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O Tarô de Jean Noblet – 1650 |
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Cartier, restaurador e escritor.
Tradução de Constantino
K. Riemma |
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O pequeno tamanho, pouco habitual, deste
tarô não afeta seu charme, mesmo com a falta de 5 cartas
(do 6 ao 10 de Espadas). Seu fabricante está claramente designado
na bandeirola do Dois de Ouros e sobre o medalhão do Dois de
Copas: trata-se de Jean Noblet, morador do subúrbio de Saint-Germain,
em Paris. A propósito, um certo Jean Noblet, “maître-cartier”,
ou seja um “mestre impressor de cartas”, morador de “Saint-Germain-des-Prés,
rua Sainte Marguerite, paróquia de Saint-Sulpice”, está
citado em dois assentamentos de cartório, no ano de 1659. |
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O Mundo (XXI)
Original de 1650, sob guarda da Biblioteca Nacional
da França |
O Mundo (XXI)
Restaurado pelo autor desta resenha, Jean-Claude Flornoy |
Dorso
com motivos hexagonais
e com cruz de malta |
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Para percorrer a Galeria do Tarô de Jean Noblet clique sobre as cartas. |
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Trata-se de um jogo de 78 cartas, das quais
restaram 73, impressas em Paris, em meados do século XVII.
Com insígnias italianas e gravuras sobre madeira, coloridas
com “pochoir” (moldes recortados), em papel com várias
camadas, tamanho 92 x 55 mm.
O grande
erudito D’Allemagne também cita um Jean Noblet em sua
lista de impressores de cartas parisienses de 1664.
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Não
hesitamos, portanto, em datar este jogo de meados do século
XVII, o que o torna contemporâneo de Jacques Viéville.
O interesse por uma tal datação é que estamos
diante de um jogo inteiramente conforme ao modelo do assim chamado
“Tarô de Marselha”: ele é o primeiro exemplo
conhecido.
Podemos notar que a Morte (XIII) está com nome.
O
brasão do Carro (VII) traz as iniciais I.N., provavelmente as de Jean Noblet.
(Era usual deixar esse tipo de "marca registrada"
no brasão da carrugem).
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O dorso
das cartas é rigorosamente o mesmo empregado por Viéville,
também encontrado num tarô parisiense anônimo,
dessa mesma época. |
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Para percorrer a Galeria do Tarô de Jean Noblet clique sobre as cartas. |
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O dedo do mágico |
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Com esse detalhe da carta do Mágico
(I), não duvidem, já se gastou muito papel e tinta.
Por qual razão um mestre tradicional do tarô se permitiria
tal coisa? |
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1650 é uma data
em que, como muitas outras, uma espécie de guerra opôs
a fiscalização da época aos impressores
de cartas.
É preciso saber
que nessa época as taxas sobre os jogos de cartas representavam
uma porcentagem importante do orçamento do Estado, claramente
muito maior que o imposto sobre o selo.
Para melhor vigiar os fabricantes
de cartas, eles haviam sido postos |
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em casas comuns. Toda
a corporação era agrupada num bloco de casas vigiadas
por guardas e agentes fiscais. Os trabalhadores eram selecionados
e deviam ter um passe. As folhas trabalhadas durante o dia eram
numeradas e levadas por um oficial. Os antigos moldes haviam
sido apreendidos. Para serem refeitos, não havia muito
problema para encontrar gravadores de cartas comuns, porém
quando se tratava de gravadores de tarô, a situação
era outra.
Jean Noblet era editor
e gravador. Para ele, especialista em tarôs, não
havia complicações técnicas, mas deveria
passar um ano, talvez mais, para refazer seus moldes de impressão.
O seu dedo de honra é o sinal.
Como ele faz uma modificação
importante na carta, ele a anuncia pelo curioso título ao pé
da carta “LL Bateleur”.
O segundo L é
o esquadro o mestre, a assinatura pela qual ele diz: “Fiz uma
variação, eu sou um mestre e assumo”. Ela faria
a mesma coisa com a “Lemperance”
(XVII A esperança) e “Lestoille”
(XIV A Estrela). |
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Esse dedo de honra se
dirige a nós, o público. Seria uma mensagem portadora
de significado esotérico? Ouso esperar que se dirige ao fisco
e que se trata da “linguagem dos pássaros”. |
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Rostos brancos, mãos brancas |
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Não sei a razão pela qual
os rostos e as mãos são brancas, tal como constatamos
na maior parte dos arcanos maiores no tarô de Jean Noblet e
no tarô de Jean Dodal. No de Noblet, o Mágico tem o roso
branco e, o Louco, cor de carne. No de Dodal é exatamente o
oposto.
Em termos de impressão, o branco não
existe; é apenas a cor do papel. Volto, então, à
velha formulação que persiste ainda num dos cantares
de companheiros: “brancas as lágrimas do Mestre Jacques”.
Os rostos são expressão do estado de individuação.
Esse estado gera lágrimas e as mãos, pelo seu “fazer”,
também são portadoras de lágrimas. Em outros
termos, as lágrimas são o resultado da individuação
e de seus atos. É o “vale de lágrimas” do
Evangelho. |
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Em compensação, no tarô
de Jean Noblet, a Imperatriz, o Imperador e o Louco têm
a particularidade de mãos
grandes e pequenas;
uma grande mão, esquerda para o Imperador e o Louco,
direita para a Imperatriz.
Trata-se aí da “mão
de glória”, bem conhecida nas corporações
de ofícios. É a mão da mestria, do saber-fazer:
a esquerda para a mestria do emocional; a direita para a mestria
da ação. |
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Fases da Vida (adendo) |
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Jean-Claude Flornoy sugere uma sequência evolutiva para os arcanos maiores, inspirada na hierarquia das corporações de ofício da Europa, plenamente atuantes no período em que aparece o Tarô e se desenvolvem as técnicas de impressão das cartas. Trata-se de um convite para examinar as cartas sob um novo olhar. |
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Encarnação: |
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Infância: |
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Aprendizagem: |
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Companheiro: |
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Mestria: |
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Sabedoria: |
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Iluminação: |
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Clique nos números das cartas para ver ampliações e percorrer a Galeria do Tarô de Jean Noblet. |
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Atualizado: abril.09 |
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