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21 de dezembro de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


Eleições: agora é guerra!
Rui Sá Silva Barros
Historiador e Astrólogo
O mapa do ingresso do Sol em Libra, publicado na última crônica, indicava uma vantagem para a oposição que a votação confirmou, a surpresa ficou por conta dos candidatos: Marina disparou como um foguete para 34%, mas com uma estrutura frágil de campanha, dois minutos na TV, repostas ambíguas e sob um intenso bombardeio dos adversários; sua candidatura definhou. A ascensão de Dilma e Aécio deu-se com a passagem de Marte para Sagitário (Dilma) e Vênus para Libra (Aécio). Mercúrio estará retrógrado até a próxima votação, sinal claro de mais baixaria e difamações, Mercúrio é o deus dos ladrões e da imprensa que apoia abertamente o candidato de oposição.
São Paulo foi decisivo para o resultado, o antipetismo ficou explícito com a grande votação de Aécio e o fracasso de todas as candidaturas petistas, inclusive nas bancadas de deputados que diminuíram.
Mais que uma decisão de Marina para o segundo turno pesarão na votação os quase 28 milhões de eleitores que deixaram de votar no primeiro turno, se uma parcela desta população for convencida a comparecer, pode decidir a eleição. Como indiquei na crônica  anterior, os sinais astrológicos estão ambíguos tanto quanto as pesquisas de intenção de voto que erraram feio em muitas regiões. Dois eclipses, não vistos no Brasil, ocorrerão.
Mapa do Eclipse de outubro.2014
Lua Cheia e eclipse no dia 8 de outubro de 2014
Dia 8, eclipse lunar – Ascendente no final de Escorpião, Marte em Sagitário formando um triângulo harmonioso com Júpiter (próximo ao MC em Leão) e Lua/Urano em Áries. Favorece o governo. Vênus em oposição a Lua/Urano, mas em trino a Lua/Júpiter do mapa natal. Fortalece a oposição. Saturno rege a casa 4 do mapa e só tem uma quadratura a Júpiter.
Dia 23, eclipse solar parcial – A 0° de Escorpião próximo a Marte do mapa natal, favorece o governo, mas Mercúrio está retrógrado e ele é o regente do futuro do governo, Virgem, casa 11 a contar do MC por derivação. No final do dia Vênus ingressa em Escorpião onde está em queda e exige esforço redobrado.
Dia 26, votação – Sol e Vênus em conjunção sobre Marte natal, uma configuração dividida. A Lua estará ingressando em Sagitário reforçando Júpiter sobre Vênus natal estimulando a oposição, enquanto Marte ingressando em Capricórnio reforçara Saturno e o governo.
Como se vê há uma ligeira vantagem para o governo, mas se os candidatos insistirem em críticas e denúncias sobre o passado, deixando o futuro de lado, esta atuação reverbera contra. A Câmara de deputados abrigará 28 partidos, PT, PSDB e PMDB encolheram e partidos médios e nanicos cresceram. Montar uma coalizão vai custar mais caro. Esta eleição ofereceu um exercício fantástico para praticantes da Astrologia tantas foram as reviravoltas, a passagem de Marte por Escorpião é talvez o melhor símbolo delas.
Respostas — Na crônica anterior, o leitor João Inácio comentou a previsão de um vidente: haveria atuação do crime organizado em SP, antes das eleições.  Errou no endereço, foi em Santa Catarina e no tiroteio verbal da campanha, mas o vidente captou algo real, a violência no ar. Já a leitora Yara pediu um detalhamento das diferenças entre os candidatos, a resposta foi breve e agora completo. Aqui nada é o que parece, as ideias estão permanentemente fora de lugar. O PSDB leva a socialdemocracia no nome, mas o governo de FHC é referido como neoliberal. No entanto, elevou a carga tributária, a dívida pública interna e refreou a inflação com a âncora cambial, medidas que contrariam a cartilha neoliberal. Já o governo trabalhista do PT tolerou que os pobres pagassem mais impostos, proporcionalmente, que os ricos e tolerou que os 5% mais ricos levassem 40% da renda total, sem alteração de 2006 a 2014, o que contraria qualquer programa trabalhista europeu. A imprensa denuncia escândalos semanalmente como desvios republicanos, como se tivéssemos uma República digna do conceito, temos leis que pegam ou não e as que pegam devem ser aplicadas aos outros.
