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21 de novembro de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


Armando barracos
Rui Sá Silva Barros
Historiador e Astrólogo
Saturno retrograda, recapitulando temas dos últimos meses. Dia 15 haverá eclipse lunar, visível na Europa e Oriente Médio, e dia 22 quatro planetas formarão uma cruz no céu: Marte (Libra), Plutão (Capricórnio), Urano (Áries) e Júpiter (Câncer) a 13 graus dos respectivos signos. Outra configuração tensa como esta ainda vai demorar a acontecer. Ela toca diversos países, mas nos EUA e China ela afeta diretamente a quadratura Sol/Saturno do primeiro e o stellium Sol, Mercúrio, Netuno e Nó Sul do segundo.
EUA – O país continua na liderança de produção econômica, força militar, penetração cultural e uso da moeda como referência internacional, mas as políticas – doméstica e externa – sofrem um bocado. Depois de doze anos no Afeganistão, o resultado líquido é que o país se tornou o maior produtor de ópio e o Taleban está de volta. Dez anos no Iraque e a guerra civil prossegue, a infraestrutura não foi recuperada e o governo volta-se ao Irã como apoio. As revelações de Snowden confirmaram os piores receios de analistas de geopolítica, tudo e todos são espionados. As revoltas árabes pegaram o governo americano de surpresa, apesar do imenso gasto com as agências de espionagem. A última derrapada foi na Ucrânia, onde financiaram oposições, deputados confraternizaram com neonazistas na Praça Maidán, assistiram os russos anexarem a Criméia e não sabem o que fazer com os mafiosos que concorrem à presidência em maio. A política de cerco à Rússia e China é um dos pesadelos atuais, podendo resultar numa grande guerra. Tudo isto ocorrendo com Júpiter em Câncer que deveria amenizar as coisas.  Além da cruz afetando o Sol, Saturno em trânsito está em quadratura à Lua natal, dispositora dos planetas em Câncer. Veja o mapa dos EUA.
China – O governo anunciou a necessidade de conversão econômica em 2008, por ocasião do segundo retorno de Saturno.
Poluição em Beijin
Poluição em Beijin
Tratava-se de elevar a renda no campo, estimular o mercado interno e criar um sistema mínimo de seguridade social. O processo está mais complicado que o previsto, pois colhido na grande ressaca de 2009 o governo patrocinou investimentos em construções e obras de infraestrutura para os quais não havia consumo, e tolerou a emergência de um sistema bancário paralelo que hoje dá dor de cabeça. O resultado é que o crescimento diminuiu, exportações e importações caíram, a poluição tornou-se um problema público e a corrupção anda extrapolando. Saturno está Escorpião (MC) e em quadratura a Marte/Plutão na casa 7 natal, um sinal astrológico de problemas diplomáticos com países vizinhos por conta de soberania marítima. O stellium da casa 8 assinala a dependência do influxo de investimentos externos e eventuais enfrentamentos bélicos. Os gastos militares subiram muito, mas os chineses não têm ainda uma Marinha que possa fazer frente à dos EUA. E eles têm problemas demais para se ocupar seriamente com a criação de um bloco euro-asiático com os russos. Veja o mapa da China.
RússiaÉ uma potência nuclear em declínio econômico e populacional que não consegue explorar as riquezas siberianas. É um bicho ferido e perigoso. Nesta situação surgem delírios megalomaníacos como os de A. Dugin que sonha com as glórias extintas e propõe a formação de um eixo euro-asiático. O governo russo perdeu a Ucrânia e anexou a Criméia, é uma derrota, mas lemos nos jornais que o imperialismo russo retoma fôlego. O baque foi imediato com fuga de capitais, desvalorização do rublo e outras misérias. A economia russa, baseada em exportações de combustíveis fósseis, depende da boa vontade de europeus e chineses para consumo destes produtos e de capitais importados para sua indústria frágil. Os europeus já pensam em diminuir sua dependência do gás russo e os chineses querem se livrar de sua dependência de materiais militares. Os ucranianos estão devendo na conta de gás, cujo preço o Kremlin acaba de aumentar para eles.
