A Justiça tem uma espada numa das mãos
e, na outra, a balança, seus atributos habituais. A espada
simboliza o poder executivo da Justiça que castiga o culpado.
A balança significa o equilíbrio de julgamento. Este
atributo já se encontra nas moedas romanas. As três
virtudes cardeais – a Temperança, a Força e
a Justiça – são trunfos do jogo do tarô.
A quarta virtude, a Prudência, figura apenas no minchiate
de Florença.
As virtudes têm uma origem antiga,
enquanto que as virtudes teologais – a Fé, a Esperança
e a Caridade – são conceitos cristãos. Os gregos,
que identificavam a virtude à coragem, ao valor tanto da
alma quanto do corpo, haviam dado a ela o nome do deus da guerra,
Ares (Marte). Platão e Aristóteles atribuíam
um sentido moral às virtudes. Quanto ao nome em si, vem do
latim virtus, valor guerreiro, de vir, homem corajoso.
A virtude se define como a força aplicada ao bem.
A representação das virtude
foi freqüente na Itália dos séculos XIV ao XVI.
Acompanhadas de atributos, tinham de início a função
principal de decoração dos túmulos e, após,
ornaram os púlpitos, as pias batismais, os tabernáculos.
Elas se impuseram, a seguir, na iconografia profana, representando
a moral e servindo na decoração de edifícios
públicos, palácios, fachadas de casa, objetos (castiçais,
cofres, bainhas de punhais).
As virtudes foram integradas, com freqüência,
a grandes conjuntos decorativos, enciclopédicos, que inspiraram
programas de teólogos ou de humanistas, grandes afrescos
da civilização de então. As virtudes eram aí
representadas ao lado dos vícios, dos heróis bíblicos,
dos deuses antigos, das artes liberais, das Musas, dos planetas
e signos do zodíaco, dos profetas e sibilas. Sua presença
no jogo do tarô é facilmente compreensível.
As virtudes do Taro dito de Charles
VI ou Gringonneur são todas três representadas
por moças sentadas, rosto em três quartos, cabeça
ornada por um auréola ou chapéu.
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