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O progresso da desordem |
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Duas quadraturas fizeram o governo se mexer, Júpiter/Saturno no céu e Marte, no início de Leão, contra sua própria posição natal em Escorpião. Nas duas semanas iniciais de agosto houve atividade frenética: manifestos de federações patronais, entrevistas de diretores de grandes empresas e muita conversa entre eles e políticos, Lula presente em Brasília, o TCU deu mais quinze dias ao governo, o TSE paralisou o processo contra as contas da campanha de Dilma e finalmente os senadores propuseram a Agenda Brasil, um cozido brasileiro feito de inúmeras sobras, algumas bem polêmicas como remarcação de terras indígenas, questões ambientais e SUS. O governo recuperou alguma iniciativa, mas tornou-se refém dos empresários e suas demandas, o que acirra o conflito com o PT. |
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Enquanto a Lua transitava o Sol natal do Brasil, as pessoas foram às ruas pela terceira vez com o mesmo projeto: impeachment já! Os grupos que organizam as manifestações não se deram conta que assim esvaziam o movimento. Se quiserem ter êxito precisam planejar uma ação que vá crescendo ao longo do tempo e desemboque numa grande manifestação ou numa greve geral, esperar pelo Judiciário ou Congresso pode ser fatal, ainda mais agora que os empresários entraram em cena para pacificar os ânimos. Além disto, eles não têm a menor ideia do que fazer depois da queda do governo. |
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O vice-presidente Michel Temer se reune com empresários. |
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Foto da Agência O Globo |
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Contra todos os conchavos e arranjos milita a péssima situação da economia. Na realidade temos duas posições que não ousam declarar suas intenções, a primeira delas vê que diante da rentabilidade declinante é preciso rebaixar os salários reais e cortar benefícios sociais, a segunda propõe segurar salários e benefícios nem que tenham que aumentar a dívida pública. São duas propostas desastrosas, a primeira vai suscitar resistência, greves e revoltas populares; a segunda vai trazer mais inflação e juros na Lua. Há na Agenda Brasil pontos que satisfazem a primeira das opções tais como a terceirização, a cobrança de serviços do SUS para filiados de planos privados de saúde etc. Estas opções não são especificamente brasileiras, elas estão no cerne do problema europeu, como vimos recentemente no caso da Grécia. O tema coloca em cena Saturno e Netuno que estarão em quadratura no final do ano, o que favorece a primeira opção. |
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Na grande balbúrdia instalada na mídia apareceu algo sensato, Ajuste inevitável - um ensaio de Mansueto Almeida, Samuel Pessoa e Marcos Lisboa - onde eles mostram com números que a despesa obrigatória no Orçamento federal cresceu mais velozmente que o PIB desde a Constituição de 1988. As despesas obrigatórias aqui incluem educação, saúde, previdência e Loas, salários e aposentadorias dos funcionários públicos e o tema é politicamente explosivo, pois seria preciso reformar a Constituição o que envolve a aprovação de 2/3 dos congressistas. O que se discute atualmente é paliativo e empurra os problemas com a barriga. A casta política flerta com aumento de impostos o que leva a economia a mais informalidade. Na progressão secundária Marte está a 29 de Peixes e o Sol a 28, em pouco tempo eles passarão para Áries e encontram Plutão natal, é um aspecto que promete mudanças fundamentais. |
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Outro obstáculo contra acordos de bastidores é a Lava Jato. Recentemente o Sol, Mercúrio, Vênus e Júpiter cruzaram a Vênus natal em Leão que rege o Judiciário, casa 9. A lista de delações premiadas aumentou e o cerco a Lula também. A situação brasileira é tão paradoxal que talvez a sobrevivência de Dilma dependa do afastamento total de Lula da cena política e como a capacidade de mobilização do PT está ao rés do chão, isto não é tão improvável como parece. A PGR está demorando a indiciar os políticos no Supremo, sinal das pressões que eclodem por todos os lados, Janot precisa da aprovação de senadores para ser reconduzido ao cargo. A denúncia contra Cunha foi lançada e espera-se que comece um processo contra Dilma em retaliação, o que só aumenta o tumulto, pois se o processo não conseguir quórum para tramitar os manifestantes das ruas estarão irados. |
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E agosto descamba ao ocaso com Joaquim Levy admitindo ser impossível fazer o superávit prometido e tendo que engolir mais um mimo que o governo quer dar a algumas empresas com crédito subsidiado pela Caixa e BB. Temer anuncia sua saída da articulação política, pois o governo não cumpre com os acordos feitos com os parlamentares para nomeações e liberação de emendas, e Gilmar Mendes pede que o Ministério Público investigue as contas da campanha de Dilma. |
