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03 de dezembro de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


Músicas em ressonância com as cartas do Tarô
Vera vilanova
 
Espaço aberto às colaborações e indicações de
interações artísticas entre músicas e as cartas do tarô
 
Felicidade e o Nove de Copas
Vera Vilanova
O Nove de Copas é uma carta que simboliza a alegria de viver, satisfação, bom humor, ou seja, os momentos felizes da vida. O Nove de Copas mostra satisfação em todos os níveis: mental, emocional, físico e espiritual.
Dentre outros significados, por ser uma carta de copas, refere-se muitas vezes a uma situação emocional satisfatória, como o fortalecimento de uma união romântica, onde a pessoa tem todos os motivos para se alegrar e desejar compartilhar sua alegria com outras pessoas.
Música Feliciade e o Nove de Copas
O Nove de Copas nos tarôs Old Path, Viconti-Sforza e Arcus Arcanum
A letra da música Felicidade, cantada por Seu Jorge, exibe uma pessoa profundamente apaixonada que divide sua alegria com as pessoas à sua volta, assim como descreve que sua felicidade no momento se deve muito a uma relação amorosa que ele está vivendo intensamente.
"Felicidade, é viver na sua companhia
Felicidade, é estar contigo todo dia

Felicidade, é sentir o cheiro dessa flor
Felicidade, é saber que eu tenho seu amor" (...)
Examinando a letra dessa música, nesse momento extremamente digital (com o advento das redes sociais), em que o "amor verdadeiro'' apresenta-se quase sempre como o "amor líquido", (segundo Bauman, o amor líquido ou amor descartável é aquele pode ser trocado a qualquer momento), constatamos que, muitas vezes, nos relacionamentos atuais não há compromisso e a relação é cada vez mais frágil, pois a vida exige praticidade. Os parceiros são trocados a todo momento, visando sempre "algo melhor". Ou seja, queremos o compromisso, mas não a cobrança. Queremos estar com alguém, mas não a responsabilidade que uma relação implica.
Numa vida de aparências e necessidade de sempre ter algo novo, onde há falta de espaço para o amor, e o 9 de Copas parece irreal, as pessoas passam a viver o amor sob a perspectiva do Cinco de Copas, com a qual surgem experiências dolorosas, desgostos e decepções, e a perda de uma situação que nos dava alegria e prazer.
A música Felicidade nos estimula a buscar o amor verdadeiro, que tem se revelado muito difícil de ser encontrado num mundo de grandes transformações sociais e tecnológicas, e nos lembra que quanto mais perduramos no conceito do amor líquido mais nos tornaremos seres vazios e sem afeto. Com as vidas muito aceleradas e em constante mudança nos tornamos seres fragilizados, mais sujeitos à ansiedade e depressão. O amor perdeu espaço e sem amor não somos completos. Inclusive sem o amor próprio.
Vera Vilanova
Vera Vilanova é Taróloga, Astróloga e estudiosa dos Florais de Bach,
com mais de duas décadas de experiência com consultas e cursos.
Vera atende presencialmente em Salvador (Piatã) e também via skype.
Oferece cursos individuais ou em grupos, tanto presencial quanto online.
Contato: veravilanova@gmail.com  e/ou (71) 3285-5536
Colaboradora no Clube do Tarô. Acesse seus artigos em: Autores no C.T.
Edição CKR - 7/09/2022
Brasis: tem um Brasil próspero
e outro que não muda...
Vera Vilanova
Usando uma licença poética tarológica, o nosso Brasil me parece estar tão embaralhado, que ontem, já deitada para dormir, fiquei insone pensando qual carta do Tarot seria mais adequada para fazer ressonância musical com a música "Brasis", composição de Seu Jorge/ Gabriel Moura/ Jovi Joviniano, lançada em 2007 e que, por algum motivo não explicável, passei o dia inteiro ouvindo.
A análise da canção Brasis traz ao ouvinte atento a reflexão sobre a diversidade etnocultural do País e como essa diversidade se encontra representada nas desigualdades sociais que se estendem pelo território brasileiro: ontem (2006/2007) e hoje (2020/2022). É a mais pura verdade: tem um Brasil que é próspero, outro não muda...