Celso Furtado
Celso Furtado, o primeiro economista
que explicitou estes ciclos econômicos.
Foto em www.ebape.fgv.com
 
Ciclos — Em terras latino americanas há dois séculos repete-se o mesmo ciclo: os preços das matérias-primas exportadas aumentam e levam o PIB, a renda per capita, o emprego e a receita do Orçamento para cima. Se o governo da ocasião tem alguma preocupação social, instalam-se sistemas de educação, saúde e aposentadoria públicas, mais tarde surgem programas de assistência aos pobres e subsídios em transportes, combustíveis e energia elétrica. Tudo corre bem e todos estão contentes. Mas chega o momento da virada da maré, seja porque estourou uma guerra, uma crise econômica ou simplesmente aumentou a oferta mundial das matérias-primas e os preços internacionais caem.
Na República Velha os governantes deixavam o câmbio depreciar, praticando a socialização dos prejuízos, como mostrou Celso Furtado.
Surfando na popularidade os governos querem manter os gastos sociais e subsídios, mas o PIB está encolhendo bem como as receitas do Orçamento, além disto, a balança comercial míngua, o câmbio é controlado para não afetar a inflação, a dívida pública começa a subir e pressionar os juros. O Governo já não tem dinheiro para investir em infraestrutura e a iniciativa privada  está arredia. A desordem econômica se instala e o governo não dá o braço a torcer, a inflação cresce e é maquiada, o câmbio paralelo é praticado, as importações começam a ser controladas e o desabastecimento aparece. Venezuela e Argentina já andaram um bocado neste caminho. O desfecho em geral é a deposição do governo por eleições, povo na rua ou, no passado, por golpes militares iniciando um processo de austeridade.
Muitos bons analistas chegaram a imaginar que a industrialização da região terminaria com estes ciclos.  A realidade recente desmentiu esta esperança, pois ela também era precária e dependente. As multinacionais que se instalaram na região vieram atrás de recursos naturais ou do mercado interno, remetem uma boa soma anual de lucros, dividendos e juros, pressionando o Balanço de Pagamentos.  As estatais foram usadas e sucateadas por grupos políticos para enriquecimento próprio e ajustes contábeis. E as indústrias nacionais da região dependeram demais de favores estatais. Na América Latina vige um capitalismo de Estado de cores variadas que tem um papel específico na divisão mundial econômica e todas as tentativas de sair do círculo de ferro naufragaram. Nenhuma mudança substancial ocorrerá sem uma mudança profunda na base produtiva. Os que abraçam o Consenso de Washington ou bolivarianismo acabam no mesmo pântano.
Manifestações populares na Argentina
Manifestações populares na Argentina
Foto do site www.latinoamericalibre.org
Na astrologia podemos observar os seguintes eventos: a fase de ascensão do ciclo durou de 2003 a 2010, tempo em que Urano transitou Peixes (casas 1 e 2 do mapa do Brasil), ao ingressar em Áries, e passar por Plutão natal, deu-se um crescimento de 7,5% para desabar a seguir. A industrialização tornou-se uma questão de Estado a partir de 1930 com a conjunção Júpiter/Plutão no final de Câncer, casa 6, e a indústria de base nasceu pelas mãos do Estado em 1942 (Volta Redonda, Vale e FNM) com a passagem de Júpiter, Saturno e Urano pela Lua/Júpiter do mapa natal, sendo que a Lua rege a casa 6. Neste momento Júpiter passa pela casa 6 e o produto e emprego industrial estão em queda, o que se pode esperar?
