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21 de dezembro de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


Júpiter sobre Vênus natal: duas mulheres na final?
Rui Sá Silva Barros
Historiador e Astrólogo
Vivendo e aprendendo. No mapa do Ingresso solar em Áries, os regentes da situação (Marte, MC em Áries) e da oposição (Vênus, FC em Libra) estavam precários: Marte exilado em Libra, quase sem aspectos e iniciando uma retrogradação e Vênus em Aquário, na casa 8 e em quadratura à Lua/Saturno. O primeiro indicava as agruras que o governo tinha pela frente: alianças em ebulição, profusão de escândalos administrativos e políticos, economia estagnada; o segundo anunciava a dificuldade que a oposição tinha em canalizar o descontentamento exibido em junho de 2013.
O que inclinava o mapa a favor do governo era o Ascendente em Câncer perto da cúspide da casa 6 do mapa do Brasil: os trabalhadores com quase um pleno emprego e renda preservada, apesar do nível de endividamento. Mas não era só: na progressão secundária Saturno está em trino com Netuno e Marte está para ingressar em Áries, e nos trânsitos Netuno faz trino ao Marte natal e Júpiter conjunção a Vênus, o que favorece a oposição. Me intrigava que o governo liderasse as intenções de votos apesar de todos os problemas e atribuía a Netuno esta persistência e também a incapacidade da oposição de galvanizar a população, pois o planeta está em quadratura à Lua/Júpiter natal.
O mapa do ingresso solar em Libra mostra uma vantagem para a oposição.
Mapa do ingresso do Sol em Libra - setembro.2014
Mapa do ingresso do Sol no signo de Libra
Calculado para São Paulo, 22 de setembro de 2014, 23h29
Júpiter, regente do MC em Peixes está em quadratura a Saturno, enquanto no FC em Virgem encontramos a Lua, Vênus e o Sol, seu regente Mercúrio está em Libra, em harmonia com o Ascendente Gêmeos, que ele rege.  É uma mudança notável, o humor popular antes saturnino é agora venusiano. Júpiter na casa 3 deste mapa indica que a comunicação do governo é otimista e subestima as dificuldades e insatisfações, que se apoia mais nas realizações do passado que numa visão de futuro.
O peemedebismo na política brasileira — Para entender este balé é preciso voltar um pouco; o livro de Marcos Nobre Imobilismo em movimento reconstrói a lógica política da redemocratização que começa em 1979 com a Lei de Anistia e a liberdade de organização partidária. O MDB, partido consentido, abrigava todos os grupos e correntes contra a ditadura e em 1980 se transformou no PMDB preocupado em assegurar a continuidade da luta e seus políticos, ameaçado pela fundação do PT no mesmo ano. A eleição de Tancredo só foi possível no Congresso pela deserção de parte da Arena (PSD), onde o vice Sarney garantia os votos necessários e a promessa de mais uma transição conservadora, nossa sina desde o tempo do Império: diante de mudanças inevitáveis, os conservadores as conduzem garantindo que o povo seja mantido à distância. Vimos o mesmo mecanismo operando na Assembleia Constituinte, através do Centrão. O problema deste arranjo é que a hiperinflação não cedia e havia descontentamentos políticos, o PSDB foi fundado em 1988 por parte do PMDB descontente. A insatisfação na população também era grande, na eleição de 89 Ulysses Guimarães (PMDB) não recebeu 5% dos votos e chegaram à disputa final dois novatos: Fernando Collor e Lula, com o resultado que todos conhecemos.
Ulises Guimarães
Ulisses Guimarães e a Constituição
www.abril.com.br/fotos/constituicao-brasileira-20-anos
 
Em 1994, nova crise: Fernando Henrique venceu a eleição, mas a bancada do PSDB não chegava a 20% na Câmara, precisando de 50% para aprovar matérias legislativas. Aí tem início outro drama, pois a legislação permite o voto em 5 partidos diferentes por um mesmo eleitor (presidente, governador, senador e os dois deputados). A solução foi se aliar com o DEM (políticos da antiga Arena) e parcelas do PMDB, esta coligação permitiu os malabarismos efetuados com o dinheiro público nas privatizações, instituiu a reeleição, fechou os olhos para o populismo da âncora cambial, consentiu numa grande elevação da carga tributária e debelou o poder dos governadores fechando bancos estaduais e renegociando suas dívidas de modo draconiano. Em 2002, Lula encontrou uma situação mais complexa ainda num Congresso com uma vintena de partidos e fez coligações também com pequenos partidos, o que esteve na origem do mensalão, e depois de 2005 com o PMDB, o que garantiu a governança até junho de 2013. O autor viu estas manifestações como a eclosão popular na esfera política.
