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28 de março de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


Curso de Tarô com Betoh Simonsen
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0. O Louco
 
    Uma imagem não convencional, com roupas estranhas, e não olha muito para onde está pisando.  Carrega uma mochila nas costas, e um cachorro ou um pequeno felino está em suas pernas.  Existe um abismo em sua frente.
 
0. O Louco
[Tarot Balbi]
      Um pequeno detalhe, de que fui conscientizado recentemente, nos faz lembrar que na Idade Média, muitos viajantes carregavam uma mochila nas costas, segura por um bastão.  Um viajante, mesmo que temporariamente, não tem lar fixo.  Seus amigos e conhecidos estão distantes.  Está em movimento.  O I Ching aconselha prudência para o viajante.
    Outras idéias que vem com o Louco são de imprevisibilidade, inconstância, desprendimento e confusão. Importa-se pouco com a opinião coletiva, mas de outro lado nem sempre sabe muito bem o que quer ou aonde quer chegar.
    Sobre o abismo, é interessante lembrar que na iniciação xamânica, existe o nível de experienciar o abismo, como uma total entrega, soltura de auto-referências e desprendimento do ego.  Quem assistiu Indiana Jones, deve se lembrar que um dos últimos passos o faz confiar nas instruções de seu pai e dar o passo no abismo.
    Quem leu Carlos Castaneda pode se lembrar do salto sobre o abismo como iniciação final de um longo processo.
    Percebo que existem três níveis dentro dos qual o arquétipo pode se manifestar.  O primeiro é o nível de inocência, no qual a pessoa não percebe nada do que está acontecendo ao seu lado.  Quem representava magistralmente este nível era o Peter Sellers. 
    Quando adolescente, lembro-me de uma situação em que fui o próprio Louco neste nível:  estava em uma de minhas (poucas) etapas magro, cheguei com uma bonita capa, com alguns amigos, em uma casa de um pessoal que não conhecíamos, assim como meio de penetras.  Imediatamente encantei-me por uma bonita moça, e até acredito que a atração pode ter sido mutua.  Fiquei uma meia hora em uma mesa de jogo, ganhei bastante e resolvi sair.  Estavam dançando a musica do Zorba, o Grego, e quebravam discos na cabeça uns dos outros.   Engraçado, tinha um outro cara sempre por perto.  Meus amigos me avisaram que tínhamos que sair imediatamente, e eu, a contragosto, me despedi da moça, não sem antes pegar telefone, em seguida me despedi do rapaz chato e saímos. 
    Na saída meus amigos me contaram a loucura.  O rapaz era noivo da moça.  Seus amigos, irritados com toda a situação, inclusive por terem perdido o jogo, queriam nos dar uma surra.  Mas eu estava tão tranqüilo que acharam que era faixa preta.  No final o noivo pegou uma faca, mas neste exato momento eu o cumprimentei.  Ele fixou sem jeito, passou a faca para a outra mão e me devolveu o cumprimento.  Esta cena é típica do louco neste nível.
    Outro nível, no qual a maioria de nós atravessa quando está atuando neste arcano, é o nível em que estamos confusos, desorientados e atrapalhados.  Simplesmente não sabemos o que fazer e atuamos como baratas tontas, ora agindo de um jeito, ora de outro.  Na maioria das vezes em que o Louco aparece em uma leitura mostra um aspecto de indecisão, imprevisibilidade, incertezas ou confusões.
    O terceiro nível é o nível amadurecido, iluminado.  O taoísmo, na China, perseguia este ideal.  É agir com naturalidade, sem idéias preconcebidas, mas totalmente integrado com o Todo.  Tudo acontece com a mais total naturalidade e tudo funciona na mais perfeita ordem e harmonia.  Indica também a total despreocupação com as opiniões alheias, no sentido de defender uma persona e também uma total confiança e disponibilidade para o jogo da vida.  Não teria bons exemplos, pois envolve grande consciência, mas se Forrest Gump e Muito Além de um Jardim, de Peter Sellers, fossem mais conscientes seriam bons exemplos.  Jogadores, artistas e músicos com grande vocação seriam outros. E, é claro, Charles Chaplin.
    O Louco combina com o Mago, pois se tivermos a clareza do Mago e a flexibilidade do Louco, seremos mestres.  Clareza de objetivos e flexibilidade de meios.  Isto não significa que as cartas precisam sair em uma mesma leitura.  Significa que conscientes da complementaridade, este conhecimento pode os servir como base de orientação e aconselhamento.
    Em uma das reuniões, alguém me fez a seguinte pergunta:
    “Como poderemos saber, em uma leitura, em que nível a pessoal esta manifestando um determinado arquétipo?” Muitas vezes pela sensibilidade, existe toda uma “equipe de produção” nos ajudando em uma leitura, ou você pode simplesmente abrir um leque de possibilidades.
    
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