencadeado a partir do abuso sexual que sofrera aos 11 anos de idade de seu próprio tio, irmão de seu pai, causando-lhe um impacto traumático, redundado em severas instabilidades emocionais e subsequentes estados de depressão, conforme denotado pelo Cavaleiro de Copas (invertido), o que trouxe-lhe como consequência uma espécie de comportamento límitrofe, o qual poderia levá-la, conforme destacado pelo arcano maior "O Enforcado" (O Pendurado), à varias tentativas de suicídio e dependendo do efeito menos ofensivo desse ato extremo, ao coma, estado em que ela se encontra no presente momento.
Na Casa 2, das "características" do problema, surgiu o arcano maior "O Mundo" para representar simbólica e perfeitamente as principais características do TPB naqueles que são portadores desse distúrbio de personaldiade, principalmente porque neste arcano maior "O Mundo" são encontrados os pares de opostos existentes no universo humano: o amor e o ódio, o bem e o mal, a harmonia e o conflito, a ação e a inação, a euforia e a depressão, a constância e a inconstância, a estabilidade e a instabilidade, a associação e a dissociação, o tudo e o nada, o agora e nunca, a união e a cisão, o começo ou início e a conclusão ou o fim, a completude e a incompletude, aspectos estes intrínsecos aos limites da personalidade borderline, sem existência de meio termo, já que os limítrofes, fronteiriços ou borderline estão sempre à fronteira entre o amor e o ódio e a tantos outros sentimentos ou idéias que possam rondar a sua mente doentia, sendo este fato muito bem denotado pelo arcano menor "A Rainha de Paus" (invertido), destacando que a principal característica dessa patologia é a incessante instabilidade emocional e a mudança constante de comportamentos, os quais vão de um extremo ao outro das emoções, conduzindo a irmã da consulente ao cometimento de atos extremos de impusividade, irritabilidade, agressividade, acompanhados de comportamentos briguentos e de atitudes muitas vezes cruéis ou tirânicas voltados a quem quer que seja, devido a um ego exacerbado, que a faz se sentir o "centro do mundo", características estas que foram confirmadas com o surgimento, nessa casa 2, do arcano maior "Os Amantes", denotando que este estado de distúrbio comportamental e de personalidade conflituosa, impassível, frívola, guiada pelas fronteiras da dualidade, formam o conjunto de características principais dos acometidos pelo transtorno da personalidade borderline.
Na casa 3, do "estágio" ou nível de evolução em que se encontra o problema de Sarah Giacomes, surgiu o arcano "O Mago" a denotar que, embora ela estivesse em coma, o seu o transtorno de personalidade ainda estava ali em atuação, a mil por hora, podendo despontar alegremente a qualquer momento de um sono profundo, como destacado pelo arcano menor "3 de Copas", sendo corroborado pela arcano maior "A Torre" a denotar a sua cisão com o mundo a sua volta e a sua despersonalização evidente e a sua sensação de inexistência, ainda presos a ela, mesmo estando em um estado de coma.
A sensação que tive durante a consulta foi a de que ela tivesse em uma espécie de estado de "consciência", "certa" de que vivia um sonho ou pesadelo angustiante, algo como se sentisse fora do corpo ou dele tivesse se desprendido, assim como, também, de sua própria personalidade, lutando para, com vida, a eles retornar. Eu não reprimi esse meu insight taromântico, revelendo-o à consulente.
Na casa 4, da "intervenção" ideal para o tratamento do problema, despontou o arcano maior "O Eremita", destacando que tal escolha requereria prudência, profundo estudo e pesquisa, devendo o caso de Sarah Giacomes ficar nas mãos e responsabilidade de profissionais experientes em TPB, já que qualquer tratamento desse transtorno necessita de algum tempo, às vezes muitos anos, até que o portador apresente mudanças efetivas. Nessa casa surge também o arcano menor "Ás de Ouros" , denotando a necessidade de um reinício de tratamento sob uma nova ótica terapêutica, com a utilização de uma outra alternativa de terapia, conforme corroborado pelo arcano maior "A Justiça", enfatizando que a escolha do tratamento deveria estar focada naquela terapia que mais possibilitasse ajustes ou reajustes de acordo com as necessidades da paciente.
Na casa 5, do "prognóstico", surgiu o arcano maior "A Sacerdotisa" a denotar que no transcorrer de 6 (seis) meses ela ainda permanecerá passivelmente em coma, embora a equipe médica deva continuar trabalhando, como denotado pelo arcano menor "3 de Ouros", no sentido de ela retornar à vida aqui fora. Sarah Giacomes e a sua família deverão ter em mente que o aprendizado que lhes é necessário a partir dessa situação em que vivem, o grande desafio a ser superado por todos, segundo o arcano maior "O Julgamento", é o de buscarem a renovação da convivência, buscando perdoarem o que precisa ser perdoado e substituirem o que é importante ser substituido, principlamente no que diz respeito as formas de lidar com o problema de Sarah.
Já se passaram 5 (cinco) meses da tentativa de suicídio de Sarah Giacomes e ela permanece hospitalizada, em estado de coma, mesmo com todo o tratamento que lhe está sendo dispensado e os fortes medicamentos que vem tomando, que parece, misteriosamente, não surtem efeito algum.
