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A saúde e as cartas |
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Os textos de quinze tarólogos
podem ser percorridos em dois grupos:
Aplicações - com estudos sobre signficados das cartas quando aplicadas ao tema da saúde;
Posturas - com comentários sobre o níveis de abordagem, precauções e técnicas de leitura. |
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As cartas do Tarot e a Saúde Humana |
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Se falarmos das cartas de tarot no contexto da saúde humana, temos de estar cientes de que, implicitamente, aceitamos duas premissas básicas.
A primeira é que quando lidamos com um instrumento simbólico e espiritual como as cartas encontramo-nos automaticamente numa realidade analógica e mágica, e qualquer tentativa de negar ou contornar isso terá de falhar. |
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Quer isto dizer que não deveremos utilizar o tarot para verificar, por exemplo, se um tratamento puramente alopático ou até mecânico faz sentido ou não, nem deveremos utilizar as cartas para fazer diagnósticos unicamente físicos, sem incluir a psique, a emoção, o espírito ou a alma. Obviamente que é possível utilizar o tarot no sentido mencionado, e por isso eu disse que não “deveremos”, em vez de “não podemos”. Sendo possível, então, considero-o ser errado, pois utilizaríamos um instrumento impróprio e nesse sentido adulterado. Podemos beber água por uma colher de sopa – funciona mas não deveria ser. |
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O segundo elemento que temos de aceitar completamente se lidarmos com as cartas de tarot na área da saúde é que toda a matéria é uma concentração e condensação de energia, que o espírito não somente domina mas também cria. Nesse mundo físico, portanto, não é o corpo que tem uma alma, mas antes é a alma que tem um corpo. Isso igualmente implica que não existe lógica nenhuma na distinção categórica entre doenças físicas e psíquicas. |
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Não esquecendo assim onde estamos e por onde vamos quando falamos do mundo do tarot, temos como primeira distinção geral e básica aquilo que chamamos de microcosmos e macrocosmos.
O microcosmos é o mundo do ser humano, dos quatro elementos, da energia que se mostra como matéria, dos desequilíbrios energéticos que se mostram como doenças. O macrocosmos é o mundo divino, das três forças universais, das energias por detrás da matéria, dos mecanismos cármicos que provocam realidades físicas. |
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Falemos, então, primeiro do macrocosmos, das tríades divinas, daquilo que cria, preserva e destrói, da força que mantém o universo e nós nele, que chamamos de vida. |
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3. Imperatriz, 6. Amantes, 9. Eremita, 12. Pendurado, 15. Diabo, 18. Lua e 21. Mundo |
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Cartas do Tarot Rider-Waite |
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Essa trindade da vida atravessa os trunfos do tarot em passos de três, iniciando na Imperatriz, passando pelos Amantes, pelo Eremita, pelo Dependurado e o Diabo, depois acabando na Lua e no Mundo. Há muito a dizer acerca dessa quente e evolutiva Corrente do Golfo dentro dos trunfos, mas não é esse o tema deste artigo. No contexto da saúde basta relembrar que essas sete cartas estão ligadas ao crescimento, seja ele saudável ou doente, ascendente ou descendente. Não estamos ainda, no entanto, a falar do corpo físico humano, mas da sua alma, das suas condições cármicas. Essas obviamente se manifestam no nosso corpo, mas as razões e raízes estão fora daquilo que nós podemos realmente compreender, e muito menos influenciar diretamente. |
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O macrocosmos divide-se em duas forças ativas e uma passiva; uma força ativa é positiva e a outra é negativa; a força passiva é neutra. Pensemos no Yang e Yin, e no terceiro elemento que é o círculo que formam; ou na alquimia que define o sulfúrio, o mercúrio e o sal como essas três forças. A força activa que seria a negativa, voltando aos trunfos, está entrelaçada na positiva, de maneira que as mencionadas cartas são ao mesmo tempo a fria e involutiva Corrente de Humboldt, relembrando que o crescimento e o decrescimento são as duas faces da mesma moeda e inseparáveis um do outro. |
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Temos, portanto, de nos despedir da idéia de a vida ser o contrário da morte quando trabalhamos com o tarot a esse nível cármico. O que significa também que temos de perceber que doenças ou condições físicas que nos incomodam ou fazem sofrer não são nem maléficas, nem injustas. |