Mapa da Rússia
Dentre os mapas propostos este é o que satisfaz as condições atuais: a luta para recuperar as glórias passadas (Ascendente em Leão), os problemas com os fundamentos do país (Vênus e Plutão em Escorpião, casa 4 em quadratura ao ascendente) e o stellium na casa 5, dos filhos, no caso os países satélites, afilhados ou clientes. A Sibéria neste mapa é assinalada por Leão e Virgem (o leste), rica, mas dificilmente explorável (Lua em quincúncio com Saturno e oposição de Netuno em trânsito). Urano natal sofre o impacto da cruz planetária atual. Aquário representa o oeste, basicamente a UE e escandinavos. A Ucrânia ao sul é representada por Touro e Vênus está sob pressão.
Apesar da existência de um Parlamento e Judiciário formalmente independentes, a democracia russa é bem mambembe com atropelos de direitos civis quase diários e censura de diversos graus. A economia é dominada pelo estado e uma pequena máfia de oligopólios, sua capacidade de seguir a vanguarda tecnológica é pequena. Apesar de tudo, o povo parece acomodado com o regime (Lua em trígono com o Sol). O governo pode azucrinar ucranianos e europeus bloqueando o fluxo de gás ou aumentando os preços. Depois de ver os americanos instalarem bases nos países islâmicos vizinhos, anunciarem mísseis na Polônia e República Tcheca e com rebeliões nos países do Mar Cáspio, é compreensível que se sintam cercados e ameaçados. A Ucrânia tem uma população de falantes russo considerável e Kiev está muito perto de Moscou. Mas a chance de invasão da Ucrânia é pequena, a anexação da Criméia gerou muita grita.
União EuropeiaO regime de austeridade, aplicado desde 2010, não resolveu a crise econômica e fez florescer partidos xenófobos por toda a Europa que crescem eleitoralmente, como recentemente na França, e ameaçam fazer uma boa bancada nas eleições de maio para o Parlamento europeu que, até agora, brilha pela ausência. A Ucrânia é mais um abacaxi para os europeus descascarem, está em péssima situação econômica e os fundos da União estão bem magros. A saúde dos bancos europeus é um assunto para videntes, comprometidos como estão com empréstimos com os países mediterrâneos e balcânicos, mais Hungria, Romênia e Bulgária. A deflação, indício de recessão à vista, já preocupa o BCE.  Além disto, os dirigentes em Bruxelas estão com o governo americano atravessado na garganta por conta da espionagem e do desprezo mostrado na Ucrânia pela representante do Depto de Estado. Os problemas mais sérios da União ainda estão por chegar quando Urano e Plutão começarem a afligir o stellium na segunda metade de Capricórnio que abriga o planeta Vênus, regente do MC do mapa do Tratado de Maastrich. Veja o mapa do Tratado da União Européia.
Ucrânia – Este país tem o Sol em conjunção com a Lua russa, o Ascendente possivelmente em Capricórnio onde está o Sol russo e sua Lua em Aquário cai no poente russo. É bastante simbiótico. Duas são as diferenças principais: o país não tem jazidas de gás e petróleo e seus empresários mafiosos não têm a organização dos russos, subordinados que estão ao Estado. Para as eleições presidenciais de maio se apresentaram dois meliantes de carteirinha: Iúlia Timochenco e Petro Perochenko, as folhas corridas dispensam comentários. Os mafiosos ucranianos ainda dependem de ocupar um lugar no Estado para a prosperidade de seus próprios negócios. Além disto, o FMI prometeu 20 bilhões com exigências para cortar os subsídios, aumentar o gás e impostos, e congelar salários e aposentadorias. Pobre povo ucraniano, se ficar o bicho come... Americanos, europeus e russos estão se lixando solenemente para isso. Recentemente o governo provisório iniciou uma limpeza nos grupos armados, o que vai suscitar resistência, pois eles acreditam que lideraram a rebelião para agora entregar o poder aos velhos oligarcas. O destino dos russos residentes pode ser trágico num futuro próximo com consequências nefastas, para o governo russo isto se tornou um tema de orgulho nacional.
