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Canção dos Caminhos. Os arcanos de Cecília Meireles |
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INTRODUÇÃO à Galeria de Poemas |
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“E aqui estou, cantando.”
Cecília Meireles é uma alegoria. Simbolista, modernista, abstrata e antiga, seus livros VIAGEM e VAGA MÚSICA é uma caminhada repleta de signos e impressões. Miríade de imagens, sons, cores e estilos. Deixa-se levar pelo ritmo, tal qual o andarilho sem número e sem rumo. Se colocada ao lado de um maço de cartas, toma-se uma indecisão: em qual se deve mergulhar?
Ambos se fundem se o leitor tiver olhos livres e coração espaçoso. São estruturas fortes, construções poéticas bem firmes – que não se engane quem a imagina frágil. |
Suas letras são jogadas aleatoriamente, ao mais puro acaso, como arcanos sobre a mesa.
O resultado são viagens e notas de uma vaga música tão íntima que apenas os mais atentos podem sentir. |
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LIBERDADES necessárias
à Galeria de Poemas |
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Primeira: esqueça os conceitos das cartas. O tarô é uma arte livre, desde que dentro de sua estrutura simbólica. O que vale é a inocência de criança ao abrir um livro desconhecido de viagens e notas – ou páginas soltas que, quando tocadas, afogam o espírito em cores, traços e vidas possíveis.
Segunda: Cecília é livre dentro de si mesma e se estende no papel. Ouça-a em cada arcano; escute-a em cada imagem. Deixe os significados e atente-se às impressões. Vale deixar aflorar os sentidos, sejam eles quais forem. |
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"Diáfana", aquarela de Leonardo Chioda inspirada no desenho de Arpad Szenes. |
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Terceira: esqueça ordens e seqüências e contemple a vastidão da essência de cada imagem em seu devido poema. Por vezes, a escolha dos textos pode parecer equivocada ou 0incompleta, aproximando-se de uma outra lâmina – algo totalmente lógico, já que todas estão interligadas e vieram da mesma fonte inspiradora. Portanto, abra-se aos desenhos e palavras e deixe definições concretas de lado. Atenha-se à canção que alcança o mundo de cada um. |
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UMA BREVE CECÍLIA* |
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Cecília Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro. Respondia pontualmente todas as cartas que recebia, mas atrasava-se, às vezes, em agradecer livros, porque só agradecia depois de lê-los. Adorava música, especialmente canções medievais, espanholas e orientais.
Admirava todos os bons poetas e preferia os pintores flamengos. Dormia e acordava cedo. Leu E ça de Queirós antes dos 13 anos. Escreveu o seu primeiro verso aos 9 anos. Estudou canto, violão, violino e às vezes desenha. Seu primeiro livro publicado foi Espectros, tinha 16 anos. |
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Seu principal defeito, segundo ela própria, era uma certa ausência do mundo e seu tormento era desejar fazer o bem a pessoas que precisavam de auxílio e não o aceitavam. Nunca viu assombração, mas gostaria de ter visto.
Não tinha medo de viajar de avião em viagens longas. Gostaria de viajar mais vezes ao Oriente e ter chegado até a China. Pensava que poderia, pelo menos, ficar muito tempo no Mediterrâneo.
Colecionava objetos de arte popular. |
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Já colecionou xícaras de café, mas acabou achando o café tão ruim que não valeu mais a pena colecionar os acessórios. |
Teve grande emoção quando chegou aos Açores, terra de seus antepassados. Outra emoção grande foi quando viu a sua "Elegia a Gandhi" traduzida em idiomas da Índia. Foi a poeta brasileira mais conhecida em Portugal. Admirava profundamente São Francisco de Assis, Gandhi e Vinoba Bhave. O que a horrorizava era tocar em papel carbono, ver comer ostras e aspirar fumaça de ônibus. Amava crianças, objetos antigos, flores, música de cravo, praia deserta, livros, livros, livros, noite com estrelas e nuvens ao mesmo tempo. Faleceu em 9 de novembro de 1964, deixando grande obra inédita. |
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(*) Texto baseado no “flash” de João Condé, publicado nos “Arquivos Implacáveis”
de O Cruzeiro
em 31 de dezembro de 1955, no Rio de Janeiro.
A gravura do título é de autoria de Fernando Correia Dias |
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CANÇÃO DOS CAMINHOS
as cartas de tarô em Viagem e Vaga Música,
de Cecília Meireles
Editora Nova Fronteira – Rio de Janeiro.
ÍNDICE DOS POEMAS DE CECÍLIA MEIRELES
I. O MAGO – Motivo, 1
I. A SACERDOTISA – Noções, 2
III. A IMPERATRIZ – Terra, 3
IV. O IMPERADOR – Mau Sonho, 4
V. O SACERDOTE – Amém, 5
VI. OS ENAMORADOS – Êxtase, 6
VII. O CARRO – Canção do Carreiro, 7
VIII. A JUSTIÇA – Fim, 8
IX. O EREMITA – Solidão, 9
X. A RODA DA FORTUNA – Origem, 10
XI. A FORÇA – Canção da Menina Antiga, 11
XII. O PENDURADO – Herança, 12
XIII. A MORTE – O Ressuscitante, 13
XIV. A TEMPERANÇA – A Mulher e a Tarde, 14
XV. O DIABO – Gargalhada, 15
XVI. A TORRE – Discurso, 16
XVII. A ESTRELA – Sereia, 17
XVIII. A LUA – Eco, 18
XIX. O SOL – Canção, 19
XX. O JULGAMENTO – Reinvenção, 20
XXI. O MUNDO – Deus dança, 21
O LOUCO – Canção do Caminho, 22 |
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julho.08 |
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