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19 de maio de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


  setembro.2016
No princípio era a verba...
Rui Sá Silva Barros
Historiador e Astrólogo
Os eclipses e a quadratura Saturno/Netuno, afetando o Sol do mapa do Brasil, materializaram o que já estava latente desde março, Dilma e Cunha foram eliminados e Lula indiciado. O ativismo do Judiciário ainda dura enquanto Saturno estiver em trino à Vênus (veja o mapa). O governo Temer patina, os ministros dão declarações desastradas retratando-se dias depois, as reformas vão sendo adiadas para o ano que vem, o programa de concessões na infraestrutura viária ainda depende de créditos de bancos públicos. O Congresso ensaia uma autêntica Restauração com projetos de lei sobre abuso de poder de autoridades, anistia ao uso de caixa dois no passado, retorno das doações de empresas etc. O jornalismo econômico se esforça para injetar otimismo, mas o endividamento dos estados, empresas e famílias ainda é muito alto.
Controvérsias sobre o papel do Estado
Nos comentários da última crônica surgiu uma polêmica sobre o grau necessário de intervenção do  Estado no Brasil. É um dos dois pontos cruciais do debate e não custa recordar que na colonização da América Latina o Estado ibérico criou a sociedade, por ocasião da independência os dirigentes prolongaram esta estrutura e assim chegamos ao nosso tempo. Partidos políticos, sindicatos, associações e ONGs são organizações da sociedade civil, mas em nosso caso estão estatizadas, elas vivem de dinheiro público o que lhes corta a autonomia. Há e sempre houve uma intervenção maciça do Estado na vida brasileira e agora isto resultou numa ruína, pois o hiperativismo do governo Dilma deu resultados escabrosos.
Ferrovia Norte-Sul inacaba
Ferrovia Norte-Sul, 20 anos depois ainda incompleta.
Do blog democraciapolitica.
Há vários projetos de reformas no ar exceto a estatal, não é à toa. Volta e meia mencionam o inchaço da burocracia, mas não é o caso, tanto em termos absolutos quanto em termos relativos à população, a burocracia brasileira é menor que a americana (9 contra 23 milhões de funcionários públicos). O problema é a ineficiência, o absurdo desperdício e o sumidouro de propinas em todos os níveis. Os programas sociais precisam de um pente fino para eliminar intrusos e sua eficiência precisa ser medida. Leis, decretos, portarias e normas necessitam uma urgente depuração, a proliferação de legislação é uma de nossas maiores pragas. O Judiciário é caro, lento e pré-digital. A distribuição da carga tributária é escandalosa deixando os municípios de pires na mão. Temos 141 empresas estatais, é preciso ver quais são realmente necessárias.
Os dirigentes da República Velha (1989/1930) apresentavam o regime como liberal, mas isto é bobagem, o Estado financiou os planos de valorização do café durante 24 anos. Na era Vargas começou a industrialização pesada e a poupança e o investimento privado eram insuficientes, o Estado e o capital estrangeiro fizeram o serviço até 1982 quando o sistema pifou e fomos parar na UTI do FMI. De lá para cá tivemos os voos de galinha.
O triste papel dos liberais — Os dirigentes que lideraram a independência quiseram fazer bom papel diante do mundo e redigiram uma Constituição ‘liberal’. Em vão, diante das primeiras dificuldades bateram às portas dos quartéis, foi assim em 1835 (guerras regenciais), 1889, 1930 e 1964. Quanto aos empresários liberais, se acomodaram à escravidão, viviam pedindo câmbio e tarifas ao governo e adoram a liberalidade do BNDES e bancos públicos. Em 1964 apoiaram o golpe militar contra o suposto socialismo de João Goulart, no entanto nunca se estatizou tanto quanto na época da ditadura. Os programas de privatização de FHC não sairiam do papel sem os créditos do BNDES e fundos de pensão públicos. E o país continua com um baixo nível de poupança e investimento, o que leva à pergunta: o que os empresários fazem com os lucros? O liberalismo sempre foi uma matéria retórica no país, quem meditar sobre isto acha imediatamente o fio da meada dos dramas nacionais.
A concentração de renda e patrimônio
Este é o segundo tema essencial para a transformação do país que realizou o primeiro Censo em 1872, do que resultou a constatação que 10% da população detinha  50% da renda e do patrimônio. Esta concentração continua aí, agora que os dados do Imposto de Renda foram liberados para pesquisadores. Sem mexer no tema continuaremos no círculo vicioso. Para fazê-lo é preciso criar empregos com salários decentes, o que se consegue com educação básica e investimentos em Ciência &Tecnologia. Reformar o sistema tributário de alto a baixo, pois ele é altamente regressivo penalizando as classes populares com impostos altos sobre serviços e consumo. Rever o sistema bancário oligopolizado que detém a liderança mundial em taxas de juros e inibe a criação de novas empresas e empregos.