Em suma, PT e PSDB iniciaram a carreira como adversários do Centrão, mas tiveram que se curvar ao mesmo.
PT e PSDB têm divergências reais num campo gravitacional unificado, que o autor chama de peemedebismo, uma lógica que abarca o PMDB, mas vai além: a construção de uma casta política que despolitiza e está imunizada contra as críticas da sociedade. E aqui acrescento uma nota, o campo gravitacional tem nome: é a Dependência. O Brasil continua a exportar café em grão e minério de ferro, e importa café solúvel e aço.
Durante os 20 anos de polarização e condomínio, a indústria brasileira definhou, a presença de capitais estrangeiros cresceu, o país não completou a segunda fase da revolução industrial (petróleo, eletricidade, aço, química, máquinas e equipamentos) e perdeu o bonde da terceira (informática, microeletrônica e nanotecnologia). Sobre isto nenhum pio, e o resultado é que precisamos atrair 80 bilhões anualmente para fechar o Balanço de Pagamentos, a mesma situação que estávamos em 1822. A chateação é que isto tem vários impactos no câmbio, juros, inflação e muito mais. Se quiserem os números consultem o artigo de Reinaldo Gonçalves O desenvolvimentismo às avessas, encontrável na internet, onde também é fácil encontrar artigos de Marcos Nobre.
De volta ao presente — Marina tem o Sol em Aquário próximo ao Ascendente brasileiro, está com Marte/Saturno em quadratura, bem como o PT com o Sol naquela região. Tem a Lua em Libra e Júpiter/Netuno no início de Escorpião em conjunção com o Marte natal. Concorrendo por um partido que não é o seu e que tem bancada pequena, ela enfrentará os problemas apontados acima. É certo que muitos partidos oferecerão apoios em troca de ministérios, secretarias e diretorias de estatais, início de uma ciranda conhecida e deletéria. Terá que apelar para a mobilização popular para levar adiante as reformas necessárias: seus eleitores estarão dispostos? Para além dos políticos está a burocracia: Hélio Beltrão e Bresser Pereira tentaram reformá-la e o resultado foi um cosmético, forças que se cristalizaram por 500 anos não cedem assim facilmente. Ela representa uma das possibilidades de Saturno transitando o MC, uma negra pobre no posto mais alto da República, ma situação toda é ambígua porque já vimos que Saturno pode assinalar crises e garantir a continuidade do poder, foi o caso Getúlio/Juscelino, o que justificaria uma vitória do governo.
No entanto, as condições astrológicas para uma reforma do Estado estão dadas com Plutão no céu em trino ao Sol natal. No dia da eleição, Marte estará em quadratura exata ao Sol do país e a Lua progredida também. Durante os últimos 28 anos, o Sol progredido atravessou Peixes, o que está em perfeita sintonia com a Constituição de 1988 e sua ênfase na universalização da educação e saúde públicas, no pagamento de aposentadorias aos trabalhadores rurais e outras medidas populares. Em dois anos estará em Áries dando ênfase ao empreendimento e à iniciativa. Todos estes fatores inclinam a balança para a oposição e se for mesmo o caso teremos que o período petista ficará marcado pela dupla Sol/Plutão, uma quadratura ao iniciar em 2002, um trino fechando o ciclo.
Refinaria Abreu e Lima da Pesdtrobrás em Pernambuco
Refinaria Abreu e Lima, Pernambuco
Foto em www.fatosedados.blogspetrobras.com.br
Paulo Roberto, ex-diretor da Petrobrás está preso e decidiu fazer uma delação premiada  (depoimento em troca de redução de pena) no momento em que começava o horário eleitoral e começou bem, dizendo que não haveria eleição. O depoimento é sigiloso, mas no mesmo dia vazou para a imprensa, decerto algum funcionário da polícia federal está fazendo caixa para o Natal. Governados, ministros, alguns senadores e pencas de deputados foram incriminados e neste rol foi incluído Eduardo Campos que não está aí para se defender. Costumo zombar de teorias conspiratórias, mas que isto está esquisito está. Certamente a operação Lava Jato está apurando fatos reais que evidenciam pela enésima vez como funciona o Estado brasileiro e quem indicou Paulo Roberto deve estar pensando em sumir.
