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As Espadas de Crowley |
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Um estudo das cartas numeradas do naipe de Espadas do Thoth Tarot |
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Após refletir sobre as cartas numeradas do naipe de Espadas dos baralhos clássicos e do Tarô de Waite, faltaria lidar com o baralho desenvolvido por Frieda Harris e Aleister Crowley. Esse baralho foi o que maiores questionamentos despertou, pela natureza da sua elaboração e pelo resultado final obtido pela iconografia proposta. |
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Sabe-se, hoje, que não é necessário estudar astrologia, cabala ou ciências afins para desenvolver um trabalho adequado com o Tarô; contudo, deixar de lado essas disciplinas ao estudarmos esse baralho é empobrecer a leitura, já que o desenvolvimento dessas imagens observou claramente tais disciplinas. Diferenciemos, portanto, o estudo do Tarô, do estudo iconográfico. O primeiro dispõe a entender a proposta adivinhatória decorrente de um arranjo simbólico específico. A segunda visa o reconhecimento das intencionalidades do(s) autor(es) cujo resultado final é uma obra de arte. Proponho a segunda, tendo em vista a compreensão da primeira. |
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Já tendo escrito um estudo¹ sobre a natureza desse baralho e contando com excelentes resenhas no Clube do Tarô² não me estenderei nesses assuntos: |
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(1): www.conversascartomanticas.blogspot.com.br/2011/01/Taro_Thoth_Crowley_Harris
(2): Compilação de Constantino Riemma: O Tarô de Aleister Crowley
e o texto de Cláudio Carvalho: Tarô de Crowley-Harris ou Tarô de Thoth. |
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Sugiro a leitura dos artigos supracitados para maior apreensão do presente texto. Da mesma forma, não me proponho a oferecer interpretações para as lâminas, já que dispus minhas interpretações pessoais no primeiro texto dessa trilogia: O Peso da Espada - Tarô Waite-Smith e Das Cimitarraa Bastardas - tarô clássico. |
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Para ler as imagens das Espadas do Thoth Tarot |
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Se, em relação aos baralhos clássicos, concentramo-nos na presença ou não das espadas bastardas dialogando com as cimitarras e, no tarô de Waite, observamos a presença das pontas, no Thoth Tarot deveríamos nos concentrar, sobretudo, nas cores e formas. Esses |
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Aleister Crowley e Frieda Harris |
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in www.oxygenee.com e www.tarokki.fi |
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dois elementos, magistralmente empregados por Frieda Harris, sintetizam a proposta visual do idealizador, conforme apresentada em sua literatura, em especial no livro 777. |
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A proposta iconográfica do Thoth Tarot sintetiza as duas anteriormente apresentadas, no sentido em que voltamos a ter as quantidades como senhoras da cena (como nos baralhos clássicos), ainda que existam elementos e atributos que dialoguem diretamente com o significado proposto para a lâmina (como no Waite-Smith). Além disso, para cada uma das cartas numeradas duas atribuições tornam-se evidentes: um título para as cartas e uma atribuição astrológica, excetuando os Ases. |
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Comecemos, portanto, pelo diferencial dessas lâminas. |
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Algumas ressalvas se fazem importantes. O título, apesar de ser inicialmente um auxílio interpretativo importante, funcionando como uma palavra-chave, empobrece a leitura se não correlacionarmos o título à imagem em si. Da mesma forma, a atribuição astrológica proposta, relacionada a cada um dos decanatos do zodíaco e, nesse caso específico, dos signos de Ar (Libra, Aquário e Gêmeos), pode empobrecer a leitura, se for considerada um atributo principal e não um auxílio ao entendimento da iconografia. Lembremo-nos que, em relação ao Tarô, a imagem é sempre soberana. Rearranjos são propostos, títulos são propostos, numerações, atribuições. Mas é a imagem que é identificadora da experiência do Arcano, sobremaneira. |
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As cartas numeradas do naipe de Espadas |