As duas questões supõem uma revolução de mentalidade que não creio existir na equipe do governo Temer e muito menos no Congresso, onde vige a regra: no princípio era a verba. Os que foram às ruas para depor Dilma agora se retraíram abrindo espaço para uma Restauração completa. O sistema era bom, o problema era o PT, completa ingenuidade. Enquanto a Lava Jato produz manchetes, 475 mil brasileiros se candidataram às eleições municipais (quanto espírito cívico!) e os mortos, desempregados e beneficiários do Bolsa Família doam a estes abnegados. Marte cruza Plutão em outubro e Saturno está em quadratura ao Sol do Brasil até novembro, depois um tempo para respirar.
Gráfico do crescimentos dos super-ricos
Reforma política — Também necessária, o principal ponto: não deve haver nenhum obstáculo para criação de partidos desde que se sustentem e obtenham um ‘ x’ de votos para ingressar nas Câmaras, Assembleias e Congresso. Isto implica o fim do Fundo Partidário que é o maior estímulo para criação de pequenas ‘legendas de aluguel’. Há projetos de lei tramitando que instituem o voto distrital e acabam com as coligações proporcionais que permitem que gente pouco votada pegue carona nos muito votados (Tiririca é o exemplo clássico).  Nas atuais eleições, o dinheiro do Fundo Partidário está sendo usado parcimoniosamente, é preciso guardá-lo para sustentar a burocracia dos partidos ou seus dirigentes no caso dos nanicos. Os políticos reclamam que não existe cultura de doação pessoal no país, mas se não houver um começo...  Organismos da sociedade civil estão na casa 11, associações voluntárias, em nosso caso regida por Júpiter e ocupada por Urano/Netuno em Capricórnio.
Educação — Continua precária pelos resultados dos testes. A questão não é tanto o volume de dinheiro comparando com outros países. A formação de professores, o currículo, os métodos pedagógicos, as instalações e equipamentos; tudo isto necessita atenção. Mas nas análises falta colocar os alunos. Que acontece com  alunos cujos pais não leem um livro e não acompanham a vida escolar dos filhos? Eles não têm estímulo básico para estudar.  Impressiona ver nestas enquetes de temas que preocupam a população que a educação nunca está entre os três principais citados. É como se a educação não trouxesse um benefício palpável e a grande evasão no Ensino Médio reforça esta impressão. É preciso prestar atenção nos bons resultados obtidos em cidades pequenas do Piauí e Ceará, que podem ensinar alguma coisa. Este tema  está na casa 3, uma das mais complicadas no mapa do país, sob a regência de Marte oposto a Saturno retrógrado na casa 3. Aqui também é preciso um esforço concentrado para virar o jogo.

Escola em Sobral
Uma das melhores redes públicas do Brasil em Sobral (Ceará).
Do site cidadeempreendedora.org.br
Ajuste fiscalAmir Khair é um economista especializado em contas públicas, faz um ano ele martela uma questão, o principal do déficit é constituído pelos juros da dívida pública, neste ano são 170 bi no orçamento e 500 de juros. Ele propõe usar parte das reservas internacionais (377 bi de dólares) para abater a dívida, há muita controvérsia sobre o assunto, especialmente sobre o impacto inflacionário. De qualquer modo o governo tem outras opções como acabar com as desonerações de Dilma, cobrar a dívida ativa de mais de 1 trilhão de reais (impostos devidos) . Não se vê nenhum esforço nesta direção e nem mesmo o jornalismo econômico levanta a questão. Tendo em vista a pindaíba do governo é surpreendente esta negligência. É um mistério, cartas à redação quem tiver um vislumbre da coisa.
Teatro e políticaMarcos Nobre é professor de filosofia política na Unicamp e publicou O imobilismo em movimento único livro legível sobre política brasileira desde a redemocratização e o governo Dilma. Este ano ele passou a escreve artigos semanais para O valor econômico e recentemente ele especulou sobre as chances de Meireles e Serra em 2018. É um passatempo descabido. 80% da política é teatralização com muita retórica, bravatas, insinuações, factoides e balões de ensaio. Os jornalistas que escrevem diariamente sobre a matéria comentam falas de autoridades e empregam os neurônios a decifrar as entrelinhas, no dia seguinte passam a outro assunto. Em suma, aderem ao mundo imaginário. De vez em quando ocorre um fato substancial, a votação da PEC limitando os gastos públicos será um exemplo.
E no vasto mundo
EUANestes últimos anos Plutão em Capricórnio pressionou a quadratura Sol (Câncer) a Saturno (Libra) e pôs pressão na questão racial (veja o mapa). Trump e Hillary embolados nas pesquisas estão atarantados com o velho problema. Os dois candidatos convergiram na questão do protecionismo e os tratados Pacífico e Atlântico podem fazer água, os globalistas estão desesperados com o rumo das coisas. Na combalida economia mundial só falta mesmo guerras comerciais e cambiais, se capricharem haverá nova depressão. A venda da Monsanto para a Bayer foi outro golpe no orgulho yankee, a empresa é uma multinacional antiga com grande projeção no ramo de inseticidas, adubos e sementes geneticamente modificadas.