Nestas alturas alguém pode observar: o capitalismo de Estado chinês não conseguiu industrializar o país e crescer velozmente tirando milhões da miséria? Sim, mas selecionando as multinacionais que se instalavam, controlando câmbio e o sistema financeiro com mão de ferro, em resumo com um sistema político hipercentralizado e partindo de uma base econômica com pouca desigualdade, todos compartilhando a mesma miséria; o que não é o caso por aqui. Quem quiser se inteirar sobre a importância da industrialização procure no Youtube um documentário da BBC , Fim de festa, a falência do Ocidente, e para a economia brasileira o incontornável Crítica à razão dualista de Chico de Oliveira, conciso e notável texto encontrável na internet.
As consequências políticas destes ciclos são bem chatas, uma instabilidade crônica na história da América Latina. Em 125 anos de ‘República’ tivemos 5 Constituições e regimes políticos, sendo três ditaduras militares (1891/4, 1930/45, 1964/85). Com uma sociedade civil e iniciativa privada subdesenvolvidas, o Estado paira acima de todos e  retira substância de qualquer partido, sindicato ou associação. As paixões que eclodem nas eleições são mera espuma na praia, mas vitais para dizer ao povo que algo está acontecendo, em suma que as diferenças são substanciais. É provável que tenhamos uma reforma política em 2015 e que agrave o problema estatizando de vez os partidos com financiamentos públicos e reforçando o poder dos caciques que escolhem quem pode ser candidato.
Bruno covas:
os netos chegando
 
Outra consequência desagradável é que ao velho patrimonialismo juntou-se a política como negócio, o resultado é o que vemos no noticiário: corrupção/impunidade, nepotismo, apadrinhamentos etc. Não há compra pública (federal, estadual ou municipal) que não envolva comissão, propina ou mimos; o caso da Petrobrás não é exceção ou desvio republicano, é a regra do jogo.  Quando alguém vai tomar coragem e investigar os corruptores? Não é preciso muito trabalho para saber quem são, basta olhar as maiores empresas doadoras na campanha eleitoral. O Paulo Roberto que se cuide para não cair vítima de uma bala perdida. Marte em oposição a Saturno resume a política brasileira, é o puro extrato da violência como vemos nesta campanha.
A consequência mais recente é que a política está se tornando uma guilda (corporação de ofício medieval), de pai para filho. Há poucas chances de enriquecer no Brasil, a política é uma delas e agora já temos netos na parada. Daqui a pouco aparecerá um biólogo aloprado para nos ensinar que política é genética. Não creio que a casta política possa patrocinar qualquer reforma séria: junho de 2013 foi um ensaio inicial, titubeante e despolitizado, mas o povo aprende.
E no mundo. Mais uma vez o FMI rebaixa a expectativa de crescimento. Em dezembro de 2009 previ que EUA, UE e Japão estariam em estagnação por longo tempo, quando jornalistas e economistas anunciavam o fim da recessão. É sinistro ver que estes mesmos analistas e empresas de avaliação de risco, apesar de não verem a bolha se formando, não perderam o emprego e continuam receitando os mesmos remédios de sempre. Agora há novo tremelique no mercado mundial com desvalorizações de moedas, queda nos preços das matérias-primas e outras misérias. As explicações baseadas nas oscilações geopolíticas são risíveis: com o bombardeio da área do Califado islâmico o petróleo deveria estar subindo, mas na realidade está caindo.  A expectativa da alta de juros americanos é especulativa com a economia de lá ainda patinando. Com a renda popular estagnada ou em queda a tendência é mesmo de deflação (queda de preços). Bem que Obama queria se dedicar à questão doméstica com vistas às eleições legislativas próximas, mas o front externo não dá folga: Ucrânia, Califado, Síria e Israel que lhe vem dizer que a prioridade no momento é o arsenal nuclear iraniano. No mapa dos EUA, Saturno continua a fustigar a Lua natal enquanto Plutão azucrina o Sol.