Dilma e Marina
Dilma e Marina
 
Se ninguém fizer besteira a intenção de votos deve se estabilizar neste patamar atual: um terço para Marina, outro para Dilma, 15% para Aécio. Ainda há uns 10% de indecisos, brancos e nulos, ou seja, votos a disputar, mas ainda assim insuficientes para fechar no primeiro turno. O passionalismo corre solto nas redes sociais, mas os índices de audiências dos debates e do horário eleitoral andam baixos. O PSDB tem que rever um monte de coisas: tonou-se um partido de caciques reeditando a velha política do café com leite, não tem militância e não basta apresentar capacidade gerencial e política econômica ortodoxa. Fez muitas críticas e não disse ao que veio. E o mesmo vale para o PT que pode ver minguar o número de governadores e bancada federal.
A ascensão de Marina é fruto da imensa despolitização praticada nos últimos 20 anos. Tudo indica que teremos um segundo turno disputadíssimo e veremos o mapa do eclipse lunar em outubro na próxima crônica, é um indicador a mais para avaliar a situação.
Trégua na Ucrânia — Putin continua a manobrar freneticamente, perdeu a Ucrânia e ficou com a Criméia, mas não desistiu apesar das sanções que fazem estragos dos dois lados: a economia russa patina e vê inflação, desvalorização, perdas na bolsa e fuga de capitais; os europeus prejudicaram seus agricultores e os industriais alemães com as sanções que aprovaram. A Europa que está estagnada há muito tempo imbica agora para uma recessão, o clima político por lá vai esquentar e os partidos xenófobos ganharão mais alguns pontos, pois costumam defender os pequenos empresários. Para os russos, a questão do leste ucraniano é de fundamento, nome dado a casa 4 do mapa astrológico. Com Marte e Saturno transitando por ali, não podia dar outra, esta trégua não vai muito longe, principalmente quando a OTAN anuncia sua instalação em Kiev nas barbas de Moscou (veja o mapa da Rússia)
Oriente Médio — Outra trégua foi conseguida, agora na Faixa de Gaza, para compensar o governo do Likud tomou outra área na Cisjordânia para fazer um assentamento, sobre isto não há qualquer dúvida o atual governo quer mesmo esta terra fértil e dá de ombros até para seus parceiros mais próximos, EUA e Inglaterra. Em dois anos os prédios, escolas e hospitais de Gaza estarão reconstruídos, o Hamas terá refeito seu estoque de morteiros e a brincadeira começa novamente.
O califado islâmico vai dar mais trabalho que o pensado inicialmente. Tomaram alguns poços e refinarias de petróleo, o número de militantes aumentou com a ajuda de muitos estrangeiros e bombardeios não conseguirão desalojá-los. Recentemente surgiu uma notícia mais inquietante ainda: eles se apossaram de armas químicas e biológicas sírias e dirigentes ocidentais já se preparam para eventuais ataques. A situação é tão crítica que o governo dos EUA considera seriamente a cooperação dos governos sírio e iraniano para combater a EIIL, é tão crítica que até os sauditas querem combater o sinistro regime.  A breve primavera árabe combatia as tiranias da região que conseguiram se manter, agora surge algo ainda mais bárbaro. E tudo isto é pouco, pois o Paquistão continua a ser o lugar mais perigoso de todo o Oriente Médio expandido, o exército tem ogivas nucleares.
Decapitação de jornalista americano
Jornalista americano prestes a ser decapitado
foto em www.nytimes.com
EUA — Recentemente o Sol da carta natal do país foi bombardeado pela grande cruz planetária de abril, agora Saturno faz quadratura à Lua no MC em Aquário e na progressão secundária faz conjunção a Saturno progredido em Escorpião. O governo americano desatinou, provoca chineses e russos, deixou o Afeganistão e Iraque em situação miserável, deixou que um juiz regional arbitrasse sobre a dívida soberana argentina. O rol de insensatez é grande. Mais uma vez anuncia uma recuperação econômica que é fogo de artifício, pois desemprego e trabalho precário ainda são grandes, dívidas públicas e familiares nas alturas, municípios falidos e outras mazelas. Grande capacidade militar e tecnológica não garante mais a ordem mundial e a diplomacia em zig-zag só provoca desespero em aliados. Agora estão pendurados no dólar como moeda de reserva internacional. Até quando?
O povo da boa vontade — Os jordanianos com certeza, morando num país pobre e deserto abrigam milhões de refugiados das guerras civis no Oriente Médio. As riquíssimas monarquias petrolíferas do Golfo não mexem um dedo, ao contrário, atiçam as guerras fornecendo dinheiro e insuflando jihadistas.  

Contato com o autor:
Rui Sá Silva Barros é historiador, astrólogo e
estudioso da Cabala: rui.ssbarros@uol.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Edição: CKR – 08/09/2014
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