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A presidente e o ministro da fazenda com um abacaxi em mãos |
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Charge em www.tribunadainternet.com. br |
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Setembro promete mais movimento: Marte cruza a Vênus natal, Júpiter faz quadratura à conjunção natal Lua/Júpiter e ocorrem dois eclipses, sendo que o lunar é total, que ativam a oposição Mercúrio/Plutão do mapa natal. |
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Mundo afora |
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Júpiter caminha para uma oposição a Netuno no céu e os dois planetas estarão em quadratura às potentes estrelas Aldebaran e Antares, é um momento importante, metade do ciclo que se iniciou com a conjunção em 2009, em Aquário. O mais importante naquela ocasião foi a rápida ação do G-20 para conter o que parecia ser uma Grande Depressão. Passado o susto e contido o perigo eles relaxaram, inúmeras providências prometidas foram adiadas: maior participação dos emergentes no FMI, restrições aos mercados de derivativos e a atuação dos bancos sombras, combate aos paraísos fiscais etc. A estagnação se instalou e a solução do problema foi adiada, há mesmo quem pense que entramos numa era de longa estagnação – confirmada pela queda dos preços do óleo, metais e cereais -, como a atual oposição ocorre em Virgo/Peixes, signos de dissolução, poderemos ver uma lenta agonia. Também foi o ano da reunião do painel do clima em Copenhague que terminou com uma declaração final frágil, a futura reunião em Paris suscita mais esperança. A configuração será rápida agora, mas Júpiter retrogradará e ela tomará forma novamente, o movimento todo decorre em meses. A configuração afeta vários países entre eles EUA, União Europeia, Alemanha, China, Irã, Israel e o Brasil. |
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A China frequentou o noticiário nas últimas semanas por dois motivos diferentes. Com Marte fazendo oposição ao Ascendente e a Lua natais, ocorreu uma explosão num porto com espalhamento de produto tóxico, muitas mortes e feridos; uma mina desmoronou causando muitas mortes. O governo fez uma brusca desvalorização do Yuan tentando recuperar as exportações, Júpiter regente da casa 2 ingressou em Virgem (detrimento) na casa 7 (veja o mapa astral da China). Os mercados acionários e cambiais reagiram pelo mundo afora por medo do início de uma corrida protecionista e de uma queda mais profunda da economia chinesa. Saturno ingressou recentemente na casa 10, do governo central, e mostra as agruras que ele enfrenta para encontrar um padrão de crescimento sustentável num cenário internacional frágil. |
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Mendigo com acesso à internet |
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Foto em O Globo |
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A Argentina marcha para a eleição em situação precária. Foi um país rico, de alta renda per capita até 1930 quando entrou em turbulência e nunca mais saiu, o que é uma lástima. Peronismo, vários períodos militares, neoliberalismo de Menen e Cavallo, estrepitosa quebra em 2001 e os Kirchner com inflação maquiada, dólar controlado, reservas internacionais minguantes, programas sociais insustentáveis, ataque à mídia oposicionista, corrupção alastrada e suspeita de assassinato de um procurador. A plataforma dos dois candidatos principais não sugere grandes mudanças. O governo agarra-se desesperadamente aos investimentos chineses até mesmo em áreas sensíveis como energia, quer agradar a empresários e trabalhadores e acaba descontentando a ambos. Marte está de retorno a sua posição original em oposição a Saturno natal, na casa 11/Leão, a de projetos e futuros, mostra um traço leonino que não condiz mais com a situação de pobre soberbo em que se encontra atualmente (veja o mapa da Argentina). A independência foi proclamada num dia de Lua cheia, com o nosso satélite a 19 graus de Capricórnio regendo o MC do país, esta Lua receberá a visita de Plutão no próximo governo, é crise na certa. |
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Nota sobre Astrologia Mundial |
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Morin de Villefranche e William Lilly viveram sob monarquias absolutistas e não podiam suspeitar o que seria um Estado-nação constitucional e a futura revolução industrial. Os problemas que enfrentamos agora não podem ser solucionados recorrendo a seus manuais. O Tribunal de Contas é um órgão de auditoria do poder Legislativo, a oitava casa a partir da décima primeira, ou a sexta casa do mapa natal do país, regida pela Lua em conjunção a Júpiter. O que vai acontecer com Eduardo Cunha? Ele é o comandante do Legislativo, a décima casa a partir da décima primeira, ou a oitava do mapa natal regida por Mercúrio em oposição a Plutão. |
