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Poemas para O Mago (O Mágico) |
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O Mago virado |
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Sou sábio, amante de maya,
tenho colheitas abundantes
e rinocerontes de saias.
Bem estar, é propiciar,
moedas de ouro,
provérbios de mouro
e correntes de fadas.
Sou sábio, opero milagres
de idades e emoções,
perpétua lemniscata,
experiência de visões.
Minha varinha é treinamento,
retilínea conduta,
delírio de sentidos,
invento, gruta, sentimentos.
Não sou mais um apressado,
sou um Mago centrado,
desatrelado da luta.
Uma vez abri a porta proibida,
colei o vaso quebrado,
estudei mercúrio, enxofre
e chumbo fascinado,
vi criaturas benditas.
As quimeras tentaram me trazer,
por algum inegável ser,
preferi ali viver,
entre ondas metafísicas
fui deixado.
E diante do segredo já revelado: |
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O Mago
de Julie Hagan Bloch |
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www.psymon.com |
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a morte me esperava do outro lado. |
setembro.08 |
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Hermes – O Iluminado |
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Observo o rosto dos presentes
sou apenas o mensageiro
meus sussurros soam como prece
para os moucos ouvidos dos crentes
Vim, quase desisti, mas vim.
Sou uma gota no oceano da vida,
que se dissolve ao infinito,
deixando apenas vestígio
da mensagem,
que como uma semente
brota no húmus fértil da candura,
floresce no decorrer dos éons.
Sou tão antigo como a humanidade,
muito mais antiga do que crê a ciência
dos inconscientes, que mal arranham
a superfície da sabedoria.
Iludidos pela razão, esquecem,
que a vida é mais do que lógica
que a compreensão
só chega com o êxtase
contemplar o sublime é a meta!
Acorda, homem, acorda.
A morte chama para o doce acordar.
Sacrifica teus efêmeros bens
na cruz da tua alma.
Espero, espero até o último despertar,
Meus pés alados de mensageiro
estão feridos pelo veneno da ignorância.
Sou um paciente mensageiro
que quando soar a hora
franquearei os portões do paraíso
entrarei após o último homem. |
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Hermes Trismegistus |
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Sou um servidor da humanidade! |
maio.08 |
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Para Rodrigo Araês |
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Nada desprezo. E me concentro
em toda natureza à minha volta.
São meus o céu e a terra;
meus para a descoberta
meus para a conquista.
São minhas também esta
energia
e estas flores nas armas,
que meu impulso vela.
Lanço para frente todo ser
rumo ao infinito.
O horizonte é a meta. |
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Flávio Alberoni - odontologista, coordena grupos de
estudos esotéricos nos quais utiliza os arcanos do tarô.
Poeta, colabora na seção de Poemas e no Fórum.
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Contatos: alberoni@uol.com.br |
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Poemas para A Papisa (A Sacerdotisa) |
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Em silêncio...
(um contraponto) |
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Por estar em silêncio
Vejo.
Por estar em silêncio
Compreendo.
Largo, sou oceano.
E a vida?
A desdobrar-se
em passagens de acordar
a vida parece estancar o tempo.
Ou será que é o vento das horas
que estacou-me no espaço?
E que espaço é este em que sei
mais de mim quando estou quieto?
Quando pergunto, vislumbro:
não estou quieto. |
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A Sacerdotisa,
por Kim Waters |
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www.kimwatersart.net |
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Mas tudo o mais é silêncio |
agosto.08 |
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Em silêncio |
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Ao contemplar em silêncio
ocorreu-me que
meus melhores momentos
aconteceram assim:
quando a mente
não me escraviza em futilidades,
quando os pensamentos
não me tiram do acaso sublime
e voltam-me para o caos dirigido
refletindo em si
toda a expressão confusa da vida.
Por estar em silêncio
eu me aproximo de quem amo
na totalidade. E meus atos
não são meros atos,
refletem o pensar de todo o ser,
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e sinto que estou vivo sem perceber! |
julho.06 |
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Um arcano em oração |
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Mãe negra como a noite
suas vestes claras
contrastam com a pele.
Cubra-me com seu manto azulado
para que possa perceber
minha própria cor
e segurar nas mãos a sua Lei.
Filha da Luz
Filha da Terra abra os teus braços
e me abençõe
dando alento para esta vida.