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A divisão das cartas numeradas segue o seguinte padrão: aos 2, 3 e 4 de cada naipe corresponde o signo cardeal do elemento correspondente. Nesse caso, o 2, o 3 e o 4 de Espadas são regidos por Libra. Aos 5, 6 e 7 correspondem os signos fixos, nesse caso a Aquário e aos 8 9 e 10 os signos mutáveis, sendo nesse caso Gêmeos. A cada carta corresponde uma regência planetária, dialogante com a natureza do decanato. |
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O Ás, o Dois e o Três de Espadas no Thoth Tarot de Aleister Crowley e Frieda Harris |
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Ás de Espadas. A Raiz dos Poderes do Ar. |
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Nessa carta, a proposta seria sintetizar, já que o Ás representa início e síntese, a essência do que representa essa triplicidade. Nuvens se abrem num amanhecer dourado e uma espada, em cuja lâmina está escrito Thelema (Vontade, em grego), atravessa uma coroa de 22 Raios, externamente prateados e internamente dourados. |
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Dois de Espadas. Paz. Lua em Libra. |
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Duas espadas prateadas, em cujas empunhaduras veem-se dois anjos ajoelhados em oração, cruzam-se atravessando uma rosácea azul. O fundo da lâmina é composto por um degradée que vai do amarelo ao verde. |
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Três de Espadas. Dor. Saturno em Libra. |
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Num fundo negro e agressivo como nuvens de tempestade, a espada presente no Ás e mais duas cimitarras de metal escuro tocam uma rosa que se despetala. Na espada correspondente àquela do Ás, contudo, não há nada escrito na lâmina. A escuridão da imagem é intensa. |
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O Quatro, o Cinco e o Seis de Espadas no Thoth Tarot de Aleister Crowley e Frieda Harris |
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Quatro de Espadas. Trégua. Júpiter em Libra. |
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Uma rosácea violeta, de quarenta pétalas – 16 internas e 24 externas – é tocada em seu centro por quatro espadas de natureza semelhante e empunhadura diferente. A imagem é envolvida por uma estrutura cruciforme verde, de tom semelhante àquele utilizado para o fundo do Dois. O fundo dessa carta é azul e dourado. |
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Cinco de Espadas. Derrota. Vênus em Aquário. |
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Um pentagrama invertido é formado por cinco espadas, sendo quatro curvas e uma reta, que está aparentemente lascada em sua lâmina. Cada uma delas possui uma empunhadura curiosa: em sentido horário, partindo da espada inferior e reta, temos uma coroa, uma serpente, um peixe, uma rosa em botão, uma concha (ou chifre). As ligações entre os ângulos do pentagrama são formadas por pétalas de rosa. O fundo é formado por tons de magenta, azul e verde. |
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Seis de Espadas. Ciência. Mercúrio em Aquário. |
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Uma cruz dourada, formada por seis quadrados devidamente dispostos, possui em seu centro uma rosa vermelha de seis pétalas que é tocada por seis espadas de lâminas idênticas e empunhaduras razoavelmente semelhantes. De cima para baixo em sentido horário, temos uma empunhadura dourada, uma prateada, uma azulada, uma escurecida, uma avermelhada e uma de um tom mais profundo de azulado. Levando-se em consideração que as duas primeiras são de cores metálicas, supõe-se que as seguintes também representem metais específicos. O conjunto é envolvido por um círculo inserido em um quadrado. Tons de azul, cinza e amarelo compõem o fundo. |
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O Sete, o Oito e o Nove de Espadas no Thoth Tarot de Aleister Crowley e Frieda Harris |
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Sete de Espadas. Futilidade. Lua em Aquário. |
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Num belíssimo fundo azul-celeste, uma espada ereta, em cuja empunhadura vemos o símbolo astrológico do sol, é partida em diversos pontos por outras seis espadas, cujas empunhaduras representam os demais seis planetas da astrologia tradicional (da esquerda para direita: Saturno, Vênus, Marte, Júpiter, Mercúrio e Lua). As espadas são de metal arroxeado. |