Manifestações em Kiev
Agora é preciso desarmar os grupos em Kiev
Economia mundial – A cruz planetária pode deixar expostas algumas fraturas. Estamos longe do final da crise de 2008, apesar de todo otimismo do jornalismo econômico atual. Os níveis de endividamento (públicos e privados) continuam altos e em alguns casos continuam a subir. As recentes valorizações nos mercados acionários dependem do dinheiro grátis que o FED despeja, a especulação nos mercados futuros cambiais está à solta e a desaceleração asiática não ajuda em nada neste cenário. O recente programa de desvalorização do iene já perdeu fôlego. A seca nos EUA, Brasil, Argentina e Austrália pressionam as colheitas e os preços dos cereais básicos. A concentração de empresas cresceu num ritmo alarmante e também a do patrimônio e renda dos muito ricos. Não foi à toa que os partidos nacionalistas e xenófobos cresceram, mas estes nada aprenderam com a História: depois que o regime nazista colapsou as grandes empresas alemãs ainda estavam lá. Os empresários governam em qualquer democracia ou ditadura com diversos sócios menores.
Seca
As secas castigam as lavouras
Nos EUA, o ritmo econômico oscilante frustra esperanças ilusórias, com 70% de consumo no PIB e com a renda popular em queda, só mesmo com cartão de crédito.  A propalada autossuficiência em combustível é ver para crer e um novo ciclo industrial até gora foi mais propaganda que realidade. A retirada militar no Afeganistão e Iraque já é consequência dos inevitáveis cortes orçamentários e a quantidade de pobres e trabalho precário tende a aumentar com os cortes em assistência social. Na Europa, sem dúvida, as coisas estão piores com o desemprego aberto alto e precarização cada vez maior dos serviços públicos. Uma recessão geralmente termina com falências em cadeia, programas de restauração da infraestrutura e o lançamento de um produto de alto consumo popular. Nada disto ocorreu e a economia mundial continua a depender da indústria automobilística, como ficou claro com os subsídios recebidos desde 2008 em todos os cantos deste planeta. De maneira que podemos ouvir alguns estalos no noticiário econômico nos próximos meses.
Democracia Desde o início destas crônicas tenho insistido que os programas de austeridade e a concentração de renda iriam danificar a democracia que, como tudo na vida, é um espectro, indo do zero até a plena. A norte-americana geme sob o peso de uma polarização entre dois partidos e agências de segurança que operam sem controle nenhum. A União Europeia é comandada por dirigentes escolhidos entre acordos de cavalheiros e o Parlamento eleito ainda não disse ao que veio. No Egito, os militares retomam plenos poderes e condenam 500 membros da Irmandade mulçumana à morte sem um protesto internacional. Israel alcançou a pós-modernidade, já tem meia dúzia de grupos mafiosos. Bloqueios e invasões de privacidade na internet são corriqueiros pelo mundo todo, e a violência contra mulheres e gays assoma para assombro de muitos que pensavam termos ultrapassado esta barbárie. A existência de eleições não garante uma democracia real, vide os casos da Síria, China, Rússia para apenas mencionar os países africanos. Ditaduras ‘legitimadas’ por eleições estão proliferando, perspectiva sombria.
Pindorama Muitas pessoas não se queixaram da ditadura militar, sua vida cotidiana não foi afetada, e concluem que a violência e a corrupção eram menores que hoje. A violência expressa em crimes, sem dúvida era proporcionalmente menor: a população rural ainda era a metade do total, o único crime organizado era dos políticos (o narcotráfico ainda não existia) e esquadrões da morte pululavam nas capitais. A corrupção foi grandiosa, indo do superfaturamento nas grandes obras aos empréstimos camaradas dos bancos estatais aos empresários amigos, golpes de pirâmide e outros. Só não sabemos mais, porque a censura ao noticiário era forte, mesmo assim não foi possível acobertar os escândalos da Capemi, Brastel, BNH e até mesmo pirotecnias na Bolsa de Valores. As pessoas de vida vegetativa têm uma memória mínima.