União europeia A construção da União foi lenta, eram 12 membros por ocasião do Tratado de Maastricht (1992). Em 2004 ingressaram 11 novos membros, entre eles os países do bloco soviético. Agora, na reunião de Bratislava, estes países deixaram claro que não querem receber refugiados, mas querem poder despachar seus desempregados para o Ocidente. A democracia na Polônia e Hungria dá urticária nos observadores. Talvez os europeus tenham que encolher, dar um passo atrás para retomar o projeto. Na Alemanha são diários os choques com os refugiados, já são três organizações xenófobas: Pegida (anti-islâmica), NPD (neonazista) e AfD, um partido político com assento em várias municipalidades. No momento é Vênus, regente do Ascendente, que sofre pressão de Saturno/Netuno (veja o mapa da Alemanha).
Manifestação na Alemanha
Manifestação do Pegida em Colônia Alemanha)
Do site jconline.ne10.uol@com.br
Argentina O cenário se complica para Macri: depois dos tarifaços no gás, água, eletricidade e transporte, a inflação está por 46%, o desemprego a 9% e o PIB deve ficar negativo neste ano. A terapia de choque foi brutal e pode desestabilizar o governo, recentemente o presidente não pode terminar uma cerimônia pública, pois os manifestantes não deixaram. Na década de 90 reinou Menem com privatizações e paridade cambial peso/dólar que acabou numa grande crise em 2001; depois veio Kirchner com subsídios populares, moratória na dívida, inflação mascarada etc. Dois governos peronistas com políticas econômicas antagônicas e as duas resultaram em crise, o que nos deixa com as seguintes questões: o que é mesmo o peronismo? Qual é mesmo o problema de fundo da economia argentina? Plutão caminha em direção à Lua natal (veja o mapa). Grandes emoções pela frente e provavelmente grandes batalhas nas ruas.
China Hospedou a recente reunião do G-20 que se dedica a lamuriar a fraqueza da economia mundial. Nos últimos anos surgiram muitos alarmes sobre a economia chinesa com bolhas imobiliárias, acionárias e alto endividamento. Apesar de tudo está crescendo 6% ao ano, o que é notável nas atuais circunstâncias. Surpreenderam com a amplitude do programa espacial, uma clara demonstração de maturidade no setor de alta tecnologia e continuam investindo forte mundo afora, a aquisição da suíça Syngenta é um exemplo.  O grande crescimento chinês deu-se com Urano atravessando a casa 1, em 2008 ele ingressou na 2 e ralentou. Agora Júpiter atravessa Libra – casa 8 (veja) – e dá realce a atuação chinesa no mundo, hora de colocar as dívidas em dia e se preparar para conflitos comerciais com os EUA.
Surto de ansiedade
A ansiedade resulta da identificação com o imediato. De fato, quem convive mentalmente com os últimos 3 anos pensa estar num hospício, o sistema político entrou em crise e o Judiciário foi convocado para salvar a pátria, o que só pode resultar em ilusão. Daí o clima exacerbado de ódio e violência, juízes que se pronunciam a torto e a direita a propósito de qualquer assunto, políticos que se acovardam, outros fingem não ter nada a ver com a corrupção e ruína econômica etc. A identificação é sempre nefasta, pois bloqueia qualquer reflexão e a idealização é pior ainda; estes princípios podem ser aplicados tanto a questões pessoais quanto coletivas.
A leitura diária de artigos pode deixar a pessoa mais confusa ainda, eles são fragmentários, efêmeros quando não fortemente partidários. Manoel Bonfim foi um médico brasileiro que se apaixonou pela questão educacional e foi a Paris fazer uma especialização em 1902. Na Europa ele se cansou de ouvir comentários sobre a bagunça sul-americana e aproveitou para escrever América Latina, males de origem, que lançou em 1905. No livro ele defendia que a miscigenação não era um problema, mas que o tipo de colonização parasitária sim. Foi um escândalo, Silvio Romero, um digno representante de nosso bacharelismo boquirroto, escreveu páginas de injúria contra o autor. O texto foi colocado no esquecimento e só lembraram-se dele 50 anos depois, então se viu com toda clareza que Bonfim foi um pioneiro, não só na interpretação do Brasil, mas em testes psicológicos e técnicas pedagógicas. O texto está na internet e vale a pena ler. É preciso ter paciência, se encontramos algo da realidade isto aparecerá com o tempo e não ficaremos mais confusos a cada reviravolta.
A reflexão começa pelo que não gostamos, o esforço de entender o que nos desgosta; pois para o que gostamos bastam algumas palavras: lindo, divino, maravilhoso. Dar palavras a sentimentos ainda não é reflexão. Torço por uma grande transformação no país, mas a reflexão me diz que haverá resistência violenta a isto. No caso do Brasil houve, desde a República Velha, dois modelos básicos: um de inserção na divisão de trabalho da economia capitalista mundial, outro de resistência nacional-popular. Os dois modelos terminaram em crises agudas e repetir procedimentos esperando um resultado diferente parece que é a própria definição de loucura. É preciso uma abordagem nova.
Rui Sá Silva Barros é historiador, astrólogo e
estudioso da Cabala: rui.ssbarros@uol.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Edição: CKR – 26/09/2016
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