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18 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


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De Mago e Louco todo mundo tem um pouco...
  João Cláudio Fontes  
    De Mago e Louco todos nós temos um pouco...
    Vou me focar no Mago e fazer uns paralelos com o Louco.
    O caminho na Árvore que corresponde a esse Arcano é o 11, que liga Keter a Hokmah. É o primeiro caminho no sentido descendente. Representa o primeiro impulso criador do supremo, que de Keter a Hokmah ainda se parece mais com um sopro de vento. Corresponde ao "Alef", a letra A do Hebraico.
    Interessantemente, no Budismo Tibetano, que é o Budismo Tântrico esotérico, também há esse ensinamento sobre a "sílaba semente A". É um dos ensinamentos mais elevados do Dzogchen, que é o ensinamento supremo do Budismo. Nos ensinamentos do Dzogchen se diz que o mundo todo, todos os fenômenos do cosmos, são como a exibição de um Mago. Do Vazio primordial, todos as coisas e fenômenos surgem como que por mágica, como que saídos da cartola de um grande mágico.
    Por isso se diz que viver é o grande ato de magia...
    Do Nada, o Ain dos cabalistas, surge um universo inteiro, com milhões de Sóis, planetas, galáxias e vida em todos os cantos do cosmos (acho que ninguém acredita que só no nosso planetinha há vida, né...) e outros seres além dos humanos como Deuses, Arcanjos, Anjos, demônios, elementais e tudo o mais.
    Mas tudo isso surge em padrões ordenados, seguindo leis universais, do mais sutil ao mais denso, como é representado na Árvore da Vida.
    O Mago, portanto, seria aquele que  conhece  essas  leis e
 
O Mago no Tarot des Magiciens
O Mago
Tarot des Magiciens
 
as manipula ("bend", dobra, um dos significados de "Wicca") de acordo com a sua Vontade. Todos aqui devem conhecer a definição clássica de magia dada pelo terrível (mas genial!) Aleister Crowley: "Magia é a ciência e a arte de causar mudanças de acordo com a Vontade". A parte da ciência seria o conhecimento dessas leis cósmicas. A parte da arte, além de todos os implementos, roupas coloridas e armas mágicas, seria a intuição de como se utilizar criativamente dessas leis pra se conseguir o que se quer. O Mago então seria aquele que imita ou participa do próprio ato criativo de Deus...
    É claro que isso já fez com que vários aspirantes a magos, ou aprendizes de feiticeiros, e inclusive alguns Magos renomados (como o que eu acabei de citar) ficassem loucos... Piraram mesmo, brincando de Deus (ou Diabo: os Magos negros). Daí porque, talvez, o Louco também seja associado por alguns autores ao caminho 11.
    Essa associação do Arcano O Mago com o décimo primeiro caminho é a seguida pelo Constantino na correlação que ele faz dos caminhos da Árvore da Vida e dos Arcanos, seguindo, acredito eu, a linha dos ocultistas franceses e principalmente do grande ocultista russo G.O Mebes. Eu recomendo vividamente os dois livros do Mebes publicados pela ed. Pensamento, Os Arcanos Maiores do Tarô e Os Arcanos Menores do Tarô. Verdadeiras enciclopédias de ocultismo e esoterismo!
 
O Louco e o Rei Davi
O Louco e o Rei Davi
www.narren-spielgel.de
      A associação do Louco com o caminho 11 segue a Escola Inglesa, ou seja, a Golden Dawn. Foram eles quem primeiro fizeram essas associações dos caminhos e da Árvore, que são as mais conhecidas. Mas, devo admitir que, apesar de seguir o sistema da GD em quase tudo relacionado à magia, em relação a essa associação do Tarô com a Árvore prefiro o Mebes e os franceses. Me parece mais precisa. Para maiores esclarecimentos veja: Árvore da Vida e Caminhos
    Mas voltando ao nosso Arcano, ou melhor, Arcanos, gostaria de citar uma passagem do livro Jung e o Tarô da Sallie Nichols, ed. Pensamento, na qual ela compara os dois Arcanos:
    "Se o Louco representa o impulso profundo do inconsciente que nos incita a buscar, o Mago simboliza um fator em nós que dirige essa energia e ajuda a humanizá-la. Sua varinha mágica liga-o ao seu antepassado, Hermes, o deus das revelações. Como o alquímico Mercúrio, que possuía poderes mágicos, o Mago pode iniciar o processo de auto-compreensão, que Jung denominava individuação, e
guiar nossa viagem pelo mundo inferior dos nossos eus mais profundos. Os seres humanos sempre reconheceram a existência de um poder que transcende o ego, e procuraram propiciá-lo através de ritos mágicos.
    Tanto o Louco quanto o Mago se acham à vontade no mundo transcendental. O Louco dança nele como criança inconsciente, o Mago cruza-o como viajante amadurecido. Ambos estão relacionados com o arquétipo do Embusteiro, porém de maneiras diferentes. As diferenças entre o Louco e o Mago a esse respeito assemelham-se às que existem entre uma brincadeira e um ato mágico. O Louco nos prega peças, o Mago nos arranja demonstrações. Se Louco perpetra suas surpresas às nossas costas, o Mago é capaz de
realizar a sua mágica diante de nós, bastando que para isso assistamos às suas representações. O Bufão nos engana e nos faz rir, Mago nos mistifica e nos faz pensar.
    O Louco é um amador despreocupado. O Mago é um profissional sério..." (S. Nichols, Jung e o Tarô, pp. 59-60)
    Como eu disse, de Mago e Louco, todos nós temos um pouco. Mas é preferível que o nosso lado Mago prevaleça.
    Uma vez eu li algo sobre a diferença entre o místico e o louco psicótico que eu acho ajuda a entender bem essa questão. O místico seria aquele que entra no mar (o inconsciente, o mistério) e aprende a nadar e a surfar. O psicótico se afoga ou é devorado pelos tubarões...
    No entanto, existe no Budismo, no Sufismo, no Hinduísmo e até no Cristianismo (São Francisco, por exemplo) um caminho chamado "Crazy Wisdom", Sabedoria Louca. São os "Loucos de Deus" que dizem que, na verdade, a maioria das pessoas é que são loucas, vivendo as suas vidinhas medíocres e sem graça, como robôs.
    Eles desafiam as convenções e se comportam, de acordo com os padrões convencionais, como loucos. Só que eles fazem isso conscientemente, e estão conectados diretamente ao Divino. É uma linha muito tênue essa entre a Loucura e a Sabedoria, entre o delírio e a genialidade. O Crowley que o diga...
 
O Mago e Louco de Deus
O Mago e "Louco de Deus"
www.lilela.net
 
    Um Lama Tibetano muito sábio disse que a melhor maneira de sabermos se a "crazy wisdom" está funcionando pra nós é ver se estamos ficando mais sábios ou mais loucos! hahaha
    Não existe Sabedoria verdadeira sem Compaixão.
    Possamos nós conhecermos a nossa loucura e, dessa forma, nos tornar sábios!
    Assim seja.
janeiro.09
Contato com o autor:
João Cláudio Fontes - joaoclaudiofontes@yahoo.com.br
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