Meses atrás o efetivo da milícia EIIL era estimado em 10 mil, agora em 30 com um terço de estrangeiros. Ela controla poços e refinarias, cobra impostos e no intervalo decapita e executa gente. Uma ofensiva no norte da Síria levou 150 mil curdos para a Turquia que já abriga outro tanto vindo da guerra civil, o que levou o governo turco a se engajar ativamente na luta. Vai ser um trabalho de Hércules desarmar esta gente, precaver-se contra ataques no Ocidente e rezar para não destruírem duas represas no Eufrates e Tigre sob controle dos milicianos, a inundação seria uma catástrofe séria. Por enquanto os bombardeios aéreos visam às refinarias tentando destruir a base das finanças da milícia.
Execuções pelo Estado Islâmico
Execuções em Al-Raqqa, Síria, centro operacional do Estado Islâmico.
Foto do site www.abola.pt
Em Israel um cessar-fogo e Bibi foi a ONU advertir que o perigo é o Irã e suas pretensões nucleares, o que foi recebido com bocejos, tendo em vista a situação e o papel do Irã no combate à milícia do EIIL. O governo israelense não consegue mais viver sem um inimigo, ora o Hamas, Hizbollah ou Irã, dependendo da ocasião. Saturno agora está em oposição ao Sol natal e logo mais em quadratura a Marte (confira o mapa de Israel). Ver a tradição judaica ser pisoteada pelos atuais líderes é uma das experiências mais tristes em meio a esta loucura toda.
O governo hindu colocou uma sonda ao redor de Marte e Modi, seu dirigente, foi recebido nos EUA por Obama e centenas de empresários ávidos por negócios. Ele planeja tornar 100 cidades centros de informática, setor em que o país se destaca. Aqui no Ocidente só chegam aos telejornais os acidentes de trem, estupros de mulheres e desastres climáticos. Júpiter está em Leão, signo de muita concentração planetária no país (veja o mapa da Índia).
Para os chineses o planeta atravessou a linha do horizonte e o governo está lidando com distúrbios no Oeste com os uigures mulçumanos em rebelião e os habitantes de Hong Kong no sudeste que não querem a intervenção de Pequim em suas listas de candidatos. Por enquanto o governo chinês lida com a situação com prudência, pois cairia mal uma repressão massiva transmitida pelo mundo afora via TV. No mapa da China Saturno está perto do MC.
Trégua na Ucrânia com escaramuças. Negocia-se uma federalização do país para dar mais autonomia ao Leste, onde a maioria fala russo. O inverno se aproxima e é preciso chegar a um acordo sobre o gás, cortado desde o início das hostilidades. A pressa para apurar o abate do avião malaio desapareceu no ar sutil, sinal claro de que surgiram evidências desagradáveis. Poroshenko foi aos EUA e recebeu instruções para negociar com Putin e saiu com 50 milhões quando precisa de 50 bilhões de dólares. Eis como o governo americano trata os aliados: em dezembro de 2013, políticos e altos funcionários foram a Kiev dar apoio à rebelião e levaram 5 bi, o governo pró-russo foi destituído, missão cumprida, agora virem-se.
Já os europeus relutaram, mas acabaram por aplicar sanções econômicas aos russos que reagiram suspendendo importações agropecuárias europeias, deixando os fazendeiros europeus furiosos. Além disto, eles estão sofrendo um bocado para montar o novo executivo liderado por Juncker, o Parlamento está chiando  com os nomes propostos. A Europa está estagnada e com perigo de deflação, o BCE está frenético e fazendo o possível para evitar. E isto é café pequeno, a crise está só no começo. O mapa da União Europeia, com quatro planetas na segunda metade de Capricórnio esperando a visita de Urano e Plutão, indica crise política à vista com Vênus regendo o MC.
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Mestre Constantino completou 75 primaveras, firme e sacudido levando adiante este site que fez um grande e rico acervo, além de permitir expressão a dezenas de escribas, que como eu, se abrigam em sua generosidade. Eis aí alguém de boa vontade.
Contato com o autor:
Rui Sá Silva Barros é historiador, astrólogo e
estudioso da Cabala: rui.ssbarros@uol.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Edição: CKR – 7/10/2014
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