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Oito de Espadas.Interferência. Júpiter em Gêmeos. |
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Num fundo agressivo em roxo profundo e nuances de vermelho, duas espadas idênticas, apontando verticalmente para baixo, sobrepõe-se sobre outras seis em posição horizontal (de cima para baixo): “o Cris (Filipinas), o Kukri dos Gurkas do Nepal, o Scrama-sax de origem germânica, a Adaga, o Machete (facão latino-americano) e o Yatagan (sabre turco)” . Apesar de possuírem naturezas diferentes, o material das lâminas e das empunhaduras aparenta ser o mesmo. |
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Nove de Espadas.Crueldade. Marte em Gêmeos. |
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Num fundo metálico e escuro na base, nove espadas idênticas, de tamanhos diferentes, relativamente gastas pelo uso, gotejam sangue. Suas empunhaduras são vermelhas e brilhantes, destoando do estado das lâminas. Entre as espadas, gotas – que poderiam ser de suor ou lágrimas – compõem o cenário. |
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Dez de Espadas. Ruína. Sol em Gêmeos. |
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Num fundo avermelhado, dez espadas são dispostas na estrutura da Árvore da Vida cabalística. A espada central, representando Tiphareth, emana luz e está envolta num halo amarelo, possui como empunhadura um coração vermelho e é feita em pedaços pelas demais espadas, com exceção daquela representante de Malkuth. Tendo por referência as Sephiroth que compõem a Árvore da Vida, temos as seguintes empunhaduras: |
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Malkuth. A empunhadura é formada pelo signo de Gêmeos, uma lua crescente voltada para cima e um pentagrama com a ponta voltada para cima. |
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Yesod. Uma forma curiosa, difícil de descrever, formada por uma esfera cornuda. |
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Hod e Netzach. Estrelas de quatro pontas com esferas. |
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Geburah e Hod. Cruzes de braços iguais formadas por quadrados e círculos. |
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Kether. Uma balança, coroada pelo Sol. |
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Binah e Chockmah. Algo semelhante a compassos sobre ampulhetas. |
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Conclusão |
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Descrever as imagens, como proponho aqui, tem um efeito claramente provocativo. Observe seu baralho. Leia as imagens, não se preocupando com significados, imediatamente. Leia a imagem. Tente entender o porquê daquele título e daquela atribuição. Esse é um baralho cujos detalhes compõem o todo, e não o contrário; em que cada forma, cada cor, cada textura e cada atribuição foi cuidadosamente pensada para ser uma compilação de todo o conhecimento proposto para o Tarô até sua elaboração. Se a artista e o idealizador obtiveram seu intento, não sei; suponho, inclusive, não ser esse o cerne da questão. Quando nos dispomos a estudar o Tarô, temos como prerrogativa que não existe baralho superior ou inferior, desde que respeite os limites simbólicos propostos para cada uma das lâminas. |
Sei, contudo, que esse é um baralho para ser estudado por uma vida, e a isso me proponho.
E não estou falando só da minha provocação em relação às dez cartas numeradas de Espadas. |
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Bibliografia consultada |
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HEYSS, Johann. O Tarô de Thoth: um guia para consultar o oráculo de Aleister Crowley. Rio de Janeiro: Record: Nova Era: 2000. |
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KAPLAN, Stuart. R. Tarô Clássico. Tradução de Maio Miranda. São Paulo: Pensamento, 2003. |
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RAMAD, Veet. Curso de Tarô e seu uso terapêutico. São Paulo: Madras, 2004. |
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ZIEGLER, Zerd. Tarô espelho da alma: manual para o tarô de Aleister Crowley. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, s/d. |
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maio.12 |
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Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores |
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