Vale destacar, também, que uma consulta ao Tarô, em casos de problemas de saúde, não substitui a intervenção médica e o uso de medicamentos que seja pelos médicos prescritos.
Desse modo, procure o especialista médico sempre que você ou alguém de sua família apresentar qualquer tipo de desequilíbrio, seja ele físico-orgânico ou mental-emocional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALLONE. G. J. Personalidade borderline. In: PsiqWeb. Disponível em: www.psiqweb.med.br/. Rev. em 2005. Acesso em: 6 fev. 2010.
ICD - Classificação Internacional de Doenças. Geneva, Switzerland: WHO - Word Health Orgnizations, 2010. Disponível em: http://www.who.int/classifications/icd/en/. Acesso em: 6 fev. 2010.
SIEVER, L. The biology of borderline personality disorder. The Journal of the California Alliance for the Mentally Ill. California, USA, 2007[?].
WIKIPÉDIA. Transtorno de personalidade limítrofe. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_de_personalidade_lim%C3%ADtrofe. Acesso em 06 fev. 2010.
Ricardo Pereira - © Copyright 2010 - Todos os direitos reservados
Contato com o autor
Ricardo Pereira: http://www.substractumtarot.blogspot.com
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08/02/2010 22:02:23
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vera lúcia - 18/02/2010 10:53:27
Gostei muito do comentário sobre TPB. Sou taróloga, trabalho em Porto Alegre desde 1986 . Aprendi a jogar o Tarô com uma tia pisciana aos 14 anos de idade e decidi assumir profissionalmente aos 38 anos. Gostaria de manter contato para possiveis trocas de informações para crescimento do saber. Na Paz, caminho ao encontro daqueles que sabem mais!
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Ricardo Pereira - 24/02/2010 22:58:18
Oi Vera Lúcia,
Obrigado pela participação.
Caso queira entrar em contato, visite o meu blog http://substractumtarot.blogspot.com/2009/06/taro-classico.html
Abraços,
Ricardo
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Maria Elisa Fernandes - 26/02/2010 17:30:23
Espetacular a sua matéria e a leitura sobre essa patologia, que servirá, para tantas outras da mesma gravidade. Parabéns pela clareza, lógica, coerência e seriedade sobre o assunto. Será de grande proveito para todos que o lerem. Obrigada por esta aula fantástica!
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Ricardo Pereira - 27/02/2010 10:54:11
Olá Maria Elisa,
Muito obrigado pelo positivo feedback sobre o meu trabalho.
É imensa a satisfação que sinto em poder comprovar que o meu trabalho e os meus artigos conseguem ter um alcance tão significativo e uma utilidade tão efetiva.
Qualquer dúvidas ou informações sobre o Tarô, entre em contato.
Abraços,
Ricardo
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Sávia - 04/03/2010 15:59:50
Gostaria de entender melhor o método. Porque nas casas 1 e 2 a segunda carta ou, carta do meio, é lida na posição invertida, e nas demais não acontece isso? Qual o objetivo em tirar dois arcanos maiores para cada casa? Obrigada
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Ricardo Pereira - 05/03/2010 18:12:13
Oi Sávia,
Achei excelentes e bem pertinentes as suas indagações!
Quanto a primeira pergunta: "Porque nas casas 1 e 2 a segunda carta ou, carta do meio, é lida na posição invertida, e nas demais não acontece isso?"
R: Porque segundo as regras do método/técnica "Intus Legere", os arcanos invertidos também são considerados na análise taromântica.
Quanto a segunda pergunta: "Qual o objetivo em tirar dois arcanos maiores para cada casa?"
R: O objetivo principal, segundo regras do método, é o de buscar o aprofundamento analítico da questão ou problema.
Cada casa nesse "Intus Legere" possui a sua razão de ser, importância e finalidade, por isso elas serem dispostas conforme destacado no artigo.
Em breve estarei montando um curso de Tarô virtual, no qual as pessoas que estão distantes de minha cidade, Fortaleza-Ce, terão acesso ao aprendizado detalhado e aprofundado desse e de muitos outros métodos/técnicas de tiragens de minha autoria.
Espero tê-la esclarecido. Caso tenha ficado, ainda, alguma dúvida, terei imensa satisfação em dirimi-la.
Obrigado por sua participação.
Abraços,
Ricardo
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Sávia - 08/03/2010 16:23:18
Obrigada Ricardo! Gostei demais do jogo que vc criou.Acho que pode ser utilizado para ajudar pessoas que estão passando por algum tipo de crise da persoalidade. É claro que existem casos patológicos que exigem acompanhamento psiquiátrico, terapêutico ou similar. Mas acredito que todos nós temos o lado sadio, e o lado não sadio com carateríscas ora obsessivas, depressivas, neuróticas, psicoticas, normopatas (aquele que acha que não tem problema nehuma....rs). Na minha opinião seu jogo é perfeito para ajudar as pessoas nesses momentos em que o "lado não sadio" precisa de ajuda.... Quanto ao método/técnica "Intus Legere", conheço pouco a respeito. Poderia me indicar algo para ser e me informar melhor? Estou interessada no seu curso sim. Aguardo seu contato. Abraços!
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