Ave Maria
gratia plena |
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Receber |
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Sensibilizo
e aprofundo a mente
oculto o conhecimento do mundo.
Tudo recebo em silencio. Mudo,
serenamente acalento,
preservo e guardo. |
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setembro.08 |
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Peço |
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Peço e torno
a pedir:
Sabedoria esquiva,
que não me olha nos olhos,
dê-me um toque de tua lucidez.
O excesso de imagens me confunde,
e tenho dificuldades de traçar
uma linha entre o sonho
e o que considero vida.
Noto que os deuses me invejam
por ser mortal
e cada instante meu é eterno,
por ser sempre o último
e o deles um passar de dias tedioso
com as mesmas cores
e as mesmas imagens do abismo.
Vejam: neste momento a Lua alta
e fria ilumina esta noite.
Talvez a derradeira
após abrir minha porta
e nunca serei melhor que agora,
nem mais vivo ou mais cristalino.
Mesmo que o Sol da manhã
não veja o meu corpo
já fiz agora a parte
que eu esperava de mim.
Vejam: traço na areia minha marca
e a água logo mais a limpará,
nenhum traço meu restará
na praia, e logo adiante talvez
nem a areia já exista.
Sinto a ínconcebível alegria
de ser na terra apenas uma marca na areia
que será esquecida
após desaparecer nos sapatos dos viajantes.
Fiz minha parte na árvore da vida
e nunca – embora escondido,
entre seus ramos –
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estarei distante. |
dezembro.05 |
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Flávio Alberoni - odontologista, coordena grupos de
estudos esotéricos nos quais utiliza os arcanos do tarô.
Poeta, colabora na seção de Poemas e no Fórum.
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Contatos: alberoni@uol.com.br |
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Poemas para A Imperatriz |
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"A filha, da filha, da minha filha" pintura de Julie Dillon
e a carta da Imperatriz por Anez Erynlis |
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Arcabouço ancestral.
Colo de Avó, colo de Mãe, colo de Filha,
Melhor lugar, um seio de Amor,
Aconchego do Sagrado.
Imperatrizes, Rainhas,
Do sentimento, da inspiração, do aço, e do pão;
Imensas, magas, guerreiras, caçadoras...
Somos mulheres e mães,
Criadoras, geradoras e mantenedoras.
Útero das Estrelas. Gaia.
Receptáculo da vida...
Graal. |
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Era dourado o silêncio, sentada era a luz,
viajava o mês de outubro como uma fada
e no astral dos arcanos,
desde o interior dos palácios
a Imperatriz atravessou o meio-dia.
Sua casa ressoava como um vento orvalhado
zumbindo abelhas, cantando flores de verão,
as árvores enumeradas da cor do riso
de tal modo o vermelho soltou sua cor
e tu que brilhas, cantas, corres, escreve
e que em meu coração abres uma agricultura
o sol dos bosques por teu reino de cereal
dá vida secreta do vinho boreal, Imperatriz
de minha caligrafia na areia espuma o sal.
Filha de Zeus, sol e lua te palpitam
o meio dia não se foi de ti
e teu olhar volta quando existe a antiga paciência |
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Coroação de Gala,
de Salvador Dali |
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www.skotforeman.com |
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de um escudo nu com mãos de sol azul. |
outubro.08 |
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Recado à Imperatriz |
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Águia de ouro e escudo de prata,
talismã real,
psique apropriada.
Fêmea maior, terrena, encimada,
desencanta o redentor,
enche a coroa de espadas.
Virgem, Madona, Dama, Deusa Imperial,
dramática, selvagem, natural.
És o tema e o poema:
assim aérea, boreal.
És o fogo e o desejo:
líquida, crística, glacial.
Quero porque te vejo:
teus beijos de sol e de sal.
Mulher de Pitágoras,
ora menina, ora mimada,
exerce minha influência,
enfatiza meu Tao,
me dá essência,
transforma meu dia
com seus naipes de alegria.
Mas trazei sempre teu rito
das artes divinatórias:
verbo, mito e universo nítrico.
E para saber o que há além da mente
acima da servidão de escolher
a liberdade da criação sente
que podes permanecer mulher consciente |
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para o jogo comum do entalhador das sementes. |
setembro.08 |
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A Batalha de Arjuna |
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O cabelo se espalha em seu rosto,
a armadura de prata,
o escudo com o pássaro em relevo,
joga-se com coragem à refrega
e não teme os gritos, as espadas.