Musicas e arcanos - Brasis
O Imperador e as cartas de Ouros
Imagens em https://br.pinterest.com/pin/
Como não consegui escolher apenas um Arcano para simbolizar as dicotomias da letra da música, fui pegando as Cartas que me pareceram ter a ver com elas, e creio que são bastante óbvias serem quase todas do Naipe de Ouros, puxadas pelo Imperador, que além de outras qualidades, é a representação e a autoridade máxima do mundo estruturado - nem sempre belo, generoso e justo.
Propositadamente, escolhi um Imperador carrancudo e, aparentemente, pouco disposto a compartilhar suas conquistas e riquezas com os demais mortais. A seguir, identifiquei eufemisticamente, uma possível Imperatriz, numa carta de 6 de Ouros, com uma expressão de tédio e arrogância, distribuindo displicentemente moedas para os necessitados, como se fossem migalhas que não lhe farão a menor falta.
Já o 5 de Ouros, mostra um casal literalmente machucado física e emocionalmente; o homem com a mão ferida tenta consolar sua mulher que está em pleno desespero psicológico. E finalmente, podemos ver no 4 de Ouros, fechando a sequência das quatro cartas, um homem trajando terno, gravata e sapatos sociais, segurando com bastante firmeza e possessividade as moedas que ele conseguiu amealhar durante sua vida, reforçando assim a postura gananciosa e egocêntrica do Imperador.
"Estamos soltos num presente, desajustados do tempo, com a sensação de um atraso inconciliável, todos os dias, todos os dias, enquanto o mundo vai sendo demolido à nossa volta (...) se não temos, então, nem futuro nem passado, estamos sem lugar. Ou num presente que tem cara de futuro, mas distópico, vindo de um passado que não cuidou de si".
"Ou talvez seja a sensação do tempo, este nosso tempo, entre o futuro e o passado, mas órfão de ambos  – e também do alento, agora impossível, da ficção que o retrata. Mas talvez caiba a ela, à própria ficção, e também ao sonho, a capacidade de inventar um outro tempo para nós". [Natália Timerman, cronista da Folha de São Paulo, in A Pior Pessoa do Mundo].
Música e Arcanos - Clave de Sol
      Brasis
Composição de Seu Jorge,
Gabriel Moura e Jovi Joviniano.
Tem um Brasil que é próspero
outro não muda
Um Brasil que investe
outro que suga
um de sunga
outro de gravata
tem um que faz amor
e tem o outro que mata
Brasil do ouro, Brasil da prata
Brasil do Balacouchê, da mulata
Tem o Brasil que é lindo
outro que fede
o Brasil que dá
é igualzinho ao que pede
Pede paz, saúde, trabalho e dinheiro
Pede pelas crianças do país inteiro
Tem um Brasil que soca
outro que apanha
um Brasil que saca
outro que chuta
Perde e ganha, sobe e desce
Vai à luta, bate bola
porém não vai a escola
Brasil de cobre, Brasil de lata
É negro, é branco, é nissei
é verde, é indio peladão
é mameluco, é cafuso, é confusão
Oh Pindorama quero seu Porto Seguro
Suas palmeiras, suas pêras, seu café
suas riquezas, praias, cachoeiras
quero ver o seu povo de cabeça em pé
Vera Vilanova
Vera Vilanova é Taróloga, Astróloga e estudiosa dos Florais de Bach,
com mais de duas décadas de experiência com consultas e cursos.
Vera atende presencialmente em Salvador (Piatã) e também via skype.
Oferece cursos individuais ou em grupos, tanto presencial quanto online.
Contato: veravilanova@gmail.com  e/ou (71) 3285-5536
Colaboradora no Clube do Tarô. Acesse seus artigos em: Autores no C.T.
Edição CKR - 5/06/2022
O Eremita e a Velhice
Vera Vilanova
Assim como a solidão, a velhice não é simpática, não é confortável e muito menos glamourosa; retratá-la como tal  é tentar disfarçar a realidade sob o manto prateado e nebuloso da lua nova. Ninguém é novo para sempre, se quisermos viver muito precisamos aprender a envelhecer.
Todas as cartas do Tarot, sejam elas arcanos maiores ou menores, possuem várias dimensões ou camadas de interpretações. O Eremita representa a austeridade, sobriedade, concentração, prudência, iluminação e velhice (o passar do tempo).
O Eremita e a Velhice
Releitura do Eremita no Tarot inspirada na estética egípcia
e no imaginário nordestino de Pedro Índio.