Militares reformados, na ativa durante a ditadura, continuam a entoar a ladainha de que estávamos à beira do comunismo. Isto se tornou um mantra, mas eles não sabem de onde partiu a coisa. De Washington, é claro. Depois do fiasco da invasão da Baía dos Porcos e da crise dos mísseis em Cuba, formou-se uma paranoia no governo americano sobre a influência de Cuba na América Latina. Agora estão disponíveis todos os documentos sobre o Brasil durante os governos Kennedy e Johnson: as conversas telefônicas, os relatórios, os telegramas etc. Vê-se imediatamente que aí começou a ladainha sobre o governo de Jango tender a uma República sindicalista do tipo peronista ou a um regime cubano. Financiaram o Ipês e Ibad, deputados e governadores de oposição e o pior de tudo, escolheram Castelo Branco como interlocutor e líder da rebelião.  O governo americano errou feio quando previu uma guerra civil de seis meses. Diante disto, só resta negar a realidade e é o que fazem estes idosos militares, mas eles não estão sozinhos.
Muitos outros, que viram e denunciaram corretamente a intervenção americana, não reconhecem a grande desorganização deixada por Juscelino e as ilusões da CGT, UNE e das Ligas camponesas sobre o poder e o grau de mobilização das classes populares. Como a inflação estava alta e as greves se sucediam, havia uma impressão de força e mobilização que no dia primeiro de abril de 64 mostraram-se ilusórias. Para rematar os males, o governo perdeu a paciência com o Congresso – bastante conservador – e resolveu levar as reformas para comícios, isto foi o toque de reunir para os golpistas. Da brutal repressão desencadeada em 64 e ampliada em 68, não é preciso falar, pois é o aspecto mais estudado da ditadura.
O recente depoimento do coronel reformado Paulo Malhães, não deixa a menor dúvida sobre o assunto: depois de mortos os rebeldes tiveram dedos amputados, a arcada dentária arrancada e as vísceras extirpadas para que os corpos não flutuassem nos rios e mares aonde foram descartados. A esquerda na época era formada pelo PCB, PC do B e AP, depois de 64 houve fragmentação e uma dezena de grupos divergentes tentou a luta armada. Basicamente em 1971 estavam abatidos, mas a máquina repressiva já estava montada e ganhou vida própria continuando sua cruzada e levantando fundos gordos. Fleury, herói desta gente, tinha até iate.
Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro tenta discursar elogiando o golpe de 1964.
Voltando a atualidade, Saturno retrograda no MC do mapa natal e os governos – federal e estado de SP – resolvem jogar pôquer com os brasileiros. Já passou da hora de racionar energia elétrica e água, mas diante do humor da população não querem se arriscar em ano eleitoral. O que é uma tolice, já passamos por isto antes e se for bem explicado não teria maiores consequências. Saturno retorna e faz nova quadratura à Vênus natal na casa 7, a balança comercial faz água e compromete.
Já as oposições não tomam jeito mesmo, dirigidas que são por cabeças de vento. O prejuízo da Petrobrás nos últimos 3 anos foi enorme por conta da importação de combustível e venda a preços camaradas, umas vinte vezes o valor do prejuízo ocorrido com a refinaria de Pasadena, para não mencionar a bobagem que foi a refinaria de Pernambuco em parceria com a Venezuela. Mas adivinhem qual alvo foi escolhido para uma CPI, Pasadena é claro, assim poderiam investigar a Dilma e faturar eleitoralmente. Para os que acreditam que o STF virou uma sucursal do PT, o mensalão tucano (G. Azeredo – Minas) foi remetido para a primeira instância para alívio geral. Os fatos ocorreram em 1998, mas o processo só teve andamento dez anos depois. Vai sobrar para o Valério novamente.
O povo da boa vontade – Diante do descalabro da saúde pública, alguns médicos, dentistas e psicólogos resolveram doar algumas horas de trabalho para atender populações carentes. Eles são o sal da vida e já tive a felicidade de conviver com alguns, cuja bondade inata nos embaraça bastante. Avisem nos comentários outras iniciativas como esta.
Contato com o autor:
Rui Sá Silva Barros é historiador, astrólogo e
estudioso da Cabala: rui.ssbarros@uol.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Edição: CKR – 7/04/2014
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