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Estes astrólogos e os anteriores atribuíam ao Sol a representação do Rei, no que tinham razão, pois o regime era absolutista. Agora Estado e governo são entes diferentes e isto exige uma representação astrológica diversa. O Estado e os valores predominantes são representados pelo Sol e o governo de plantão pelo regente do MC, em nosso caso Marte. Em 1964, Plutão e Urano passavam pelo Sol natal brasileiro e o que houve foi uma mudança de regime político e não apenas de governo. |
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Depois da Revolução Industrial a economia se diversificou tremendamente e atualmente não há nenhuma casa astrológica que não tenha um traço econômico, mesmo a casa 12 que sinaliza o conceito de seguridade social e que depende totalmente de financiamento orçamentário. Os recursos naturais estão representados na casa 1 e os efetivamente empregados na produção na casa 2 que sinaliza o volume total, o PIB. Mas um país pode se destacar pela agropecuária, outro pela indústria ou serviços, outro pela capacidade de exportação, e é preciso destacá-los em diversas casas. |
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Memória da arte no momento |
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O inverno andou quente e seco nas últimas semanas o que exasperou a sensação opressiva do clima emocional carregado, relâmpagos de ódio nos céus e nas palavras impressas, sensações de explosões e início de incêndio. Duas obras de arte surgiram do fundo da memória. |
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A primeira foi o poema Nosso Tempo de Carlos Drummond, lançado em 1945 no volume A Rosa do Povo, quando terminava a Segunda Guerra e o país discutia a deposição de Vargas e o fim da ditadura do Estado Novo. Estes eventos não são mencionados diretamente no poema, mas estão presentes em várias passagens e este é o primeiro de seus méritos, mas há outros e a arquitetura é impecável, lembra Pound ou Eliot na forma de montar fragmentos. |
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Abre o poema com Este é tempo de partido/ tempo de homens partidos/ e imagens inesperadas de fragmentação percorrem o texto: Este é tempo de divisas/tempo de gente cortada/ de mãos viajando sem braços,/ obscenos gestos avulsos. Arquitetado em oito blocos, variando a métrica e imagens sem rima, a força não esmorece. Cenas do cotidiano e da memória são entrelaçadas e a opressão cresce. Escuta a hora formidável do almoço na cidade. Os escritórios, num passe, esvaziam-se. Segue-se uma impressionante descrição de carnificina deglutativa e depois os escritórios recuperam-se e os negócios tomam forma. O esplêndido negócio insinua-se no tráfego... toma conta de tua alma e dela extrai uma porcentagem. |
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A atualidade do poema é desnorteante, como se num momento de crispação da história humana o poeta se torna vidente e olha o futuro de soslaio. |
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Carlos Drummond de Andrade e Milton Nascimento |
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Fotos em www.pelethebest.blogspot.com e www.butucaligada.com.br |
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A outra obra de arte faz um contraponto, é a música Credo de Milton Nascimento e Fernando Brant, recentemente falecido. Ela abre o álbum Clube de Esquina 2 de 1978, ano que antecedeu a Anistia. Quase num murmúrio ela inicia evocando San Vicente, música de álbum anterior e cantada agora num coro em procissão. Entram flautas andinas e Caminhando pela noite de nossa cidade/ acendendo a esperança e apagando a escuridão. E o refrão: Tenha fé em nosso povo que ele resiste/ tenha fé em nosso povo que ele insiste/ que ele acorda, novo, forte, alegre e cheio de paixão. |
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De todos os nossos compositores ele é o mais ligado a América Latina e ao nosso passado colonial, em suas músicas ressoam os cantochões, festas de reis e congadas, tecidas com elementos de jazz e música pop. Isto poderia dar numa colagem ingênua, mas a alquimiafunciona e dá numa síntese inesperada. Para além dos belos versos, em Credo é a música que transmite força, uma escalada para o objetivo que vai se concretizar. E ajuda bastante o fato dele ser um cantor excepcional. |
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O poeta e o músico têm o Sol no início de Escorpião, sendo que Drummond (veja mapa) tinha a Lua no mesmo signo e Milton em Touro (veja mapa). A capacidade de concisão e impacto emocional que nunca descamba para o sentimentalismo. Ambos têm o Sol perto de Marte natal do mapa brasileiro e isto é o motivo astrológico da permanência de suas obras. |
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Contato com o autor:
Rui Sá Silva Barros é historiador, astrólogo e
estudioso da Cabala: rui.ssbarros@uol.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores |
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