Como exemplo disso, essa carta aparece no Tarot Nordestino de Pedro Índio: "Na imagem do Preto Velho (uma entidade de umbanda, espíritos que se apresentam em corpo fluídico de velhos africanos que viveram nas senzalas, majoritariamente como escravos que morreram no tronco ou de velhice, e que adoram contar as histórias do tempo do cativeiro. São divindades purificadas de antigos escravos africanos. Sábios, ternos e pacientes, dão o amor, a fé e a esperança aos "seus filhos". São entidades que tiveram, pela sua idade avançada, o poder e o segredo de viver longamente através da sua sabedoria, apesar da rudeza do cativeiro demonstram fé para suportar as amarguras da vida; consequentemente são espíritos guias de elevada sabedoria." (Andriolli Costa, em Colecionador de Sacis).
Depois de viver bastante, em alguma hora de nossa caminhada, começamos a pensar e debater mais sobre o morrer e suas mazelas do que sobre a vida e suas expectativas. Neste ponto o futuro é o presente, literal e/ou figurativamente. Como o futuro, quase sempre, foi e é empurrado para frente (quando eu me aposentar, quando "os meninos" saírem de casa, quando eu me separar etc.), precisamos agora agarrá-lo com afinco e vivê-lo da forma mais feliz e sábia que pudermos (felicidade, outra invenção da criatura).
Embora este assunto, a morte, ainda seja um grande tabu, fonte de medo e horror para maioria dos seres humanos, não dá mais repetir com segurança que a terceira idade é a melhor idade pois a pele, até do pé, já está enrugando, os ouvidos começam a nos trair ao telefone e até mesmo ao vivo, os olhos vislumbram sombras na visão periférica e, a paciência, se é que a tivemos algum dia encurta-se a cada tentativa de diálogo...descobrimos finalmente a tão falada terceira idade, a famosa terceira idade que é a melhor idade para...
Analisando a vida em termos de faixa etária, uma das formas de categorizá-la em 2022 (quando já existem muitas teorias e experiências relacionadas a uma vida infinita) é: de zero a 40 anos o homem está sofregamente ladeira acima perseguindo seus objetivos e conquistas; dos 40 aos 58/59 o ser humano continua ladeira acima, porém num ritmo mais contínuo e lento - é hora de buscar aqueles objetivos e metas que ficaram até agora em segundo plano por alguma razão prática ou emocional.
Entre 58 e 66 anos, as pessoas vivem um estágio de platô, no qual busca-se estabilizar a vida com certo conforto e segurança, preparando-se consciente ou apenas intuitivamente  para usufruir "as delícias" da terceira idade, que chega para a maioria das pessoas aos 70 anos, ou um pouquinho antes (quando se atinge à aposentadoria e  uma mudança de rotina), dependendo da forma como revisamos nossos valores aos 58/66 anos e estabelecemos objetivos para a nossa velhice, momento em que temos uma nova chance de assumirmos a responsabilidade de quem realmente somos e o que ainda queremos atingir na vida.
Num mundo politicamente correto o slogan da terceira idade definido como "a melhor idade" pegou bem pois além de valorizar uma faixa do público quase sempre invisível para sociedade permitiu, ao mesmo tempo, que os millennials e a geração Z das redes sociais pudessem, de uma forma elegante, aplacar e consolar a culpa por desvalorizar e "às vezes deixar num canto" as pessoas idosas, muitas vezes consideradas chatas e sem noção.
O fato é que se vivermos muito, como é o desejo universal do ser humano, necessariamente experimentaremos a terceira idade e a necessidade de encararmos nossa velhice com sobriedade e coragem que a idade exige e permite. A natureza é sempre sábia, pois por mais que queiramos viver para sempre, em algum momento ela começa a nos deteriorar, indicando que é hora de largarmos os bens e valores terrenos para embarcarmos no expresso 2222. Não importa os tratamentos médicos e estéticos feitos, uma boa alimentação regular, uma vida sem vícios, caminhadas e corridas, pois ela, nossa companheira fiel estará presente, e nos alcançará na estação final do percurso-vida, como bem definiu Gilberto Gil na sua música Expresso 2222:
E é nesse percurso, "na terra-mãe concebida de vento, de fogo, de água e sal, de água e sal, de água e sal, ô, menina, de água e sal" que a terceira idade, uma fase da vida normalmente de canseira, enfado e limitações nos revelará que ela está longe de ser a melhor idade, só se for para... para...
Vera Vilanova
Vera Vilanova é Taróloga, Astróloga e estudiosa dos Florais de Bach,
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Edição CKR - 1º/05/2022
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