Ajoelha-se de quando em quando
para proferir um mantra: um adversário morto a seus pés,
apenas sorri de sua dureza.
Com um grito de aviso
solta do braço esquerdo a águia,
qual uma flecha e tirando o elmo,
se revela.
É uma mulher. Seu porte severo não é altivo
mas atrai os olhos e a inveja
seu movimento certo clama as paixões
e todos tem medo e recuam uns passos para longe ...
quase em frenesi, sem conseguir tirar os olhos,
infundindo respeito
Aproximo-me. Fico surpreso:
Conheço esse rosto, |
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Impero |
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Impero
em mim.
Sou eu, o outro e nosso filho.
Plena e viva,
contenho e abraço |
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as forças
do mundo. |
outubro.08 |
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Poemas para O Imperador |
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O Imperador |
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Esse pai da civilização,
informalmente assentado,
é um líder perfeito, guerreiro,
albatroz, irado.
Que segue as incursões,
e a lenda dos indolentes
das emoções.
Seu trono envolve feitos
de soldados cinzelados.
Esse pai da civilização,
de mais alta cintilação precoce,
não é doutor,
é Estado.
Lembra-se imperialmente
dos quatro quadrantes diferenciados.
Tempestades, bússolas, furacões,
antigos, sanguíneos, fleumáticos trovões.
As quatro figuras da Luz,
Círculo, reta, triângulo e quadrado.
Esse pai da civilização,
é a nossa situação,
de pegar Deus no grão do pó dos fracos,
e colocar no oco da sua mão,
o resultado dos ciclos do quatro.
E denominou o Amor:
E tudo mais nada é senão |
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O Imperador
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www.victorianromantic.com |
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um homem e uma mulher ao quadrado. |
setembro.08 |
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Um pé no jardim do Logos
(O Imperador dadivoso) |
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O intuitivo Imperador
vive primariamente abusado,
não é grande observador,
abstrai idéias e atos.
Mas segundo sua imperação,
é desobediente e estourado,
telegrafado e autor,
cronometrista ousado.
Quando se esgota, cuidado:
se sabe o melhor, fica calado.
E se sentir adivinhado,
desenhará mapas toscos,
originalmente registrados.
Seu verbo é proteger sua imagem,
fazer da razão sua unilateralidade,
edificar ao homem a ação:
bondade, justiça e verdade.
E a mulher supremacia missão: |
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O Imperador |
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de beleza, riqueza e capacidade. |
setembro.08 |
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Para Enelci Prado |
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Você um dia
cruzará o portal
que lhe mostrei outrora.
Talvez mais adiante,
quando não se preocupar com
a forma.
Veja:
as flores nascem
sem que eu interfira,
o véu que cobre a porta
foi colocado por alguém
não foi por mim.
Antes mesmo que descreva
o que sente como verdade
tudo será destruído
pelo tempo.
Talvez então
me veja, como sou,
e tão somente.
Até lá
estarei junto de si.
– E me diga, por favor, |
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como devo me vestir. |
agosto.05 |
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Poemas para O Papa |
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Para Rodrigo Araês Farias |
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Por percorrer em mim
os 22 caminhos, encarei de frente
todas minha vidas.
Cada pórtico me atraindo
e cada trilha e seus requintes
olhando por mim.
Todos encontrei nessa busca inaudita
e o fim foi igual ao começo,
escondido
no tempo e nas trevas sem fim.
Nada percebi
que merecesse essa ânsia
e os conflitos que me procuravam
sem eu pedir.
Na contemplação saí
da roda
e da escravidão,
refleti minha alma
em cada acidente da jornada
outrora percorrida
sem a devida atenção.
– Venha comigo:
largue o que não é seu
e faça como eu:
Dê a cada ponto
de seu passo suavizado,
este único olhar - igual ao meu:
maravilhado! |
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E deixe todas as coisas fluírem,
como realmente são! |
agosto.05 |
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Flávio Alberoni - odontologista, coordena grupos de
estudos esotéricos nos quais utiliza os arcanos do tarô.
Poeta, colabora na seção de Poemas e no Fórum.
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Contatos: alberoni@uol.com.br |
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