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Interações: terapia psicológica, psicanálise e tarô |
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Tarô e Terapias - Caminhos possíveis, aplicações e experiências, foi o tema de um encontro para discussão e troca de experiências realizado em setembro de 2013, em São Paulo, com exposições de dois psicólogos, Teca Mendonça e Luiz Felipe Camargo Pinheiro, e do pedagogo, prof. de psicologia, Constantino K. Riemma. Acesse os textos no menu, acima. |
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A transcrição da gravação do evento e o copidesque do material ficou a cargo de Ivana Mihanovich, taróloga e colaboradora do Clube do Tarô. |
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Podemos considerar que todo jogo de lazer pode ser terapêutico e pode ser o meio. O tarô, como qualquer outra coisa, vai ser um meio e não um fim em si. Todo jogo é terapêutico enquanto lazer. É, no mínimo, um intervalo para você poder desviar seu foco e deixar que o processo inconsciente aconteça. |
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Meu primeiro caminho em Psicologia foi por Jung, mas procurei conhecer mais a fundo as ideias de Freud e percebi que ele também era genial, lidava profundamente com o pensamento simbólico. Seja qual for a linha, o grande problema, na minha concepção, é como o nome "ciência" se transforma num ícone do saber e do poder: a tendência de fincar a bandeira no ego é grande e muitas pessoas determinam que “só o meu jeito é claro, só o meu jeito serve”. |
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Freud percebeu que precisava colocar alguma coisa no lugar da religião, mas, na verdade, eu percebo que muitos freudianos e lacanianos lidam com a prática terapêutica como se fosse uma religião. Certos profissionais acabam determinando que "só o meu método funciona" e isso não é nada diferente daquelas frases de certas igrejas, como "Só Jesus salva". Transformam a ótica psicológica numa religião, estabelecem dogmas, provocam uma intolerância e não aceitam qualquer outra possibilidade. |
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Do mesmo modo como acontece na terapia psicológica, o risco pode ser visto no tarô. Dependendo de como se trabalha, o tarô pode trazer consciência e possibilidades de mudanças para pessoa que o procura. O que não se pode é fechar a cabeça num caminho único, acreditando que só a sua forma pessoal de lidar com o tarô é válida. |
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O tema tarô e psicoterapia são dois caminhos de entrada. |
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Já percebi pela minha própria experiência que existem pessoas que vem para o tarô e que nunca viriam para a terapia. Por outro lado, existem outras que se eu citar o tarô e a astrologia vão fugir; são as pessoas que vem para a terapia, movidas por esse único propósito. Sempre tomo o cuidado de sinalizar que são dois campos, duas abordagens diferentes. No entanto, o cuidado de separar cada caminho num espaço próprio. Esse esclarecimento é uma coisa; já o preconceito é outra. |
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Um cuidado fundamental, para quem conhece ambos os campos, é ser capaz de perceber um possível desequilíbrio no paciente, porque a questão delicada está não no que você fala, mas sim o que o outro escuta. É como ele vai interpretar o que você falou. No caso do tarô, se acaso o cliente tiver algum desequilíbrio psicológico ficará mais tentado ainda a dar interpretações diversas sobre o que foi dito, uma vez que você está lidando com um universo muito mais simbólico. |
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O que percebi em relação à possível intersecção entre tarô e terapia, de forma indireta e compartimentada, é que o conhecimento das referências simbólicas ajuda a entender o que |
está acontecendo, no próprio momento em que as coisas ocorrem. Utilizar os dois recursos simultaneamente pode se tornar muito complicado, tanto pelo risco de provocar a confusão no próprio paciente, quanto a estar se expondo, inclusive do ponto de vista das cobranças da comunidade terapêutica. |
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O conhecimento do tarô representa uma jornada completa, em termos de um aprendizado no qual temos etapas a vencer, pois cada Arcano Maior pode ser visto como uma etapa. Isso tudo me trouxe, pessoalmente, mais percepção, uma reflexão mais ampla e não um endosso ao que chamo de “pensamento mágico”, ou seja, aquela ideia que algumas pessoas trazem de que o tarô irá apontar um milagre e tudo ficará magicamente bem, sem que elas tenham que despender esforço algum. O que eu tento abordar é a consciência de que existe um tempo de construção. Essa é, então, uma função terapêutica do tarô. Não se trata, portanto, de misturar o tarô à terapia, mas, sim, de aplicar uma percepção terapêutica do tarô. Essa consciência do tempo de construção é a ideia da jornada como eu citei antes. É apontar um caminho que a pessoa poderá percorrer. Quanto às áreas terapêuticas que tendem a incorporar o tarô de modo mais coerente, acredito que certamente os junguianos se sintam mais à vontade. |
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Em relação às restrições de órgãos de classe, entendo que existem dois níveis a considerar. O problema, de fato, está em que as restrições costumam ser respaldadas pelos depoimentos de atendimentos de astrólogos e tarólogos desastrados. Além disso, verdade seja dita, isso ocorre também em defesa de território das próprias organizações de classe. Acredito que há, ainda, um longo caminho a percorrer, até que o tarô deixe de ser mal visto por esses órgãos e possa ser bem aplicado como suporte por um número maior de profissionais. |
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