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A terceira força no macrocosmos, que é passiva, é aquela que mantém, que preserva, e que está relacionada com os efeitos materiais, com estruturas que determinam e definem a energia. Essa força, que na alquimia é o sal, corre pelos trunfos através do número quatro, começando com o Imperador, passando pela Justiça, pelo Dependurado – onde se encontram as duas correntes e acontece o casamento alquímico entre o sol e a lua, criando o novo homem, o ouro e a saúde, que é o equilíbrio interior – pela Torre e acaba no Julgamento. Mais uma vez, não convém aqui entrar em detalhes, mas deveremos manter em mente que esta sequência está relacionada com a superação da matéria, o que significa em outras palavras que é nessas e com essas cartas que se mostram os resultados físicos de quaisquer impulsos energéticos sobrepessoais das esferas cármicas. E estão, por isso, também aqui os resultados das curas. |
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3. Imperador, 8. Justiça, 12. Pendurado, 16. Torre e 21. Julgamento |
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Cartas do Tarot Rider-Waite |
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Entrando, e tendo tudo o anteriormente dito em mente, agora no campo do funcionamento do corpo humano, podemos ver que essas três forças macrocósmicas se mostram no físico como processos elétricos, químicos e mecânicos. Essas três forças, com os seus mecanismos distintos, mas analógicos, entrando no mundo daquilo que nós chamamos de humano, manifestam-se como os quatro elementos fogo, ar, água e terra. |
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O fogo está relacionado com os efeitos do macrocosmos manifestados, ou os que se querem manifestar nesta nossa realidade humana. Existem três tipos de fogo, como também dos outros três elementos: Aquele que cria, que destrói e que preserva. |
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O ar está relacionado com o mental, com as idéias e os conceitos analíticos; que, igualmente, podem trazer clareza, crescimento e organização ou desnorteio e confusão; ou que podem manter o mundo interior do ser humano num equilíbrio. |
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A água relaciona-se com o corpo emocional, com o intuitivo, as sensações e os sentimentos.
A terra está associada ao corpo físico e ao material, à matéria tangível e ao concreto. |
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Se quisermos realmente saber algo de importante sobre a saúde de alguém, temos, portanto, como primeira pergunta a fazer às cartas a questão da razão, da raíz e da proveniência de um certo sintoma.
E somente a partir daí poderemos realmente compreender o que se passa com a pessoa, e unicamente assim será possível aconselhar e ajudar. |
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Assumindo, em resumo, que qualquer doença é a manifestação de um desequilíbrio, temos então sete portas, como os chacras, pelas quais uma energia desequilibrante pode actuar, sete raízes das quais podem crescer doenças, e sete plantas doentes que se nutrem através delas. Por isso, o primeiro passo terá sempre de ser a determinação das origens de uma doença:
Vem ela de um desequilíbrio superior e cármico?
E se isso for o caso, este desequilíbrio provém de qual das três realidades criativas e determinantes? Eléctrico, químico ou mecânico? Construção, decomposição, estagnação?
Ou vem o desequilíbrio não das realidades do macrocosmos mas do microcosmos do nosso mundo exterior e interior?
Nesse caso teremos de determinar o ponto de cura, que é o ponto-raíz do desequilíbrio. |
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Uma doença pode vir de uma deficiente tradução, uma desequilibrada entrada das forças macrocósmicas no microcosmo, mostrando-se como uma problemática de lidar com as energias fundamentais e fogosas da vida.
Igualmente pode uma doença ter razões mentais, emocionais, como obviamente também mecânicas. |
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É de máxima importância determinar as raízes de uma doença se não quisermos ficar presos na mesma armadilha que já capturou a maioria dos médicos que já não se preocupam com as causas mas somente com os sintomas, chamando o desaparecimento desses de cura, ignorando que em breve nascerá uma nova cabeça ao monstro que passou despercebido. |
O tarot pode e deve ajudar-nos a perceber que, afinal, esse monstro da doença não é nenhum monstro, mas que somos nós próprios, espelhados. |
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Lisboa, maio.2010 |
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